Data: 24.11.98, horário: 12:20 horas, “O Magno e o Rega-Bofe”:

Na rede Barriga Verde (Bandeirantes) o jornalista Hélio Costa (também ocupante do cargo comissionado de “Assessor de Imprensa” da Secretaria de Segurança) mostrou o autor de um homicídio na Delegacia de Biguaçú,  imitando o apresentador “Ratinho”. Hélio,  quase aos gritos e gesticulando muito, afirmou para seu público que se tratava de um “vagabundo”, “mentiroso” e que foi ao local do crime para matar seu desafeto. Depois de entrevistar o autor do crime que disse:  “...Atirei porque era ele ou era eu...”. A seguir o jornalista apresentou o Delegado Quilante num cenário que se confundia com personagens de “rega-bofes”, onde só transitam bandidos e policiais para a folia e alegria da imprensa. No vídeo ainda foi apresentado um policial trajando uma jaqueta preta, onde se poderia ver o nome “Polícia Civil” e junto ao bolso a designação do respectivo cargo “Delegado”. No vídeo a identificação da autoridade. Como se não bastasse, ao fundo, em cima de um armário, foi mostrado também outros dois coletes com as costas voltadas estrategicamente para o vídeo onde se podia ler o nome da instituição: “Polícia Civil”. E, para terminar essa pândega, mas uma saraivada de adjetivações para denominar o “fora da lei” tipo: “o mais novo inimigo da Justiça (ou, ainda, da Polícia, um verdadeiro prato cheio para jornalistas que exploravam esse nicho de lixo social”).

Fiquei imaginando como deveria funcionar o inconsciente coletivo, tanto por parte da massa policial como da clientela que assistia o competente e bem pago jornalista. Já o policial e o bandido, sem se dar conta, serviam de verdadeiros “bufões” no cenário midiático, deixando aquela falsa sensação de confronto entre paladinos da Polícia (ou melhor, da Justiça) versus a escória da sociedade. 

Diante desse quadro imaginei que era preciso se mudar essa cultura sensacionalista do crime e a geração de impacto perante a opinião pública (leia-se: "povão") com a dupla desgraça: de um lado o "bandido" (geralmente pé de chinelo e excluído da sociedade...) e o policial guindado ao padrão de "salvador da sociedade" e que na verdade nunca salvou nada porque a criminalidade só aumenta e a corrupção corre solto nos alto níveis da sociedade, cujo patamar sempre foi inacessível para esse tipo de jornalismo. E, por último, a Justiça sabe que o sistema prisional não cumpre a sua finalidade, muito pelo contrário...Aliás, a imprensa sabia muito bem disso, então será que vigorava aquela máxima de quanto pior melhor?

Data: 25.11.98, “A Frase”:

E por falar nisso, pensando noutro patamar, em Júlio Teixeira, no processo das Letras, nos deputados envolvidos:

‘O saldo do episódio é amargo. O mocinho foi nivelado ao bandido. Assisti a conhecidos peixes de águas turvas darem lições de moral com um cinismo indecente. E aprendi que o mal é presença ubíqua e poderosa.’

Pérsio Arida, economista e empresário, sobre o Grampogate.

( Diário Catarinense, 25.11.98, pág. 3)

E na coluna do Moacir Pereira, pensando na situação de penúria porque passam os servidores do Poder Executivo neste final de governo:

Inelegível

A decisão do governador Paulo Afonso de não recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral da condenação do TRE, declarando-o inelegível pelos próximos três anos, representa aceitação da condenação.

Os advogados da coligação Mais S. Catarina que o processaram fizeram ontem dois comentários: o primeiro, elogiando os votos dos juízes contidos em 96 páginas; e o segundo de que o governador ‘é réu confesso’.

