Data: 13.10.98, horário: 10:00 horas, “

Lito entrou na “sala de reuniões” parecendo estar em apuros pois foi direto para o banheiro sem dar pelo menos um “bom dia”. Porém, não demorou mais do que alguns segundos e veio até a minha presença Estranhei esse seu comportamento, isso não era normal, mas interpretei que talvez pudesse ser a falta de papel para higiênico e ele veio se sentar junto à mesa para iniciar um diálogo:

  • Oi, “Sôôô”!.
  • Oi Sô?.
  • Bom dia, né, “Sô”.
  • Bom dia!
  • Como vai esse jovem, tudo tranquilo, alguma novidade?
  • Não Lito, está tudo tranquilo, como na semana passada. se existe novidade você é quem sabe.
  • E então eu não sei de nada.
  • Mas é que eu fico aqui dentro enclausurado e não sei o que se passa lá fora, a não ser por intermédio dos amigos.
  • Pois é, vai ter a posse desse pessoal lá na Academia, que merda isso, que safadeza desse pessoal, a minha raiva é porque eu não estou entre eles.
  • Falando nisso, saiu no jornal “O Estado” de domingo mais um comentário do Moacir Pereira a respeito do concurso na Academia, tu viste?
  • Não. O que dizia?
  • O Edson e a Tânia Cabral entraram com uma ação ordinária na Vara da Fazenda para incluir mais onze aprovados.
  • Tomara que ele consiga.
  • Lito, e a Galega lá embaixo como está?
  • Está bem, não tem me incomodado.
  • Mas o Walter disse que você tem que pedir para sair?
  • Não é verdade. O Walter é um fofoqueiro, eu sempre avisei sobre as minhas saídas,  inclusive, para ele.
  • Eu sei, ele que não se entende com ela.
  • É, ela colocou ele no ponto e ele não gostou.
  • Ah é. Mas o Walter chega cedo e sai tarde.
  • Sim, é verdade, só as vezes à tarde que ele demora para retornar, mas ele não gostou que ela botou ele no ponto.
  • Entendo.
  • E depois ela poderia botar até o meu nome.
  • Mas você não é o gerente?
  • Sim, mas ela é muito amiga da Ana, outro dia ela fez uma coisa que eu não gostei,  depois ela veio falar comigo e eu até entendi.
  • Tu estais falando daquele “pretinho” lá embaixo que faz às voltas?
  • Isso, ele mesmo, eu mandei ele pegar um talão de cheque no BESC,  não era para mim e sim para a repartição e a Rosângela imediatamente telefonou para Ana informando. Ela me chamou a atenção, mas eu argumentei e a Ana disse que aquilo não era serviço dele. Eu disse a ela que não por isso, saí correndo fui até o BESC e interceptei ele na fila e mandei retornar para a Delegacia Geral.
  • Não brinca que você fez isso.
  • Sim.
  • E foi a Rosângela que informou a Ana disso?
  • Sim.
  • Será que ela está se sentindo bem agindo fazendo isso?
  • Eu acho que não, ela anda meio chateada.
  • Nem poderia ser diferente, mas parece ser uma boa profissional.
  • Ela é muito competente, dedicada.

(...)”.

Horário: 10:45 horas, “Momento de indefinições”:

