• Solange dos Santos Melo
  • Neide Vital da Silva Barros

Para uma proposta de alfabetização construtivista, há que se buscar subsídios nos estudos e pesquisas de Emílio Ferreiro e Ana Teberosky. Com base na teoria de Piaget, elas descrevem o processo pelo qual a criança aprende a ler e a escrever e mostram que, para aprender a língua escrita, a criança precisa construir respostas para duas questões o que a escrita representa  e como se representa.

Nesse processo, a criança procura ativamente compreender a natureza da linguagem que se fala à sua volta. Buscando compreender melhor, ela percebe problemas, busca regularidade, constrói sistemas interpretativos, pensa, raciocina, inventa, coloca a prova suas antecipações etc. Enfim, reinventa o sistema da escrita esse objeto social particularmente complexo. As pesquisadoras não querem dizer que a criança reinventa as letras, mas que, para poder se servir desses elementos como componentes de um sistema, deve compreender seu processo de construção. Isto é fácil de dizer, mas difícil de aplicar na prática. A criança chega a escola com notável conhecimento de sua língua materna, um saber lingüístico que utiliza inconscientemente, nos seus atos cotidianos de comunicação. No meio urbano a criança está exposta à influência de uma série de ações que envolvem a escrita.

Naturalmente algumas crianças chegam a escola sabendo mais do que outras, suas conceituações possuem uma lógica interna que as torna explicáveis e compreensíveis sob um ponto de vista psicogenético, mas é necessário que o professor saiba perceber esses fatos.

Um professor que desenvolve o seu trabalho embasado nessas teorias não deve temer o erro nem o esquecimento. Deve primeiramente identificar o nível de conhecimento lingüístico de cada aluno e a partir daí, promover atividades ricas, prazerosas e desafiadoras que lhe oportunizam interagir com a linguagem escrita

A criança da pré-escolar e da alfabetização não é uma criança que vem pra escola como uma tabula rasa. Já traz consigo as marcas das suas condições de existência, seus hábitos, costumes e valores, em síntese, a cultura do grupo no qual está inserida.

A escola proporcionará a troca de experiências e informações, assim como o relacionamento com as outras crianças, propicionado-lhe um melhor relacionamento social. Isto lhe dará o direito de reconhecer, conquistar, criticar, criar e transformar a sua realidade.

O processo de alfabetizada terá como intuito aproveitar todas as experiências vivenciadas pelas crianças, levando as a praticá-las de modo criativo, dinâmico, espontâneo, buscando o seu pleno  desenvolvimento.

Numa proposta curricular pautada na linha cognitiva sócio – interacionista, o ponto de partida é a criança como centro do processo educativo.

A ação pedagógica considera que o meio apresenta-se para a criança pequena de forma sintética. É um todo, e isto determinará a forma em que se desenvolverão as atividades. Não caberá a nós propor um trabalho de modo segmentado, de acordo com as diferentes áreas do conhecimento.

Os conteúdos serão desenvolvidos de modo a levar a criança a conhecer o mundo nos vários aspectos em que se apresentam.

O trabalho se realizará tendo em vista desenvolver o ensino da língua. Compreendendo-a como elemento integrador gerador de entendimentos entre as várias áreas do conhecimento, compreendendo que a linguagem é determinada socialmente.

Será dada à criança oportunidade de aquisição gradativa de novas formas de expressão, reconhecimento e representação de seu mundo da forma que quiser.

Possibilitará a criança conhecimento sobre a palavra escrita de que o que ela escreve tem um significado e um significante.

O professor deverá dar prioridade às atividades e  critérios proposta pelos alunos.

Suas primeira escritas (tentativas) serão aproveitadas de maneira espontânea, criativa e dinâmica, com apoio de livros, historias, músicas, danças, dramatizações, revistas, jornais etc.

Seus desenhos e pinturas terão sempre destaque em todas as atividades executadas. Os trabalhos de expressão plástica não são apenas impressões que a criança deixa sobre o papel, mais evidências de seu estágio cognitivo.

Muitas vezes a criança passa para o papel aquilo que ela vivencia, isso será de grande utilidade para as atividades, é uma forma da criança, explicar o que ocorre no seu dia – a – dia, fantasiando o seu cotidiano de maneira realista, caracterizando tudo e a todos.

 SUGESTÕES DE ATIVIDADES PARA O MATERNAL

Antes do trabalho da criança com as atividades propostas, faz-se necessário um amplo trabalho do professor com material concreto e vivências. Os jogos, as brincadeiras, as rodas de conversa, a troca de idéias entre os alunos, tornam a aprendizagem um processo de construção do conhecimento por eles mesmos.

