Em atuais dias a violência parece assolar e castigar a humanidade e no Brasil essa violência vem em forma de intolerância, prejuízos, preconceitos, corrupção e outras formas de desigualdades. A perspectiva filosófica leva a superar a banalidade do mal e, portanto, da violência, por meio de reflexão e de igualdade de oportunidades. Vale o jargão, menos Prozac e mais Platão para construímos uma sociedade e uma civilização de paz.  A partir do pensamento de Hanna Arendt o presente artigo busca evidenciar, apontar as causas da violência e como o filósofo ou estudante de filosofia deve se posicionar. Sem banalizar ou sem enrijecer, o diálogo tolerante ainda é a melhor forma de acolhimento e de superação do vazio causado pela violência. 

Algumas perguntas e situações que devem nortear o nosso trabalho: primeiro o estarmos alerta para o fato, a violência existe e bate às nossas portas; vivemos numa atmosfera de perplexidade generalizada, mas nem todos se dão conta que vivemos nesse clima, então cabe outra pergunta: por que a violência? O que causa a violência? O ser humano é naturalmente violente ou ele se corrompe com as circunstâncias? Como nos posicionamos diante desse fenômeno? Até que ponto somos responsáveis pela violência aplicada ou subida?

Encontramo-nos nessa encruzilhada: o que fazer e o que propor? Como superar algo enraizado na natureza? A vontade é realmente violenta? Mesmo que a violência pertença ao desenvolvimento do vivente, ela existirá sempre que agirmos como se estivéssemos sozinhos e enquanto olharmos somente para nós e para os problemas sem vinculação com a realidade. Como construir uma civilização tolerante quando a supervalorização do eu nega continuamente o outro e seus direitos? Emerge que tolerância e não-violência se relacionam na medida em que respondem diferentes e essenciais demandas da vida humana, são demandas distintas, mas funcionam como complementárias e como reguladora uma da outra, quer dizer, para se obter a tolerância ou não-violência é preciso reconhecer a igualdade entre os cidadãos e evitar a exclusão a esses e, por sua vez, a não-violência é realizável quando tolerando a liberdade individual ou comunitária do «outro» se decide cessar voluntariamente os fatores que possam provocar ou estimular um clima e atitudes violentas, porque a liberdade pessoal se posiciona graças a liberdade dos outros.