PRÁTICA ESCOLAR: DO ERRO COMO FONTE DE CASTIGO AO ERRO COMO FONTE DE VIRTUDE
Por carliane rodrigues benicio | 02/02/2021 | Educação
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO – UEMA
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO
DISCENTES: CARLIANE RODRIGUES BENÍCIO; CLARA LIS DE SOUSA SILVA
LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. - 9. ed. – São Paulo : Cortez, 1999.
RESUMO CRÍTICO SOBRE O 3°CAPÍTULO DO LIVRO “AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR: ESTUDOS E PREPOSIÇÕES”.
PRÁTICA ESCOLAR: DO ERRO COMO FONTE DE CASTIGO AO ERRO COMO FONTE DE VIRTUDE
Com base no capítulo estudado, o autor enfatiza sobre o uso de castigos, sejam eles evidenciados ou sutis, como uma forma de reparo a um determinado erro, em que o aluno venha efetuar em sua trajetória escolar, infelizmente ainda é comum presenciar situações como as que o autor descreve em certas instituições de ensino e certamente influenciam muito no progresso dos estudantes, principalmente pelo lado negativo. Desta maneira, o processo de avaliação torna-se ainda mais difícil de ser realizado com sucesso, pelo fato dos alunos não conseguirem aprender com qualidade, pois ao invés de ser um procedimento que avalia continuamente a construção do conhecimento, acaba se transformando em uma ferramenta de punição, em que a ansiedade e o medo antecipado são as principais características.
A avaliação por muito tempo, tinha um formato voltado diretamente para a punição física, fazendo com que esse procedimento fosse visto como algo temido pelos alunos, os quais sofriam com os métodos adotados de acordo com cada época. Do sul ao nordeste ocorriam os castigos através de instrumentos como a régua e palmatórias, que serviam para bater na palma das mãos dos alunos.
Outra exemplo, era quando os alunos se ajoelhavam sobre grãos de milho ou feijão, e o tempo dependia do senso do professor sobre a gravidade do que havia ocorrido. Além dos castigos físicos citados, havia os castigos morais onde os professores colocavam os alunos expostos, através de situações de ridicularização diante da turma.
Na atualidade, muitas transformações aconteceram, e pode ser ressaltado que situações como essas já não são legitimadas. No entanto, os castigos tomaram outras formas, agora não se manifestam através da forma física, mas atingindo profundamente a personalidade e autoestima do aluno. Esse castigo acontece de forma sutil, camuflada, onde as vezes se torna imperceptível, mas não muda o fato de ser instalado o medo e a tensão dentro da sala de aula.
Através desse tipo de atitude do professor, é possível notar que o que importa não são quantos alunos aprenderam a lição, mas quem não conseguiu alcançar o que ele almejava, e assim poder expor o estudante diante de todos os outros, causando um desconforto no indivíduo e afetando futuramente qualquer participação que pudesse acontecer entre o aluno afetado. Existem castigos utilizados dentro da sala de aula que inibem a participação dos alunos em atividades, como retê-lo durante o intervalo, deixá-lo sem lanche e até mesmo passar tarefas extras depois da aula.
Além das ameaças constantes dentro de sala de aula referente a família do aluno, alertando-o constantemente que irá comunicar aos pais sobre qualquer falha que aconteça. Todas essas formas de castigos, sendo elas físicas ou não, cooperam para que o desenvolvimento integral do aluno seja afetado de forma significativa, causando um stress interior, dificultando a aprendizagem e principalmente deixando marcas por toda a vida escolar.
Levando em conta todos os apontamentos do texto abordado, é possível refletir sobre o sentido que se atribui a palavra “erro” e como ainda é considerada o motivo de julgamento e castigos na prática educativa.
Frequentemente, muitos professores se limitam na forma em que avaliam os seus alunos, na sua visão há apenas um caminho já estabelecido para se alcançar à aprendizagem e quando os estudantes não conseguem atingir o esperado, acabam considerando um erro e consequentemente ocorrem punições em algum momento. O autor é muito enfático ao descrever as diferenças entre erro e insucesso, os quais são fatores que também trazem grande significado na vida de qualquer indivíduo, no caso o aluno, que a partir do ponto em que são orientados pelo docente, de maneira reflexiva e sensível, torna-se mais fácil obter o resultado pretendido com maior qualidade. No entanto, é comum presenciarmos situações sutis, seja na escola ou em outro espaço social, em que a pessoa recebe algum julgamento que não é construtivo no que diz respeito ao seu crescimento cognitivo e ao longo do tempo isso pode se transformar em uma sensação de culpa, frustração ou até mesmo há um pensamento de incapacidade.
Então, principalmente na escola, é importante levar em conta todos os esforços, as pequenas conquistas no decorrer do percurso escolar, pois através dos erros/insucessos também há aprendizagem, pelo fato de se avaliar o que pode ser melhorado tanto em nós mesmos como em nossas ações, de modo que seja trilhado outro caminho para o avanço, assim como afirma o autor.
É válido ressaltar, que a avaliação precisa ser uma ferramenta que propicie um autoconhecimento efetivo de ambas as partes, docentes e estudantes, e não um instrumento de punição ou seletividade. Segundo Luckesi (1999), o processo avaliativo deveria servir de suporte para o desenvolvimento da prática pedagógica, voltada para o progresso gradual de cada aluno, de acordo com as suas singularidades, nesse sentido, muitas atitudes precisam ser revistas, pois algumas vezes o insucesso na aprendizagem não é compreendido pelo professor e por não saber como contornar a situação ou torná-lo um motivo de superação, certamente o ensino e aprendizagem são comprometidos.
Dessa forma, é necessário repensar sobre a influência que o julgamento antecipado e o uso de castigos, sejam eles sutis ou evidentes, causam na vida de um aluno, nessa perspectiva, deve haver uma orientação adequada, para que o próprio sujeito reflita e busque novamente oportunidades de alcançar o que se almeja, além de ver nos erros a chance de evoluir.