PRODUÇÃO MUNDIAL DE LEITE EM 2018

WORLD PRODUCTION OF MILK IN 2018

Emanuel Isaque Cordeiro da Silva - Departamento de Zootecnia da UFRPE

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Produção mundial de Leite em 2018: análise sobre o crescente aumento da produção e da produtividade

Segundo a FAO, a produção mundial de leite em 2018 foi de 843 milhões de toneladas, que correspondem a 843 bilhões de litros produzidos em 199 países avaliados pela instituição. Comparada à produção de 2017, que teve uma produção de 812 bilhões de litros segundo a FAO, houve uma variação média percentual positiva de +2,2% de crescimento na produção. Em 2015 foram produzidos 656 bilhões de litros; entre 2015 e 2018, a produção mundial de leite aumentou +28,5%, e isso deve-se à adoção de tecnologias, atenção ao manejo das vacas quanto à nutrição, saúde e bem-estar e demais técnicas que fazem alavancar o mercado do leite, maximizar a produção e a produtividade e suprir as necessidades da demanda do alimento nos países consumidores sejam exportadores ou importadores. O mercado leiteiro é crescente mesmo com a ocorrência de variações positivas ou negativas e queda na produção como é o caso do próprio Brasil em determinadas vezes. Vale enfatizar que o crescimento médio anual é completamente variável e não fixo, isto é, ocorrem oscilações entre os dados, em um ano determinado país produz +X e no outro ano o mesmo país produz -X, à exemplo; não obstante, essa variação média anual é crescente e beira à margem de +3 à +4% nos últimos 5 anos de dados obtidos pela FAO. As tabelas abaixo trazem a participação na produção mundial dos continentes em 2017 e a produção em bilhões de litros de cada um dos mesmos no mesmo ano. Observe:

Tabela 1: Participação dos continentes na produção leiteira mundial em 2017
Ásia Europa América do Norte América do Sul África Oceania América Central
40,3% 27,5% 13% 7,6% 5,6% 3,8% 2,2%

 

Tabela 2: Produção de leite por continentes em 2017. (Valores expressos em bilhões de litros)

Ásia Europa América do Norte América do Sul África Oceania América Central
320 224 106 62 46 31 18

Os dados presentes supra são da FAO e expressam uma crescente produção leiteira dos continentes e a participação que cada um tem na produção total.

Segundo os dados de 2017, o continente asiático foi responsável pela produção de 320 bilhões de litros correspondentes à 40% da produção mundial; e mesmo com o segundo declínio seguido da produção chinesa, o continente produziu +1,6% à mais em 2017 se compararmos com o ano de 2016.

Os países da União Europeia participaram em segundo lugar da produção mundial, com uma produção de 224 bilhões de litros em 2017 que são correspondentes à 28% da produção mundial, e  um aumento de +1,3% comparado ao ano de 2016. Todo esse crescimento na produção europeia deve-se às mesmas questões supracitadas de manejo, nutrição, genética etc.

A América do Norte produziu 106 bilhões de litros em 2017 que corresponde à 13% da produção mundial. Comparado ao ano de 2016 a produção norte-americana obteve um acréscimo de +1,7%. Os EUA é o grande responsável pela grande participação da América do Norte na participação e na alta produção; produzindo 90% do total do continente e detendo um dos melhores rebanhos leiteiros do mundo com mais de 9,3 milhões de cabeças, com a maior produtividade de kg de leite/vaca/ano.

