PROCURA-SE O FLAUTISTA DE UMA RAMELIM QUALQUER...

 

 

Era uma vez um reino, onde todos os seus súditos dormiam. Dormiam profundamente...

Tão profundamente que não sentiam fome, frio. Nunca se indignavam. Todos dormindo, profundamente...

Nada se discutia dentro de suas muralhas. O silêncio imperava. Todos dormindo profundamente. Às vezes, um som surdo se perdia no horizonte. Um trovão. Mas ninguém acordava.

Lá fora os ratos roíam tudo o que encontravam. Aqueles que por natureza são sorrateiros, silenciosos. Sem qualquer temor, à luz do dia, enquanto todos dormiam, não tinham medo. Refestelavam-se.

Ratos gordos. Ratos todos, menos os dorminhocos. Esses nada faziam. Esses nada sabiam.

Som das palavras cordadas, discursos ensaiados. Todos ouviam, ninguém escutava.

Sonâmbulos, todos, caminhando com os ratos aos seus pés. Nada sentiam, nada podiam, estavam todos a hibernar.

 

                                               ALEXANDRE GAZETTA SIMÕES