Data: 06.01.99, horário: 13:45 horas, “O Rescaldo e o Mal Súbito?”

Jorge telefona para minha residência...

  • Alô!
  • Alô!
  • Felipe é o Jorge, falei com o knaesel hoje pela manhã e marquei um encontro por volta de dezesseis horas com ele no centro, não queres estar lá também? Eu falei para ele o que ocorreu com o Julio e como ele assinou o “Plano” junto.
  • Sim, ele é protagonista do nosso projeto, assinou junto.
  • Ele disse que o Julio está em “Bombinhas” e que provavelmente foi um problema de linha.
  • Ah, é!
  • É, vai ver que é mesmo, Bombinhas é praia e é longe. Talvez ele não conseguiu fazer contato, deve ter sido isso mesmo, é o que o Knaesel acha.
  • Escuta, foi o Knaesel que disse para ti que o Julio está em Bombinhas?
  • Sim, ele é que falou.
  • Certo.
  • Vamos conversar com ele sobre o nosso “Plano”, eu vou pediu a ele para falar com o Amin e se não der vamos no Carvalho para explicar o nosso trabalho, o que o nosso grupo fez,  isso não pode ficar assim. O Julio teve ter tido um mal súbito, só pode ter sido isso.
  • Mal súbito?
  • É!
  • Bom Jorge se tu achas que é por aí, tudo bem!
  • Sim, ontem foi a posse do pessoal na Delegacia-Geral, deram posse para o Lipinski como Corregedor-Geral, como é que pode!
  • O problema é que ele é de terceira entrância.
  • Isso ficou mal, pega mal para a Polícia Civil, para nós Delegados.
  • Bom, tu já conheces a minha opinião sobre tudo isso.
  • Não, teria que ser um Especial?
  • É, tem o Wilmar e o Braga que poderiam ser nomeados.
  • E tem você também que poderia ser indicado.
  • Sim, mas tu conheces a minha posição e sabes que eu não aceitaria nessas circunstâncias.
  • Sim, eu sei, mas pelo menos teria sido convidado, também ontem foi a posse o Redondo lá no Detran, estava na solenidade o Gervásio Silva.
  • Olha, o Redondo foi bem prestigiado.
  • Sim.
  • É, ele transita bem tanto no PPB como no PFL.
  • É.
  • Mas tu visses as notícias de hoje?
  • Sim, foi imperdoável o que fizeram, deixaram a coisa pronta para estourar na mão do próximo governo, uma barbaridade o que a Lúcia fez, deixar acontecer isso, não fazer as licitações, preparou a cama para o seu substituto.
  • Foi violento.
  • Não, não, a Lúcia não poderia ter feito isso e acabou dando uma oportunidade para este Secretário se sair bem, decretou estado de emergência, ela se arrombou direitinho.
  • Ele mostrou que é inteligente, soube fazer a coisa mais certa neste momento.
  • Sim, e só falta agora o Moretto ter a sorte que eu não tive, ter um Secretário que dê força para o Delegado-Geral, coisa que o Pacheco não fez comigo,  não sei se tu ouvisses o discurso dele?
  • Não.
  • Rapaz ele sempre tem tido um discurso.. como é que é mesmo? Ele nem fala na Segurança Pública, bem diferente do Pacheco.
  • Entendi, é voltado para a instituição, para a Polícia Civil?
  • Sim!
  • É, foi o que o Julio havia dito, que nós teríamos uma agradável surpresa,  está aí, de repende o homem veste a nossa camisa.
  • Olha, não sei Jorge, acho que ele é trabalhador. Mas eu estou indo agora para o centro. Escuta, que horas a gente pode se encontrar?
  • Eu acabei de chegar de viagem,  vou comer alguma coisa e às quinze horas estarei na Delegacia-Geral.
  • Tu vais estar com o celular ligado?
  • Sim.
  • Então eu ligo para ti. Certo?
  • Certo. Então tchal.
  • Tchal.

