AS DITADURAS MILITARES NA AMÉRICA LATINA

 

 

DITADURA

 

 

 

 

ARGENTINA

 

 

CHILE

 

PERU

Perfil Político

Popular

O Golpe de 1976 não foi o primeiro ocorrido na Argentina. Ainda em 1930, como reação à segunda eleição em 1928, de Hipó­lito Yrigoyen, de fortes tendências populares, teve início o primei­ro golpe militar na Argentina no século 20. A partir daí, os militares teriam uma presença marcante na vida política argentina, com a repetição de outras intervenções em 1943, 1955, 1962 e 1966.

A constante intervenção militar na vida política argentina fez com que, entre 1930 e 1983, somente dois presidentes legitima­mente eleitos concluíssem seus mandatos: Agustín P. Justo e Juan Domingo Perón. Vale ressaltar que, apesar de democraticamente eleitos, ambos eram militares. Foi uma

reação conservadora às políticas liberais e anticlericais dos gover­nos argentinos pós-1852, que dialogou com as referências políti­cas e culturais próprias da década de 1930, como foi o caso do fascismo.

Diferentemente da Argentina, não podemos dizer que o gol­pe militar no Chile foi o resultado da existência de uma cultura po­lítica autoritária. Pelo contrário, se olharmos para toda a história republicana chilena, veremos que a democracia desempenhou um papel muito importante.

De certa forma, diferentemente dos outros países da Améri­ca Latina, o Chile conseguiu consolidar a formação de seu Estado de maneira muito precoce, ainda na década de 1830. Com isso, possibilitou a instalação e a legitimação de uma autoridade polí­tica forte e impessoal. Por conta desse fato, “garantiu também o suporte necessário à instalação de sucessivos governos constitu­cionais, fazendo nascer a conhecida e notabilizada ‘racionalidade política’ dos chilenos”, como observou Alberto Aggio (1997, p. 72). Apesar da modernização econômica e de uma tradição po­lítica democrática, no âmbito das relações sociais, o Chile apre­sentava-se como um país nitidamente dividido entre uma classe trabalhadora pobre e uma classe média que se identificava com os referenciais burgueses de vida e os interesses de uma elite bur­guesa.217

Existem diferenças gri­tantes entre as ditaduras militares da Argentina e do Chile no que diz respeito às suas naturezas, logo de início veremos que a dita­dura peruana na década de 1970 se difere cabalmente das outras duas por seus próprios objetivos políticos. o Re­gime Militar não apenas não teve como objetivo a perseguição de grupos representantes da esquerda armada, como conseguiu, também, incorporar boa parte de seus membros. Além disso, a outra ala da esquerda, a esquerda classista, contrária ao Regime de Velasco Alvarado, pôde se manifestar sem maiores persegui­ções políticas ou repreensão do Estado. Ao contrário do Chile e da Argentina, na década de 1970, o Peru não foi marcado pela exis­tência de um Terrorismo de Estado.

O reflexo direto disso foi o crescimento dos movimentos e dos partidos de esquerda ao longo da década de 1970, converten­do-se como principal força política nas Eleições para a Assembleia Constituinte de 1978, como estudaremos na próxima unidade. Nessa eleição, a esquerda peruana, formada por vinte partidos di­ferentes, organizados em seis frentes, atingiu a soma de 36% dos votos contra 35% da APRA (Aliança Popular Revolucionária Ameri­cana) de Victor Raul Haya de la Torre.

 

Ano do Golpe

 

1976

 

 

1973

 

1968

 

 

 

O Golpe

O Golpe Militar da Argentina, em 1976, levou à deposição Maria Estela Matínez de Perón (Isabelita), que havia assumido o cargo de Presidente da República após a morte de seu marido Juan Domingos Perón, em 1974. A justificativa formal do Golpe foi o restabelecimento da ordem na Argentina e o combate aos guerri­lheiros peronistas, que, desde a década de 1960, haviam optado pela via armada para atingir o poder.

