Introdução

O presente projeto foi elaborado com base em uma entrevista feita com um professor de uma escola pública municipal de uma cidade da região metropolitana de Porto Alegre. Nesta entrevista foram coletados dados referentes às demandas da referida escola, sendo que na visão do entrevistado existem vários conflitos entre alunos, professores, equipe diretiva e a comunidade de escolar.

Segundo o professor entrevistado, a instituição apresenta muitos profissionais desmotivados, alunos desmotivados, excesso de regras, muitas delas existentes sem um motivo, falta de diálogo entre adultos e adolescentes, além dos problemas que os alunos trazem de suas vidas, de suas famílias.

Conforme Freire (1996), escolher um modo dialógico de educar é um ato de valentia, pois envolve a superação de uma tradição autoritária, repleta de respostas prontas e de regras inquestionáveis, que, aparentemente, garantiam uma “ordem do mundo” em que as pessoas. Uma mudança de um modo autoritário de educar para um dialógico é preciso encarar uma nova maneira de ver-se a si mesmo e o outro e um novo modo de habitar o mundo. Abrir-se para um processo transformador exige, antes de tudo, abrir-se para a própria transformação, e Paulo Freire adverte que, sem coragem e humildade, isso não acontece: humildade entendida como abrir-se à contribuição dos outros, dos educandos, dos mais jovens e dos mais velhos.

Para Freire, não é possível iniciar um trabalho que espera a incorporação de práticas dialógicas sem ter noção da dificuldade implicada no processo, e, muito menos, sem esperança e sem confiança na força e no desejo de transformação dos participantes. Escolher o modo dialógico como o privilegiado para educar na ótica de uma educação libertadora é um pressuposto básico de todos os trabalhos que podem ser desenvolvidos em ambiente escolar. Freire, na Pedagogia do Oprimido, aponta que o diálogo, na sua essência como fenômeno humano, tem na palavra seu elemento constitutivo, numa dimensão de reflexão. Segundo Paulo Freire, não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação e na reflexão. (Freire,1972/2005).

Diagnóstico da instituição

O diagnóstico é um recurso utilizado para compreender o indivíduo em sua singularidade, e não um nome para o qual a ciência tem receitas pré-estabelecidas de atuação. É o ponto de partida para intervenções que visam organizar condutas, que uma vez seguidas, permitem que as pessoas se desenvolvam, aprendam a lidar com as suas próprias características, superem dificuldades e descubram habilidades.

Conforme dados colhidos até o presente momento a instituição apresenta, o seguinte uma grande parte dos professores e alunos desmotivados, falta de diálogo, educadores e alunos enxergados como espécies de adversários pela direção da escola e, por fim, cerca de 35% dos alunos sendo reprovados anualmente. [...]