POR UMA QUESTÃO DE BOM SENSO E INTELIGÊNCIA ...

É sabido que durante e após a revolução houve pessoas que contribuíram de forma positiva ou negativa com ela, na condição de colaboradores civis ou militares espontâneos ou subordinados.
Assim como no governo de Lula (ou de sua sucessora) existiu e existe gente corrupta sem que Lula ou Dilma saibam ou tenham culpa, visto que a corrupção está infiltrada em todos os setores, também não se deve culpar ou responsabilizar diretamente aos chefes militares pelo que houve de mau ou criminoso em seu governo nem indiscriminadamente aos que nele tiveram participação, mas àqueles que, nos bastidores, se prevaleceram daquela situação para perseguir, atacar, torturar e matar em nome da revolução de 64.
Depois que tudo terminou e voltou a ?democracia?, com a conseqüente anistia dos políticos cassados e ativistas ?foras da lei?, aqueles colaboradores obrigatórios ou espontâneos (bons ou maus) do regime militar ficaram espalhados pelos diversos partidos que sucederam aos dois partidos tradicionais da época que eram a ARENA (situação) e o MDB (oposição).
Muitos desses colaboradores, civis ou militares, enfiaram a viola no saco ou penduraram as chuteiras e hoje, embora militem em seus partidos, são cidadãos pacatos; mas outros continuam tão reacionários e rancorosos como antes, e não perdem a oportunidade de atacar verbalmente por conta própria, como se isto fosse um dever pessoal, cívico e sagrado, aos antigos e eternos inimigos, vivos ou mortos, sendo que os mortos, obviamente, não têm como reagir, contestar ou se defender.
Se considerarmos o condor, o grande pássaro andino, não como símbolo de uma aliança entre os regimes militares do passado (?Operação Condor?), porém como um símbolo representativo da liberdade dos povos, da qualidade humana, do caráter e da grandeza de um determinado tipo (civil ou militar) de pessoas, independentemente da posição ideológica que tenham ou na qual se encontrem dentro de um regime, necessariamente havemos de encontrar outros seres que simbolicamente representem o seu oposto.
Em todas as épocas e países tivemos de ambos os lados de uma situação interna de confronto aqueles que, independentemente do fato de serem civis ou militares, foram e ainda são tão grandes por si mesmos que não precisam e não querem que ninguém os nomeie ou identifique.
A recente operação policial e militar levada a efeito no Rio de Janeiro, com o apoio das forças armadas, deixou bem clara essa situação. Foi novamente uma vitória de condores e não de ratos ou de piolhos. E não autoriza a ninguém o privilégio de jactar-se, posar de herói ou de bandido.
Por uma questão de bom senso e inteligência, os verdadeiros heróis e bandidos, enquanto vivos, não aparecem em manchetes, nem em colunas sociais, literárias ou em filmes, nem são entrevistados pela mídia. Eles agem no silêncio e fazem questão de permanecer anônimos.

(Luciano Machado)