Práticas educativas com as crianças de zero a três anos 

Este artigo tem como objetivo, mostrar algumas práticas educativas com crianças de zero a três anos, pois, entende-se que é nessa fase da educação infantil, que os pequenos, inicia-se as suas descobertas, levando-os, a reflexão, possibilitando aos mesmos, as construções das estruturas mentais.

As construções das estruturas mentais, segundo Piaget (1987), começam a se consolidar a partir da formação dos esquemas que, inicialmente, surgem por meio das ações reflexas inatas expressas no reflexo de engatinhar, reflexo pegar, reflexo pular e entre outros. Vale ressaltar, que a construção desses esquemas ocorre por meio da formação do processo cognitivo de adaptação, que segundo Piaget (1987) é composto por dois polos: a assimilação e a acomodação.

A fim de melhor compreender os processos de adaptação, assimilação-, as autoras exemplificam a seguir. Imagine uma criança que nunca viu uma wakie talkie. Inicialmente ela tentara manipulá-la, usando seus esquemas motores anteriores, então usará o objeto como se fosse, um celular, pois acredita que é um celular. Ao perceber que não obteve sucesso na manipulação do objeto, desequilibra. No entanto, ao utilizar seus esquemas de manipulação ou pela mediação do adulto ou pela imitação ou mesmo pela observação de seus pares, adapta seus conhecimentos anteriores aos novos conhecimentos, e assim, constrói um novo aprendizado que a leva a utilizar a wakie talkies adequadamente. Neste exato momento, a criança passa para a fase de acomodação, pois ela adquiriu um novo conhecimento, um novo esquema e consequentemente uma nova adaptação à sua estrutura mental.

Segundo Piaget (1987) é por meio das interações entre as pessoas e os objetos, que as crianças procuram se adaptar ao meio em que vivem, e é este movimento que proporciona o desenvolvimento da inteligência.

As autoras ressaltam, que em plena era da contemporaneidade é imprescindível que o docente da educação infantil, compreenda que o processo de aprendizagem seja de forma continua e que seja por meio das interações, pois, ao mesmo tempo em que o professor ensina, ele também aprende e ao mesmo tempo em que o aluno aprende também ensina.

Este novo paradigma educativo, faz com que o professor descentralize o saber, e reconheça que a criança já possui conhecimentos prévios, adquiridos por experiências vividas fora da sala de aula, uma vez que a sala de aula não é o único espaço que a aprendizagem ocorre. Todo esse processo de ensino e aprendizagem se torna realidade a partir da apropriação de conhecimentos teóricos. Para as autoras, a aprendizagem ocorre por meio de situações que geram na criança conflitos cognitivos, neste contexto cabe ao docente de educação infantil organizar uma prática docente que leve o aluno a participar ativamente da construção de novos conhecimentos.

Utilizando propostas que privilegie o brincar, onde atraia e motive a criança a participar, pois, esse momento de espontaneidade faz com que ela se torne pesquisadora consciente do ensino, principalmente, quando os objetos fiquem ao seu alcance. Desta forma, gerenciamos o aprendizado à medida que escolhemos a proposta e disponibilizar no momento adequado, para a criança ter o contato e também compreender o que está posto, ou seja, o brincar deve ocupar um espaço central na educação das crianças, e o professor garantir que isso aconteça, criando espaços, oferecendo material e partilhando das brincadeiras.

Vale ressaltar que, ao lado das atividades de integração da criança à escola, devem-se promover a leitura e a escrita juntamente, utilizando-se para isto dramatização, conversas, recreação, desenho, música, histórias lidas e contadas, gravuras, contos e versos.

Percebe-se que quando a criança brinca, ela o faz de modo bastante compenetrado, pois, nesse momento, ela não está preocupada com a aquisição do conhecimento ou desenvolvimento de qualquer habilidade mental ou física, mas é nesse momento que ocorre a aprendizagem.

A partir da construção e da vivência em ambientes lúdicos com materiais escritos, a criança poderá ter a oportunidade de apresentar um comportamento de letramento. A grande contribuição da construção desse ambiente é a possibilidade de proporcionar o contato com a leitura e a escrita de maneira contextualizada, divertida e com possibilidade de transformação.

Diante deste fato, cabe ao professor fazer o uso desse conhecimento para promoverem atividades que estimulem aquilo que é essencial à criança aprender nas suas diferentes fases. Somente com essa compreensão, é que o professor desempenhará o seu papel de mediador entre a criança e seu objeto de ação, ou seja, o conhecimento. Resumo baseado no livro Organização do trabalho pedagógico na educação infantil: reflexão e pesquisa-Edilaine Vagula e Marlizete Cristina B. Steinle. Ensino e Alfabetização II- Raquel Rodrigues Franco. PIAGET, Jean. O Nascimento da inteligência na criança. 4. Ed.RJ editora Guanabara, 1987. Karina de Azevedo Santiago