Data: 17.02.99:

Já sabia que o Coronel Sidney Pacheco havia sido nomeado Coordenador de Defesa Civil do Estado de Santa Catarina. Ele que tinha como principal característica agir silenciosamente enquanto o pessoal da linha de frente morre em combate. Nessa data o jornalista Vânio Bosle em seus comentários políticos na Rede Record enfatizou que o novo Titular da Defesa Civil estava indignado com o seu antecessor, Coronel Humberto Depizolatti, pois encontrou o órgão totalmente inviabilizado, as informações contidas nos computadores haviam sido deletadas propositalmente. O Coronel Depizolatti teria se defendido dizendo que as informações estavam disponíveis no Palácio do Governo e que só alguns trabalhos foram apagados.

Horário: 16:30 horas, “Quarta-feira de Cinzas”:

O expediente só funcionou à tarde na Delegacia-Geral e o Delegado Braga veio até a “sala de reuniões” para aquele nosso bate-papo. Antes o Delegado-Geral Moretto esteve naquele mesmo local conversando comigo, tinha vindo conversar acerca dos requerimentos de promoção de Delegados e que foram apresentados intempestivamente. Braga logo que se aproximou foi dizendo:

  • Eu vi o Moretto saindo daqui, tomara que realmente ele consiga acertar o pessoal nas Delegacias, como eu já te falei isso é histórico, não fizeram e eu estou torcendo por ele, tu já entregastes para ele aquele teu material?
  • Sim.
  • E ele o que disse?
  • Olha Braga eu apenas me restringi a fazer o que eles me pediram, o resto não é mais comigo,  acho que já fiz a minha parte.
  • Claro, mas isso é histórico!
  • Eu espero que consigam, estou botando fé no Secretário, pelo menos ele se mostrou interessado.

(...)

  • O Nilton me telefonou e disse que o Sché sempre foi um defensor intransigente da hierarquia na Polícia Civil. Eu fiz de conta que entendi,  mas todo mundo sabe que o candidato dele para Delegado-Geral era o Maurício. Ele tinha indicado o meu nome para Corregedor-Geral e quem que tu achas que ele indicou para Delegado-Geral? (Braga)
  • Todo mundo diz que foi o Maurício, só que ele é de Quarta Entrância e não poderia assumir.
  • Claro, eu duvido se não foi o Maurício. Estava louco para ver o documento, deve ter o nome dele lá, assim como o meu também indicando, mas eu te juro, não pedi cargo, o Mário Martins me confidenciou que teve um Delegado que queimou o meu nome lá para o Secretário. Lembra que eu te disse que ele me chamou e mandou eu escolher qualquer cargo sem eu pedir?
  • Mas tu falastes Mário Martins?
  • Sim, o Mário Martins me contou que um Delegado queimou o meu nome para esse Secretário.
  • Bom, em matéria de queimação todo mundo sabe que teve gente que andou direto queimando nomes de Delegados junto ao Secretário.
  • Felipe tu não imaginas o que o Optemar e Redondo fizeram. Foi um absurdo, até dossiês eles andaram levando. No caso do Lipinski todo mundo sabe que ele matou um cara, mas eu não sei se ele tem culpa ou não e o Optemar levou um dossiê do Lipinski, eu me dou bem como ele, só não posso aceitar que ele fosse nomeado Corregedor-Geral porque sempre defendi que para esse cargo tinha que ser um Delegado Especial.
  • É verdade, eu também me dou bem com o Lipinski, nunca tive problema com ele, acho que ele ficaria bem como Delegado Regional de São José, mas como Corregedor-Geral acho que deveria ser final de carreira.
  • Eu não sei, mas todo mundo sabe que ele é desequilibrado,  outro dia disse que correu atrás de dois comissários à unha lá no Distrito, ele não pode assumir cargo de comando como de Corregedor-Geral.
  • Bom, eu não posso falar nada porque nunca trabalhei com ele, mas os cargos de direção têm que ser ocupados por Delegados Especiais, no teu caso, supondo que o Maurício viesse a ser nomeado Delegado-Geral, tu aceitarias ser o Corregedor-Geral, caso o Heitor fosse o Secretário e te indicasse?
  • De jeito nenhum, sempre defendi que os Delegados Especiais é que devem assumir os cargos de direção.

(...)

