Data: 01.01.99, horário: 23:30 horas, “Júlio Teixeira Confirmado ‘Adjunto’ da Secretaria de Transportes”:

Paulo Alceu anuncia que Julio Teixeira seria o adjunto da Secretaria de Transportes em seu programa de domingo, depois do “Saí de Baixo”:

Data: 04.01.1999:

Amin anuncia o 2° escalão

Julio Teixeira, do PFL, será o adjunto de Leodegar Tiscoski na Secretaria de Transportes e Obras, e João Cândito da Silva o adjunto de Voltolini, na Saúde. Ontem também foi anunciada a nova diretoria do Badesc, que tem Arno Garbe como presidente e Paulo Duarte como diretor administrativo.

(“O Estado’, primeira página, 4 de janeiro de 1999)

E na página de Polícia:

Toma posse o delegado-geral da Polícia Civil

Em solenidade marcada para as 17h30min no auditório da Academia de Polícia Civil, em Canasvieiras (Norte da Ilha), toma posse hoje o novo delegado-geral  Evaldo Moretto, de 47 anos. Ele substitui no cargo o delegado Jaceguay Marques Trilha.

Gaúcho de Nova Prata, Moretto está há 27 anos na Polícia Civil catarinense e já foi delegado regional de Lages. Antes de assumir a Delegacia Geral, ele era lotado na Corregedoria da Polícia Civil.

PM – O coronel Valmor Backes será empossado amanhã no cargo de Comandante-Geral da PM. A solenidade de posse será no Centro de Ensino da corporação, no bairro Trindade, às 19 horas.

(‘O Estado’, 4 de janeiro de 1999, pág. 05)

Horário: 12:30 horas, “Mais Definições?

E o repórter policial Hélio Costa entrevistou o Secretário Luiz Carlos Carvalho na cerimônia de transmissão de cargo de Secretário de Segurança Pública. O novo Titular fez questão de frisar que a Polícia Militar continuaria vinculada diretamente ao Gabinete do Governador, mas que operacionalmente iria  trabalhar unificada com a Polícia Civil, sendo que isso não implicaria dizer que haveria uma unificação das duas corporações:

“(...)

  • Além do cargo de Delegado-Geral o preenchimento das principais diretorias já está praticamente definido... (Carvalho)

(...)”.

E pude ver na cerimônia muitos Procuradores, Promotores... e o Coronel Backes de gala, mais ao canto o Delegado Moretto praticamente solitário.

“Normalmente?”

Hélio Costa concluiu dizendo que a ex-Secretária entrou em gozo de férias no mês de janeiro e que retornaria para trabalhar normalmente no mês fevereiro na Quinta Delegacia de Polícia da Capital porque era Delegada de Polícia.

Horário: 12:45 horas, “Knaesel: O beiço torcido”:

E o jornalista Vânio Bosle em seu comentário na Rede Record relembrou o dia da posse na Assembleia Legislativa:

“(...)

  • E teve deputado do PPB lá no dia da posse na Assembleia Legislativa que ficou de beiço torcido, eu não sei se vocês notaram, e tudo porque não conseguiu emplacar apadrinhado em cargo público, olha o deputado deve estar preocupado em fiscalizar a educação, a segurança, a saúde, tudo bem, mas só porque não conseguiu colocar seu apadrinhado em cargo público..., pera aí o meu..., é o caso do deputado Gilmar Knaesel, estava transtornado, saí daí o deputado, vai cuidar da saúde, segurança...

(...)”.

“Coronel Backes e Seu Desígnio Superior?”

E diante disso fiquei imaginando como teria ficado nosso “Plano”, reduzido a quase nada. Nossos protagonistas políticos Julio Teixeira e Gilmar Knaesel estavam em baixa total, sem prestígio, só que o caso de Knaesel era mais grave, pois foi o mais votado do partido, mas também havia o fator “Lord Backes” que parece acabou assimilando os caminhos das nossas propostas, talvez tivesse ficado com o encargo de um “desígnio superior”, seria esse o seu destino?

Horário: 16:15 horas:

Ao entrar na Delegacia-Geral peguei carona no elevador com a Inspetora Myriam Isabel Lisbôa que já me aguardava para subirmos juntos. O destino: 1° andar e na breve subida:

  • Doutor Felipe é verdade que o doutor Garcez vai assumir a “Assistência Jurídica”?
  • Sim, parece, ouvi falar alguma coisa a respeito.

(...)”.

 Horário: 16:25 horas:

Na subida da escada, de volta do andar térreo encontrei o Delegado Márcio Fortkamp que lançou uma pergunta:

  • Não vai na Academia?
  • Pois é, não sabia que a posse seria hoje, não vim trajado a rigor.
  • Mas vamos lá assim mesmo.
  • Não! Depois eu dou um abraço no Moretto.

