Autor: Wallas Cabral de Souza

Vamos fazer um acordo aqui neste texto. Não sejamos simplistas (comum) e preconceituoso (pensamento sem considerações) nas palavras. Vamos lá. Algumas coisas a nossa volta parecem, às vezes, não ter o mínimo significado. Quando palavras ou expressões são jogadas ou faladas muitas vezes, há o perigo de torná-las sem sentido algum. Uma mãe que pede mil vezes para seu filho estudar, ou tomar banho, chegar cedo em casa e tomar cuidado...Tudo isso pode não ter mais sentido por causa das repetições. Quando alguém para pensar um pouco, começa o segredo do sentido para essas coisas. Uma delas me chama atenção, por exemplo: a expressão “bom dia”. Muitas vezes a usamos para apenas cumprimentar alguém. O seu significado parece se perder em tantas repetições. Agora, quando a palavra, ou palavras, mexem com uma magnitude (explosão) maior, aumenta então a nossa responsabilidade de compreendê-las. Assim é a expressão “projeto de vida”.

Não tanto como um “bom dia”, mas muitos na tentativa de motivar alguém pode dizer: “Qual o seu projeto de vida?”. A intenção é boa. Sempre será. Mas, afinal, é uma pergunta que não é fácil de responder. Sabe por quê? Talvez porque simplesmente ela só deixe de ser respondida no final de nossa vida. Afinal, é um projeto de vida, em vida, não é? “Projeto” significa, dentre outras coisas, um plano. E a palavra “vida”... bom, aí está um problema enorme para definir com uma certa qualidade porque inevitavelmente mexe com este que escreve e você que agora ler este texto. Mas tomo emprestado uma declaração feita por Bob Marley que dizia “Não viva para que a sua presença seja notada, mas para que a sua falta seja sentida.” Escolhi essa frase porque viver aí mexe com o projeto que quero tentar descrever um pouco: o da escolha que temos que fazer dentro do que podemos ter um certo controle.

Afinal, quem está no controle? Para os cristãos, “Deus está no controle”. E isso é verdade. Antes que me julguem, é bom lembrar que a própria bíblia está recheada de situações em que Deus dá o livre arbítrio para os homens fazerem suas escolhas. Até a fé precisa de uma atitude! Então, é importante saber que se não estudar, não passa; se não comer, vai ficar desnutrido; se odiar, não procure receber simpatia. Enfim, tem coisas que nós temos que decidir. Claro, com fé, com determinação, unção e paz interior. Sempre! Agora, paremos de reclamar. “Porque ele consegue e eu não?” A questão é o que eu você fez para conseguir. “Ah! Tudo está chato...” E o que você fez para não estar chato. A culpa é do cão? Do Belzebu? Não. Nos foi dado o privilégio da escolha.

O que está em nosso controle deveria ser alvo principal de nossa preocupação. Entenda, por favor. Se não enxergarmos isso o mais rápido possível, perderemos tempo em nosso projeto de vida. Veja por exemplo, eu passar em uma faculdade não está em meu controle, mas estudar está. E gastar tempo estudando está no controle. É o mesmo que se apaixonar. Está em nosso controle fazer escolhas no coração, mas não está em nosso controle mandar no coração dos outros. Está em nosso controle nos darmos valor, cuidarmos de nossa mente e entendermos as coisas; ode estamos; o que desejamos e o que podemos fazer; mas não está em nosso controle absolutamente nada que esteja fora de nós. Não podemos mudar ninguém, mas foi dado a nós a chance para a nossa mudança. Então, um projeto sem escolha, não é plano de vida; e nessa vida o que importa é o que cultivamos para crescimento de nosso valor.

Importar é um verbo que traz para dentro das pessoas algo vindo de algum lugar. Então quando nós formos embora, e iremos, o que importará é o valor que nós deixamos em nosso projeto enquanto estava em vida. Nessa trajetória, nesse trilho...nesse trem! E assim, termino com uma reflexão do que estamos fazendo em nossa vida. Desperdiçamos, as vezes, por não entendermos o que seria o projeto dela. Todos têm capacidade, mas nem todos competência. Um copo vazio é o mesmo que outro. Os dois têm a mesma capacidade. Mas se um tiver conteúdo, aí está a competência. É preciso ter conteúdo. O resto é consequência. Viver não apenas pelo que os outros dizem, mas saber com estudo, fé, plano, propósito e significado o que podemos enxergar.

A vida tem significado a todo instante. É como um trem nos levando para algum lugar. Aliás, há uma estação em que o trem vai precisar parar. Estamos na contramão para um dia entrarmos nela e ficarmos apenas na mente, lembrança e corações das pessoas pelo que fazemos. Quando este trem chegar, não estaremos mais no controle. Até lá, o que você faz para um dia melhor, uma hora melhor e um minuto cada vez melhor? Não há empo de parar. Não temos tempo para perder tempo. Não existe tempo de odiar, fofocar, se anular, ou reclamar. Nossas decisões são as nossas competências. Não seja alguém preocupado em ser notado sem conteúdo. Pense. “Faça acontecer”. Essa frase não pode ser uma repetição vazia, mas um caminho para o sentido de, quem sabe, um lindo e marcante projeto de vida para que um dia a sua falta seja sentida.