Data: 06.01.99, “A Cúpula e ‘Os Mais Mais’”:

Mais 5 preenchem cargos na Polícia Civil de SC

O secretário de segurança Pública, Luiz Carlos Schmidt de Carvalho, anunciou ontem mais cinco nomes que atuarão na Polícia Civil. João Manoel Lipinski é o novo corregedor-geral; Maurício José Eskudlark assume a Diretoria de Polícia do Interior e José Moacir Rachadel a Diretoria de Polícia do Litoral. Wanderley Redondo está na direção do Departamento Estadual de Trânsito e Optemar Rodrigues é o diretor de Comunicações e Informações.

(‘A Notícia’, 6.01.99, capa)

E no interior do caderno:

Carvalho anuncia mais cinco auxiliares

Falta compor, ainda, a Deic, a Acadepol e a Polícia Técnica

Florianópolis – O secretário de Estado da Segurança Pública, Luiz Carlos Schmidt de Carvalho, anunciou ontem à tarde mais cinco nomes que atuarão na estrutura funcional da Polícia Civil de Santa Catarina. O secretário promete aparelhar melhor a polícia do Estado, a fim de agilizar suas ações, e combater a corrupção. Na ocasião, ele também solicitou que as autoridades e agentes de trânsito passem a exigir os estojos de pronto-socorro somente a partir de 1° de fevereiro. A medida foi tomada em função da falta no comércio destes Kits, exigidos pelo Código de Trânsito Brasileiro desde o primeiro dia do ano.

João Manoel Lipinski, 49 anos, é o novo corregedor-geral  da Polícia Civil; Maurício José Eskudlark, 40 anos, assume a Direotria de Polícia do Interior (DPI); e José Moacir Rachadel, 48 anos, a Diretoria de Polícia do Litoral (DPL). Wanderley Redondo, 44 anos, está na direção do Departamento Estadual de Trânsito (Detran); e Optemar Rodrigues, 47 anos, é o diretor de Comunicações e Informações (DCI).

Como corregedor-geral, Lipinski, que até o ano passado respondia pela 3a DP de São José, deve desempenhar três funções básicas: instaurar sindicâncias, orientar os policiais e corrigir as deficiências. ‘A ideia é premiar os distritos onde tudo estiver em ordem’, avisa.

Interior

A DPI vai continuar com sua sede em Lages e Carvalho viaja hoje ao município para dar posse a Eskudlark, que foi delegado Regional de Polícia de São Miguel do Oeste. Rachadel, que assume a responsabilidade pela segurança do litoral catarinense, foi diretor da Academia de Polícia Civil (Acadepol) e era delegado da 1a DP de Florianópolis até final do ano passado.

À frente do Detran, Redondo, ex-delegado da 9a DP de Florianópolis, deseja oferecer mais qualidade nos serviços prestados pelo departamento . Promete acabar com as filas e avisa que o atendimento ao público será feito em dois expedientes, das 8 às 12 horas e das 14 às 18 horas. Dentro de 20 dias, deve anunciar um novo endereço para o Detran, num prédio que ofereça maior infra-estrutura. O inquérito para apurar as irregularidades na emissão de carteiras de habilitação em Santa Catarina continua e aproximadamente 3000 pessoas serào ouvidas.

Banco de Dados

Rodrigues, que foi corregedor policial, pretende melhorar o sistema de comunicação da DCI. Ele avisa que será criado um banco de dados, a partir do qual sairão as estatísticas que apontarão prioridades e a origem de problemas. O delegado-geral da Polícia Civil, Evaldo Moretto, que tomou posse na Segunda-feira, comenta que vai direcionar as ações a partir de um planejamento. ‘Por isso, a importância de dados estatísticos’, diz. Blitzes e barreiras serão montadas com frequência, num trabalho integrado com a Polícia Militar, adianta.