Mediante esse contexto superficial, podemos apresentar o panorama do leite mundial em 2018, alicerçado pelos dados da FAO, e analisar os crescimentos e as possíveis quedas na produção dos continentes e enfatizar os países que obtiveram pontos positivos e/ou negativos para a participação na produção leiteira mundial de 2018. As tabelas 3 e 4 abaixo, expressam a produção de leite mundial em 2018. Observe: 

Tabela 3: Participação dos continentes na produção leiteira em 2018

Ásia Europa América do Norte América do Sul África Oceania América Central
40,9% 27,1% 12,9% 7,7% 5,5% 3,7% 2,2%

 

Tabela 4: Produção leiteira mundial por continentes em 2018. (Valores expressos em bilhões de litros)

Ásia Europa América do Norte América do Sul África Oceania América Central
347 230 109 65 46,6 31,5 18,2

 

Segundo a FAO e a Embrapa, a produção mundial de leite em 2018 foi de 843 bilhões de litros, um aumento de +2,2% comparado à produção do ano anterior. A tabela 3 expressa a participação dos continentes na produção mundial total. Por sua vez, a tabela 4 expressa a produção total dos continentes em bilhões de litros. A partir desses dados, é perceptível um aumento no mercado do leite que gera além da produção do alimento, empregos e emprega tecnologia de ponta para aumentar o potencial produtivo de cada animal e, consequentemente, a produção anual das fazendas e propriedades produtoras de leite pelo mundo.

A Ásia, em 2018, produziu cerca de 347 bilhões de litros, obtendo crescimento anual de +4% comparada à produção de 2017. Ainda detém a maior participação na produção total mundial, passando de 40,3% em 2017 para quase 41% em 2018. A Índia e o Paquistão merecem destaque. A Índia obteve um aumento de +5,6% de sua produção comparada ao ano de 2017, todo esse crescimento é proveniente de uma equipe de especialistas (veterinários, zootecnistas etc.) que empregam mão-de-obra qualificada e especializada para manejar os animais e as tecnologias para a obtenção do leite e as técnicas antes mencionadas nesse trabalho de genética, saúde e bem-estar das vacas que responderão aos estímulos positivos com a produção de leite e a alta produtividade. O Paquistão, mesmo com todas as dificuldades que encontra para obtenção do leite, bem como em demais processos de coleta e beneficiamento do mesmo, obteve um crescimento de +3% de sua produção em 2018 comparada a de 2017. A China, em contrapartida, obteve o terceiro declínio em 4 anos, a queda da produção chinesa em 2018 foi de -1,1% comparada com 2017; juntas, as 4 quedas da produção chinesa alcançam incríveis 15% em apenas 5 anos. Vale frisar a instabilidade e a variação do mercado leiteiro, uma vez que ao mesmo tempo em que um país que têm dificuldades na obtenção do leite, nos processos de exportação e industrialização do mesmo obtém um crescimento de 3% em apenas 1 ano, a China, ainda considerada um dos maiores países produtores, consegue perder 15% de toda sua produção em apenas 5 anos. Mediante esse contexto, nota-se a importância e a necessidade da adoção de mão-de-obra especializada e que consiga conciliar saúde, bem-estar, nutrição, genética etc. e converter todo esse manejo em alta produção leiteira.

Os países da EU (União Europeia) participaram de 27,1% da produção de leite mundial em 2018 e um crescimento de +0,8% comparado ao ano de 2017; juntos os quase trinta países conseguiram uma produção de 230 bilhões de litros em 2018. O país enfatizado é a Rússia que conseguiu um crescimento de +1,1% no ano em questão, produzindo 32 bilhões de litros, a produção russa é quase a produção leiteira do Brasil. A junção produtiva dos países da UE superaram a queda em massa da produção ucraniana, que passou por uma crise que gerou a desvalorização dos produtos agrícolas e quedas sucessivas do preço do leite.

A América do Norte foi responsável por 13% de toda produção mundial em 2018, obteve um crescimento de +1,1% em sua produção, o que equivaleu a 109 bilhões de litros produzidos no ano em questão. Os EUA continua sendo o maior produtor leiteiro do continente norte-americano, isto é, dos 109 bilhões de litros, ele é responsável pela produção de 90% desse total, produzindo, assim, 98,6 bilhões de litros. Ressalto que os EUA, mediante o emprego de tecnologias cada vez mais avançadas e o cuidado na genética e escolha de suas vacas leiteiras, conseguiu maximizar sua produtividade, ou seja, uma vaca que produzia 10.525 kg/leite/ano em 2017 passou a produzir 10.632 kg/leite/ano, logo, os EUA detém o plantel mais produtivo em kg/ano/vaca do mundo.

