Produção Mundial de Leite em 2018 - Análises e Comparações
Por Emanuel Isaque Cordeiro da Silva | 30/10/2019 | EconomiaPRODUÇÃO MUNDIAL DE LEITE EM 2018
WORLD PRODUCTION OF MILK IN 2018
Emanuel Isaque Cordeiro da Silva - Departamento de Zootecnia da UFRPE
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Produção mundial de Leite em 2018: análise sobre o crescente aumento da produção e da produtividade
Segundo a FAO, a produção mundial de leite em 2018 foi de 843 milhões de toneladas, que correspondem a 843 bilhões de litros produzidos em 199 países avaliados pela instituição. Comparada à produção de 2017, que teve uma produção de 812 bilhões de litros segundo a FAO, houve uma variação média percentual positiva de +2,2% de crescimento na produção. Em 2015 foram produzidos 656 bilhões de litros; entre 2015 e 2018, a produção mundial de leite aumentou +28,5%, e isso deve-se à adoção de tecnologias, atenção ao manejo das vacas quanto à nutrição, saúde e bem-estar e demais técnicas que fazem alavancar o mercado do leite, maximizar a produção e a produtividade e suprir as necessidades da demanda do alimento nos países consumidores sejam exportadores ou importadores. O mercado leiteiro é crescente mesmo com a ocorrência de variações positivas ou negativas e queda na produção como é o caso do próprio Brasil em determinadas vezes. Vale enfatizar que o crescimento médio anual é completamente variável e não fixo, isto é, ocorrem oscilações entre os dados, em um ano determinado país produz +X e no outro ano o mesmo país produz -X, à exemplo; não obstante, essa variação média anual é crescente e beira à margem de +3 à +4% nos últimos 5 anos de dados obtidos pela FAO. As tabelas abaixo trazem a participação na produção mundial dos continentes em 2017 e a produção em bilhões de litros de cada um dos mesmos no mesmo ano. Observe:
Ásia | Europa | América do Norte | América do Sul | África | Oceania | América Central |
40,3% | 27,5% | 13% | 7,6% | 5,6% | 3,8% | 2,2% |
Ásia | Europa | América do Norte | América do Sul | África | Oceania | América Central |
320 | 224 | 106 | 62 | 46 | 31 | 18 |
Os dados presentes supra são da FAO e expressam uma crescente produção leiteira dos continentes e a participação que cada um tem na produção total.
Segundo os dados de 2017, o continente asiático foi responsável pela produção de 320 bilhões de litros correspondentes à 40% da produção mundial; e mesmo com o segundo declínio seguido da produção chinesa, o continente produziu +1,6% à mais em 2017 se compararmos com o ano de 2016.
Os países da União Europeia participaram em segundo lugar da produção mundial, com uma produção de 224 bilhões de litros em 2017 que são correspondentes à 28% da produção mundial, e um aumento de +1,3% comparado ao ano de 2016. Todo esse crescimento na produção europeia deve-se às mesmas questões supracitadas de manejo, nutrição, genética etc.
A América do Norte produziu 106 bilhões de litros em 2017 que corresponde à 13% da produção mundial. Comparado ao ano de 2016 a produção norte-americana obteve um acréscimo de +1,7%. Os EUA é o grande responsável pela grande participação da América do Norte na participação e na alta produção; produzindo 90% do total do continente e detendo um dos melhores rebanhos leiteiros do mundo com mais de 9,3 milhões de cabeças, com a maior produtividade de kg de leite/vaca/ano.