De fato, após a morte de Perón, os guerrilheiros retomaram uma série de ações que visavam desestabilizar o governo de Isa­belita. Por isso, ainda em 1974, a presidenta convocou as Forças Armadas para garantir a ordem, delegando-lhes amplos poderes. Daí à sua deposição foi uma questão de tempo.

Assim, a ideia de que havia adeptos das ideias socialistas dentro do próprio Estado e das próprias Forças Armadas era algo muito patente entre os militares. Por isso, a “quimioterapia” para o “câncer” começou dentro das próprias tropas do Exército. Antes de o golpe se iniciar, em 11 de setembro de 1973, muitos oficiais foram presos ou executados. Nesse mesmo dia, os militares, liderados pelo General Au­gusto Pinochet, tomaram o Palácio do Governo. Allende e seus seguidores mais próximos tentaram resistir disparando tiros contra as tropas oficiais, que atacavam com tanques e aviões de guerra. No entanto, quando a vitória militar se mostrou inevitável, Allende cometeu o suicídio e pôs fim à experiência chilena.

O golpe militar de 3 de outubro de 1968 instituiu o Governo Revolucionário das Forças Armadas (GRFA) liderado pelo General Juan Velasco Alvarado. O motivo oficial dado pelos militares para a tomada do poder foi a divulgação de um escândalo de corrupção envolvendo a Petrolífera IPC (International Petroleum Company) e o presidente eleito Fernando Belaúnde Terry.

O evento conhecido como “escândalo da página 11” foi o “suficiente” para que os militares dessem início a uma “morali­zação” na política peruana, representada pelo Golpe. Entretanto, mais do que uma “moralização” da política, ao chegarem no poder, ao contrário das outras duas ditaduras estudadas anteriormente, o presidente Juan Velasco Alvarado empreendeu uma série de refor­mas de cunho progressista.

 

 

Curiosidades relevantes para o entendimento

 

 

É interessante saber que o número de desa­parecidos políticos durante o Regime Militar Argentino da década de 1970, existem controvérsias. Os números oficiais apontam um número de 8960 “desaparecidos” políticos. No entanto, algumas estimativas apontam para um número muito maior, cerca de 30 mil pessoas (cf. BEIRED, 1996, p. 80).

 

 

 

 

É importante mencionar que até recentemente corriam duas versões sobre a morte de Allende, uma oficial (o suicídio) e outra (assassinato) plantada por Fidel Castro como forma de se construir um mito guerrilheiro em torno da imagem do presidente chileno. Esta dúvida foi solucionada com a exumação do corpo de Allende em 2011. Segundo a análise feita no corpo do ex-presidente, a versão oficial se confirmou: Allende cometeu o suicídio e não foi assassinado.

 

Durante os primeiros anos da ditadura chilena, o Estádio Nacional de Santiago converteu-se em um verdadeiro campo de concentração com a realização de execuções, fuzilamentos e torturas.

 

Sobre os presidentes peruanos no século 20: somente três presidentes eleitos democraticamente conseguiram chegar ao final de seus mandatos, são eles: José Pardo (1904-1908), Fernando Belaúnde Terry (1980-1985) e Alán Garcia Pérez (1985-1990). Perceba que, até 1968, apenas Pardo havia concluído seu governo. Além disso, a intervenção militar ocorreu em quatro diferentes opor­tunidades, com os generais: Óscar Benavides, Juan Ma­nuel Sanchez Cerro/Óscar Benavides (1930-1945); Ma­nuel Odría (1948-1956), a junta militar de 1962 e Juan Velasco Alvarado/Moráles-Bermudez (1968-1980).

 

 

 


PLANO DE AULA

TÍTULO: AS DITADURAS MILITARES NA AMÉRICA LATINA

TEMPO NECESSÁRIO

5 (três) hs/ aulas

ETAPA DE ENSINO

Proposta para o 3º ano do Ensino Médio

OBJETIVOS

GERAL:

EXPLORAR E ANALISAR OS FATORES QUE LEVARAM À INSTAURAÇÃO DAS DITADURAS MILITARES NA AMÉRICA LATINA FOCANDO EM 3 (TRÊS) AMOSTRAS: ARGENTINA, CHILE E PERU.

