Data: 23.10.98, horário: 12:15 horas,  ‘Contrafortes de Rushmore-Mirim”:

A seguir, deixamos a Praça Getúlio Vargas (Edifício Dona Angelina), centro de Florianópolis, onde estávamos reunidos para tratar do “Plano de governo na área da segurança pública” (entretanto, não do nosso “Plano”: Unificação dos Comandos das Polícias). Aproveitei para pegar uma carona com Jorge Xavier até meu carro que estava estacionado no início da Rua Trompowsky. Chegando naquele lugar passamos a conversar  um pouco mais, debaixo da sombra de uma árvore:

“(...)

  • Mas tu falaste do Macagnam e que o nome dele estaria sendo trabalhado..., o Renato Ribas é que pode ficar bem nessa história. (Jorge)
  • É, o nome do Renato é também muito forte.  (Felipe)
  • Forte? Fortíssmo, o que tu queres, ele é vereador pelo PFL.
  • Sim, do PFL, realmente é um nome fortíssimo.
  • Só que ele é um acomodado, já tinha sido convidado para ser diretor e não aceitou.
  • Olha Jorge a verdade é que ele não vai trocar a Regional de Itajaí por Florianópolis, duvido, olha quantos interesses que ele tem lá..?
  • É verdade.
  • É Jorge, vamos ter que aguardar, eu acho difícil o Júlio ter alguma informação hoje, e depois eu estava pensando, a situação dele é difícil, a do Heitor também é!
  • Mas a do Júlio é pior ainda, pelo menos o Heitor tem o mandato.
  • Sim. Eu estava conversando ontem com o Osnelito lá na Delegacia-Geral e ele falou uma  coisa coerente, ele disse que o Heitor vai fazer o melhor negócio neste momento e se não assumir a Segurança Pública. Ele quis se referir aos milhares, dos compromissos que foram firmados para preenchimento de cargos, concessão de  benefícios... Ele não vai ter como honrar todos esses compromissos. Já indo para a Assembleia com a desculpa que foi chutado ele pelo menos tem como justificar que não pode atender todos os pedidos em razão dessa situação.
  • É verdade.
  • Agora se houvesse um acerto entre o Heitor e o Júlio, aí sim poderia haver melhores perspectivas para os dois, dentro do projeto que dizem que o Maurício Eskudlark teria  defendido, tu não sabes?
  • Não. Ninguém me disse nada.
  • Bom, eles estão divididos e tu conheces bem essa história, quando mais divididos mais fracos. O projeto seria  “Heitor Senador 2002”.  Então, se o Júlio fizesse um bom trabalho, permanecendo o Heitor na Assembleia dando todo o apoio necessário e  considerando que teremos duas vagas para o senado eu acho que teríamos chances...
  • É, e o Julio poderia concorrer na região deles para deputado apoiando o Heitor..
  • Seria muito bom, bom demais,  já pensou Heitor Senador e Júlio Deputado, heim?
  • É verdade, mas acho difícil eles se acertarem.
  • Na distribuição de cargos o Braga poderia assumir o Detran ou a Superintendência de Polícia Prisional, você Jorge assumia como Procurador-Geral Adjunto, o Julio como Procurador-Geral, o que tu achas?
  • Sim, e tu tu, onde é que ficarias nessa história?
  • É mesmo, realmente eu me contentaria com a Delegacia-Geral, mas preferia a Consultoria Jurídica para poder pensar na viabilização do nosso projeto. Alguém vai ter que pensar nisso, serão muitas mudanças e que estiver em cargo de direção não vai ter tempo para pensar na parte jurídica.
  • Claro, mas eu acho que tu tens que ir para a Delegacia-Geral. Eu aceitaria um outro cargo de assessor,  nem precisa ser de Adjunto.
  • Jorge nós vamos ter que ocupar espaços, o meu caminho na vai ser a Delegacia-Geral. No nova situação a Delegacia-Geral vai ser um órgão operacional de gestão das Delegacias Regionais e de Comarca, então isso vai ser para quem gosta, como o Braga.
  • E o Wanderley? Estais esquecendo...
  • Ele pode ir para o Detran ou assumir como Procurador-Geral Adjunto, teríamos que conversar com ele.
  • Não. É muito poder para ele.
  • Então, talvez o Detran, sabes que ele é importante neste processo e vem com força, e o mais importante de tudo não são cargos, mas sim viabilizarmos o nosso “Plano”, o resto vira detalhe.
  • Podemos colocá-lo como Diretor do DEIC.
  • Não Jorge, acho que ele não aceitaria e o cacife dele é bem maior.
  • Então como Assessor Especial junto ao Gabinete do Governador.
  • Aí seria uma outra alternativa, mas teríamos que conversar com ele, com o Julio, mas é para se pensar.
  • É.