Mediante esse contexto superficial, podemos apresentar o panorama do leite mundial em 2018, alicerçado pelos dados da FAO, e analisar os crescimentos e as possíveis quedas na produção dos continentes e enfatizar os países que obtiveram pontos positivos e/ou negativos para a participação na produção leiteira mundial de 2018. As tabelas 3 e 4 abaixo, expressam a produção de leite mundial em 2018. Observe:
Tabela 3: Participação dos continentes na produção leiteira em 2018
Ásia | Europa | América do Norte | América do Sul | África | Oceania | América Central |
40,9% | 27,1% | 12,9% | 7,7% | 5,5% | 3,7% | 2,2% |
Tabela 4: Produção leiteira mundial por continentes em 2018. (Valores expressos em bilhões de litros)
Ásia | Europa | América do Norte | América do Sul | África | Oceania | América Central |
347 | 230 | 109 | 65 | 46,6 | 31,5 | 18,2 |
Segundo a FAO e a Embrapa, a produção mundial de leite em 2018 foi de 843 bilhões de litros, um aumento de +2,2% comparado à produção do ano anterior. A tabela 3 expressa a participação dos continentes na produção mundial total. Por sua vez, a tabela 4 expressa a produção total dos continentes em bilhões de litros. A partir desses dados, é perceptível um aumento no mercado do leite que gera além da produção do alimento, empregos e emprega tecnologia de ponta para aumentar o potencial produtivo de cada animal e, consequentemente, a produção anual das fazendas e propriedades produtoras de leite pelo mundo.
A Ásia, em 2018, produziu cerca de 347 bilhões de litros, obtendo crescimento anual de +4% comparada à produção de 2017. Ainda detém a maior participação na produção total mundial, passando de 40,3% em 2017 para quase 41% em 2018. A Índia e o Paquistão merecem destaque. A Índia obteve um aumento de +5,6% de sua produção comparada ao ano de 2017, todo esse crescimento é proveniente de uma equipe de especialistas (veterinários, zootecnistas etc.) que empregam mão-de-obra qualificada e especializada para manejar os animais e as tecnologias para a obtenção do leite e as técnicas antes mencionadas nesse trabalho de genética, saúde e bem-estar das vacas que responderão aos estímulos positivos com a produção de leite e a alta produtividade. O Paquistão, mesmo com todas as dificuldades que encontra para obtenção do leite, bem como em demais processos de coleta e beneficiamento do mesmo, obteve um crescimento de +3% de sua produção em 2018 comparada a de 2017. A China, em contrapartida, obteve o terceiro declínio em 4 anos, a queda da produção chinesa em 2018 foi de -1,1% comparada com 2017; juntas, as 4 quedas da produção chinesa alcançam incríveis 15% em apenas 5 anos. Vale frisar a instabilidade e a variação do mercado leiteiro, uma vez que ao mesmo tempo em que um país que têm dificuldades na obtenção do leite, nos processos de exportação e industrialização do mesmo obtém um crescimento de 3% em apenas 1 ano, a China, ainda considerada um dos maiores países produtores, consegue perder 15% de toda sua produção em apenas 5 anos. Mediante esse contexto, nota-se a importância e a necessidade da adoção de mão-de-obra especializada e que consiga conciliar saúde, bem-estar, nutrição, genética etc. e converter todo esse manejo em alta produção leiteira.
Os países da EU (União Europeia) participaram de 27,1% da produção de leite mundial em 2018 e um crescimento de +0,8% comparado ao ano de 2017; juntos os quase trinta países conseguiram uma produção de 230 bilhões de litros em 2018. O país enfatizado é a Rússia que conseguiu um crescimento de +1,1% no ano em questão, produzindo 32 bilhões de litros, a produção russa é quase a produção leiteira do Brasil. A junção produtiva dos países da UE superaram a queda em massa da produção ucraniana, que passou por uma crise que gerou a desvalorização dos produtos agrícolas e quedas sucessivas do preço do leite.
A América do Norte foi responsável por 13% de toda produção mundial em 2018, obteve um crescimento de +1,1% em sua produção, o que equivaleu a 109 bilhões de litros produzidos no ano em questão. Os EUA continua sendo o maior produtor leiteiro do continente norte-americano, isto é, dos 109 bilhões de litros, ele é responsável pela produção de 90% desse total, produzindo, assim, 98,6 bilhões de litros. Ressalto que os EUA, mediante o emprego de tecnologias cada vez mais avançadas e o cuidado na genética e escolha de suas vacas leiteiras, conseguiu maximizar sua produtividade, ou seja, uma vaca que produzia 10.525 kg/leite/ano em 2017 passou a produzir 10.632 kg/leite/ano, logo, os EUA detém o plantel mais produtivo em kg/ano/vaca do mundo.
