PRATICAS EDUCACIONAIS PROMOVIDAS PELA COOPAPI EM APODI-RN 

                       A atual conjuntura político, social e econômica que eclodiu no cenário mundial, a partir da globalização, acirrou ainda mais a competitividade entre as empresas, mesmo as de pequeno porte. Por conseguinte os investimentos em tecnologia, marketing e qualificação profissional tornam-se cada vez mais importantes para o sucesso empresarial.  Em vista disso as empresas passam a conceber as pessoas como seu recurso mais valioso, é o que alguns autores denominam de capital humano ou intelectual (ODEBRECH e PEDROSO, 2010).

                 E uma organização que se preocupa com a qualidade de vida de seus funcionários tem ações voltadas para o bem estar, satisfação, segurança, saúde e a motivação de seus funcionários (BORTOLOZO e SANTANA, 2011).   Dentre todas as ações desenvolvidas para o bem estar dos funcionários em uma empresa pode-se apontar como destaque a formação educacional, para melhorar a qualidade e a eficiência de seus serviços. Além de contribuir com o aumento da escolaridade dos funcionários, essa ação educativa acaba por tornar-se uma ótima ferramenta de fidelização, pois o aluno/colaborador se torna responsável pelo aumento da qualidade do trabalho.             

                 Algumas empresas investem na Educação Corporativa, que pode ser vista como uma via de mão dupla, pois, ao mesmo tempo em que eleva a auto-estima e amplia a capacitação produtiva do funcionário, melhora seu desempenho funcional dentro da empresa, ocasionando um retorno de produtividade para a própria empresa.

                  A Educação Corporativa consiste em um projeto de formação desenvolvido pelas empresas, que tem como objetivo “institucionalizar uma cultura de aprendizagem contínua, proporcionando a aquisição de novas competências vinculadas às estratégias empresariais” (Quartiero & Cerny, 2005, p.24).    A Educação Corporativa se justifica, segundo a literatura, pela 'incapacidade' do Estado em fornecer para o mercado mão-de-obra adequada. Desta forma, as organizações chamam para si essa responsabilidade, defendendo o deslocamento do papel do Estado para o empresariado na direção de projetos educacionais – Teoria do Capital Intelectual. “As empresas [...] ao invés de esperarem que as escolas tornem seus currículos mais relevantes para a realidade empresarial, resolveram percorrer o caminho inverso e trouxeram a escola para dentro da empresa” (Meister, 1999, p. 23).                   

                  Essa ação se faz necessária pelo fato de que muito dos cursos que são fundamentais para o desenvolvimento dessas empresas não são oferecidos com a qualidade desejada por elas em outras instituições, fazendo com que as mesmas sejam forçadas a desenvolvê-los.

                  A Cooperativa Potiguar de Apicultura e Desenvolvimento Rural Sustentável (COOPAPI), com sede em Apodi, no estado do Rio Grande do Norte, foi fundada em 04 de abril de 2004, com o objetivo de impulsionar a comercialização de mel, derivados apícolas e produtos da Agricultura Familiar, como também incentivar na capacitação tecnológica dos cooperados, visando uma melhoria no manejo e uma agregação de valor aos produtos apícolas da região (TORRES et. al., 2011). Já nasceu com o pensamento voltado para a educação, que fora iniciada por um curso aprofundado de cooperativismo aos seus 22 sócios fundadores com a finalidade de capacitar-los pra o conhecimento da ação que desenvolveriam como associados no qual assimilaram o conceito, a história, os princípios básicos e a necessidade do prosseguimento visando distender uma melhor atuação junto aos cooperados e a comunidade local.   

                   Uma ação pioneira empreendida antes mesmo de existir formalmente o Departamento de Educação que atualmente se encontra fortalecido e atuante, agregando membros, que embora associados, não são produtores, mas, que mantêm ligação direta com a COOPAPI prestando assessoria, tendo esse, sido concebido com objetivo principal de aprofundar conhecimentos, e de consolidar parcerias que gerem oportunidade no acesso à educação aos associados e familiares, permitindo que os jovens em idade escolar que por algum motivo se sentiram forçados a abandonar os estudos possam retomar o curso escolar ao mesmo tempo em que se qualificam como profissionais e garantem seus empregos.