(‘O Estado’, 25.11.98, pág. 2)

Data: 26.11.98, horário: 09:00 horas, “Sem Pauta”:

Estava na “sala de reuniões” da Delegacia-Geral e Jorge Xavier me ligou:

  • Alô!
  • Oi! Fala Jorge.
  • Não vais esquecer hoje aquela reunião.
  • Puxa, é mesmo, acho que não vou poder ir.
  • Mais é importante, nem que tu chegas cedo e sai um pouco antes do final.
  • Jorge eu já conheço esse filme, se eu for fico até o final, entra naquela coisa de fica mais um pouquinho e quando a gente vê...
  • Não, mas hoje a reunião não vai demorar muito.
  • Eu sei, mas é que eu assumi um compromisso e também não vai ser discutido nada de importante, vai?
  • Não! Mas o Amin está para anunciar os nomes dos secretários.
  • Isso ele vai fazer só depois que voltar dos Estados Unidos.
  • Essa informação é da semana passada, a última é que ele vai anunciar agora, por isso é que eu acho importante tu estares lá.
  • Não Jorge, acho muito difícil, a coisa está muito complicada ainda. Escuta o Krieger vai a reunião, falei com ele.
  • Eu falei com ele também.
  • Então tá, eu não sei o Garcez, mas acho que não vai dar para eu ir.
  • Então tá, depois a gente conversa. Um abraço.
  • Outro.

Lembrei que na última reunião com Backes ele havia me dito que não havia nada para ser tratado de especial e que se encontrariam apenas para não se perder o contato. Depois ele estaria viajando também para o exterior e lembrei de que Krieger cobrou a pauta.

“A força dos Delegados Parlamentares”:

Na coluna do Paulo Alceu:

A presidência da Assembléia

(...)

O governador eleito Esperidião Amin não está  numa  situação confortável  de maioria. Tem uma conta bastante apertada com uma sustentação vinda do PFL um tanto volátil. Trabalha nos bastidores para aumentar sua representatividade na Assembléia  junto aos oposicionistas. Este trabalho passa pelo PSDB que poderá  aumentar sua bancada e ter num outro nome, além dos três existentes, aquele que assuma a presidência da Casa. Fevereiro parece que está longe, mas não está.

Rapidinhas:

O deputado Júlio Teixeira desembarca hoje em Araranguá para dar início as diligências que irão abastecer a CPI da Carteira.

(Diário Catarinense, 26.11.98)

“Mais Sobre o Futuro do Detran”:

E, ainda no DC:

Delegado apura outro tipo de golpe nas CNHs

Irregularidade estaria ocorrendo nos cadastros das carteiras de motorista já emitidas no Estado

Cláudia Marcelo

Laguna

Um novo tipo de golpe de Carteiras  Nacionais de Habilitação (CNHs) está sendo investigado pelo delegado regional de Laguna, Manuel Silveira Teixeira. A fraude, desta vez, estaria ocorrendo nos cadastros de carteiras  que já foram  emitidas. ‘Esse golpe acontece na hora de renovar a carteira ou pedir a transferência de um Estado para o outro’, explica. Segundo o delegado, pessoas que conhecem  como funciona o sistema interno do Departamento de Trânsito (Detran) estariam utilizando números de prontuários de motoristas habilitados e cedendo à pessoas que não têm habilitação, mediante pagamento (...)”

(Diário Catarinense, 26.11.98, pág. 47)

“A Cobiça pelos Cargos de Delegados Regionais”:

Não dá para fugir desse pesadelo... a corrida de Delegados de Polícia atrás de cargos políticos, o que corrompe a instituição... e compromete nosso projeto:

COMEÇA A DIVISÃO DE CARGOS ENTRE PARTIDOS

Os postos mais cobiçados pelos aliados de Amin são as regionais da Celesc e da Educação

(...)

Celestino Secco, coordenador do governo de transição, espera receber ainda hoje boa parte dos nomes indicados pelas regionais. Dos partidos que compõem a coligação, mas não têm representação na Assembléia, ele já recebeu sugestões de nomes. Ontem, Secco acertou com o interlocutor do governo do Estado, César Barros Pinto, que em 1° de janeiro, dia da posse do novo governo, vai haver uma missa às 8h30min na Catedral, posse às 10h na Assembléia e transmissão de cargo às 11h’.

(Diário Catarinense, 26.11.98, pág. 12)

“Tal como a Biruta”:

E na coluna do Moacir Pereira:

Líderes partidários garantem que até agora o governador eleito Esperidião Amin não convidou ninguém para o secretariado. Mas confirmam que está fazendo conversas e sondagens. Em Brasília, correu ontem a notícia de que Esperidião Amin estaria cogitando de aproveitar quatro deputados federais no colegiado. Com isso, viabilizaria titularidade ao quarto suplente Otávio Gilson dos Santos, do PPB.

(A Notícia, 26.11.98, pág. A-3)