Nos últimos dias tenho refletido a respeito das lutas que fizemos no decorrer dos anos oitenta, principalmente para conquistarmos alguns direitos junto a Constituição de 1988. Quanta amargura, sofrimento, caminhada, garra e determinação para vislumbrar um futuro diferente.

Naquela oportunidade vivia no interior de Santa Catarina e, inúmeras vezes era preciso se deslocar para a capital e nos mobilizar para convencer colegas da importância da luta para ter direitos adquiridos! Foram tempos difíceis, muita incompreensão e momentos que passamos por necessidades materiais. O tempo deixou as marcas da luta em nossa memória: com dureza conquistamos direitos que devem ser preservados.

Vivemos um novo ciclo de arrocho para o trabalhador que nos rememora a história de lutas. Este ciclo é mais perverso, uma vez que o governo passa para a sociedade a necessidade de uma reforma que deve ser feita com perda de direitos conquistados! O perverso governo maquia a imagem desta reforma, afirmando ser ela importante e caso não aconteça à máquina governamental entrará em colapso; contudo, a verdade fica escondida e a imprensa, sequiosa por dinheiro, fica favorável aos seus patrocinadores, e o trabalhador, novamente torna-se alvo do governo que volta às costas para quem vive da força de seu trabalho. Essa é a lógica do sistema capitalista que aposta na exploração do operário, este deverá trabalhar ainda mais para sustentar um sistema injusto e cruel para o mundo do trabalho.

Escrevo este artigo, pois, como professor, ligado com a rede pública, alerto ao grupo de servidor público, de todas as áreas, fomos ‘eleitos a camada que faliu a estrutura do governo’ e espalha o engodo que a Previdência Social não terá estrutura para pagar as aposentadorias. Vamos aceitar calados tais barbaridades deste governo que se guia por interesses econômicos?

Confesso que estou receioso com algumas lideranças sindicais, elas sem escrúpulo, envolveram-se em questões partidárias, em interesses próprios, algumas afundaram muitos sindicatos e esqueceram suas lutas; contudo, este momento é de juntarmos força e demonstrar para o governo que temos a capacidade da mobilização.

Enquanto escrevia este artigo, recebia informações que na próxima quarta, dia 15/03, milhões de educadores no Brasil irão paralisar suas atividades, uma vez que não aceitam a reforma da Previdência imposta pelo governo. Não tenho dúvidas os educadores, aliados a outros brasileiros, entenderam a força da mobilização e farão o governo refletir a respeito da crueldade desta reforma. O trabalhador não deve hesitar, deve participar das manifestações e demonstrar sua indignação para com este governo e, grande parte do Congresso Nacional, que se colocam contra o trabalhador.

Não é possível que nossas lutas sejam esquecidas e assistamos de braços cruzados a retirada de direitos trabalhistas. Defendamos a bandeira da mobilização como uma forma de fazer permanecer nossos direitos; não vamos deixar que deputados e senadores, ávidos do grande capital nos tirem importantes conquistas!

Faça sua parte, lute, mobilize-se e resista enquanto a democracia ainda é uma dádiva neste país. Infelizmente, muitos desinformados e ignorantes, até dela querem abrir mão.