RESUMO

Historicamente o ensino superior sempre passou por dificuldades que impediam a sua ampliação e melhorias. Com o passar dos anos, foram desenvolvidas várias didáticas e pedagogias em conformidade com o avanço das ciências contemporâneas articuladas à ciência da educação, propiciando melhorias nas condições de ensino. O professor deixa de ser somente um profissional estudioso, com um vasto currículo. Exige-se então, um professor como facilitador do conhecimento, não de forma taxativa ou discursiva, mas sim, com o uso de diversas didáticas apropriadas para estimular o aluno a se desenvolver como um sujeito ativo, transformador e participante. O aluno sai dos laços da educação tradicional, isto é, da condição de um ser passível, silencioso e acrítico, e se torna participante ativo com a orientação do professor. Para tanto, conclui-se que é necessário superar os desafios que acometem o ensino superior, e reconhecer a existência de perspectivas e avanços para a continuidade de um ensino cada vez mais qualitativo e que compreenda melhor a expansão quantitativa da educação superior.

Palavras-chave: Professor. Aluno. Educação. Aprendizagem. Ensino Superior.

1 INTRODUÇÃO

Desde a década de 90, o crescimento do ensino superior até o ano de 2006 foi vertiginoso, cerca de 152%, com um aumento de matrículas em 140%, infelizmente entre 2005 e 2006 houve uma queda para 5%, em relação à taxa, o que não dizer que deixou de crescer, portanto, é de suma importância que haja mais estudos sobre o ensino e a aprendizagem no ensino superior. Ele está crescendo, e como tudo que cresce, precisa ser administrado para que haja continuidade não só na quantidade, mas também na qualidade.

A motivação para o desenvolvimento desse artigo se dá pela necessidade de realizar pesquisa no setor da educação superior, pois, com a crescente situação econômica e os projetos políticos que propiciam o ensino superior para classes que até antes não possuíam acesso, se não houver estudos que demonstrem os acertos, erros e melhorias, muito provavelmente o ensino superior será fadado ao fracasso.

A escolha do tema se faz pela necessidade de pesquisar os desafios e perspectivas que tanto os alunos quanto os professores possuem em relação ao ensino e a aprendizagem no ensino superior, e como conseqüência, desenvolver referencias que possibilitem algumas soluções para determinados problemas que são constantes e históricos nos cursos superiores em relação à qualidade da prática educacional como um todo.

1.1 ASPECTOS HISTÓRICOS DO ENSINO SUPERIOR

            Antes da chegada de D. João VI ao Brasil, logo no início do século 19, o país (até então ainda colônia) não podia, por lei, possuir Instituições de Ensino Superior para impedir  a  criação de  uma elite pensante que fosse capaz incitar reflexões revolucionárias contra a política monárquica, todavia, com a transferência do príncipe regente juntamente com milhares de pessoas da Corte para o Rio de Janeiro, tornou-se necessário a implantação das mínimas condições para o desenvolvimento de uma região, portanto, foi criado, em 1808, a Faculdade de Medicina e Colégio Médico-Cirúrgico, ambos no Estado da Bahia e meses depois, a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.

            No sec. XIX  houve um notório crescimento do ensino superior, todavia, as unidades educacionais eram desunidas e profissionalizantes, isto é, não voltadas para pesquisas de teor científicos. Na década de 1840, houve diversas tentativas de criar universidades, como por exemplo, a universidade de Pedro II e Visconde de Goiânia, porém, nada foi concretizado. Com a constituição de 1891, pensava-se que as possibilidades de criar tais universidades seriam mais prováveis, no entanto, a própria constituição se omitiu em assuntos correlacionados a isso.

            Somente em 1920, através do decreto 14.343, com a sinergia da Faculdades de Direito, Medicina e Engenharia, foi oficialmente criada a primeira Universidade. É válido observar que em 1912, por três anos, e por intervenção das forças locais, houve uma universidade no Estado do Paraná.

            A base da primeira universidade brasileira, ainda em algumas universidades do país, existe até hoje: A reitoria como unificadora de cursos isolados e a falta de mecanismos acadêmicos e administrativo, mas há exceções para esses modelos que surgiram em 1932 com a Universidade de São Paulo (USP).           

2 A  DOCÊNCIA SUPERIOR E OS PILARES PARA EDUCAÇÃO

            Os professores universitários, geralmente, passam grande parte do seu tempo na sala de aula e a partir desse momento – ou até mesmo antes dele – surgem inúmeras indagações e reflexões de como melhorar sua metodologia, como também, desenvolver técnicas para dinamizar o processo de conhecimento, tornando assim, o ensino-aprendizagem sólido e construtivo. Entretanto, para facilitar a prática docente, é necessário ir além dos domínios desses procedimentos estratégicos, pois considera-se de suma relevância a análise, discussão e explicação dos novos paradigmas educacionais visando adequações, modernidade e melhorias. Neste cenário, ensinar se torna um grande desafio, que de acordo com Jardilino e Amaral et. al. (2010, p. 104), inclui os aspectos que seguem na citação,

estimular os alunos a se envolverem com as facilidades e dificuldades de cada tema da sua disciplina, criar sistemas de avaliação que não só atendam às exigências da instituição como também reflitam o estado real de aprendizado dos alunos, desenvolver técnicas e práticas pedagógicas que lhes possibilitem interagir com os alunos, criar mecanismos de convivência com as idiossincrasias dos alunos, saber lidar com uma população que a cada ano “tem a mesma idade” - como se ouviu de um professor na sala dos professores .

            Na perspectiva de fazer com que os discentes retenham, absorvam e reproduzam criticamente os conteúdos por ora apreendidos, existem quatro pilares, que praticamente constituem a base da educação contemporânea,  e que devem ser levados em consideração, enquanto desafios, transformação da prática em práxis: a) aprender a conhecer b) aprender a fazer c) aprender a conviver d) aprender a ser. Isso vai exigir do professor um vasto conhecimento não só no domínio do assunto, mas também na forma de transmiti-lo. Atentamos aqui a mudança conceitual do termo “conhecimento”[1] pois,  esta não pode ser definida como concentração de informações referenciais que tendem a ser repassados mecanicamente, considerando-se o modelo educacional tradicional. De acordo com Fischer (2009, p. 312)

em favor de uma concepção de conhecimentos que supõe, entre outros fatores, a relação sujeito (aluno)-objeto (conteúdo), numa interação dinâmica e permanente, que se torna sempre mais rica e efetiva de acordo com a atitude de mediação do professor. Rejeita-se a concepção tradicionalmente aceita que entende ensinar como “transmitir conhecimento”, ou que compreende conhecimento como algo acabado, produto definitivamente pronto, esperando apenas ser transmitido de alguém que “sabe” para quem “não sabe”.

            Sustentado por uma visão acadêmica tradicionalista, o professor é visualizado como o centro do processo, enfatizando o ensino como absorção dos conteúdos, que nem sempre se referem à realidade, porém, se levarmos a diante os quatro pilares anteriormente citados, então a proposta é dar foco ao processo educacional, com um procedimento didático que seja condizente aos pilares, ou seja, fazer do professor, um facilitador, e trazer o aluno e a aprendizagem como seu principal objetivo[2]. Por conseguinte, o desenvolvimento da aprendizagem deve estar alicerçado no aprimoramento das capacidades intelectuais, das habilidades humanas e profissionais, das atitudes e valores integrantes  à vida profissional e social. [...]