Uma África Emagrecida Por Políticos Barrigudos

Em seu inesquecível livro, O Capital, Karl Marx escreve que, o Homem faz a sua história, mas não a faz como ele quer. O Homem faz a sua história de acordo com os meios materiais que o circundam.

Marx escrevia em gesto de respostas aos jovens hegelianos que, tudo faziam para manter ainda viva a hegemonia do idealismo hegeliano, hegemonia sustentada na assertiva de que, o movimento dos espíritos é precipitado pelas ideias que os espíritos têm sobre a realidade e que, a totalidade dos espíritos (Estado) é absoluto e que, os espíritos são não só absolvidos como também dissolvidos nele. Ou seja, o Estado é maior em relação aos indivíduos.

Marx, entendeu à priori (usando a terminologia kantiana) que, espiritualizar a realidade é ocultar os germes das desigualdades sociais, aquelas denunciadas por Rousseau no ferver da modernidade quer líquida (Bauman) ou quer hiper (Lipovetsky), dado que, no entender de Marx, toda História humana até hoje não passa da luta de classes.

Assim, enquanto Rousseau via na propriedade privada a expressão maior das causas das desigualdades sociais, Marx via no sistema capitalista a génese dos males que a classe proletária enfrenta na sociedade capitalista avançada como chama Marcuse.

Nesta sociedade, o fundamento da economia é expressado por meio do capital (dinheiro), por isso, o homem nela, transforma-se em mera mercadoria, para além da mercadoria que ele pretende vender.

Ainda na sociedade capitalista avançada, o mais importante não é ter a força de trabalho (por exemplo, os agentes M-pesa e E-mola que, com as suas forças de trabalho, vivem dia-à-pois dia na rua, suportando todo o frio de Abril e toda a poeira de Junho, conduzidos por uma pressão ancorada por detrás da ideologia de arranjos de auto-sustento, no entanto, sem terem a menor ideia de que, nesse jogo se esconde à astúcia da livre circulação do capital artista-parasita), mas sim, possuir os meios de produção (por exemplo, o sistema que sustenta as carteiras móveis que permitem ao homem guardar, levantar e transferir dinheiro a partir de um celular) o que constitui uma autêntica efectivação da exploração do homem pelo homem.

Eis o porquê do falhanço da profecia de Marx, baseada na utopia de que, o sistema capitalista não deveria constituir tanta ameaça para o Homem oprimido, pelo facto de tal sistema caminhar em direção a sua aniquilação. Marx equivocou-se. O Capitalismo auto renova-se. Hoje, caminha em direção ao mercado do neoliberalismo, (Castiano). Explora não só, o corpo por meio da política da disciplina (Foucault) como também, a mente por meio da psicopolítica (Byung-Chul Han). É por isso que o chamo de capitalismo astucioso. Pese embora a sua limitação visionária, Marx não parava e gritava mesmo com sua voz roca: "trabalhadores do mundo, uni-vos". Quê sábio Marx foi! Este clamor, confirma a ideia de que, Marx aspirava por revoluções acima de revoluções em defesa da classe oprimida.

Daí, sucederam várias revoluções na Europa. Só que, essas revoluções porque foram motorizadas pela Ciência, necessitavam de matéria-prima para sustentar as grandes indústrias surgidas. Foi daí que, vemos a Europa lançada no alto mar em direção às terras que hoje chamamos de África.

A Europa trazia consigo armas numa mão e na outra uma Bíblia sagrada, facto que facilitou a subjugação do povo africano, pois, enquanto chicoteava ao negro com a coronha da arma, por outro lado, prometia-lhe uma vida paradisíaca no além. E Jesus Cristo o seu redentor.

Lembre-se que, a síntese da teologia de Hegel é baseada na vinda da redenção na personalidade de Jesus Cristo (síntese) e que, o povo grego era feliz pelo facto de não viver alguma cisão entre o homem e deuses (tese) e que o povo judeu não passava de infeliz por viver separado de Deus (antítese).

Mas para que isso aconteça, primeiro, a Europa adulterou as fornteiras da África na Conferência de Berlim e depois começou a explorar os recursos que a África virgem tinha em disposição.