E terminamos conversando a respeito de pessoas que têm um discurso e uma prática bem diferente, de Delegados que discursam que jamais aceitariam trabalhar como por exemplo no Conselho Superior da Polícia Civil, isso caso não fossem todos Delegados Especiais, inclusive, que não cumpriram com o que prometeram e eu ponderei que as pessoas mudavam como tempo, evoluíam e que tínhamos colegas que eram rígidos com os amigos, intransigentes com os honestos, mas quando chegava a hora de enfrentar os colegas desonestos, perigosos e  inconfiáveis, especialmente, quando eram superiores, se mostram complacentes, condescendentes ou faziam vistas grossas.

Data: 21.02.99, “Por Favor: Façamos as Reformas Senhores Delegados e Coronéis, antes...!”

 E lembrando ainda do nosso “Plano”., como em ‘Macunaína’, onde nem tudo vira ouro:

Violência e inação

Clovis Rossi

São Paulo – O número mais recente dos ‘Braudel Papers’, editados pelo Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial, multifacetado banco de cérebros, trata da violência no Brasil e, em especial, em São Paulo.

Assinado por José Vicente da Silva, coronel da reserva da PM, diretor-executivo do Instituto, o trabalho deveria ser lido na íntegra pelo governador Mário Covas e seu secretário da Segurança.

Vale reproduzir alguns dados.

Primeiro: o reconhecimento de que o atual governo fez investimentos maciços na polícia, duplicando salários, contratando cerca de 13 mil novos policiais, 5.000 novas viaturas, 28 mil armas, milhares de coletes à prova de bala, além de criar um seguro de vida de R$ 50 mil para cada policial.

O resultado desse investimento: “Os principais indicadores de criminalidade na verdade pioraram, comparadas as médias de 1994 (Covas assumiu em 95) e os dez primeiros meses de 1998”, diz o trabalho. Roubos, mais 88%; homicídios, 25%; furto e roubo de veículos, 24%; o sequestro de caminhões triplicou entre 1993 e 1996.

O elenco de problemas é tão espantoso que vai levar décadas para tentar equacioná-los. Mas ou alguém começa algum dia ou a coisa só vai piorar.

Pode-se começar, por exemplo, por unificar as polícias. “As dificuldades criadas por duas forças policiais separadas e rivais impedem a ação coerente para conter a violência”, diz o estudo. Pode-se continuar por eliminar o trabalho inútil de policiais. O texto do instituto afirma que a banda da PM de São Paulo tem 620 músicos, enquanto a da polícia de Nova York é formada por apenas 30.

É claro que há todo um elenco de problemas sociais, estruturais ou conjunturais, que incide sobre a violência. Mas não pode servir de habeas corpus para a inação.

O governador apresentou, dois anos atrás, uma proposta para a área de segurança, mas, em seguida, enfiou uma viola no saco e não mais tocou no assunto. O resultado está à vista.

(Folha de São Paulo, Domingo, 21 de fevereiro de 1999, pág. 1-2 opinião)

Data: 22.02.99, horário: 08:30 horas, “Gilberto Dimerstein”:

A Delegacia-Geral parece mais vazia do que antes e me apareceu o Delegado Wilmar Domingues na “sala de reuniões”. Aproveitei para comentar o artigo de Clovis Rossi na “Folha”. Depois disso entramos na necessidade de potencializar nosso policial civil:

(...)

  • O problema é a compatibilização desses cursos com o horário de trabalho. (Wilmar)
  • Não tem problema, os cursos na Academia não são considerados como jornada normal de trabalho? Por que então os cursos realizados em outros estabelecimentos de ensino e pesquisa não poderão também ser contados? Eu acho que o ensino em nossa Academia não pode ser utilizado como panaceia, não há estrutura para isso, depois com a complexidade da sociedade não se tem como aparelhar a Academia com vistas a se atender toda a demanda. Nesse sentido eu defendo uma revisão da Lei Especial de Promoções de maneira que se obrigue o policial civil a comprovar uma carga mínima de cursos de um nível para outro na carreira. Assim,  além de ter que requerer a promoção, teria que comprovar que realizou cem horas de cursos de informática, cem horas de cursos na área humanas, cem horas na área específica profissional e que bom que ele faça seus cursos em estabelecimentos de ensino especializado. Veja bem Wilmar, hoje quem é que entende de sonegação fiscal? De crimes financeiros? Meio Ambiente? E por aí vai!
  • Realmente não tem.
  • Pois é, por isso que eu acho que essa pontencialização tem que partir de um pressuposto preliminar: As nossas legislações devem vir ao encontro disso, dessa estimulação, a palavra chave é essa, não podemos exigir que o policial fica restrito a cumprir seu horário de trabalho, a coisa transcende a tudo isso, o policial tem que ser motivado, lembro de um comentário que li na “Folha”, o cidadão foi buscar um financiamento bancário para sua instituição, porém, não tinha quase que patrimônio algum, no entanto, na hora da negociação levou o currículo de seus empregados, todos com alto nível de especialização e disse para o Gerente do Banco que sua empresa não possuía bens materiais, mas que seu patrimônio estava na qualidade de seus profissionais, moral da história, o empréstimo foi assegurado. De que adianta uma instituição como a nossa lutar para ter imóveis, prédios, máquinas se nosso policial não sabe nem operar um simples computador? Isso tem que mudar e eu vejo que esse é o caminho. Não sou só eu quem afirma isso, tenho lido muitas opiniões nesse sentido, como a do Gilberto Dimenstein que é colunista da “Folha” e comentarista da “CBN”, temos que ter uma visão de vanguarda e o nosso policial é muito importante nesse contexto, ele tem que ser multifacetado, eclético e temos que abrir várias frentes. Isso passa obrigatoriamente pela potencialização do policial e pelo posicionamento do profissional de polícia sempre a um passo à frente da própria sociedade, prevenindo situações, reprimindo, informando.
  • Sim, e por quê não podemos ter uma equipe de policiais como por exemplo numa Delegacia Fazendária atuando em conjunto com profissionais daquela área?
  • Exatamente, há possibilidade também disso.