     Já se concretiza como resultado positivo dessa ação educativa, 01 turma concluinte do ensino fundamental e 01 turma do ensino médio do qual muito desses alunos já tentaram o ENEM, alguns entraram para a universidade e outros estão cursando o técnico profissional de cooperativismo. As aulas desses cursos já concluídos foram ministradas no período noturno à distância nas dependências da própria cooperativa e ou em parceria com a Escola Municipal Izabel Aurélia Torres.

                 Em articulação as suas ações de desenvolvimento a cooperativa busca parcerias, para incluir seus sócios no mundo globalizado. Desenvolveu em parceria com o Banco do Brasil a criação da Estação Digital, onde oferece aulas de informática aos associados e familiares. Em parceria com a com a UFRN e a Escola Agrícola de Jundiaí da rede ETEC, tornou-se pólo de educação a distancia com os cursos de cooperativismo. Em parceria com CENTERN de São João alguns associados e funcionários estão cursando gestão de cooperativas com o intuito de criar uma entidade de assessoria para concorrer a editais.

                 Tenciona ainda uma parceria com a Escola Agrícola para viabilizar aos associados um curso de agroindústria a fim de entender a produção de algo que vai ser disponibilizada para os empreendimentos futuros.

               Não é cobrado por parte da cooperativa nenhum retorno dos alunos beneficiados por essa formação. Embora não sejam obrigados a dar o retorno imediato para a cooperativa, muitos o fazem como uma maneira de incrementar a própria cooperativa e de mantê-la operando. Como por exemplo, a COOPAPI mantêm com o CENTERN (Centro Tecnológico do Rio Grande do Norte) de São João onde alguns cooperados e funcionários da cooperativa estão se capacitando no curso de Gestão de cooperativas com o intuito de criar uma entidade interna que promova a assessoria para concorrer aos diversos editais que são lançados na área.

                 Observa-se também que a os alunos/colaboradores que participam da cooperativa desde a juventude, nutrem uma paixão especial pelo cooperativismo e reproduzem essas ideias nos sócios mais jovens a fim de incitá-los a mesma paixão. Um exemplo disso é que nos cursos de informática quando os cursistas exercitam o Word, digitam as atas das reuniões das assembléias, e quando exercitam o Excel digitam as planilhas de custo de produção ou de prestação de contas da cooperativa, fazendo com que o aluno fique cada vez  mais familiarizado com  os assuntos da cooperativa. Tudo para aproximá-lo ainda mais da realidade que está inserido e desenvolver neles o gosto pelo cooperativismo, corroborando que a COOPAPI não é só a mola que impulsiona o desenvolvimento econômico da comunidade de Sítio Córrego, como é o elo que une toda a comunidade.

                 Fica evidente que à inquirição da ação educativa da COOPAPI elevou os índices de escolaridade dos habitantes da comunidade do Sítio Córrego (participantes ou não da COOPAPI), como também é fator coadjuvante para o declínio de desemprego legitimando-se pelo fato que contribui para a ascensão dos beneficiados, provocando neles a busca da expansão de seus horizontes através do conhecimento de que podem galgar novas perspectivas que antes lhe pareciam impossíveis. Desta forma, a Educação Corporativa apresenta-se como um meio de emancipação dessas pessoas, que conseguem vislumbrar outras formas de crescimento econômico, incrementando o próprio cooperativismo com novas possibilidades de enfrentamento diante das dificuldades.

                 Apesar de toda essa evidencia positiva, observa-se que a COOPAPI não inovou no repasse de sua prática educativa, se utiliza da mesma forma tradicional, elitizadora que demais escolas regulares, deixando  à  margem as camadas populares, menos favorecidas embora tenha em mãos um público diferenciado, com o qual poderia criar novas metodologias educativas partindo da realidade desses alunos e fazer a diferença.