Pragmatismo Político. É assim que devemos encarar o 2º Turno dessas eleições para governador e presidente em 2018. Ou seja, visar o resultado prático do pleito!

Não dá para ficar em cima do muro quando se trata de combater ideias xenófobas, racistas, machistas, autoritárias e tudo que representa atraso para o pleno desenvolvimento da civilização. É isto que está em jogo! Civilização ou Barbárie! Isto não tem nada a ver em abandonar princípios.

A luta de classes é uma luta política, e a luta política é luta de interesses. Quando se escolhe um candidato, escolhemos quem vai defender nossos interesses, quem vai defender os interesses da classe social da qual fazemos parte. Se sou trabalhador assalariado, não faz o menor sentido votar em um grande empresário. Não se trata aqui de uma questão pessoal, ou se o empresário é um sujeito bom ou mau! Quando o deputado federal ou estadual vota, o que se manifesta é apenas defesa de interesses!

Quando o deputado-empresário vota a favor da reforma trabalhista ou da reforma da previdência, está defendendo os seus interesses! Está defendendo interesses de classe, de sua classe econômica e social! Para o empresário, sem visão política e sem a menor noção do funcionamento do sistema capitalista que defende, pagar menos direitos aos trabalhadores significa aumentar lucro. Mas, por outro lado, ele espera que o seu concorrente pague melhores salários aos funcionários, pois dessa forma teriam mais dinheiro para comprar os produtos ou serviços que ele produz ou fornece!

É assim que funciona o sistema capitalista! Não se trata de uma opção!

A política não está em hipótese alguma desassociada da economia, do interesse pelo lucro e pela acumulação de capitais! Ao contrário, a política é o braço principal da superestrutura do Estado para garantir a perpetuação do sistema! Para garantir o “status quo”, para garantir a situação vigente! Não perceber isso é não entender o funcionamento do capitalismo, é não entender a sociedade em que vivemos!

Como cita o historiador e filósofo Claudio Blanc, Maquiavel é muito criticado porque via a política exatamente como ela é, e não como a gente gostaria que ela fosse. Maquiavel não misturava política com ética! Se recusou a tratar a política e os assuntos políticos como questões éticas. Por mais que gostemos que isso não fosse realidade, a realidade é assim! É exatamente isso que o torna tão brilhante e ao mesmo tempo tão criticado pelos que não o conhecem com um mínimo de profundidade! Ao defender estas ideias, Maquiavel se transformou em adjetivo para pessoas falsas, oportunistas, cruéis e sem escrúpulos, passou a ser conhecida como pessoa maquiavélica! Nada mais equivocado!

Não estou afirmando que não devemos ser éticos, estou dizendo apenas que no ambiente político a ética não está presente nas atitudes da maioria dos políticos, pois a maioria quer se eleger para defender interesses pessoais ou de grupos econômicos que os elegeram.

O que está em jogo nestas eleições não é se Eduardo Paes é menos ou mais corrupto ou competente que seu adversário. Até porque, o outro nunca administrou nada! É um ilustre desconhecido que dois dias antes das eleições tinha 4% de intenção de votos e quando abriu as urnas o resultado de 41% surpreendeu até mesmo quem votou nele e assustou quem não tinha votado!

Eduardo Paes nós já sabemos quem ele é! Com quem ele está comprometido! Nunca foi uma opção política para nós trabalhadores! Defende o capital. Defende a negociata! Defende a execução de grandes projetos para transferir recursos públicos para grandes grupos econômicos. Defende a acumulação de capitais concentrado nas mãos de grandes empresários!

Ao votar em Eduardo Paes não estamos votando nele, estamos votando em nós, estamos votando no que é menos pior para nós trabalhadores; é assim que devemos encarar esta eleição e nosso voto. Isto pode ser cruel e pragmático demais para algumas pessoas, mas é a pura realidade. Estamos numa sinuca de bico, temos que fazer a jogada com a maior chance de enfraquecer nosso adversário maior em caso do pior cenário prevalecer: a eleição de Bolsonaro para presidente!

As negociatas de Paes podem ser contidas pelo Tribunal de Contas, pelo MP ou pela PF, podem ser provadas caso venham acontecer, basta as instituições competentes do judiciário deixarem o ativismo político de lado e cumprirem o seu papel.

O que pode surgir com a eleição de Witzel é mais difícil de se lidar e impedir, pois suas ideias e afirmações mexem com o imaginário da população, é subliminar, não é fácil de caracterizar ou desconstruir. Quando se percebe, a serpente já colocou o ovo, saiu do ninho e está nos asfixiando e controlando concretamente.

O que interessa, de fato, é que este candidato, prega o ódio e a violência! Acha que vai resolver problemas estruturais complexos na base da porrada! Acha correto quebrar uma placa de rua em homenagem a Vereadora Marielle Franco, assassinada covardemente em 14 de março deste ano e até agora sem nenhuma conclusão e satisfação para a sociedade sobre os mandantes e executores do crime! Quebraram uma placa que simbolizava o sonho de mais de 46 mil cidadãos que votaram nela em 2016 e de todos que lutam por um Rio melhor, com menos desigualdade e violência!

O que é relevante para esta eleição é que este candidato é apoiado diretamente pelo candidato a presidente Jair Bolsonaro, que defende a tortura, que afirma que o grande erro da ditadura foi não ter matado uns 30 mil militantes da esquerda, que afirma, dentro da Câmara Federal, para uma parlamentar “... falei que não ia estuprar você porque você não merece ...”, faz apologia o tempo todo às ideias fascistas! É isto que está em jogo no segundo turno, não tem projeto político, não existe discussão programática! As candidaturas Bolsonaro e Witzel representam a volta a tempos sombrios, representam a política do calabouço! É a civilização contra a barbárie!

A porta já foi arrombada; o que está em jogo agora é se vamos permitir figuras nefastas que defendem e praticam ideias fascistas ocuparem a cadeira principal do Palácio Guanabara e do Palácio do Planalto.

É disto que se trata! É isto que temos que escolher! É isto que temos que decidir e votar em 28 de outubro! Se queremos um governo, para o Rio de Janeiro e para o Brasil, ruim para os trabalhadores e com direito a levar um combo de opressão, autoritarismo e flertando com ideias fascistas. O monstro que vai submergir das urnas será fruto de nossa escolha e também de nossa inteira responsabilidade!