PROPOSTA DE UNIFICAÇÃO DOS COMANDOS DAS POLÍCIAS - CRIAÇÃO DA PROCURADORIA-GERAL DE POLÍCIA NO ESTADO DE SANTA CATARINA – GOVERNO ESPERIDIÃO AMIM – 1998/2002 - PARTE XCIII: “MINE REFORMA?’” (Felipe Genovez)
Por Felipe Genovez | 01/04/2018 | HistóriaData: 29.10.98, 11:35 horas, “O ‘Feedback’”:
Depois da reunião com o Coronel Backes para tratar do “Plano de Governo” Amin para a área de Segurança Pública, nos dirigimos para frente do Edifício Dona Angelina (Praça Getúlio Vargas – centro de Florianópolis) a fim de fazermos umas considerações finais sobre a reunião. Estavam nesse “trio”, além de mim, Jorge Xavier e Krieger (que havia encontrado no último domingo na Churrascaria Pegorini do Shopping Beira Mar). No portão do prédio ainda estavam Redondo e Quilante.
“(...)
- ... É, enfim, o sol, que dia... (Krieger)
- Olha o Redondo está voltando! (Jorge)
- Esse Redondo realmente é uma figura difícil. (Krieger)
- Ah, não, tem que ficar de olho nele. (Jorge)
- Realmente. (Felipe)
Depois da observação de Jorge Xavier olhei para Krieger pisquei o olho, mudando de assunto:
- Pois é, temos que fazer um jantar daqueles. (Felipe)
- Como daqueles? Regado a camarão... lá no Candeias? (Krieger)
- É, até pode ser, mas cada um dá sua cota, o que não dá era para ser como antigamente, o nosso candidato não se elegeu e está lá o saldo para pagarmos. (Jorge)
- Sim, pode ser na próxima terça-feira, eu convido o Julio. (Felipe)
- Não! Mas então tem que ser antes da nossa reunião aí com o pessoal. (Jorge)
- É, eu pensei em convidar o Júlio, acho que não vai ter problema. (Felipe)
- Ah, sim, claro... (Jorge)
(...)
Depois que nos despedimos peguei uma carona com Jorge Xavier até o meu carro que estava na Trompowsky. No trajeto ele aproveitou para comentar que o Cel. Backes estava tendo uma postura de futuro Secretário de Segurança Pública, como se já tivesse sido convidado:
(...)
- ... Teve uma época em que eu achei que esse fosse o melhor encaminhamento, já que o projeto do Julio não deu certo, mas agora já estou em dúvidas, mas entre o Heitor e o Backes eu não tenho dúvidas.
- Olha Jorge, entre o Heitor e o Backes eu sou Heitor toda vida, não tenho dúvidas, ele é um Delegado, tem compromissos conosco, já o Backes com o Ib e outros são uma incógnita.
- O quê? Então tu achas que vais ter alguma oportunidade com o Heitor, vais mofar!
- Mas eu não estou preocupado com isso, estou nisso tudo pelo nosso projeto Jorge. A nossa instituição está acima de tudo, não me importo de ficar de fora mesmo, contanto que a instituição vá bem.
- Ah, sim!
(...)
Ao chegar no meu carro Jorge Xavier estacionou um pouco mais à frente, sob aquele sol que anunciava que o verão estava muito próximo, seu rosto transpirava excessivamente e aproveitei para esticar nossa conversa:
- Olha Jorge eu acho muito difícil o nosso projeto dar certo.
- Tu achas isso?
- Sim, não tenhas dúvidas.
- Mas, por quê?
- Veja bem, o nosso projeto prevê não só a integração, mas algo muito mais arrojado que é a unificação dos comandos, o segundo grau na carreira, sem contar a criação da Superintendência de Polícia Prisional. Pelo visto nada foi falado sobre isso até agora. O Villela e o Pedro Fernandes estão direto lá na Penitenciária e eles não têm nenhuma ligação com as nossas ideias. O Backes também recebeu cópia naquele dia lá no Comando-Geral, lembra? Eu fui entregar pessoalmente o projeto para ele, só que até hoje não se posicionou, não disse nada, absolutamente, ele é aquilo que a gente já conhece, um conservador, não vai ter coragem de querer fazer parte dessas reformas. Já o Júlio que era o principal protagonista não se elegeu, o Gilmar Knaesel desapareceu, o Redondo e seu grupo também nunca estiveram identificados com as nossas propostas e o Heitor nem se fala. E tem mais, você prestou atenção que o Backes falou em autarquização do Detran, o que não fecha com mo nosso “Plano”. Então tu vê Jorge, tudo isso só nos diz que eles não querem mudar nada, só maquiar, criar uma coisinha ali outra lá e manter tudo do jeito como está...
- Espera aí, que grupo do Redondo? É só ele. Ele não tem grupo nenhum!
- Como assim?
- Tu não vais pensar que ele tem grupo, sabes por quê o Quilante veio hoje à reunião?
- Não!
- Porque eu o convidei. Passei o telefone ontem para ele que não sabia de nada, estava por fora de tudo.
- Muito bom, fizeste bem em convidá-lo, é uma boa pessoa.
- Claro...Então é isso, é o Wanderley e só.
- Pois é Jorge, não que o nosso projeto seja impossível neste momento, mas acho muito difícil ele ser viabilizado, a não ser que o Esperidião impusesse a sua implantação, lembra que eu te disse outro dia que a minha esperança seria o Heitor entrar na parada, o que acho que beira o impossível neste momento. Se nós tivemos uma chance pequena de pelo menos assumiu a Delegacia-Geral a gente poderia começar com uma mini reforma... Mas isso também teria que passar forçosamente por um entendimento entre o Heitor, Julio, João Rosa.
- Sei, tu falas daquele encaminhamento?
- Sim... Heitor Senador e Júlio Deputado para 2002.
- É, e teria que ser aberto espaço para o Heitor na Secretaria.
- Sim, Detran, Delegacia-Geral, não vejo maiores problemas para isso, desde que comecemos a Procuradoria-Geral por dentro da Polícia Civil, o ideal já seria por cima, mudando a Secretaria de Segurança Pública, com os Procuradores somente vinculados ao final da carreira de Delegado.
(...)”.