UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS / FACULDADE DE EDUCAÇÃO

Centro de Formação, Desenvolvimento de Tecnologia e Prestação de Serviços para as Redes Públicas de Ensino

Curso de Pós Graduação Lato Sensu em Educação Infantil

  1. REFERÊNCIAS PRELIMINARES PARA A ELABORAÇÃO DO PROJETO DE APRENDIZAGEM
  2. Identificação da Escola: Municipal Indígena João Ayres Cruz
  3. Tema do Projeto de Aprendizagem: Escrita e Leitura em Língua Materna e Portuguesa: Uma experiência intercultural e bilingüismo 
  4. Nível, Período e Faixa Etária das crianças: 1º ao 5º ano do I e II Ciclo – 07 a 14 anos

 

  1. JUSTIFICATIVA:

 

As crianças indígenas ticunas aprendem dentro do ambiente escolar todas as informações relacionadas à sua formação intercultural e bilingüismo, para a compreensão do mundo da leitura e escrita tanto na língua portuguesa, língua materna e língua espanhola, por isso sentimos a necessidade de priorizar este tema para que os nossos alunos possam ter o conhecimento de ler e escrever em diversas linguagens de acordo a realidade o que acerca. Inclusive a linguagem das pessoas que convivem com eles cotidianamente. O objetivo principal deste projeto é explorar a linguagem oral, linguagem escrita, leitura e produção de textos, onde se inter-relacionam de forma contextualizada diferentes conteúdos com significados relacionados sua realidade. Para isso, entendemos que as nossas crianças indígenas da comunidade poderão ser alfabetizadas nas outras línguas para que possam se relacionar com facilidade com seus colegas, tanto com o professor durante as aulas. Neste sentido pensamos de que é dever da nossa instituição de ensino, juntamente com professores e equipe pedagógica propiciar aos nossos educados momentos que os passam nele os gostos pela leitura, o amor do livro, consciências da importância de se adquirir o apto de ler. Os alunos devem perceber que a leitura e o instrumento chave a alcançar as pertencias necessários a uma vida de qualidade, produtivo e com realização. A leitura e a escrita, como em todas as modalidades e níveis de ensino é essencial para o desenvolvimento de habilidades e competências na formação de leitores e escritores, bem como no exercício de cidadania. Para que isso aconteça, os professores devem trabalhar durante a explicação a utilização de bilingüismo, para que os resultados esperados tenham retribuído e, eles, traduziriam os textos em língua materna, tanto quanto para língua espanhola, pois na escola também são encontradas alunos que necessitam de compreensão e interpretação dos assuntos ministrados, como assuntos referentes às temas transversais: ética indígena, pluralidade cultural, direitos, lutas, e movimentos. Além disso, os temas conceituais da transdisciplinalidade; que trata sobre a terra, e preservação da biodiversidade e educação preventiva sobre a saúde. Tanto, contos, mitos, lendas e assuntos referentes a ciências dos conhecimentos tradicionais. Que são assuntos importantes que deve atende alunos, conforme o nível da sua aprendizagem, levando em consideração, o desenvolvimento relativo à organização textual e a leitura, ou seja, produção textual e ter acesso à diversidade de textos escritos que também testemunhar a utilização que se faz da escrita em diferentes circunstanciam, defrontar-se com as reais questões que a escrita coloca a quem se propõe produzi-la, arriscar se a fazer como consegue e receber ajuda de quem já sabe escrever. Mas, é tão fácil assim, é necessário que o docente venha oferecer condições necessárias, colocando em práticas inúmeras oportunidades de aprenderem a escrever em condições semelhantes às que caracterizam a escrita fora da escola, isto quer dizer, que não somente na escola que se aprende a leitura, mas sim, em todos os lugares.

 

 

 

  1. OBJETIVOS:

Geral 

Despertar o prazer da leitura e escrita, a partir do uso da variedade lingüística, para o desenvolvimento do processo evolutivo do ensino-aprendizagem e da importância do uso da língua materna quanto à diversidade sociolingüística para a interação e de diálogo intercultural e bilíngüe entre participantes envolvidos.

Específicos 

  • Oportunizar o acesso aos diversos tipos de leitura na escola buscando efetivar enquanto processo a leitura e escrita.
  • Possibilitar produção oral e escrita e em outra linguagem;
  • Compreender que o uso da linguagem verbal é um meio de comunicação e de manifestação dos pensamentos e sentimentos as pessoas e dos povos nativos através de literatura indígena traduzida em português e espanhol, garantindo a sua formação crítica e respeitando a sua realidade.