O secretário da Segurança Pública prometeu anunciar nos próximos dias os nomes que deverão assumir a Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic), a Polícia Técnica e Científica e a Academia da Polícia Civil, além dos 29 novos delegados regionais. Ontem à noite, o coronel Walmor Backes também assumiu o comando geral da Polícia Militar de Santa Catarina de Santa Catarina. A posse ocorreu às 19 horas na Academia da Polícia Militar, em Florianópolis.

(‘A Notícia’, 6.01.99, pág. A-10)

Essas definições trazem como conclusão que o Delegado Wanderley Redondo influiu muito nas escolhas de alguns, talvez de todos os escolhidos. Para o seu sucesso, a bem da verdade, se fez presente nas horas e locais certos, apostou nas pessoas mais ambiciosas e vocacionadas que estavam disputando o poder na área de segurança pública, também, soube se mostrar útil com instrumento dessas pessoas e, mais, ainda, soube queimar todos aqueles que poderiam se constituir uma ameaça aos seus projetos pessoais ou que de algum modo pudessem cruzar o seu caminho (como por exemplo seu arquirrival Delegado Wilmar Domingues ou mesmo o Delegado Braga representante do grupo de Heitor Sché, além deste autor e outros nomes talvez de menor potencial e possivelmente desconhecidos...). Para tanto, o Delegado Wanderley Redondo certamente que contou com o apadrinhamento político do ex-Deputado e Coronel da Reserva Sidney Pacheco, do Deputado e Delegado Julio Teixeira, do trânsito com políticos como o Governador Amin, Paulinho Bornhausen, Coronel Backes, dentre outros.  Outro fator a ser levado em conta foi que procurou articular-se de maneira eficiente para chegar ao poder levando consigo os Delegados João Lipinski que foi escolhido para o cargo de  Corregedor-Geral e Moacir Rachadel, segundo soubemos, irmão de um vereador pelo PFL no município de Nova Trento e cabo eleitoral do Deputado  Pedrinho Bittencourt (PFL) muito ligado ao Deputado Julio Teixeira (PFL). Isso reforçou a tese de que o Coronel Pacheco continuava vivo, mas correndo por fora e querendo assegurar espaços ou outros interesses pessoais na Segurança Pública (especialmente no Detran). Sidney Pacheco tinha nítido interesse em trabalhar o Delegado Wanderley Redondo já que quando foi Titular da Segurança Pública (governo Kleinubing) nomeou-o para cargo em comissão e o designou juntamente com o Delegado Acione Souza Filho para empreender viajem a Portugal para trazer o preso o engenheiro “Miguel Orofino” (caso da Ponte Pedro Ivo Camos), estando à frente das investigações, inclusive, consta que também esteve na Espanha atrás do engenheiro e sua companheira... O Coronel Backes se constituiu escolha pessoal do Governador Amin para o Comando-Geral da Polícia Militar. Mas aí vem um detalhe que chamava a atenção, assim como Redondo, Backes era filiado ao PPB, tinha também bom trânsito com o Coronel Sidney Pacheco, Deputado Heitor Sché e com o próprio Julio Teixeira e pensei: “para onde irão os Coronéis Ib e Souza? Era só uma questão de tempo para saber, já o Coronel Tramontin (que começou sua vida militar em Chapecó) vai para o Estado Maior.

