Data: 21.10.98, horário: 11:30 horas, “Lúcia  Viu a Luz?”:

Horário: 11:30 horas, “Lúcia”:

Jorge ao Telefone:

  • Felipe!
  • Um momento Jorge.

Como estava fazendo pesquisas no Arquivo Público do Estado, tive que me deslocar para poder manter uma conversação:

  • Oi, agora pode falar Jorge.
  • Fizeram aquele contato?
  • Não. A Lúcia não quis nos receber.
  • Olha ó.
  • É sim, eu ia te ligar.
  • Mas não sei de nada.
  • Eu nem quis te telefonar ainda para não encher mais a tua cabeça com essas coisas.
  • E vocês estiveram lá?
  • Nem adiantou ir, o Wanderlei acertou o horário, conforme já tínhamos combinado, mas ela não quis, de qualquer maneira o Braga disse para eu que não vai mais.
  • Sim.
  • Jorge, aquela reunião nossa para amanhã também foi transferida para terça feira às dez horas.
  • Que bom, só assim...
  • É, não adianta, não tem informações, mas eu, o Wanderley e o Braga devemos nos reunir sexta feira para redigir um ofício para ser encaminhado para o Celestino.
  • Para pedir as informações?
  • É isso, mas depois eu te telefono, não vamos ficar gastando celular, eu te ligo ali pela meia hora.
  • Então está bom. Eu aguardo.
  • Tchal.

Horário: 16:30 horas, “A Reunião e o Pedido de Informações”:

Estava na “Sala de Reuniões” da Delegacia-Geral e Braga resolveu dar uma chegadinha para mais um bate-papo:

  • O Wanderley falou contigo? (Braga)
  • Sim.
  • Sobre a reunião que nós vamos ter?
  • Ele falou sim, vai ser na sexta feira.
  • É, vai participar o “Sell” e o “Rachadel”?
  • Sim, e tu não vais?
  • Eu vou também.
  • Mas não era só nós três?
  • Mas é bom que vá mais gente, não sei,  mas acho que quanto mais melhor.
  • Tudo bem, mas sinceramente eu acho que a Lúcia não vai dar as informações.
  • O Wanderley falou que ela disse por meio da Ana que tem as informações, no entanto, como ficou acertado no colegiado que tudo seria feito por meio do Cesar Barros Pinto,  então ela prefere colocar as informações por lá.
  • É, não dá para pedir muito, mesmo porque depois a gente vai saber como é que está.
  • A preocupação é que a Lúcia pode ter “raspado” o dinheiro do fundo, dizem que não tem mais nada, que o Governo pegou raspou o dinheiro dos fundos para pagar o décimo terceiro.
  • Não sei, só se foi isso então,  hoje eu estava ouvido o comentário do Paulo Alceu, mas não peguei todo, ele estava falando sobre esse assunto.
  • Ali foi o seguinte, o Banco Central bloqueou o código  0900, só que esqueceram o código 0800, mas o Tesouro...
  • Tesouro?
  • É o Tesouro Nacional descobriu e bloqueou esse código e ainda pegou dezoito milhões.
  • Meu Deus!
  • É, o salário de setembro ele não vai pagar, recebi hum mil e trezentos a menos este mês,  não deu para pagar todas as contas, estou devendo.
  • É, realmente, foi o que eu também recebi a menos. Acho que ele vai pagar setembro em novembro e depois outubro em dezembro e.o saldo fica para o próximo governo.
  • É isso aí.

(...)

“O Futuro Secretário e Delegado-Geral”: 

  • E como é que estão as coisas, alguma novidade? Acho que o Júlio não vai ser o Secretário. (Felipe)
  • É mais o nome do Júlio está forte, ainda mais agora com o doença do Kleinubing, ele tem um compromisso com o Júlio e dizem por aí que o teu nome está forte para Delegado-Geral.
  • Não. Olha Braga tu sabes que eu não aspiro esse cargo,  e de mais a mais trabalhei por um projeto e estou comprometido ideologicamente com ele e com um grupo, não com cargos, a não ser que esse seja o caminho.
  • Felipe eu também não, não quero, estou te falando sério.
  • Veja bem o meu caso Braga, eu tenho ainda dez anos de Polícia pela frente.
  • Mas o teu nome está forte.
  • Olha no momento o que eu pretendo talvez seja a Assistência Jurídica.
  • Bom eu não sei,  mas tu estais dizendo que vai ser o Assistente Jurídico, mas eu estava falando com um Delegado aí e ele disse que só tem três nomes para Delegado-Geral, é o teu, o meu e o do Wilmar Domingues. Mas ele disse que o meu e o teu é que são fortes.
  • Braga tanto você como o Wilmar tudo bem,  vocês depois vão para casa, agora eu fico.
  • É realmente nisso eu concordo contigo, não vê o Oscar,  deixou o cargo de Delegado-Geral e aceitou ser Corregedor-Geral, o Ademar foi ser Assistente Jurídico, tudo bem o Moreto pelo menos ficou esquecido lá na Corregedoria.
  • E depois, para ganhar setecentos reais a mais no salário, ah, pára!.
  • Será que recebe?
  • Pois é, no meu caso acabo exonerado e tenho que voltar à atividade noutro governo e ninguém sabe o que vem pela frente, agora no teu caso e do Wilmar é diferente. Olha ali o Bahia, ficou três meses e caiu fora, tranquilo, vocês poderão fazer a mesma coisa se houver qualquer problema no curso.
  • Nesse ponto tu tens razão.

(...)

“A Assistência Jurídica e os Cargos na DGPC”:

  • Por isso Braga que eu disse que o ideal seria a Assistência Jurídica para mim. Gosto de pesquisar, me atualizar, escrever, ter tempo para meus estudos, é uma área que domino.
  • Mas eu acho que a Assistência Jurídica é muito mal aproveitada, eu estou ali e estou vendo,  bom nem tem Assistente Jurídico, eu é que sou assistente do assistente, acho que a Lúcia deveria nomear alguém.
  • Braga você sabe como é que foi criada a Assistência Jurídica?
  • Não.
  • Pois é,  com o advento da Lei 8.240 de 1991 que criou a Delegacia-Geral uma das ideias de Pacheco foi deixar o órgão mais operacional. Nessa época eu disse para o Jorge que nós não poderíamos perder assim o cargo de Procurador Policial. Eu disse que o Chefe de Polícia teria que contar com uma estrutura que desse suporte jurídico. O Jorge levou a ideia para frente e o Pacheco que queria toda a área jurídica centralizada na Consultoria Jurídica teve que aceitar os argumentos de Jorge e foi aí que ficou decidido que eu seria  o Assistente Jurídico.
  • Eu não sabia.
  • E quanto a ser Delegado-Geral. já naquela época eu poderia ter solicitado um outro cargo mais expressivo, como de Diretor, Corregedor Geral, menos Delegado-Geral, apesar de ter cacife político para brigar pelo cargo, preferi a Assistência Jurídica até para poder trabalhar naqueles meus projetos... E veja bem Braga, a minha condição de filiado ao PFL desde 1986, quando fui candidato à Câmara Federal, toda a minha trajetória me credenciariam a pleitear qualquer cargo, também tinha canal para chegar ao próprio Jorge Konder Bonhausem, a filha dele é casada com um parente meu..., mas nunca quis pedir nada para mim.
  • Mas eu também, Felipe eu não peço nada para mim, tu vê, naquela época que eu fui nomeado Diretor de Polícia Metropolitana, na época do Jorge, foi graças a ti e ao Gentil. Eu não esperava, não tinha amizade com o Jorge e não tinha pedido nada.

(...)”.