 

 

  1. ARTICULAÇÕES DO TEMA DO PROJETO DE APRENDIZAGEM COM O ESTUDO DO BILINGUISMO E A INTERCULTURALIDADE (hipóteses):

 

O projeto intercultural e bilíngüe ajuda a desenvolver o processo evolutivo de ensino e aprendizagem do aluno, pelo reconhecimento e valorização da diversidade sociolingüística e, fortalecimento da identidade étnico cultural da comunidade escolar e das comunidades do entorno.

 

 

  1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

 

Aprender uma língua não é somente aprender as palavras, mas também seus significados culturais e, com eles, os modos pelos quais as pessoas do seu meio sociocultural entendem e interpretam a realidade. Como pode ser observado, que quaisquer textos ou documentos não são traduzidos por necessidade, principalmente para língua indígena para a compreensão das tais questões é, necessário que as pessoas envolvidas manifestem para que seja atendida. Como relato de Zoia na sua experiência de alfabetização na língua materna realizadas nos meados de 60 e 70, porém Leitão apud ZOIA (2010, p. 74) afirma que: O uso das línguas maternas nos processos de alfabetização não visava à manutenção dessas línguas e nem o respeito à diversidade étnica e cultural das sociedades indígenas. Pelo contrário, eram usadas como instrumento de integração ou como ponte de acesso à língua oficial e à cultura hegemônica. A mudança no quadro educacional indígena efetivou-se com a Constituição Federal de 1988, que, no Artigo 231, reconhece aos índios o direito de organizarem-se socialmente da forma que lhes convém, de afirmarem seus valores culturais, línguas, costumes, tradições e crenças. Ainda por cima por outro lado, as Leis brasileiras deram lugar para o surgimento da escola indígena como instrumento de valorização dos saberes e da cultura de seus povos. A Educação Escolar Indígena passou e ser um direito garantido às comunidades indígenas por meio da Constituição Federal de 1988. Ela apresenta formulações que permitem aos povos indígenas estabelecerem formas particulares de organização em relação ao sistema educacional nacional. O Título VIII “Da Ordem Social” contém um capítulo denominado “Da Educação, da Cultura e do Desporto”, Seção I “Da Educação”, onde se assegura no Artigo 210, inciso 2º, às comunidades indígenas, no Ensino Fundamental, o uso de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem e, ainda, garante-se a prática bilíngüe em suas escolas. Nesse sentido, não deve ser esquecida, que dentro da comunidade de modo geral há uma diversidade e conhecimento que precisa ser transmitida através dos anciãos que por sua vez ajuda a escola a produzir materiais didáticos através dos trabalhos escolares, demonstrando quanto é importante à participação da comunidade na construção de saberes, o acesso as informações, conhecimentos técnicos e científicos da sociedade nacional e das demais indígenas e não-indígenas na fronteira.

 

Dessa forma, a linguagem constitui um dos eixos básicos no desenvolvimento do sujeito, dada sua importância na formação, interação e na construção de conhecimento e no desenvolvimento do pensamento.

 

Para Oliveira (2008), “a interação social seja através dos diversos elementos do ambiente culturalmente estruturado, fornece a matéria rima para o desenvolvimento psicológico do indivíduo.” Nesse sentido, entendemos que o indivíduo precisa interagir com os outros para desenvolver o processo evolutivo do ensino e aprendizagem, adquirindo uma linguagem a qual deve ser socializada, criando consigo mesmo os hábitos de conhecer outras realidades.

 

Como afirma Vygotsk, “que os elementos mediadores na relação entre o homem e o homem, instrumentos signos e todos os elementos do ambiente humano carregados de significado cultural, são fornecidos pelas relações entre os homens. Que a linguagem oral, nas suas diferentes formas de comunicação, é tida como de sistemas de símbolos. A verdade, é que a comunicação compreensiva e expressiva é condição imprescindível para o aprendizado da leitura e escrita.” Que todos os seres humanos são adotados de conhecimentos e tem capacidade de produzir suas experiências, que será despertado através das ações e das práticas executadas diante das diversas situações com possibilidade de criar e recriar saberes.

