PROPOSTA DE UNIFICAÇÃO DOS COMANDOS DAS POLÍCIAS - CRIAÇÃO DA PROCURADORIA-GERAL DE POLÍCIA NO ESTADO DE SANTA CATARINA – GOVERNO ESPERIDIÃO AMIM – 1998/2002 - PARTE CLII: “EFEITOS COSMÉTICOS?” (Felipe Genovez)
Por Felipe Genovez | 12/04/2018 | HistóriaData: 22.12.98, horário: 09:00 horas, “O Estilo ‘Negão’”:
Naquela manhã já estava demorando para ligar pois sabia que a qualquer momento Jorge Xavier estaria esperando o meu contato para saber dos resultados:
- Alô!
- Ô Jorge, que coincidência, eu já estava para te ligar.
- É mesmo, quando?
- Agora, falei com o Júlio.
- Quando? Hoje? Ontem?
- Foi ontem à noite, já era quase de madrugada e nem quis ligar para te dar um retorno, já era muito tarde.
- Mas e daí?
(...)
Fiz um relato sucinto da conversa que tive com Julio Teixeira:
- Cosmético? Engraçado esse termo. (Jorge)
- É, foi esse o termo que o Julio usou.
- Mas o que quê é isso, o Moreto Delegado-Geral, mas ele é o PMDB.
- Não sei, lembra que ele trabalhou conosco no governo Kleinubing, foi teu Diretor de Polícia do Interior.
- Mas lá foi diferente, nós é que o aproveitamos.
- Mas ele foi Delegado Regional de Lages na época do Heitor, lembra?
- Como é que pode e a situação do Julio?
- Ele disse que é noventa por cento que vai ser o Secretário Adjunto e nós dependemos disso agora, temos que continuar nessa condição de expectadores.
- Eu acho que esse foi o nosso grande erro, ficamos o tempo todo esperando sermos lembrados e agora tá nisso, eu acho que é hora de nós colocarmos um terno e irmos até o Celestino Secco.
- Para quê isso Jorge?
- Ora, temos que pedir explicações, como é que pode uma coisa dessas, o que vai acabar acontecendo é tu ficares como “assistente jurídico” e eu fico ainda sobrando, é isso aí.
- Olha Jorge tu já sabes como o que eu penso disso tudo, não vou decidir nada fora do nosso grupo.
- Mas não é isso Felipe.
- Falei com o Ademar ontem e ele parecia muito seguro, entreguei um exemplar do meu Estatuto Anotado, na verdade ele veio sondar o ambiente depois que o nome do Moreto foi sacramentado.
- Sim.
- O Moretto é muito ligado ao Ademar, ele veio perguntar onde é que estava escrito que o Corregedor-Geral tinha que ser Delegado Especial, disse que tinha conversado com o Bahia.
- Cruzes, mais isso todo mundo sabe quem tem que ser.
- Pois é, mas onde é que está escrito isso? O Bahia teria dito para ele que tinha um decreto, mas não disse o número, então ele veio me perguntar, acho que estão querendo colocar um Delegado de Quarta e o Ademar é contra isso, talvez seja alguma indicação política.
- Mas o Ademar veio perguntar isso para ti? Não é ele que sabe tudo, que é o professor?
- Ah, Jorge, pára! Não é bem assim, ninguém sabe tudo, a gente vive aprendendo, são tantas informações e ninguém pode saber tudo, né? Mas eu falei que era no antigo regimento interno da Polícia Civil.
- Ah, sim!
- O Mário disse que conversou com o Carvalho e ponderou sobre a indicação do Moreto era complicada porque trabalhou no governo anterior e que com ele viria o pessoal da velha guarda. Ele disse que indicou o meu nome para o cargo de Delegado-Geral.
- Ele fez isso? Não acredito!
- Pelo menos foi o que ele disse, eu acredito até pela nossa amizade, e. que motivos ele teria para me dizer isso, se preocupar com a minha situação?
- O que ele quis fazer foi média, ele sabe que tu tem cacife para pegar um cargo.
- Ele não precisa disso Jorge, não o Mário!
- O quê? Do jeito que ele está desacreditado.
- Bom, não vou questionar.
- Se nós não formos aproveitados eu vou até o Palácio e vou dizer poucas e boas para o Amin, onde é que já se viu uma coisa dessas, pensam que a gente é palhaço e vou dizer para eles que num mais me procurem, não quero mais saber de planos de governo, de política, acabou!
- Jorge não é bem assim, calma!
- Não Felipe, é isso mesmo, onde é que já se viu fazerem uma coisa dessas, o nosso azar foi o Julio não ter conseguido se eleger, se eu soubesse que o Gervásio estava naquela reunião, eu que trabalhei adoidado para ele, meu Deus!
- É, eu só não sei se era o Gervásio Maciel ou o Gervásio Silva, mas acho que era o Silva, mas Jorge se tu quiseres a gente pode tentar falar com o Julio, o que tu achas?
- Eu acho que é muito bom, eu só não sei se devemos ir só nós dois ou levar alguém mais?
- Não sei Jorge, acho que só nós dois ...
- Tá bom, tá bom Jorge!
- É, assim a gente fica mais a vontade porque eu quero dizer algumas coisas para o Julio e se for alguém mais já fica difícil.
- Tudo bem, deixa que eu faço contato e depois eu te dou um retorno.
- Vê se marca para às dezessete horas porque eu tenho a tarde de hoje muito cheia.
- Tá certo, depois te dou um retorno.
"Inclusive?"
Depois de encerrar a ligação com Jorge Xavier, diante da sua exaltação, na verdade, por mais que eu nutrisse uma boa amizade com Mário Martins, a gente nunca sabia o que estaria acontecendo nos bastidores... O Delegado Mauro Dutra era da diretoria da Adpesc e Mário Martins era muito ligado ao Gabinete da Secretária, ao Lourival, ao Thomé e depois, tem o fato que seu filho também ingressou na Polícia Civil no último concurso polêmico e parecia esquisito o Secretário estar ouvindo o Presidente da Adpesc naquela altura do campeonato, sobre a indicação de nomes para cargos e me perguntei se realmente teria falado a verdade, se estaria disposto a defender o meu nome, inclusive...? Só o Mário mesmo para confirmar isso um dia...não agora!