  • Doutor Felipe, conta tudo e não esconde nada!
  • Oi Braga...
  • E daí não foste mais no comitê?
  • Braga, o comitê não existe mais.
  • Como não existe? Dizem que lá está funcionando o esquema de governo.
  • Não. Inclusive, no dia em que fecharam estava lá, não tem mais nada.
  • Olha, eu não sabia.
  • Até no dia em que estive lá encontrei o Villela e o Pedro Fernandes, parece que eles tem interesse no Sistema Penitenciário.
  • É, o Villela eu sei porque eu encontrei ele por lá e me disse que tinha colaborado,  e o Pedro Fernandes é advogado do PPB.
  • Ah, é isso aí?
  • Sim, Inclusive ele apareceu no vídeo do TRE junto com o Serpa, não viste?
  • É verdade. Eu vi. Mas agora estamos nesse impasse, vamos ter que aguardar o nome do Secretário.
  • É, o pessoal está dizendo por aí que o Amin só vai anunciar no dia dezessete de novembro.
  • O quê.? Isso é ruim.
  • Pois é, tu vê, quantos planos e projetos poderiam ser feitos até lá? Eu não sei, mas quando o “Pacheco” e “Jorge” assumiram e seu que tu participaste disso, quanto tempo antes vocês ficaram trabalhando no plano de governo do Kleinubing?. Na época em que o Paulo Afonso se candidatou, quando ele tinha ainda sei quanto nas pesquisas a Lúcia me chamou e começamos a trabalhar no “plano”, dá muito trabalho.
  • É, realmente, acho que se o nome surgisse poderia facilitar muito.
  • E o Pacheco.
  • Olha Braga, eu pessoalmente não tenho nada contra o Pacheco, acho até que se a Polícia Militar vier para a SSP ele é um candidato em potencial pela amizade que tem com o Kleinubing.
  • Ah, sim. Mas os policiais não gostam dele. Eu pessoalmente não tenho nada contra. Mas acho que os nossos policiais não vão aceitar.
  • Eu discordo. Primeiro porque o Pacheco tem uma filha que é Delegada, segundo porque nossos policiais em grande parte são muito desconectados, falam, falam, mas na hora não fazem nada, não se interessam.
  • Isso é verdade.
  • De mais a mais, o Pacheco não foi uma pessoa de todo ruim para nós, mas acho que ele é uma hipótese remota. A preferência é do Júlio a meu ver.
  • Eu também acho isso, inclusive, no final de semana estava conversando com a minha família e a gente chegou a conclusão de que se o Júlio for o Secretário é muito justo.
  • Sim.
  • Mas todo mundo fala que o Júlio vai ser o futuro prefeito de Rio do Sul, eu acho que ele deve assumir um cargo importante para preparar a campanha dele.
  • Olha Braga, eu tenho conversado com o Júlio e não é bem isso que ele pensa, aliás, não tem nada definido. De qualquer maneira, o Heitor já está garantido como deputado, além disso é aposentado, o Júlio não se reelegeu porque você sabe e não é inativo, assim a preferência é dele, principalmente, considerando a sua trajetória.
  • É, eu acho que a questão do 'impeachment' foi fundamental no caso do Júlio.
  • Exatamente. Você sabe o que o Júlio rejeitou?
  • Dizem que foi dinheiro.
  • Então, segundo o próprio Júlio teriam oferecido a ele dinheiro, depois a isonomia,  e tem mais, duas coisas que não estou conseguindo lembrar, hum!.
  • Eu ouvi falar também na Secretaria de Segurança.
  • Isso. Esse é o terceiro e agora lembrei do quarto que é aqueles sessenta e oito por cento que o Mantelli levou para os policiais militares.
  • Realmente, o Júlio merece ser o Secretário de Segurança.
  • Mas o Heitor tem o cacife do mandato, como também o tem o João Rosa, é por isso Braga que eu acho que devemos sentar para conversar. Se eu pudesse dizer isso a eles...
  • É, eu também faz tempo que não falo com o Heitor, mas penso da mesma maneira.

Horário: 11:10 horas:

Na fila do BESC central encontro o advogado Edson Konel Cabral:

“(...)

  • Quer dizer que entraste com a ação ordinária na Vara da Fazenda para os onze? (Felipe).
  • Sim. A prova física não pode ser eliminatória, o meu objetivo não é anular o concurso, mas sim incluir os onze candidatos meus clientes.
  • Pois é Edson, eu vi o artigo na coluna do Moacir Pereira, só que ele foi mais além, procurou questionar o próprio concurso em si.
  • É.

(...)”.