Data: 11.10.98, horário: 11:00 horas, “Por dentro dos Ùltimos Acontecimentos”:

Telefonei para a residência do Wilmar Domingues, a fim de tratar do almoço de terça-feira, conforme já tinha conversado com Jorge Xavier:

  • Alô!
  • Alô, é da residência do doutor Wilmar Domingues?
  • Sim.
  • Ele está?
  • Um momento.

Depois de alguns segundos:

  • Alô!
  • Oi Wilmar é o Felipe.
  • Fala doutor Felipe.
  • Tudo  bem?
  • Tudo!
  • Pois é, foi uma pena que o nosso amigo não chegou lá.
  • Pois é, mas o que será que aconteceu?
  • Olha Wilmar foi uma série de fatores., não houve um fator único, desde a falta de dinheiro. O Heitor já no ano passado estava em campanha enquanto o Júlio permaneceu lá na Assembleia Legislativa naquele episódio das Letras. Depois lançaram-se vários candidatos na região dele, congestionou tudo, inclusive, segundo informações, a própria Secretaria teria estimulado que candidatos se lançassem na região de Rio do Sul para inviabilizar a candidatura dele, foi o caso do Ortiga.
  • Mas tu tens certeza de que a Secretaria pode ter estimulado esse tipo de coisa,  me parece que o Maurício já foi candidato noutras oportunidades e isso não ocorreu.
  • Não. A deputado estadual foi a primeira vez.
  • Mas a vereador, será que ele já não andou sendo candidato lá em Rio do Sul?
  • Olha Wilmar, eu sinceramente desconheço, mesmo porque essas informações que eu estou te passando são conversas que se ouve, mas o fato é que o Maurício tirou votos do Júlio, como o próprio Heitor,  tu sabes disso.
  • É, só ficou em dúvida sobre a participação da Secretaria nisso.
  • Como te disse eu não sei, são comentários que se ouve, mas são tantas coisas que dizem por aí. De qualquer maneira a postura do Júlio foi muito nobre, veja bem, como ele próprio me disse, teriam oferecido para ele três milhões na época que estourou o escândalo dos precatórios e ele começou a liderar um movimento na Assembleia para denunciar esse fato. Além disso, poderia ter negociado aqueles sessenta e oito por cento que o Mantelli negociou para os policiais militares, lembra?
  • É verdade, eu me lembro muito bem disso e até comentei esse fato.
  • Pois é, também tinha a isonomia dos Delegados que ele poderia ter acertado e ficado bem com todos e, por último, a própria Secretaria de Segurança.
  • Como?
  • É, a Secretaria de Segurança. Ele poderia ter ficado na Assembleia e colocado alguém dele na Secretaria.
  • Ah, entendi. Realmente, ele poderia montar um esquema.
  • Sim. E garantir a reeleição dele, agora Wilmar, eu não sei até que ponto isso tudo se constitui verdade, isso o próprio Júlio me colocou e corre por aí.
  • Mas isso é bastante próprio, a gente sabe que pode ser verdade mesmo.
  • Eu sei. Você quer dizer que é bastante factível, pois é o que eu penso porque os fatos estão aí.
  • É verdade.
  • Mas estou telefonando Wilmar é para convidá-lo para um almoço na terça-feira, vai ser lá no Restaurante Candeias novo, é o pessoal do nosso grupo com o Gilmar Knaesel, lembras?
  • Sim, eu lembro dele. Parece que ele se elegeu bem.
  • Sim, foi o terceiro mais votado, primeiro o Paulinho, o segundo o Cesar Souza e depois ele.
  • Puxa que bom.
  • E a gente se dá bem com ele, já faz anos e o Jorge é mais amigo por causa do Geraldo, sogro do “Cesinha”, tu sabes...
  • Eu sei, mas o amigo também se dá bem com ele?
  • Sim. Temos uma amizade de já alguns anos.
  • Eu me lembro que ele sempre teve amizades na Polícia Civil. Lembro do Alberto Freitas, mas no teu caso era por causa da FECAPOC?
  • Também. Mas Wilmar, como você sabe o Gilmar está conosco no “Plano” e a gente quer reunir ele e o Júlio, com o nosso grupo, até para que o Gilmar possa fortalecer o Júlio nesse momento, queremos no dia do almoço dar uma força para ele.
  • Sim, certamente, é a meia hora?
  • Não, é ao meio-dia que começa, estaremos lá.
  • Pode deixar que estarei lá no dia.
  • Então tá Wilmar. Está confirmado.
  • Certo.