Horário: 15:40 horas, “Jorge e o Estilo Knaesel”:

Jorge no celular:

  • Alô!
  • Sim.
  • Felipe eu estou aqui na Assembleia, e tu estais aonde?
  • Estou aqui na Delegacia-Geral.
  • O Gilmar acabou de chegar, mas vai ter que sair em seguida.
  • Tudo bem, a gente aguarda.
  • Não é isso, é que ele só volta às dezessete horas.
  • Sim, mas às dezessete horas tu me ligas para a gente se encontrar na Assembleia.
  • Mas eu já estou na Assembleia.
  • Ah, sim, bom, então...
  • Assim não dá, eu já me arrependi de ter vindo aqui, eu não gosto disso
  • Esse é o estilo Jorge!
  • É!
  • Vê o que tu decides, eu estou aqui na Delegacia-Geral.
  • Tá! Qualquer coisa eu ligo para ti. Certo?
  • Certo.

“Jorge Xavier Cricri e um ‘Plano’ Natimorto?”

O que deveria ter ocorrido é que Jorge Xavier criou muitas expectativas quanto a esse encontro com Knaesel, só que ele se esqueceu que esse parlamentar uma hora está de um jeito e na outra está de outro jeito bem diferente, principalmente, quando encontrava seu gabinete na Assembleia cheio de pedintes, grande número de anotações, recados, telefonemas e aparecia um Jorge “cricri” para falar de um tal “Plano” natimorto, esquecendo-se como funcionava a lógica política “knasiana”.

Horário: 16:00 horas, “Quá, Quá, Quá, Quá!!!”

Jorge Xavier novamente no telefone:

  • Alô!
  • Alô! Felipe eu estou aqui no João Luiz.
  • Ah, sim.
  • No Gabinete do Julio vim aqui tomar um cafezinho, uma água e falei dos telefonemas de ontem, ele estava me explicando que teve o mesmo problema, que é aquilo que eles chamam de mosca branca.
  • Mosca o quê?
  • Mosca branca e quando o celular está numa área que dá problema de ligação atende e caí, não se consegue falar, ele disse que teve dificuldades também.
  • Ah, é, então está explicado.
  • Sim. Ele estava dizendo que o Julio teve ontem na posse do Redondo lá no Detran.
  • Ele também esteve lá?
  • Sim.
  • Então o Redondo estava muito prestigiado?
  • Sim. Ele vai assumir como adjunto lá nos Transportes, mas vai ter problema de espaços.
  • Como assim?
  • Deram para ele o cargo, mas não tem muitas opções, o pessoal aqui do gabinete teve que se virar sozinho se não iriam dançar. O João Luiz aqui tem passado a maior das dificuldades para acertar a situação dele, não sabe ainda se vai ter espaço para ele lá nos Transportes.
  • Tem sim Jorge, dá para acertar todo mundo aí, como é que ficou a Tereza, falastes com ela?
  • Sim. Ela conseguiu com a maior dificuldade acertar a situação dela noutro lugar, precisa tu ver, não tá fácil a coisa, eles tiveram que se arranjar e o Julio está lá num canto de Bombinhas.
  • É, nesta hora do sufoco? Bom se eles te garantirem numa Diretoria eu já fico contente Jorge.
  • Diretoria o quê? Não tem espaço,  o Julio segundo o João Luiz não vai poder colocar quase ninguém.
  • Ah, é? Mas diz para o João Luiz transmitir para o Julio que nós tentamos fazer contato com ele.
  • Sim, eu sei, para falar do nosso “Plano”?
  •  Não Jorge, o que quê é isso, foi apenas para lhe desejar um feliz Natal e um próspero ano novo.
  • Ah, sim, isso também, mas era para falar...
  • Pode ser...
  • Escuta, tu estais vindo para cá?
  • Sim. Mas é às dezessete horas, não é?
  • Sim. Mas se às dezessete horas tu não estiveres aqui nego eu nem quero saber, vou atrás do Knaesel.
  • Eu estarei às dezessete horas aí, pode ficar tranquilo.
  • Sim, porque hoje eu tenho que esculhambar com alguém.
  • Tá bom!!!

E não pude conter as gargalhadas depois que desliguei o telefone, esse final foi demais: Quáquáquáquá!!! Era para chorar e Jorge Xavier, sem querer  acabou me fazendo rir, esse seu lado de ingenuidade, inocência..., estava prevendo o que iria acontecer no encontro com Knaesel: Nada vezes nada!

Sim, estávamos nos reinventando, nos refazendo, apesar de Jorge Xavier ainda estar em busca de seu "déjà vu" ou coisa do gênero, depois de tudo, de todos e de tantas poucas e boas ao longo da nossa jornada.