A América do Sul participou de 7,7% da produção mundial, produzindo 65 bilhões de litros em 2018, um aumento médio percentual de +1,6% comparado ao ano de 2017. O Brasil, por sua vez, mesmo com os cuidados com os animais, reduziu o aumento percentual produtivo por ano, passou de um crescimento de 1% em 2017 para 0,8% de crescimento em 2018; um aumento relativo no ano comparado à produção de 2017, todavia, uma queda comparada ao aumento percentual de 2017.
A África conseguiu um crescimento em sua produção equivalente à +1,1% comparada ao ano de 2017, produzindo 46,6 bilhões de litros em 2018. A participação africana na produção mundial foi de 5,5%.
A Oceania, depois de crises e quedas em sua produção que perdurou por dois anos seguidos, conseguiu um crescimento de +1% em relação a 2017. Produziu 31,5 bilhões de litros em 2018. A maior responsável por esse aumento anual foi a Nova Zelândia, sendo a mesma responsável pelos declínios seguidos, conseguiu converter a negatividade em sua produção, e expandiu sua produção em +4,4%. Porém, mesmo com o aumento da Nova Zelândia, o crescimento produtivo do continente não foi mais expressivo por causa da regressão australiana que foi de -3,8% comparada a produção de 2017.
A América Central produziu em 2018 18,2 bilhões de litros, comparada a produção de 2017, o crescimento do continente foi de +1,1%. O México é o maior responsável por esse crescimento, tendo o mesmo elevado sua produção em +1,6% no mesmo ano. O continente participou de 2,2% de toda a produção mundial.
Os dados apresentados, obtidos pela FAO, traduzidos e atualizados pelo autor em questão, expressam que o mercado leiteiro continua sendo promissor e empregador de milhares e milhões de empregos por todos os continentes. Como foi dito, a fusão de profissionais especializados na área, potencial genético dos animais, sanidade, bem-estar, medicina preventiva, medidas profiláticas e outros tantos fatores tiveram impacto direto na alta produção da região e produtividade das vacas, bem como na lucratividade dos países produtores e aquecimento do setor primário da economia e das indústrias, tendo mercado do leite industrializado internamente ou para a exportação e/ou do próprio leite in natura.
Os países desenvolvidos, são responsáveis por 2/3 (dois terços) de toda a produção mundial, ou seja, são produtores de 504 bilhões de litros no caso da produção de 2018. Juntos, eles apresentam uma taxa de crescimento variável conforme as implicações e limitações nas propriedades e no próprio mercado, todavia, essa taxa de variação do crescimento gira em torno de +0,5 à +1% ao ano e a produtividade média desses países gira em torno dos 6.000 à 7.000 kg leite/vaca/ano. Esses países, principalmente os EUA e os países da EU, contam com elevados subsídios que vêm apresentando tendência declinante nos últimos anos conforme apontam os especialistas. Nos países subdesenvolvidos, a produção em 2018 foi de 336 bilhões de litros e a taxa de crescimento anual desses países gira em torno de +3 à +5%, muito superior aos países já desenvolvidos. A produtividade desses países em desenvolvimento de 1.500 à 2.500 kg leite/ano/vaca, também encontrasse em crescimento mediante o emprego de especialização e genética, contribuindo, assim, com maior volume para a oferta mundial do produto no mercado. Observe as tabelas 5 e 6 abaixo sobre a produção média dos países desenvolvidos e em desenvolvimento num intervalo que vai de 2007 à 2018.