Horário: 14:30 horas:

Estava no Shopping Beira Mar e Jorge Xavier me telefonou preocupado com o convite formulado a Wilmar Domingues, porque o filho dele apoiou Heitor Sché e poderia contar a ele sobre o nosso almoço na terça-feira. Argumentei que já tinha feito contato e conversado com ele sobre o nosso almoço. Jorge Xavier me  pediu então que eu voltasse a falar com Wilmar e pedisse que mantivesse o nosso almoço em segredo, não revelando ao filho, porque poderia nos prejudicar. Discordei de Jorge em silêncio e preferi apenar dizer que faria o contato mais tarde, a fim de que ele se acalmasse.  No meu íntimo resolvi deixar aquilo em “banha Maria”, como se fosse um pedido “natimorto”, mas iria processar melhor e fazer o que julgasse mais conveniente.  Mas, fiquei me remoendo sobre a conversa com Jorge Xavier que não perdia aquela sua mania de se preocupar em exagero com questiúnculas e a agir como se desse ordens, como se estivesse no comando geral. Noves fora, o fato era que a união do nosso grupo era um fator imperativo, e a nossa amizade ainda mais importante do que tudo. 

12.10.98

"Dias das crianças":

Segunda-feira fui olhar o jornal ‘" Estado" e ao ler a coluna do jornalista Moacir Pereira, não tive como deixar de lembrar do Lito com aquele seu jeito de “manezinho” da Costeira do Pirajubaé, sorriso travesso e que às vezes virava um pimentão vermelho, um tresloucado...:

"Concurso?

Advogados Tânia Lira Cabral e Edison Cabral também denunciam na Justiça irregularidades no concurso da polícia civil. Em nome de nove candidatos impetraram ação ordinária de reconhecimento de direito na Vara da Fazenda. Com base na lei 6.843/86, argumentam que a capacitação física não pode ter caráter eliminatório. O dirigismo do concurso para aprovar afilhados do Palácio Santa Catarina foi denunciado até pelo PMDB.’

‘O Estado’, de 12.10.98, pág. 02)

E no Diário Catarinense  a entrevista do filho de um ex-Delegado (Irineu Bornhausen) que graças a esse cargo elegeu-se vereador, depois Prefeito de Itajaí-SC. Também, foi eleito Governador (1951 a 1955) e, por último Senador (UDN). Permaneceu poucos anos como Delegado de Itajaí, já que a promissora carreira política e empresarial justificaram outros rumos na sua vida, justamente ele que começou como agricultor e teve uma ascensão vitoriosa no campo político. Já seu filho, JKB, começou como Governador do Estado no período militar (sucedeu seu parente e um dos políticos mais dignos e competentes que o Estado de Santa Catarina ja teve: Antonio Carlos Konder Reis), entre 1979 a 1982, também foi Ministro da Educação e Senador da República. 

“Entrevista/ Jorge Bornhausen

O Desafio é equilibrar  as finanças de SC

Adriana Baldissarelli

Florianópolis -

(...) Como será assegurada a maioria governista na Assembléia? E o caso dos pefelistas Ciro Roza e Onofre Agostini?

JKB – A maioria será assegurada: O governo elegeu 23 deputados. O deputado Ciro Roza apoiou explicitamente as candidaturas majoritárias. Eu o considero integrado. O deputado Onofre Agostini terá uma conversa com o partido e caberá a ele decidir, se ele se comprometer com as necessidades de reformulação administrativa, não há porque não reintegrá-lo. Agora se ele entender  que não é esse o caminho, ele vai procurar seu próprio caminho.

DC

(...)

DC – Seu filho – deputado Paulinho Bornhausen, eleito com votação recorde para a AL – é seu candidato ao governo do Estado?

JKB – O candidato a governador chama-se Esperidião Amin porque quando nós fazemos um acordo, fazemos para ter sucesso. E se estamos apostando no sucesso do governador eleito, evidentemente ele terá de ser o candidato à reeleição em 2002. Esse compromisso assumido nós o fizemos de maneira muito consciente e não foi por quatro anos, foi por oito anos.”

(Diário Catarinense, Política, 12.10.98, pág. 6)

Na coluna do Paulo Alceu:

“O governador Espiridião Amin

‘(...) Quanto ao colegiado, não quis adiantar nomes, mas deu para perceber que a maioria já está no caderninho dele, inclusive, o vice Paulo Bauer, que terá um cargo administrativo. Deputados federais e estaduais estão na lista. Amin prometeu transparência e desenvolvimento. Não quer acreditar  que a crise prejudique, no todo, o Estado.

(...)

Um mês atrás (2)

Também no dia 12 este colunista publicava a seguinte declaração do deputado Norberto Stroisch (PFL): ‘Onofre Agostini e Ciro Roza estão fuzilados nas bases do partido. Não participam nem dos seminários promovidos pela coligação.’ Os dois venceram e Stroisch não conseguiu se reeleger. Coisas das urnas.”

(Diário Catarinense, 12.12.98, pág. 8)