Os problemas de hoje são as consequências das soluções tomadas ontem. No entanto, a pressão é sobre as pessoas que dirigem hoje,  continuando  a colocar as pessões sobre as mesmas grandes escolas:  ENAP, ENA, Politecnica, Central, Artes e Ofícios, ESSEC, HEC ....

Não há um só problema? não deve mudar os dados e colocar outras pessoas?

Lembrarmos do ex-chefe do Banco Mundial não saiu  de uma grande escola, no entanto o crescimento é sempre 2 dígitos ....

A economia atual é liderada pelas grandes escolas e ainda  não é melhor ....

Não estou dizendo para não fazer estudos, mas apenas tomar  consciente de que a escola não é tudo ... a prova.

 Voltando ao  ponto de partida para levantar um problema de palavra: o secularismo, “al ilmaniya”, como linguagem e termo, foi deixado do lado desde muito tempo, durante o primeiro Nahda ( renascimento) árabe (1850-1914), pelos representantes  tradicionais da religião, seja"eles  muçulmanos ou cristãos. É verdade que os pensadores liberais deste Nahda militaram para algum tipo de secularismo, sem muito sucesso. Muitos pensadores do nahda árabe- procuraram para encontrar nos textos mesmos da religião  a solução dos problemas de suas sociedades, destacando que o termo foi julgado extranho (Dakhil) para a realidade social, religiosa e política do mundo árabe-muçulmano e não corresponde às ambições do seu povo.

Se quermos racionalista e universalista, pode-se dizer que o secularismo pode ser uma solução para todos os males do ser humano, separando de forma radical entre religião e Estado, sendo este último corpo neutro rege os instrumentos de violência em prol da não-discriminação, que administra o sistema de direitos e deveres de cada um vis-à-vis de outro e do próprio Estado. Bem como das liberdades essenciais dos indivíduos, que limita a religião na esfera privada do indivíduo ou da comunidade, tomando em apoia o desenvolvimento econômico e social ao serviço de todos.

É verdade que este secularismo atrai elites ou mesmo correntes políticos e sociais no Brasil  e no mundo árabe. Perguntando se  as nossas sociedades estão prontos para receber tal realidade, que é mais do que um sistema formal? Não é uma filosofia de vida, uma opção política, e um sistema sócio-político e moral de valores humanos, apoiado sobre o legal que privilegia o que é positivo e racional? Será que isso não se apresenta como um secularismo integral e radical, sem tomar conta dos princípios religiosos e metafísicos indiscutíveis?

Para responder a estas perguntas, é evidente  que o conceito de laicismo precisa ser reformulado, em substância e na forma, porque as nossas sociedades de hoje, mesmo que elas necessitam, não podem assumir tal como. Estas sociedades têm como características o pluralismo religioso, educacional, étnica e culura, representado como um rol capital pela aceitação da pluralidade e da diferença. O que é importante ajudar a desenvolver uma experiência existencial desta pluralidade, em respeito conjuntamente às comunidades e aos indivíduos. Essa experiência não está longe dos fundamentos da cidadania e no sentido ocidental, porque o  que nossas sociedades  procura na realidade e em crises sucessivas é representado pelo desejo e a vontade de viver juntos como objetivo final.

 Lahcen EL MOUTAQI

Pesquisador e Professor

Rabat -Marrocos