(...)

Horário: 10:15 horas, “Especiais”:

Depois que Wilmar se foi o Delegado Braga entrou na “sala de reuniões” para conversar:  

(...)

  • Eu estava falando com o Wilmar e disse que realmente o Felipe tinha razão, nós Delegados Especiais não podemos aceitar trabalhar com Delegados que não sejam especiais.
  • Falastes isso?
  • Sim. Fizestes bem Braga.
  • Eu estava falando com o Moretto e disse para ele que eu sou uma mão-de-obra barata, me coloquem onde quiserem... O Moacir veio falar comigo e senti que foi cobra mandada, disse que poderiam me colocar no Setor de Fiscalização de Armas e Munições que não teria ninguém ali, poderiam me colocar como chefe do setor ou no serviço de inteligência.
  • Sim, com o Optemar lá?
  • Sim, apesar de ser o Optemar, mas ele é um Delegado Especial.
  • Sim, ele é Especial, ai é outra história.
  • Eu disse para o Moretto que eu, ele e o Wilmar não teríamos problemas porque nós já temos tempo para se aposentar, até citei o teu caso, disse que não era o caso do Felipe que tem quinze anos ainda.
  • Quinze anos não! Dez, não precisa exagerar, eu te disse que era dez!.
  • Sim, mas eu até citei o teu caso.
  • É, o Secretário parece que está querendo acertar as coisas, infelizmente é um Promotor, tivemos tudo para acertar isso no governo anterior e fizeram bem o contrário, justamente quando os Delegados comandavam tudo e agora está tudo aí por fazer, e terão que ser revistos atos, já fiz o parecer, propuz a anulação de quase cinquenta atos, inclusive esse da Lúcia ir para o Quinto “DP”.
  • Eu espero que o Secretário assine os atos,  aprove o teu Parecer.

(...)”.

Data: 23.02.99, “Um Símbolo para a Unificação”:

No jornal ‘A Notícia’, apareceu uma reportagem com as fotos dos irmãos Edson (Tenente-Coronel) e Acione Souza Filho, (Delegado de Polícia). Enfim, um fato importante que mostrava a força de duas instituições irmãs que brigavam, mas que têm tudo haver. Trouxe um forte conteúdo ideológico no sentido de uma polícia que favorecia os grandes, enquanto o “establishment” estaria pronto para intervir junto à periferia... O artigo poderia servir para simbolizar a ideia de unificação de ambas corporações, a partir de um comando único, de uma Polícia Estadual única,  cada instituição mantendo incólume sua estrutura centenária, seus valores e as suas histórias. Nesse ponto o amigo Acione e seu irmão Coronel mereceriam uma atenção especial, naquilo que diz respeito à esperança por dias bem melhores:

Irmãos atuam na segurança do Continente

Edson e Acione Souza, um PM e um civil, sãos os ‘xerifes’da área

Silvia Pinter

A segurança da área continental da Grande Florianópolis, está nas mãos dos irmãos Souza: o tenente-coronel Edson e o delegado Acione. Edson assume no próximo dia 3 o comando do 7° Batalhão da Polícia Militar e Acione comanda desde janeiro a Delegacia Regional da Polícia Civil (DRP). Os ‘xerifes’ do Continente prometem trabalhar em sintonia e combater efetivamente a criminalidade. Tarefa nada fácil. O índice de tráfico de drogas, roubos e arrombamentos na região cresce assustadoramente a cada dia.

