Data: 26.10.98, horário: 18:00 horas:

Na portaria da Delegacia-Geral, quando já estava de saída,  encontrei Walter que logo que me viu fez uma afirmação:

  • Genovez acho que tu tens razão, aquele teu candidato acho que vai dar certo.
  • Sim, não sei?
  • Eu já disse aqui prá todo mundo, a única pessoa que pode dar jeito nisso aqui é tu.
  • É?!
  • Agora tem uma coisa, tu não podes vacilar, tem que botar a mão e fazer a coisa funcionar.
  • Olha Walter só sei de uma coisa, que ainda vai passar muito água por debaixo da ponte, tu nem imaginas como são as decisões de bastidores, é um tal de “bota, queima, esconde, tira...” e nós assistindo que nem patos.

(...).

E fui descendo as escadas que dava acesso à Avenida Osmar Cunha (centro de Florianópolis),  deixando para trás aquela risada brilhosa de Walter que ecoava ladeira a baixo, bem além do balcão da recepção, o que  já havia se tornado uma coisa quase que rotineira nas minhas idas e voltas.

A caminho do meu carro que estava estacionado lá próximo da “Trompowsky” veio a mente a imagem de Guinivere,  nos últimos dias achei ela muito distante e reservada, evitava olhares, qualquer atitude que denotasse empatia, talvez fosse decepção com tudo ou mera impressão, ou melhor, problemas domésticos com seu filho, coisas que não poderia supor, imaginar... e o pior era que nosso silêncio conspirava pelo distanciamento, sem a mínima chance de uma palavra de carinho, uma amizade sincera. Mas ficava sempre aquela impressão que sua dedicação, sua dignidade, orgulho mantinha as suas qualidades profissionais e pessoais (era persistência, tenaz, tinha caráter, personalidade, dedicação, comprometimento, fidelidade...).  Esse todo trazia também preocupações, especialmente, no que dizia respeito a sua aparente falta de humildade e simplicidade. Conclui que só com o tempo é que poderiam vir essas respostas, assim como também no caso do nosso Julio Teixeira ser o Secretário, Procurador-Geral..., quanta justiça interna poderíamos fazer, como no caso de se instituir a meritocracia, a valorização do policial e reconhecimento, ofertar condições e estímulos para que todos pudessem crescer, serem reconhecidos, estimulados...

Em seguida, lembrei da Madre Tereza, suas preces, seu espírito e me perguntei: “ por onde andaria? A outra, certamente que na Assembleia, ao lado de Julio Teixeira,  invocando todos os  bons espíritos,  poupando suas energias e procurando dissipar maus presságios, acalmando a sua mente, infundindo paz, harmonia e serenidade no ambiente, sendo quase que absoluta com sua aura branca, e talvez invocando as preces da outra “Madre” para que tudo desse certo e que as promessas não se transformassem em pó, dando lugar a interesses outros...  às águias!!!

Horário: 23:30 horas:

Moacir Pereira entrevistou o Senador Amin, Jorge Bornhausem e Francisco Kuster no SBT.  Em determinado momento da JKB afirmou:

“...Vai ser um governo vencedor, não tenho dúvidas. E quero dizer mais, nós fizemos uma coligação para oito anos. Esse é o meu entendimento porque nós queremos o sucesso do Governo Esperidião Amin e esse sucesso implicará certamente numa candidatura à reeleição, só se ele não desejar e isso é bom para Santa Catarina...”.

E, em seguida, o entrevistador lançou uma saraivada de perguntas para o Senador Amin:

  • Quando é que o senhor define o novo secretariado? Quando é que o senhor pretende tratar desse assunto?
  • Moacir, acho que agora que nós vamos conhecer o pacote..., o ajuste de medidas..., nós vamos conhecer melhor a missão que nós vamos ter no início do governo...  Eu acredito que em torno de quinze a trinta de novembro é uma boa data para ter essas definições avençadas...
  • Critérios o senhor já definiu?
  • Critério elementar é a confiança do governador..., agora nós temos uma coligação... , é um compromisso com Santa Catarina a expressão que as urnas conferiram  aos partidos políticos que integram à coligação...”.

(...)".

Depois de ouvir as respostas comecei a depurar o seu conteúdo, logo imaginando como  um político preparado como o Senador Amin conseguia ser onipresente..., falar o que era para falar, dizer o que era para dizer, fazer-se entender para quem sabia entender... e dizer ao povo o que o povo deveria mais "gostar": simplesmente ouvir.  Dessa maneira era infinito..., no infinitivo, inclusive.