A América do Sul participou de 7,7% da produção mundial, produzindo 65 bilhões de litros em 2018, um aumento médio percentual de +1,6% comparado ao ano de 2017. O Brasil, por sua vez, mesmo com os cuidados com os animais, reduziu o aumento percentual produtivo por ano, passou de um crescimento de 1% em 2017 para 0,8% de crescimento em 2018; um aumento relativo no ano comparado à produção de 2017, todavia, uma queda comparada ao aumento percentual de 2017.

A África conseguiu um crescimento em sua produção equivalente à +1,1% comparada ao ano de 2017, produzindo 46,6 bilhões de litros em 2018. A participação africana na produção mundial foi de 5,5%.

A Oceania, depois de crises e quedas em sua produção que perdurou por dois anos seguidos, conseguiu um crescimento de +1% em relação a 2017. Produziu 31,5 bilhões de litros em 2018. A maior responsável por esse aumento anual foi a Nova Zelândia, sendo a mesma responsável pelos declínios seguidos, conseguiu converter a negatividade em sua produção, e expandiu sua produção em +4,4%. Porém, mesmo com o aumento da Nova Zelândia, o crescimento produtivo do continente não foi mais expressivo por causa da regressão australiana que foi de -3,8% comparada a produção de 2017.

A América Central produziu em 2018 18,2 bilhões de litros, comparada a produção de 2017, o crescimento do continente foi de +1,1%. O México é o maior responsável por esse crescimento, tendo o mesmo elevado sua produção em +1,6% no mesmo ano. O continente participou de 2,2% de toda a produção mundial.

Os dados apresentados, obtidos pela FAO, traduzidos e atualizados pelo autor em questão, expressam que o mercado leiteiro continua sendo promissor e empregador de milhares e milhões de empregos por todos os continentes. Como foi dito, a fusão de profissionais especializados na área, potencial genético dos animais, sanidade, bem-estar, medicina preventiva, medidas profiláticas e outros tantos fatores tiveram impacto direto na alta produção da região e produtividade das vacas, bem como na lucratividade dos países produtores e aquecimento do setor primário da economia e das indústrias, tendo mercado do leite industrializado internamente ou para a exportação e/ou do próprio leite in natura.

Os países desenvolvidos, são responsáveis por 2/3 (dois terços) de toda a produção mundial, ou seja, são produtores de 504 bilhões de litros no caso da produção de 2018. Juntos, eles apresentam uma taxa de crescimento variável conforme as implicações e limitações nas propriedades e no próprio mercado, todavia, essa taxa de variação do crescimento gira em torno de +0,5 à +1% ao ano e a produtividade média desses países gira em torno dos 6.000 à 7.000 kg leite/vaca/ano. Esses países, principalmente os EUA e os países da EU, contam com elevados subsídios que vêm apresentando tendência declinante nos últimos anos conforme apontam os especialistas. Nos países subdesenvolvidos, a produção em 2018 foi de 336 bilhões de litros e a taxa de crescimento anual desses países gira em torno de +3 à +5%, muito superior aos países já desenvolvidos. A produtividade desses países em desenvolvimento de 1.500 à 2.500 kg leite/ano/vaca, também encontrasse em crescimento mediante o emprego de especialização e genética, contribuindo, assim, com maior volume para a oferta mundial do produto no mercado. Observe as tabelas 5 e 6 abaixo sobre a produção média dos países desenvolvidos e em desenvolvimento num intervalo que vai de 2007 à 2018.

