PLANOS: O PLANALTO E A PLANÍCIE

O encontro com o Coronel Backes:

No dia 24 de julho de 1998, por volta de 17 horas, conforme previamente acertado, juntamente com o Delegado Jorge Xavier, fomos nos encontrar com o Cel Walmor Backes no Comando-Geral da PM em frente à Praça Getúlio Vargas – centro de Florianópolis. Em seguida chegou o Delegado Wanderley Redondo, acompanhado por  Moacir Rachadel e João Lipinski.

Nesse sentido, prevendo a presença de Rachadel, já tinha conversado previamente com o Deputado Júlio Teixeira no sentido de pedir que fizesse também a indicação do Delegado Jorge Xavier para participar das nossas reuniões, no que o parlamentar concordou de plano.

Antes que chegassem o Delegado Redondo e seus convidados, fizemos um relato sucinto ao Cel Backes do porquê de nossa participação no ‘Plano de Governo’. Colocamos o militar também a par das nossas propostas com vistas à criação da “Procuradoria-Geral de Polícia” e a importância de iniciarmos uma revolução no pais com as reformas na Constituição do Estado com vistas a unificação dos comandos das duas Polícias (criação do segundo grau nas carreiras de Delegados e Oficiais), no que o Coronel solicitou uma cópia dos nossos estudos. Disse a ele que seria providenciado para a próxima reunião e solicitei reserva sobre o seu conteúdo.

A surpresa em parte foi sintomática e logo superada. Havia sido acertado dias antes no Hotel FLOPH que somente compareceriam na reunião, além deste autor, o Cel Backes e o Delegado Redondo. No entanto, naquela primeira reunião Redondo já havia deixado escapar a informação de que Rachadel deveria também se fazer presente no Hotel.  Havia um terceiro integrante que era o Delegado João Lipinski. Jorge Xavier estava contrariado porque tinha resistências tanto a Redondo como a Rachadel porque ambos participaram da sua administração à época que foi Delegado-Geral (1991-1993) e... Quanto a Lipinski, corria a informação de que era um radical... Bom eu até então de minha parte nunca tive qualquer atrito com esses Delegados e não poderia apresentar qualquer objeção a seus nomes, além do mais, os interesses maiores se sobrepunham às questões restritas, às preferências pessoais...

Como já previa, o Cel Backes assumiu a coordenação dos trabalhos na área de Segurança Pública do Senador Amim, candidato ao governo do Estado, dando a impressão que cumpria desígnios bem superiores. Antes que entrássemos no mérito, o discreto e habilidoso Cel Backes já tinha confidenciado que no final da semana anterior havia jantado na Barra da Lagoa com o  casal Esperidião e Ângela Amin, quando trataram do assunto "Segurança Pública e os “planos” (leia-se: planos de governos para PC/PM)..

Durante a conversa, recebi um telefonema do Sr. Vilberto do Comitê do PPB (centro de todos os projetos do futuro Governador E. Amim), localizado na Praça Getúlio Vargas (lado oposto do Corpo de Bombeiros/Polícia Militar – centro de Florianópolis). Do outro lado da linha me perguntava se era o Dr. Redondo que estava falando. Respondi que não. Ele retrucou algo como: "que esquisito". Mais insistiu se aquele telefone não pertencia a outra pessoa citada. Já sabendo do que se tratava, disse a ele que naquele momento estávamos reunidos tratando do “plano de governo na área de Segurança... Vilberto mais à vontade me perguntou como estavam os trabalhos e que estava a disposição para prestar assessoria. Num relato sucinto, disse-lhe que estávamos reunidos na Quartel da PM, no que ele imediatamente argumentou que tinham que realizar reuniões em local neutro, evitando repartições públicas porque, inclusive, havia pessoas da oposição que estavam filmando. Finalmente, disse-me que poderíamos nos reunir na sede dos trabalhos recém instalada do outro lado da praça. Vilberto registrou que poderia nos disponibilizar várias contribuições (leia-se: “planos”) na área policial e que chegaram àquela "central de planos de governo" (pensei comigo: "várias contribuições...?").

Depois de encerrada a ligação, passei a relatar o seu conteúdo para os demais presentes e o Cel Backes declarou que aquele encontro e o próximo ainda seria realizado ali no seu Gabinete/QG/PM, mas que depois disso poderiam ser realizados na sede do Partido/PPB. O Coronel Backes disse ainda que havia convidado os Coronéis Ib Silva e Souza para prestar-lhe assessoria nos trabalhos.  A reunião foi encerrada e ficou acertado para a próxima semana um segundo encontro do grupo que deveria trazer ideias para o nosso “Plano”.

A surpresa final ficou por conta de Wanderlei Redondo, pois enquanto achávamos que mantínhamos nosso “Plano” em condição de reserva pude observar que trazia nas mãos o original dos nossos estudos e que foi entregue por Júlio Teixeira a Esperidião Amin. (pensei comigo: "Esse Redondo é onipresente, está em todos os lugares...), entretanto, a seguir, soube por seu intermédio que havia sido entregue para ele por meio do Sr. Vilberto no Comitê do Partido. Isso significava que Esperidião Amin havia recebido as propostas de Júlio Teixeira no dia 11.06.98 e certamente entregou-as ao Delegado Redondo, o que demonstrava ter acesso privativo ao Senador (mais uma vez não tinha como não lembrar do Cel. Sidney Pacheco que certamente foi quem colocou Redondo de volta ao jogo do poder, pela graça do casal Amim, dando a impressão que estava voando rápido...). Isso naquele momento poderia ser altamente preocupante, pois teria reflexos no futuro governo Amim. Também, parecia que teríamos que aguardar, pois o tempo haveria de nos revelar os acontecimentos e toda a verdade.

Após o encerramento dos trabalhos, já escuro, nos reunimos na frente do QG quando o Delegado Jorge Xavier havia reiniciado uma conversa com os Delegados Wanderlei Redondo e Moacir Rachadel (enquanto o Delegado Lipinski aguardava do outro lado  da rua uma viatura que viria apanhá-lo). Jorge Xavier disse que o clima estava pesado e que sentiu que teriam que superar as diferenças pessoais em nome de um plano de governo e para fazer frente aos novos desafios, no que todos concordaram, apesar de nas nossas relações mais parecerem laconianos.

De carona com Jorge Xavier fiz questão de registrar que era preciso integrarmos os dois grupos e que Júlio Teixeira precisava do apoio de Wanderlei Redondo (havia o fator Cel Sidney Pacheco por trás, com as ligações não só de Wanderley Redondo, como de Moacir Rachadel e e João Lipinski), apesar de estar apoiando Júlio Teixeira que nos seus “planos políticos” passou a ser apoiado pelo Cel. Sidney Pacheco.

Acertei com Jorge Xavier que entregaria uma cópia do nosso “plano” para o Cel Backes, considerando que Redondo já o possuía, o que não justificaria mais  guardarmos aquele nosso trabalho com tanta reserva. Sim, já estaríamos nós na condição de segundo plano?