Segundo Vygotsk ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção. Portanto, o ensino tem de ser organizado de forma que a leitura e a escrita se tornem acessíveis as crianças. Pois, escrever, aprender a escrever não é copiar, reproduzir através das atividades desenvolvidas durante o percurso das aulas, como nas brincadeiras, jogos, contos, músicas que por sua vez ajuda a criança cognitivamente, facilitando a aquisição dos assuntos ministrados em determinadas disciplinas. O que ocorre nas aulas de alfabetização é um aprendizado em via de mão dupla, ao mesmo tempo em que é ensinado aos indígenas a ler e a escrever, é devolvido aos alfabetizadores ensinamentos referentes a aspectos de sua cultura e de sua língua, pois os indígenas mais velhos são os verdadeiros mestres. Assim, essa troca que se dá entre alfabetizando e alfabetizadores se tornam muito proveitosa para ambos e os incentiva a querer estudar mais a língua.

Cagliari (1998, p. 12) afirma que “(...) a alfabetização é, pois, tão antiga quanto os sistemas de escrita. De certo modo, é a atividade escolar mais antiga da humanidade...” Alfabetizar, não é uma atividade que se esgota em alguns dias, mas algo gradual, que precisa ocorrer mediante contribuição dos professores que convivem dentro da aldeia, o que tentamos fazer, é dar um incentivo para que esta língua seja revitalizada, mas sabemos que o processo deve ocorrer de forma continuada, ou seja, ao acabar uma oficina os alunos devem continuar escrevendo, lendo, resolvendo os exercícios deixados na comunidade e recorrendo aos professores caso haja alguma dúvida. Desta forma, ensinar à escrita e a leitura em uma língua materna diferente daquela dos não-indígenas, na realidade indígena, o professor alfabetizador precisa ter paciência ao mesmo tempo, as crianças precisam ver outras pessoas praticando a leitura e a escrita, levando consigo mesmo, a efetivação de uma experiência intercultural muito rica e desafiadora. Desta experiência pode-se depreender que a apropriação da escrita e da leitura por indígenas, cuja tradição é oral, não é algo natural, que se faça de uma hora para outra. Mas é possível, uma vez que os conteúdos sejam trabalhados adequadamente.

 

  1. SEQUENCIA DIDÁTICA

 

DISCIPLINA: LÍNGUA PORTUGUESA

Tema do projeto: Escrita e Leitura na Língua materna e portuguesa

 

PRIMEIRO DIA: 03/03/2015

 

  1. Objetivo (s):

-Valorizar a leitura como fonte de informação intercultural, de acesso a literatura e possibilidade de fruição estética, sendo capazes de recorrer aos materiais escritos em função de diferentes objetivos.

-Desenvolver a leitura e escrita, utilizando o bilingüismo para a compreensão do texto.

 

       2.  Atividade Principal

            Escrita e Leitura na língua materna e portuguesa

 

       3.  Material didático necessário:

Livros didáticos;

Câmera fotográfica;

Bloco de ofício A4

Canetas, etc.

 

        4. Tempo estimado:

            Uma semana

 

        5. Desenvolvimento (indicar cada uma das etapas descrevendo-as detalhadamente)

Primeiro momento, o professor apresentará o titulo do texto e, em seguida perguntar as crianças se vai gostar do assunto, qual o autor do texto, quem fez e/ou escreveu o texto, quais são as personagens, o que o texto nos ensina e, se tem a ver com a realidade da criança. E, sequentemente, as atividades de leitura coletiva e pedir que todas as crianças participem da leitura.

 

        6.  Avaliação (discriminar de que modo e quando serão avaliadas as atividades):

            A avaliação será continua somativa e formativa e, pela:

  • Observação;
  • Participação e;
  • Organização da produção oral e escrita

 

       SEGUNDO DIA: 04/03/2015

       1.  Objetivo (s):

            -Iniciar o aluno na leitura e escrita em língua materna;

            -Utilizar a língua materna como fonte principal para a compreensão e interpretação da variedade de textos, das diversas situações interculturais e bilíngüe e;

            -Permitir que os alunos se manifestem em língua materna através da representação escrita, associando oralidade e escrita.