È muito importante que o professor alfabetizador saiba que tipos de atividades ou situações pedagógicas deverão ser desenvolvidas para que as crianças avancem nos seus estágios de desenvolvimento cognitivo. Vejamos alguns sugestões de atividades sugeridas para o maternal: 

  • Estabelecer regras juntamente com as crianças sobre os combinados (o que a criança pode ou não fazer).
  • Colocar os combinados num mural na sala de aula para serem sempre lembrados através da leitura.
  • Sob o comando do professor, movimentar diversas partes do corpo braço, perna, cabeça etc.
  • Rolar no chão subir e descer escadas, saltar pequenos obstáculos como: caixas, pedaços de madeira, pneus etc. 
  • Jogar bolas, rolar pneus ou aros, montar e desmontar objetos de encaixe, fazer pares de objetos: latas e tampas, caixas e tampas, lápis e borracha, meias e sapatos etc.
  • Conversar com os coleginhas, contando sobre os acontecimentos vividos no seu dia-a-dia, casos e histórias ouvidas em casa dos pais e avós.
  • Trazer de casa os seus brinquedos para a hora dos brinquedos. Espalhar os objetos e brinquedos pela sala e deixar que brinquem a vontade.
  • Com materiais e sucatas trazidos pelo professor e alunos: caixas diversas, vidros de plásticos, diferentes tipos de latas, rótulos, tampinhas, embalagens de ovos, copos de iogurte, palitos de picolé etc. Pedir que agrupem (organizem) a vontade, por tamanhos, cores, tipos iguais, contar, distribuir e agrupar objetos.
  • Fazer jogos utilizando os crachás ou a ficha com os nomes.
  • Folhear revistas e livros de historias para nomear figuras, personagens, figuras conhecidas, descrever gravuras, contar histórias etc.
  • Fazer pinturas a dedo, com pincéis grandes, rolos, esponja etc.
  • Fazer colagem com papel rasgado (folhas de revistas, jornais, papel fantasias, de seda, crepom e outros).
  • Construir com sucatas: animais, bonecas, carrinhos, casinhas, objetos etc.
  • Brincar com argila, criando formas e deixar secar, depois pintar com guache.
  • Expressar os sentimentos e emoções através da pintura, modelagem, desenho etc.
  • Desenvolver a criatividade (inventando história, dramatizando, fazendo construções, pintando desenhando, dançando, cantando), dentre outras inúmeras atividades. 

1° Período - 04 a 06  Anos 

Em todo processo de alfabetização, devemos cuidar para que todas as atividades de leitura e escrita proposta aos alunos apareçam contextualizadas e associadas a uma significação, isto é, ligadas a aspectos da vida das crianças ou ás atividades que realizam em sala de aula ou em casa. A criatividade do professor na seleção e elaboração das atividades fará com que as crianças assimilem, gradativamente, a palavra escrita e falada de forma prazerosa e natural.Vejamos algumas sugestões de atividades para trabalharmos com crianças de 04 à 06 anos:

  • Fazer a lista dos combinados com os alunos, estabelecer as regas de conduta com os alunos na sala de aula (o que pode ou não fazer) fazer uma lista e pregar na sala de aula.
  • Ler pequenas histórias e recontar do seu modo.
  • Identificar sua ficha ou crachá entre as fichas do colega.
  • Recortar ou rasgar de revistas ou jornais palavras que comecem iguais a inicial do nome.
  • Escrita do nome ou montagem do mesmo através das letras móveis.
  • Mostrar gravuras fotografias, pedindo que criem histórias oralmente.
  • Colocar várias sucatas para que agrupem conforme suas semelhanças
  • Pedir que descrevam situações vividas pelas crianças
  • Mostrar objetos ou figuras pedindo o nome, para que servem e, que mostrem como alfabeto móvel a inicial do objeto mostrado.
  • Desenvolver a iniciativa e a independência da criança propondo atividade ou brincadeiras que possam ser realizadas pela turma.
  • Deixar que manuseiem à vontade livros, revistas, jornais, revistinhas infantis e enciclopédias, para que explorem e descubram a sua funcionalidade.
  • Fazer mímicas para os colegas descobrirem: correr, andar, chorar, rir, comer etc.
  • Pedir a cada criança que fale seu nome completo, endereço, bairro, telefone.
  • Pedir que relatem em ordem cronológica acontecimentos do seu dia-a-dia.
  • Deixar que criem figuras à vontade com revistas, papéis diversos, cola e tesoura.
  • Dar brinquedos de encaixe, caixas, latas, copinhos de iogurte, tampas de tamanhos diferentes, parafusos e porcas, etc. Para desenvolver os músculos das mãos e dedos.
  • Através de joguinho, falar pequenas frases e pedir que repitam bem depressa. Quem errar sai do jogo. Ex.: O macaco pulou o galho e caiu em cima da onça.
  • Dar pequenas trava-línguas e pedir para repetir: Ex.: O rato roeu a roupa do rei de Roma.
  • O sapo com a sapa, sapiando o sapato e o sapo batendo papo com a sapa dentro do saco.
  • Memorizar parlendas ou pequenos poemas para depois fazerem reescrita à vista do modelo.
  • Organizar jogos e brincadeiras, pedindo que indiquem as partes do seu corpo.
  • Brincadeira do espelho: as crianças em roda, sendo duas a duas de frente para outra. Uma faz os gestos e a outra acompanha. Depois a outra criança é quem comanda a brincadeira.
  • Mostrar gravuras com vários objetos iguais para que comecem a verbalizar os plurais.
  • Fazer gestos de irritações com a ajuda de músicas infantis.
  • Desenvolver a capacidade de inventar, ter idéias novas (criatividade).
  • Despertar motivações para realizar atividades ou tarefas e a satisfação de conseguir realizá-las.
  • Ajudar na organização da sala.
  • Jogar com regras.
  • Cuidar do material coletivo.
  • Compartilhar responsabilidades com outras crianças em forma de rodízio.

2º Período– 06 A 07 Anos. 

As atividades devem ser elaboradas ou selecionadas pelo professores visando aos alunos em situações desiguais dentro da psicogênese.

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