Na visão de Hegel, o que a Europa fez é razoável, dado que, todo o ideal é real e todo o real é ideal. Foi uma forma que a Europa encontrou para fazer a sua história: mesmo masturbando os outros povos. (Apologia ao racionalismo europeu)!

Até porque como disse Axel Honnet, a história da humanidade é a luta pelo reconhecimento do Outro. Um Outro que não passa de um Inferno não só de Dante Alighieri mas também de Sartre. Um Outro, numa Náusea. Infelizmente, Sartre estava certo. Um Outro que, nas terras alheias, não passa de um estrangeiro, aquele de Albert Camus.

Portanto, volvidos quase cinco séculos, a África ascende na sua maioria (exceptuando a Libéria que içá sua bandeira nos anos 50) a independência política nos anos 60 do século XX e, a Europa juntamente com os Estados Unidos de América transformam-se na expressão saliente das doações financocráticas dos países africanos e a África lhe foi reservada a tarefa da gestão do regime dolarcrático.

Só que, nessa lógica da gestão burocrática da dolarcracia, vemos uma África cada vez mais empobrecida e políticos africanos cada vez mais barrigudos que, tudo fazem para enriquecer Dubai.

São os mesmos que esvaziam os Cofres do Estado (se é que o Estado tem Cofres) contratando advogados de todos os quadrantes para interditar a justa extradição de Manuel Chang (ex-ministro da Economia e Finanças de Moçambique) para os Estados Unidos de América.

São os mesmos! Vemos ainda, uma África desnutrida por falta de políticas prácticas que dêem sequência às acções daqueles que cultivando a terra fazem sobreviver os políticos e os religiosos.

Uma África, sim, que embora tenha uma grande extensão de terras aráveis, não consegue libertar-se da economia da Rússia putinizada numa keivinização otanista.

Uma África atrelada ao Fundo Monetário Internacional! Uma África reduzida a estaca zero ou quase.

Vemos uma África que, não consegue erguer pelo menos Hospitais de luxo nas Capitais dos países africanos, facto que, obriga os políticos africanos a recorrerem os melhores Hospitais do "Mundo civilizado", mendigando tratamentos médicos de qualidade na Europa sempre que "apanharem" alguma gripe tifóide.

Uma África fornicada por indivíduos que em apologia dos seus "ismos" semeiam terror nas matas ciliares da África.

Uma África, que assiste os políticos africanos descarados a criarem barrigas feitos hipopótamos de Magoanine. Uma África, masturbada por políticos que Egidio Vaz tanto defende.

Políticos que roubam, roubam a um Povo todo tonto, no fundo, nada pronto, nem mesmo hospitais de luxo no Sul do País, só contas bancárias com muitos zeros a direita é que tem, mas quando adoecem, a Àfrica de Sul é a via, e quê tamanha irracionalidade!

Ao Povo, negaram-lhe as mínimas condições de vida, nem Escolas condignas para os filhos dos sem voz no Parlamento proporcionaram, quê desumanos! nem hospitais humanos, vagabundos.

Fazer passar de fome aqueles que cultivando a terra fazem sobreviver os padres e os políticos, não bastou? Agora é necessário arrancar do pobre camponês a sua pobre terra, que macacos!

Passam a vida inteira a defender um partido em detrimento de um País indefeso. Mas, quando morrem são todos evacuados para a pobre terra que vos viu nascer, que insanos!

No fundo, nem o pobre, muito menos os ricos saem a ganhar. No final, a terra é que ganha. Ela irá contra nós lá no túmulo e isso me saceia! Lembra-se dos metros que marcam a profundidade de um túmulo? E, do tamanho da terra que irá contra você?

Já se perguntou sobre o porquê da esteira, do capim e de pauzinhos que irão acompanhá-lo no túmulo?

Quê fornicada, ó África!

Onde para produzir, você precisa obter a autorização de quem não produz nada.

Onde o dinheiro flui para quem negoceia não com bens, mas com favores. 

Onde muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais do que pelo trabalho.

Onde as leis não protegem você deles, mas, pelo contrário são eles que estão protegidos de você e;

Onde acima de tudo, a corrupção é recompensada, e a honestidade converte-se em auto-sacrifício.

No fundo, para um Povo Tonto e Sonso.