Tabela 5: Produção mundial de leite dos países desenvolvidos de 2007 à 2018. (Valores expressos em bilhões de litros)
2007 | 2010 | 2012 | 2015 | 2018 |
334 | 360 | 420 | 460 | 504 |
Tabela 6: Produção de leite dos países subdesenvolvidos entre 2007 e 2018. (Valores expressos em bilhões de litros)
2007 | 2010 | 2012 | 2015 | 2018 |
227 | 240 | 280 | 300 | 336 |
Os dados obtidos e expressos nas tabelas, demonstram o avanço da produção leiteira, bem como a análise sobre a crescente produção dos países em desenvolvimento. Especialistas apontam que a crescente produção dos países subdesenvolvidos e a implementação de técnicas cada vez mais precisas e aprimoradas terá como consequência a equidade da produção com os países já desenvolvidos e, futuramente, será possível a ultrapassagem produtiva dos países subdesenvolvidos dos países desenvolvidos.
Nos países desenvolvidos, a produção leiteira passou de 334 bilhões em 2007 para 504 bilhões de litros em 2018, ou seja, a produção obteve um aumento de 50% em média em uma única década. Por sua vez, nos países subdesenvolvidos, a produção aumentou de 227 bilhões em 2007 para 336 bilhões de litros em 2018, um crescimento de 48% em sua produção.
O crescimento no volume de leite produzido nos países subdesenvolvidos deve-se, principalmente, ao crescimento da produção indiana (+5,6%) e do Paquistão (+3%) na Ásia, do Quênia na África e do Brasil (+0,8%) na América do Sul. Os países desenvolvidos apresentaram crescimento expressivo e pouco superior aos subdesenvolvidos, e os maiores responsáveis por esse crescimento foram a Rússia com 32 bilhões de litros, os EUA com quase 100 bilhões de litros ou 1/5 da produção total dos países desenvolvidos, a Alemanha, a França, a Inglaterra e o aumento de +4,4% da Nova Zelândia.
A pecuária leiteira ocorre basicamente em todos os países do mundo, todavia a heterogeneidade do processo produtivo e o volume de produção entre os países é marcante. Na tabela 7 observam-se os dez principais países produtores de leite de 2017.
Tabela 7: Dez maiores países produtores de leite em 2017. (Valores expressos em bilhões de litros)
EUA | Índia | China | Brasil | Alemanha | Rússia | França | Nova Zelândia |
Turquia |
Reino Unido |
91,3 | 60,6 | 35,7 | 34,3 | 31,1 | 30,3 | 27,7 | 18,9 | 16,7 | 13,9 |
A produção mundial em 2017 foi de 812 bilhões de litros, como já foi citado, e esses dez países presentes supra na tabela, correspondem a 45% do volume produzido no ano em questão, ou seja, quase metade da produção mundial de leite está nas mãos de dez países. O Brasil, em 2017, foi responsável pela quarta maior produção de 2017, com aproximadamente 34,3 bilhões de litros produzidos no ano, representado 4,5% da produção total do mundo no ano em questão. Em 2018, essa produção superou os 36 bilhões de litros, obtendo queda na participação mundial, que passou a ser de 4,25%.
Por fim, são infinitas as mudanças geográficas da produção leiteira no mundo, o que ocasiona a heterogeneidade nos sistemas produtivos e no volume produzido pelos países. Consequentemente, essas transformações causam mudanças na oferta do produto e o surgimento de maior competitividade entre os países produtores, possibilidades de implementação de novas tecnologias e estratégias definidas de inserção no mercado global.
Emanuel Isaque Cordeiro da Silva – Departamento de Zootecnia da UFRPE
Recife, 2019.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
EMBRAPA. Base de dados. Embrapa gado de leite. Disponível em: . Acesso em: 23 de outubro de 2019.
FAO – FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS. FAOSTAT database, 2017. Disponível em: . Acesso em: 22 de outubro de 2019.
Idem. FAOSTAT database, 2018. Disponível em: Acesso em: 22 de outubro de 2019.
FORMIGONI, I. Quais são os principais países produtores de leite?. Farmnews.com. Disponível em: . Acesso em: 23 de outubro de 2019.
ZOCCAL, R. et al. A Nova Pecuária Leiteira Brasileira – Produção mundial. In: BARBOSA, S. B. P.; BATISTA, A. M. V.; MONARDES, H. (Orgs.). Anais do 3° Congresso Brasileiro de Qualidade do Leite. Recife: CCS, 2008. pps. 85-87.