ESPECÍFICOS:

A guerra declarada contra o comunismo resultou em um verdadeiro tsunami de golpes militares. Ela começou pelo Paraguai, seguida do Brasil, onde as Forças Armadas derrubaram o governo de João Goulart em março de 1964. Em seguida outros países vieram a ter o mesmo destino.

Entrementes, na América Latina, em especial na América do Sul, os regimes militares  foram extremamente autoritários e violentos. Os governos brasileiro, argentino, chileno, paraguaio, uruguaio e boliviano chegaram a acordar uma cooperação mútua, chamada de Operação Condor, tendo como objetivo reprimir em conjunto a resistência aos regimes ditatoriais implantados. A América do Sul se tornou um grande laboratório para as experiências neoliberais, havendo privatizações de empresas estatais, corte de gastos públicos, desregulamentação de serviços e fim de benefícios trabalhistas.

Simultaneamente que reprimiam toda e quaisquer formas de oposição governamental, os militares promoviam a recuperação econômica de seus países. Com o tempo, tal política gerou uma grave crise econômica na América do Sul. A recessão abalou as bases das ditaduras e contribuiu para enfraquecer os regimes militares na década de 1980. Aos poucos, a democracia voltou a se instalar no continente. Entre 1979 e 1990, alguns países retornaram ao regime democrático, como Paraguai (1989), Brasil (1985), Argentina (1983), Peru (1980), Bolívia (1982), Uruguai (1984), Equador (1979) e Chile (1990).

Focaremos em uma amostra de 03 (três) ditaduras e procuraremos explorá-las com a intenção de entendê-las, em seus desdobramentos, suas causas e mortivações e características.

Foco nas ditaduras da Argentina (Golpe de 1976), ditadura do Chile (Golpe de 1973) e a ditadura do Peru (Golpe de 1968).

CONTEÚDO

Aula 1/ Atividade 1 – Investigação Livre dos Regimes Militares Argentino, Chileno e Peruano.

A primeira aula se dará no laboratório de informática, onde os alunos serão sorteados para a formação de 3 (três) grupos, e cada grupo receberá um país para buscar informações, investigar com o auxílio da internet sobre a Ditadura de cada nação. Serão desafiados a acumularem, organizarem e filtrarem o máximo de informações sobre o período histórico que antecedeu os golpe militar da Argentina, o golpe em si, motivação e objetivos. Serão instigados a responderem quatro perguntas:

GRUPO 1: Objetivo de investigação: Regime Militar da Argentina

Qual a tradição política do povo argentino?
Como aconteceu o golpe militar?
Quais as características políticas argentinas que permearam o governo militar?
Quais os motivos que levaram a este golpe?
Quais foram as classes que apoiaram este golpe?
Cite algum fato interessante sobre este tema.
GRUPO 2: Objetivo de investigação: Regime Militar do Chile

Qual a tradição política do povo chileno?
Como aconteceu o golpe militar?
Quais as características políticas chilenas que permearam o governo militar?
Quais os motivos que levaram a este golpe?
Quais foram as classes que apoiaram este golpe?
Cite algum fato interessante sobre este tema.
GRUPO 3: Objetivo de investigação: Regime Militar do Peru

Qual a tradição política do povo peruano?
Como aconteceu o golpe militar?
Quais as características políticas peruanas que permearam o governo militar?
Quais os motivos que levaram a este golpe?
Quais foram as classes que apoiaram este golpe?
Cite algum fato interessante sobre este tema.
Estas perguntas servirão como norteadoras para a criação de um pano de fundo histórico, vislumbre do fato-objeto para que os alunos cheguem ao entendimento dos vários fatores que fizeram que tornaram o Regime Militar uma realidade em cada um destes países.

Recursos Didáticos:

Visando o melhor desenvolvimento desta aula e a facilitação do alcance dos objetivos propostos, usaremos no Laboratório de Informática, seus computadores e a internet caracterizando esta aula como sendo a de um trabalho investigativo.

Aula 2/ Atividade 1 - Investigação Livre e Organização das Informações sobre os Regimes Militares Argentino, Chileno e Peruano.

