Produção De Arcabouços Porosos 3d De P3hb Para Bioengenharia De Cartilagem
Por Andressa Rocha | 26/05/2008 | ArteA bioengenharia tecidual é uma área de estudo que compila conhecimentos
de biologia, medicina e engenharia de materiais, com o objetivo de
propor técnicas alternativas nos tratamentos clínicos para reparação de
lesões ou de função tecidual. Diversos tipos de biomateriais vêm sendo
utilizados na prática da bioengenharia, e são elementos fundamentais
para a bioengenharia de cartilagem.
O biomaterial estudado neste
trabalho foi o poli-3-hidroxi-butirato (P3HB), biopolímero
termoplástico, biodegradável e biocompatível. Dores nas cartilagens
articulares de diferentes origens são as maiores causas de inatividade
de pessoas de meia idade e de difícil tratamento com os métodos
disponíveis atualmente.
O uso de métodos de bioengenharia pode ser um
caminho apropriado para geração de peças de cartilagem in vitro para
tratamentos de lesões. Nosso objetivo foi produzir e testar matrizes na
forma de membranas e arcabouços porosos 3D de P3HB para cultura in
vitro de condrócitos humanos, além de estudar as interações deste
material com tecido subcutâneo de camundongos. Para a produção dos
arcabouços, o pó de P3HB foi dissolvido em clorofórmio, gotejado
diretamente em lamínula de vidro para formação das membranas, ou
misturado com diferentes faixas de cristais de NaCl (38 - 53, 53 - 75 e
75 -150 m) para formação do 3D.
Os arcabouços estéreis foram
implantados subcutaneamente em camundongos e mantidos por 01 e 04
semanas. Condrócitos isolados de cartilagem articular humano foram
semeados nos materiais e cultivados por 07 dias. Os biomateriais com
células e os removidos dos dorsos dos camundongos foram preparados para
observações por microscopia óptica e eletrônica de varredura.
Observou-se a presença de poros interconectados e homogeneamente
distribuídos nos diferentes arcabouços produzidos.
Nas membranas, as
células puderam se aderir, mas se diferenciaram para fenótipo
fibroblastóide. Foram encontradas células distribuídas ao longo da
superfície e em regiões internas dos arcabouços 3D, com morfologia
esférica sugerindo a manutenção do fenótipo condrocítico. Os arcabouços
removidos do subcutâneo apresentaram células fibroblastóides
distribuídas por todo material, e ausência de sinal de inflamação
grave. Este biomaterial se mostrou promissor na cultura e
biocompatibilidade tecidual, mas necessita de mais estudos para uma
possível aplicação no reparo de lesões de cartilagens articulares.