Tabela 5: Produção mundial de leite dos países desenvolvidos de 2007 à 2018. (Valores expressos em bilhões de litros)

2007 2010 2012 2015 2018
334 360 420 460 504

 

Tabela 6: Produção de leite dos países subdesenvolvidos entre 2007 e 2018. (Valores expressos em bilhões de litros)

2007 2010 2012 2015 2018
227 240 280 300 336

 

Os dados obtidos e expressos nas tabelas, demonstram o avanço da produção leiteira, bem como a análise sobre a crescente produção dos países em desenvolvimento. Especialistas apontam que a crescente produção dos países subdesenvolvidos e a implementação de técnicas cada vez mais precisas e aprimoradas terá como consequência a equidade da produção com os países já desenvolvidos e, futuramente, será possível a ultrapassagem produtiva dos países subdesenvolvidos dos países desenvolvidos.

Nos países desenvolvidos, a produção leiteira passou de 334 bilhões em 2007 para 504 bilhões de litros em 2018, ou seja, a produção obteve um aumento de 50% em média em uma única década. Por sua vez, nos países subdesenvolvidos, a produção aumentou de 227 bilhões em 2007 para 336 bilhões de litros em 2018, um crescimento de 48% em sua produção.

O crescimento no volume de leite produzido nos países subdesenvolvidos deve-se, principalmente, ao crescimento da produção indiana (+5,6%) e do Paquistão (+3%) na Ásia, do Quênia na África e do Brasil (+0,8%) na América do Sul. Os países desenvolvidos apresentaram crescimento expressivo e pouco superior aos subdesenvolvidos, e os maiores responsáveis por esse crescimento foram a Rússia com 32 bilhões de litros, os EUA com quase 100 bilhões de litros ou 1/5 da produção total dos países desenvolvidos, a Alemanha, a França, a Inglaterra e o aumento de +4,4% da Nova Zelândia.

A pecuária leiteira ocorre basicamente em todos os países do mundo, todavia a heterogeneidade do processo produtivo e o volume de produção entre os países é marcante. Na tabela 7 observam-se os dez principais países produtores de leite de 2017.

 

Tabela 7: Dez maiores países produtores de leite em 2017. (Valores expressos em bilhões de litros)

EUA Índia China Brasil Alemanha Rússia França Nova Zelândia

Turquia

Reino Unido
91,3 60,6 35,7 34,3 31,1 30,3 27,7 18,9 16,7 13,9

 

A produção mundial em 2017 foi de 812 bilhões de litros, como já foi citado, e esses dez países presentes supra na tabela, correspondem a 45% do volume produzido no ano em questão, ou seja, quase metade da produção mundial de leite está nas mãos de dez países. O Brasil, em 2017, foi responsável pela quarta maior produção de 2017, com aproximadamente 34,3 bilhões de litros produzidos no ano, representado 4,5% da produção total do mundo no ano em questão. Em 2018, essa produção superou os 36 bilhões de litros, obtendo queda na participação mundial, que passou a ser de 4,25%.

Por fim, são infinitas as mudanças geográficas da produção leiteira no mundo, o que ocasiona a heterogeneidade nos sistemas produtivos e no volume produzido pelos países. Consequentemente, essas transformações causam mudanças na oferta do produto e o surgimento de maior competitividade entre os países produtores, possibilidades de implementação de novas tecnologias e estratégias definidas de inserção no mercado global.

Emanuel Isaque Cordeiro da Silva – Departamento de Zootecnia da UFRPE

Recife, 2019.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

EMBRAPA. Base de dados. Embrapa gado de leite. Disponível em: . Acesso em: 23 de outubro de 2019.

FAO – FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS. FAOSTAT database, 2017. Disponível em: . Acesso em: 22 de outubro de 2019.

Idem. FAOSTAT database, 2018. Disponível em: Acesso em: 22 de outubro de 2019.

FORMIGONI, I. Quais são os principais países produtores de leite?. Farmnews.com. Disponível em: . Acesso em: 23 de outubro de 2019.

ZOCCAL, R. et al. A Nova Pecuária Leiteira Brasileira – Produção mundial. In: BARBOSA, S. B. P.; BATISTA, A. M. V.; MONARDES, H. (Orgs.). Anais do 3° Congresso Brasileiro de Qualidade do Leite. Recife: CCS, 2008. pps. 85-87.