Data: 06.11.98, horário: 09:12 horas:

Estava na “sala de reuniões” da Delegacia-Geral da Polícia Civil e eis que se apresenta minha visita mais assídua. Sim, era Osnelito que depois do “barro” veio conversar comigo para colocar os assuntos em dia:

  • Fala Dom Litão!
  • Esse concurso aí,  é verdade que esse pessoal aí que foi nomeado não vai receber o mesmo salário daqueles Delegados Substitutos que ganharam a ação? Tu sabes alguma coisa?
  • Sim, é porque a ação é personalíssima, a liminar foi concedida só para alguns, foi patrocinada pela Adpesc, não vê que o Trilha e outros não receberam ainda essa isonomia.
  • Mas por quê?
  • Porque eles não eram sócios  na época em que foi ajuizada a ação. Depois se associaram e está correndo uma ação agora para beneficiá-los.
  • Mas isso é injusto, já que deram para alguns deveria valer para todos, não achas?
  • Hum, não é bem assim...

E em seguida passamos a conversar sobre as reformas da Previdência, fazendo previsões acerca de quantos anos havíamos sido brindados a mais pelo pessoal do governo responsável pelas mudanças previstas na Emenda Constitucional Dezenove de Noventa e Oito. Externei minha opinião  ao indagar como é que ficaria o teto salarial, a questão situação do direito adquirido, o interstício aposentatório especial dos policiais, o cálculo do acréscimo (pedágio), se iria incidir sobre os trinta anos ou sobre trinta e cinco? Além disso, fiz mais outros questionamentos e ficamos com mais dúvidas do que certezas...

Em seguida chegaram a Escrevente Policial Rita Adriano (do Cepol)  e ex-diretora da  Fecapoc avisando que teriam uma reunião em seguida naquele local onde eu havia escolhido para trabalhar, porém dava ainda um tempo para conversar. E Rita fez um comentário:

(...)

  • A revolta está grande, a gente vê ali no setor de rádio, toda hora estão querendo saber onde estava a viatura tal, o que estava fazendo no local tal, e mandam a gente colocar no relatório, não querem nem saber, mandam instaurar sindicância direto, é aquele teu amiguinho ali de cima, o Sala e o Márcio. (Rita)
  • Mas esses policiais são muito folgados. (Osnelito)
  • Que quê há? O salário atrasado dois meses e ainda querem instaurar sindicâncias? E, eles que andam com carro para baixo e para cima, telefone celular, brincadeira. (Rita)
  • Tudo bem,  mas só que isso não justifica abusos, mesmo o salário estando atrasado o nosso policial tem que cumprir seus deveres. (Felipe)
  • Mas não dá, tá todo mundo sem dinheiro,  a revolta é geral e esses teus amiguinhos aí...(Rita se refere aos quadros com as fotos dos ex-Chefes de Polícia na parede...)
  • Segundo o Osnelito, esses aí são os “c”. (Felipe)
  • Olha se eu tivesse uma patente bem boa lá em casa, daquelas externas, eu levava esses quadros todos para lá, já saberia o que fazer com eles... (Osnelito)
  • Mas vocês sabiam que o Lênio vai voltar, eu encontrei o Márcio e disse isso para ele, que o pai dele trabalhou para o Heitor, o Márcio também, tudo por debaixo dos panos, fizeram  campanha para o Heitor e ele deve permanecer. (Rita)
  • Olha Rita é melhor tu ficares de boca fechada, não vai te prejudicar com esse tipo de fofocas, já sofrestes muito na Fecapoc, agora chega, vê se deixa a Polícia seguir o seu rumo e cuida da tua vida, já fizemos muito por nossos policiais. (Felipe)
  • Estou falando isso aqui, né! (Rita apontava para o último andar do prédio)
  • Temos que fazer a nossa festa, do nosso pessoal...(Felipe)
  • Só fala, só fala!  (Rita)
  • Mas o pessoal está sem dinheiro, vamos dar um tempo, quem sabe no próximo mês? (Felipe)
  • E aquele figura lá embaixo? (Rita)
  • Quem? (Felipe)
  • Aquela galega. (Rita)
  • Conheces ela? (Felipe)
  • Sim, claro! Trabalhei com ela na Identificação, ela era assim com a Zari. (Rita)
  • O quê? (Felipe)
  • Sim, todo mundo sabe disso. (Rita)
  • Parece ser uma boa servidora, né Osnelito? (Felipe)
  • Sim, ela é muito eficiente. (Osnelito)
  • Se derem espaço ela toma conta, lá na Identificação, na época do Dr. Jorge, a Zari  se afastou do cargo de Gerente e ela assumiu no lugar dela,  sem ninguém saber, o doutor  Jorge ficou quase louco. (Rita)
  • Eu ali na Gerência não dei espaço para ela. Quando ela quis ir tomando conta eu disse para ela ficar só no protocolo e ela baixou a bola. (Osnelito)
  • Olha, pelo o que eu vi lá ela é muito dedicada e eficiente. (Felipe)
  • Ela é até informante. (Rita)
  • Será? (Felipe)
  • Sim, todo mundo sabe disso. (Rita)

(...)”.