Tanto os Delegados Lipinski como Rachadel apoiaram o Deputado Julio Teixeira, ligado ao Deputado Pedrinho Bittencourt que nesta eleição de 1998 foi candidato a Deputado Federal. Já Maurício Eskudlark certamente foi indicação de Heitor Sché trabalhou para que o candidato obtivesse mais de dois mil votos no extremo oeste do Estado. Wanderley Redondo não deve ter se oposto porque - conforme já dizia publicamente - tinha bom trânsito não só com Julio Teixeira e Sidney Pacheco, mas também com o próprio Heitor Sché. .Aliás, sobre Maurício Eskudlark é muito interessante a sua trajetória, deixou a da Academia da Polícia Civil como Delegado e logo foi nomeado Delegado Regional de São Miguel do Oeste (segundo consta por indicação do ex-Governador Jorge Bornhausen). Foi vereador naquela cidade, foi cabo eleitoral de Heitor Sché todas vezes que o mesmo foi candidato, exceto  no ano de 1994, quando Sché não quis mais concorrer ao pleito e segundo informações apoiou Julio Teixeira. Eskudlark sempre se revelou um forte cabo eleitoral de Heitor Sché, mas certamente que no futuro deverá ocupar seu espaço político dentro da Segurança Pública. Seu projeto pessoal por enquanto é chegar ao posto de Delegado-Geral o que exigirá articulação política, só não conseguiu ainda porque não era Delegado Especial. Empenho não lhe faltava. Já o Delegado Braga, apesar de ser Especial e de ter apoiado Heitor Sché,  não chegou, não chegaria e bem provavelmente não chegará a lugar nenhum. Por quê? Talvez, por trás disso estejam Delegados com o peso de “Pedrão” e “Sell”, dentre outros, todos muito ligados e fechados em tudo, com um passado que os transformou em uma força indissociável... No caso da escolha do Delegado Evaldo Moretto ter sido escolhido para o cargo acredito piamente que além da “sedução” pelo poder, também, pesou as convocações tanto de “amigos” como da própria maçonaria que atuou novamente nos bastidores  (acredito que foi mas compulsória a convocação que acabou alimentando ainda mais o poder de sedução...).

“O Fato Novo: Delegado  Optamar Rodrigues”:

Optemar Rodrigues (conhecido como “Mazinho”) se transformou na grande surpresa na dança das cadeiras. Não saberia explicar como ocorreu sua nomeação e se tem algum projeto. Sempre foi um crítico de tudo e contra tudo e agora estava pousando num cargo de direção. A pergunta seria: “E agora ‘Mazinho’”?. Restou a esperança de um dia conversar com ele, isso daqui a alguns anos ou décadas para saber como é que ele obteve esse privilégio de constar na relação da seleta “cúpula”. Mas sei que ele pode ser parte de uma estratégia de alguém muito interessado nas promoções. Optemar presidia a comissão de promoção dos Delegados, havia aqueles que estavam de olho nas mais de dez vagas para cargos só de Delegado Especial. Assim, tê-lo como aliado ocupando cargo de confiança seria se assegurar um canal de influência, uma ascendência... A quem interessaria isso? Bom, os nomes estavam postos e conclui com isso que a comissão de promoção deveria ser integrada somente por policiais detentores de cargos efetivos, razão porque  me condenei por que não havia pensado nisso antes, porém, as coisas sempre estão em movimento...  Era evidente que Optemar havia sido convidado para a dança das cadeiras e que não iria recusar aquele convite.  Mas restava  a esperança de que Optemar que sempre teve um discurso de contestação, pela moralidade,  pela dignidade, que sempre apregoou “abaixo os bonzinhos”,  que era preciso ser duro nas decisões, jamais ceder... e  não retroceder,  viesse a representar a luta interna por grandes projetos, ideias, planos.... seria isso possível ou “optaria” pelo silêncio e servir bem o governo? Para sabermos o que iria ocorrer só o tempo...!

“Carvalho no Diário”:

E naquele episódio do derrame de carteiras falsas, o Secretário e Promotor de Justiça Carvalho fez um aparição no Diário Catarinense, deixando  transparecer um certo quê de humildade, dedicação a causa pública, honestidade, seriedade...,  tudo isso somado a uma dose de discrição e  ingenuidade (neste último caso, o reverso também poderia ser verdadeiro, mas  só o tempo é que poderia nos dar respostas...) e, embaixo de sua foto,  os seguintes dizeres: ‘Empenho: Tolerância zero à corrupção é uma das diretrizes deste governo, conforme Luiz Carlos de Carvalho’.