(...)”.

Horário: 16:50 horas, “Cadeiras Dançantes”:

Jô Guedes veio me trazer Diários de Justiça de novembro e logo que deixou o material começamos uma conversa:

“(...)

  • Pois é Jô, quer dizer que o Doutor Garcez vai mesmo ser o “Assistente Jurídico”?
  • Não sei. Foi o que o senhor disse para Myriam antes, não foi?
  • Como é?
  • O senhor não disse para Myriam que ele seria o “Assistente Jurídico”?
  • É, não foi bem assim...

(...)

Não quis desmentir, pois foi Myriam que perguntou e eu preferi tratar a coisa como um mal-entendido.

  • Olha Jô o Doutor Garcez é muito bom, estudioso, competente, acho que você vai se dar bem com ele, pelo que soube,  até um outro dia eu falei com ele acerca do assunto e ele mostrou interesse pelo cargo, até perguntou se eu tinha interesse e eu disse que não, que o campo estava aberto e que poderia até assumir a “Consultoria Jurídica” no lugar do Bahia, mas ele hesitou, achou que era muito complexo e tu sabes que não é, depois tem outra,  ele já trabalhou comigo ali na “Assistência Jurídica”.
  • Sim, e o senhor vai para onde?
  • Para nenhum lugar. Pretendo continuar fazendo o que já faço, o de sempre.
  • Então tá bom!
  • Por que esse ‘tá bom’, assim?
  • Eu não acredito, mas se o senhor está dizendo.
  • Sim Jô, eu trabalhei num projeto com o Julio Teixeira onde nós apresentamos propostas para romper justamente com a politicagem no preenchimento de cargos, acabar com isso, com esse negócio do Delegado sair da Academia e já querer ser Delegado Regional, Diretor e só falta agora eu esquecer tudo o que defendi, as minhas convicções e aceitar um cargo na mesma situação em que a nova cúpula vai encontrar a Delegacia- Geral.
  • É, eu entendo e respeito.
  • Até porque dá a entender que lutei por um projeto novo só para entrar na crista da onda e depois não tendo sido viável eu aceitaria qualquer coisa em troca de um cargo, o que resultaria no aceite de toda essa politicagem que sempre combati. Não, tu sabes que para mim isso não serve. Podem até me chamar de sonhador, idealista, mas é assim que eu sou, tu me conheces.
  • Eu entendo, sei que o senhor tem suas convicções.
  • Então, sei até que o meu nome foi indicado pelo Julio, pela Adpesc, mas veja bem, eu fui indicado sem pedir, nunca pedi cargo para ninguém, agora outra coisa é você pleitear, não foi o meu caso e mesmo que eu viesse a ser convidado ficaria difícil porque a partir do momento que o Julio não se elegeu praticamente inviabilizou nosso projeto, então não daria certo.
  • Entendo.
  • Mas com relação ao Doutor Garcez podes ter certeza que ele é muito bom, competente, honesto, ético, só talvez um pouco genioso e todos nós não somos imperfeitos?  Você não é eu não sou? E, nesse sentido já que vocês dois têm algo em comum, ele é teimoso e defende com veemência as suas ideias e você também é assim, aí talvez aí que poderia dar algum problema, tens que tomar cuidado.
  • O problema é que eu estou no último ano de faculdade, será que ele vai criar problema com o meu horário de trabalho?
  • Não sei. Conversa com ele, se ele for o “Assistente Jurídico” podes ter certeza de que vai ser bom, torço até por isso, ele vai compreender, se der algum problema fala com o Doutor Moretto que é uma pessoa muito sensível.
  • Com relação ao doutor Moretto eu sei que não vai ter problema, já dá outra vez ele tinha autorizado, mas o ruim é que a coisa acaba vindo de cima para baixo.
  • Lembra que a sopa quente a gente come pela beirada, vai devagar com ele, faça o que ele pedir, vocês dois são geniosos e é só isso que pode pegar.
  • Eu já estou preocupada, não sei se vai dar, eu já não ando muito boa.
  • Não andavas muito boa lá na Penitenciária, mas aqui melhorastes um monte, né Jô?
  • É, mas eu falo é que não me satisfaz mais ser datilógrafa.
  • Sei, mas aí tu vê o que é melhor para ti, a Myriam teve problema com ele,  tudo bem, foi por causa daquele boletim de avaliação, lembra? Quando saíram as LCs 55/92 e 98/93, alguém tinha que tomar a iniciativa e preparar uma proposta de boletim, na época eu tomei essa iniciativa, fui em vários órgãos, Caixa Econômica Federal.... e acabei propondo um modelo, só que antes disso nós transformamos a “Assistência Jurídica” num laboratório e fizemos um “balão de ensaio”, onde todos avaliavam todos, mas era uma coisa fechada, só entre nós, um experimento e coube a Myriam avaliar o Doutor Garcez, só que ele não gostou de algumas observações que ela teria feito e também não admitiu depois que um subalterno fizesse a sua avaliação, vieram os problemas e até hoje...