Esta aula se desenvolvida pelo método expositivo "off line" explicativo. Cada grupo (continuaremos com os 3 grupos) continuará seu trabalho de pesquisa porém apresentando ao professor a organização dos dados coletados. O professor por sua vez orientará a cada grupo visando o alcance de um entendimento mais completo e preparando-os para uma apresentação pública em classe. Os pontos principais de abordagem e ancoragem serão baseados nos seguintes parâmetros.

Recursos Didáticos:

Visando o melhor desenvolvimento desta aula e a facilitação do alcance dos objetivos propostos, usaremos, novamente, o Laboratório de Informática dando continuidade no trabalho investigativo.

Aula 3/ Atividade 1 - Montagem da Apresentação.

Agora com a filtragem das informações realizada, esta atividade tem por objetivo que cada grupo monte as suas estratégias para o compartilhamento de informações. Poderão ser usados data show, teatro, impressões, questionários, enfim cada grupo poderá adotar uma ou mais estratégias de ensino para compartilhar o conhecimento e entendimento desenvolvido pelo grupo de cada Regime Militar.

Aula 3/ Atividade 2 - Ensaio da Apresentação.

Os grupos em 03 ambientes diferentes espalhados pelo pátio da escola, cientes de sua responsabilidade de não perturbarem as classes em aula, ensaiarão suas apresentações.

Aula 4/ Atividade 1 - Apresentação.

Agora com a filtragem das informações realizada, esta atividade tem por objetivo que cada grupo monte as suas estratégias para o compartilhamento de informações. Poderão ser usados data show, teatro, impressões, questionários, enfim cada grupo poderá adotar uma ou mais estratégias de ensino para compartilhar o conhecimento e entendimento desenvolvido pelo grupo de cada Regime Militar.

Cada grupo terá 10 min para apresentar-se e 5 min para responder as perguntas e explanações do professor e da classe.

Aula 5/ Atividade 1 - Debate em Roda.

Com os alunos em roda a intenção desta primeira atividade é debater em conjunto as semelhanças e as diferenças dos golpes militares estudados, baseados em suas anotações, defenderemos e atacaremos pontos de vista procurando um melhor entendimento da situação-problema.

Aula 5/ Atividade 2 - Dissertação Expositiva.

Com os vinte minutos finais desta aula, os alunos serão orientados a produzirem um texto dissertativo argumentativo sobre a diferença das 3 (três) ditaduras estudadas.


ESTRATÉGIAS DE ENSINO

Como estratégia de ensino, será instigado a investigação virtual individual, depois a organização e planejamento para apresentação em grupo. Finalizando com a apresentação propriamente dita e logo após uma explanação com o professor através de perguntas.

RECURSOS/ MATERIAIS

Computadores (Laboratório de Informática), sala de aula com suas cadeiras, data show para a apresentação dos grupos. 

REFERÊNCIAS

Portal do Professor: Disponível em: Acesso em 008 de Maio de 2017

Pedagogia  do Professor: Disponível em:

10 Dicas para Elaboração de uma Aula: Disponível em:

                                                                 

SUGESTÃO DE TRABALHO INTERDISCIPLINAR

Durante a apresentação dos grupos, os alunos que não estiverem se apresentando deverão elaborar um resumo dos principais pontos abordados em cada apresentação para a elaboração de uma redação dissertativa para apreciação do professor na segunda atividade da quinta aula proposta.

AVALIAÇÃO

A avaliação se dará em três etapas:

- 1ª atividade - esforço pessoal em investigação: 0 a 3

- 2ª atividade - esforço em equipe em apresentação: 0 a 3

- 3ª atividade – redação dissertativa: 0 a 4

Referência bibliográfica

 URL: DITADURA E REPRESSÃO , acessado em 02/10/2018.


URL: UMA HISTÓRIA A SER LEMBRADA <https://www.usp.br/alterjor/ojs/index.php/alterjor/article/download/aj10-rep1/230>, acessado em 02/10/2018.

URL: A DITADURA MILITAR NA ARGENTINA <www4.pucsp.br/neils/revista/vol.32/gonzalo_adrian_rojas.pdf<