 

       2.  Atividade Principal:

 Escrita e leitura na Língua materna e portuguesa

 

      3.  Material didático necessário:

Textos literários;

Textos informativos e narrativos

 

       4. Tempo estimado:

            Uma semana

 

       4.  Desenvolvimento (indicar cada uma das etapas descrevendo-as detalhadamente)

            -Apresentar um livro como modelo;

-Saber para que serve cada parte do livro;

-O livro pode ser o registro do trabalho de uma disciplina ou de uma pesquisa;

-Retirar o texto as idéias principais e, explicá-la contextualizando com a realidade das crianças;

-Traduzir as idéias principais em língua portuguesa e produzi-la, juntos com os mesmos, utilizando o dicionário escolar e, logo após fazer a analise lingüística das frases construídas e fazer a correção coletiva;

-Sequentemente, fazer a leitura coletiva para a apreciação das idéias produzidas;

E por fim, o professor deve explorar o texto, trabalhando com temas conceituais da gramática e executar atividades conseqüentemente;

 

           

 

       5.  Avaliação (discriminar de que modo e quando serão avaliadas as atividades):

            Serão avaliados a partir:

            -Participação;

            -Interesse;

            -Execução das atividades;

            -Limpeza e clareza dos textos produzidos.

 

TERCEIRO DIA: 05/03/2015

       1.  Objetivo (s):

-Participar de diferentes situações de comunicação oral e, uso da língua materna e português, traduzindo para a compreensão dos textos, respeitando os diferentes modos de falar.

-Tornar crianças capazes de compreender e interpretar, expressando oralmente, de forma adequada às diferentes situações e contextos comunicativos.

 

       2.  Atividade Principal:

            Escrita e leitura na Língua materna e portuguesa

                                  

       3.  Material didático necessário:

Livros literários;

Dicionário escolar;

Textos informativos e narrativos em língua materna;

 

       4. Tempo estimado:

            Uma semana

 

      

        5.  Desenvolvimento (indicar cada uma das etapas descrevendo-as detalhadamente)

            -Perguntar aos alunos o que conhecem sobre o texto e das personagens;

            -O professor deve ler em voz clara e com expressão, dirigindo-se aos alunos;

            -É preciso treinar a leitura antes para não ter falhas e para ler com boa altura da voz;

-Quando ler, o professor pode fazer gestos ou produzir sons que deixem a leitura mais interessante: imitar o canto do pássaro, a zoada do motor;

-O professor precisa entender o texto antes de ler e procurar as palavras que não conhece no dicionário e,

            -Depois os alunos podem escrever o texto sozinho, do jeito que eles sabem;

-Podem escrever em duplas ou em pequenos grupos, o aluno que sabe escrever menos pode ditar para os que sabem escrever melhor, sem ajuda do professor;

            -Os alunos podem ditar para o professor o texto coletivo e ele vai escrevendo na lousa;

-É por último, o professor organiza com os alunos o titulo do texto, índice, data e local, nomes dos autores e ilustradores e, fazer a exposição para o lançamento, onde o professor e os alunos farão o convite para a comunidade escolar e os pais responsáveis.

           

       5.  Avaliação (discriminar de que modo e quando serão avaliadas as atividades)

            Serão avaliados pela:

  • Participação;
  • Interesse;
  • Organização dos trabalhos e limpeza.

 

   

  1. RECURSOS DIDÁTICOS 

 

Livros de contos

Brincadeiras

Jogos

Músicas diversificadas

 

  1. DEFINIÇÃO DOS ESPAÇOS

 

Sala de aula e extraclasse

 

  1. MODOS DE REGISTRO E DOCUMENTAÇÃO

Todas as atividades serão registradas no Livro Ata, câmera fotográfica e de vídeos.

 

  1. PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO

Serão avaliadas pela:

  •  

-Produções textuais

-Participação em todas as atividades programadas.

 

  1. REFERENCIAS BIBLIOGRÁ FICAS

 

Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: língua portuguesa / secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: 144p.

 

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessário a pratica educativo: São Paulo: Paz e Terra, 1996.

 

Leitura e escrita: como aprender com êxito por meio da pedagogia por projetos / Maria Cecília de Oliveira Micotti (org.); prefácio de Josette Jolibert. - São Paulo: Contexto, 2009.

 

OLIVEIRA, Marta Karl de. VYGOTSK. Aprendizado e desenvolvimento um processo sócio histórico. São Paulo; scipione, 2008.

Referencial curricular nacional para as escolas indígenas/Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1998.