Apesar do desafio, os irmãos se dizem preparados e já conhecem os 20 bairros do Continente que mais inspiram preocupação. O tenente-coronel cita, por exemplo, o Caminho Novo, Brejaú, Jardim Eldorado, Ponte do Maruim e Jardim das Laranjeiras como os que necessitam de maior policiamento. Cita também os morros da Caixa e da Covanca,  favela Chico Mendes e Via Expressa (BR-282) como as áreas mais violentas. Edson atribui o elevado número de ocorrências policiais nestas localidades ao baixo poder aquisitivo dos moradores. É o crescente aglomerado desordenado nestes bairros também contribui para o aumento da criminalidade’ (...)

Parentesco é  ‘de grande valia’

Acostumado com trabalhos operacionais, Acione prepara mudanças na Delegacia Regional de Polícia. Diz que sua intenção é montar uma unidade operacional de combate ao crime na DRP.

Adianta, porém, que isso não acontecerá de imediato. ‘Mas não deixa de ser uma possibilidade’, reforça o diretor, que por 18 anos se dividiu entre as funções de comissário e titular de Anti-tóxico da Diretoria  Estadual de Investigações Criminais (Deic).

Acione considera o parentesco com o próximo comandante do 7° Batalhão da Polícia Militar de grande valia. Diz que essa proximidade servirá para que as duas polícias trabalhem ainda mais em sintonia. Reforça, no entanto, que desde que esta na Civil o seu relacionamento com a Militar sempre foi amistoso. A mesma consideração é feita pelo tenente-coronel Souza: ‘Durante toda a minha vida militar sempre se relacionei bem com policiais civis. Principalmente agora que o coronel da PM tem uma filosofia a ‘segurança compartilhada’.

 O diretor da DRP acrescenta, no entanto, que o seu comando é direcionado à agilização dos trabalhos realizados pela delegacia. Cita como exemplo a solução das enormes filas que se formam no estabelecimento em função  de licenciamento e transferência de veículos, entre outros. Adianta que serão colocados painéis com senhas com a intenção de facilitar a vida dos ‘clientes’. Mais de mil pessoas por dia são atendidas. Lembra também que a unidade apoia operações especiais das delegacias da região, num total de 16. ‘E bom lembrar que cada uma delas tem autonomia operacional’, destaca.

(‘A Notícia’, Terça-feira, 23.2.99, pág. Geral – 6)

"João Rosa":

No jornal ‘O Estado’, aparece a foto de João Rosa, com o destaque logo abaixo: ‘Deputado João Rosa garantiu a presidência da Comissão de Finanças’. 

"Onofre Agostini e Ciro Roza":

Ao lado da foto de João Rosa, o artigo trata das comissões na Assembléia Legislativa:

Bancadas indicam membros de comissões

A maioria dos partidos que compõem a Assembléia Legislativa já elaborou a lista de deputados  que será apresentada para compor as comissões tgécnicas da Casa. As controvérsias devem se dar nas definições de presidências.

As comissões permanentes, em número de nove, estão sendo formadas por meio das indicações de nomes efetuadas pelas lideranças de bancadas. Oficialmente, até agora foram apresentadas à Mesa Diretora as indicações de nomes das bancadas do PPB e do PFL, mas no final da tarde de ontem também fecharam a lista de participação o PMDB e o PSDB e PDT. De acordo com as normas regimentais, os deputados têm um prazo de cinco sessões ordinárias para efetuar a composição das comissões, mas este prazo deve ser encurtado porque falta apenas o PT entregar oficialmente os nomes, os deputados que irão participar já são conhecidos. O líder do PFL, deputado Wilson Wan-Dall, disse eu está conversando com o líder do PPB para buscar a presidência da Comissão de Constituição e Justiça para o deputado Onofre Agostini e vai ainda tentar a presidência da Comissão de Trabalho para o deputado Ciro Roza. Wan-Dall disse que não seria necessariamente por dois anos, o partido estaria aberto para uma alternância.

Sobre a indicação para a presidência de dois deputados que enfrentaram processo de expulsão no PFL, Wan-Dall disse que o que aconteceu no ano passado já foi superado pelo partido. A justiça garantiu aos parlamentares as candidaturas e o PFL arquivou o processo contra eles. ‘Eu, como líder, estou procurando manter a bancada unida. Não tenho informações que eles tenham trabalhado  contra a coligação. Que eu saiba, eles fizeram campanha para o governador Esperidião e para o senador Bornhausen’.  A presidência da Finanças está garantida para o deputado tucano João Rosa.’

(‘O Estado’, 23.02.99, pág. 03)