(...)

“Uma Luz no Final do Túnel?”

  • Olha Jorge, outra coisa é que se der certo eu gostaria de editar o meu “Estatuto da Polícia Civil Comentado”, e que ele fosse credenciado para concursos e consultas, além disso, com parte dos recursos provenientes desse material eu poderia viabilizar outros trabalhos que estão concluídos ou em andamento. Não há nada de ilícito nisso,  eu assumo os gastos com a impressão...
  • Quanto dá para vender cada exemplar?
  • Uns cincoenta reais, os códigos por aí são bem mais caros.
  • É o Thomé fez isso, editou o livro dele e vendeu, tendo sido recomendado para concurso.
  • Então, imagina o “Estatuto da Polícia Civil”?

(...)

“Os Bilhetes da Sorte”:

E fomos interrompidos por uma pessoa que veio vender bilhetes da loteria federal que iria correr no dia seguinte. Acabei comprando vinte bilhetes e Jorge dez. Em seguida reiterou seus problemas financeiros:

  • Vamos fazer um... (Jorge)
  • Já sei, não. Os números são iguais.
  • O quê? Não são,  esse aqui é 53.150. e eu iria propor que quem de nós dois ganhasse daria dez por cento para o outro.
  • Tá aceito, o meu número é 53.140.
  • É, eu precisava de quatro mil reais, estaria tudo resolvido.
  • Sim, entendi, olha Jorge nem precisas mais te preocupar com dinheiro porque amanhã já estaremos com a grana na mão.

E saltei do carro com Jorge me olhando (por cima da armação dos seus óculos) com seu sorriso, testa franzida e uma esperança.

Horário: 11:15 horas:

Já no meu carro ouvindo a rádio CBN-Diário observei que Jorge Bornhausem estava sendo entrevistado sobre a morte de Vilson Kleinubing. Ele faz uma breve retrospectiva sobre a vida política do parlamentar e o que representavasua perda para o Estado.

Horário: 12:00 horas:

O comentarista Roberto Alves da CBN rememorou as caminhadas que fazia com Vilson Kleinubing na Beira Mar Norte, ressaltando que ele foi um homem que fez muito pelo esporte em Santa Catarina e terminou chamando-o de um homem humilde.

Horário: 12:45 horas:

Júlio Teixeira estava sendo entrevistado no Hospital de Caridade,  no programa da Record (Vanio Bosle), sobre a morte de Vilson Kleinubing, fazendo o seguinte registro:

  • “...Ele sempre lutou contra coisas ruins, é isso aí,  ele sempre combateu coisas ruins, essa foi a sua vida,  quer como Governador quer como Senador e a maior luta dele foi agora,  uma luta contra essa sua doença, com isso ele na verdade sempre foi um verdadeiro espadachim...”.

É Vânio Bosle completou:

  • “... como já dissemos no início do nosso programa o Senador Vilson Kleinubing e o Deputado Júlio Teixeira detonaram todo o escândalo do caso das Letras...”.

Horário: 13:00 horas:

Jorge Xavier telefonou  informando sobre a morte do Vilson Kleinubing e perguntou o que achava de irmos até o velório na Assembleia Legislativa.  E eu imediatamente procurei persuadi-lo a desistir dessa ideia porque não seria oportuno irmos para lá falar de projetos, conversar com o Júlio Teixeira naquelas circunstâncias, encontrar Gilmar Knaesel, Amin e outros políticos para cumprimentar e no final houve concordância com minha opinião.