Secretário quer apurar as fraudes

Caso da emissão de carteiras falsas em Santa Catarina será prioridade na Segurança Pública

O secretário estadual da Segurança Pública, Luiz Carlos Schmidt de Carvalho, e o novo diretor do Departamento de Trânsito (Detran/SC), delegado Wanderley Redondo, afirmaram  ontem que vão ‘priorizar’ a apuração das responsabilidades no caso da emissão fraudulenta de Carteiras de Habilitação em Santa Catarina. ‘Tolerância zero à corrupção é uma das diretrizes deste governo’, garantiu o secretário. O novo corregedor-geral da Polícia Civil, delegado João Manoel Lipinsky, esteve ontem na Corregedoria se inteirando do caso.

‘O inquérito já esta bem adiantado e dentro de um a dois meses deve ser concluído’, disse Lipinsky. Mais de 3000 pessoas envolvidas no caso já foram ouvidas pelo delegado-corregedor Newton de Andrade. Segundo o corregedor, o envolvimento de pessoas do Rio Grande do Sul é o que torna a apuração demorada. Ele não quis adiantar se tem informação de que funcionários das Circunscrições Regionais de Trânsito (Ciretrans) estejam envolvidos.

Em entrevista por telefone, em dezembro passado, o delegado Newton de Andrade garantiu considerar ‘muito provável’ a participação de funcionários públicos no caso. Os envolvidos serão alvo de processo administrativo. Caso seja comprovado que receberam vantagens na emissão fraudulenta de CNHs, caracterizando assim crime de corrupção, os envolvidos responderão na Justiça.

Foram apresentados o novo diretor de Polícia do Litoral, delegado José Moacir Rachadel, 48 anos; o diretor de Polícia do Interior, o delegado Maurício José Eskudlark, 40; e o diretor  de Comunicações e Informações da PC, delegado Optemar Rodrigues, 47 (João José Cavallazzi).

(Diário Catarinense, 6.01.99, pág. 5)

“Tolerância Zero para Inglês Ver?”

E passei a refletir um pouco sobre o rumo que as investigações estavam tomando. Primeiro, o delegado-corregedor Newton Andrade detinha o mesmo cargo de Corregedor (cargo de confiança), no governo passado. O próprio Diário Catarinense noticiou que o inquérito relativo às fraudes havia sido avocado pela Direção da Polícia Civil e ficou meses em alguma gaveta (estaríamos frente a um crime de prevaricação....?)... Esta avocação de inquérito também não teria base legal, não havia parecer, correição prévia,  uma violência à autoridade policial que estava presidindo o feito. Aliás, por falar em autoridade policial, onde andaria aquele Delegado que iniciou as investigações, presidia o inquérito, foi promovido e elogiado? E a CPI presidida pelo Deputado Julio Teixeira a que conclusão chegou? Incriminou os responsáveis?  E as investigações produzidas pelo Ministério Público a quem caberia exercer o controle externo? Até aquele momento parecia que estavam só atuando no acessório e o jeito era ver o resultado de tudo aquilo, já que o Secretário Carvalho havia anunciado a instauração de Processo Administrativo. O Delegado Lipinski sempre foi tido como um Delegado de linha dura, com a palavra o Delegado Garcez que sempre o elogiou e eu que nutria boas esperanças e como estava no poder o Promotor Carvalho, a esperança era que ele viesse realmente a mostrar para que veio, tudo isso aliado a sua aparente simplicidade e ingenuidade, seu senso de Justiça, a sua busca efetiva pelo “plano” de aplicação do seu importado: “tolerância zero” à corrupção! Ou tudo isso seria discurso para inglês ver?

Sim, era certo que o Secretário Carvalho pousou na Secretaria de Segurança Pública e talvez nunca imaginasse que iria receber um convite dessa magnitude. Mais, ainda, Carvalho tinha um grande desafio, como se apresentar para a sociedade? Evidente que o projeto “Tolerância Zero” cairia como uma luva, já que figurava como a panaceia para resolução “eficaz” de combate à criminalidade e instrumento para restaurar a sensação de segurança à  sociedade e visibilidade midiática, sem contar que se tratava de um resgate da figura de um outro Promotor de Justiça, no caso Rudolph Giuliani...