  • Eu soube.
  • Mas eu estou falando isso levando em conta que o Doutor Garcez vá ser o “Assistente Jurídico”, mas pode até ser o Ademar.
  • Não. O doutor Ademar não volta mais, de jeito nenhum.
  • É mesmo?
  • Na minha época eu prestigiava a Myriam, ela assinava pareceres, fazia serviços especializados, mas quando o Ademar assumiu acho que não sentiu segurança e utilizou ela apenas como datilógrafa, já com você ele já sentiu mais firmeza porque já te conhecia.
  • Sim.
  • Olha Jô na época que o Garcez saiu da Corregedoria, não queriam mais ele lá, houve problemas, e quando eu soube disso corri ao Delegado-Geral para que em vez de mandarem ele para uma Delegacia pudesse ser aproveitado na “Assistência Jurídica”, pois sabia da sua competência e queria transformar o órgão num laboratório de ideias e estudos. Na época não queriam deixar pois ele tinha fama e eu não me importei, acabei me acostumando, por exemplo se eu pedisse para você fazer um parecer sobre o pingo no ‘i’ eu sei que não teria problema, você vai fazer o que tem que ser feito, já o Doutor Garcez  certamente vai fazer um estudo detalhado,  um tratado, vai pesquisar assuntos, livros, tudo que houver disponível,  nem que tenha que mandar buscar lá na Rússia. Eu lembro que na época ele pedia um prazo de duas semanas para fazer um parecer e eu concedia o prazo, ele ficava em casa estudando a matéria, se aprofundando.
  • Duas semanas?
  • É, ele estudava a matéria e depois de duas semanas ele pedia mais um mês porque tinha que ler mais sobre o assunto, tinha que esperar material que encomendou, e ele fazia, fazia muito bem.
  • Pois é, o Doutor Ademar falou que ele é estudioso..., mas tem esse problema.
  • Olha Jô ele melhorou muito, claro que não é como o Ademar que é mais  equilibrado, experiente, sabe onde pisa, nos últimos anos ele deve ter superado algumas deficiências, como todos nós que temos problemas e eu espero que você vá com calma porque tens tudo para te dar bem, só vai devagar, ele fala o que pensa e tu também.
  • É, eu já estou preocupada.
  • Não adianta tu te preocupares, vai dar tudo certo, escuta já tem os nomes do pessoal que vai assumir os cargos?
  • Sim. O Doutor Rachadel é o DPL.
  • Não! Ele é o Diretor da Academia.
  • Não. Ele já está aqui em cima, e com ele é difícil trabalhar.
  • Ah, é, e quem vai ser o Diretor da Academia?
  • A conversa que eu ouvi é que vai continuar o Peixoto.
  • É mesmo? O Lipinski vai para a Corregedoria.
  • É o Lipinski vai para a Corregedoria.
  • E o DPI quem vai ser?
  • É o Maurício.
  • Ah, sim, o Maurício Eskudlark, foi o Heitor que deve ter colocado e na Deic será que fica o Elói?
  • Não. É o Renatão.
  • É, mais alguém?
  • Sim, o Redondo...
  • Ah, o Redondo vai para o Detran.
  • É, ôôô, eu já vi que o senhor está mais por fora do que eu.

(...)”.

“A Excelente Jô e a Perspectiva Teórica”:

E ao ficar sozinho, reportei nos meus pensamentos aquele ‘tá bom’ da Jô, quando me questionou sobre o meu destino. E veio à mente que a sua dúvida era plenamente justificável, justamente porque teve por perspectiva teórica a luta pelo poder que atrai, fascina, ofusca, e não o contrário, que leva ao distanciamento, ao isolamento, a discriminação. No primeiro caso a pessoa é passível de ser corrompida, passa a ser um idólatra, vivencia tolices nas interlocuções com seus pares... Já no segundo caso pode-se buscar o crescimento espiritual, o fortalecimento interior, a busca pela perfeição, o  autoconhecimento, a autoconsciência... Muitas pessoas passam pela vida e não conseguem visualizar esses antagonismos, pois buscam o poder pelo poder. Para começar a entender esses parâmetros era preciso perceber a dualidade entre o dia e a noite, o sol e a chuva, a terra e o mar, a alegria e a dor, principalmente, quando se perde alguma coisa muito relevante, muito querida... Pela lei do livre arbítrio cada um faz a sua opção... e,  em algum momento da vida pode haver uma virada o que oportuniza uma nova opção de vida.