POR QUE OS GOVERNOS SÃO IMPOTENTES?

Se a Caologia mostra uma ordem secreta a governar tudo, por que o caos humano não teria também um Governo subterrâneo no comando?

Quando entramos em conflito com um adversário mais bem preparado, é fácil prever que o resultado não será favorável, e isto é óbvio demais para merecer maiores comentários. Da mesma forma, quando um mundo inteiro, todo subdividido em nações frágeis e desesperadas ante os estranhos ruídos que vêm do fundo dos séculos (como no poema de Costa Matos) e ante a ausência de soluções que não tragam outros problemas, se debate contra um inimigo forte e bem disfarçado, é chegada a hora de pararmos para refletir.

A pré-existência dos arsenais superiores e dos melhores meios de detecção de nossas "potencialidades bélicas", acrescida do exame prévio da concepção de cada vida intra-uterina, de fato outorga "ao outro lado" todas as vantagens no grande conflito. E a humanidade então caminharia exatamente para onde caminhou, i.é, para o atual estado de coisas, da fragilidade, da não-felicidade e da não-solução.

Todavia nada que se diga das "vantagens" do outro poderá superar a velha estratégia, denunciada por todos os cristãos, da capacidade de se fazer oculto ou, mais ainda, da efetiva descrença que promove em relação à sua própria existência, cumprindo exemplarmente a cartilha das táticas de guerra no seu item mais decisivo: "jamais deixar a vítima desconfiar que possua inimigos, deixando-a viver uma falsa paz e até o orgulho de suas defesas". Com efeito, desacreditar que esteja sendo atacado ou mesmo que exista um inimigo é a garantia suprema da vitória, em qualquer tipo de guerra (que o digam os ex-combatentes do Vietnã).

A realidade então não seria quase nada do que imaginamos, principalmente em nossos sonhos mais belos e otimistas. A paz aparente da passagem do tempo seria a melhor cortina de fumaça para deixar o desenrolar do conflito intocável, e isto indica que o outro lado está lucrando com a manutenção do status quo. Tal lucro então também adviria de resultados não-violentos, e por esta razão é que há tanta gente "tranqüila" e indiferente, como se a eternidade estivesse sob suas ordens. Os resultados não-violentos podem ser traduzidos como a ocorrência de "boas mortes", que premiariam a muita gente, e até a quem passou a vida inteira fazendo o mal. Logo, só uma espécie de "vampirismo energético" ou anímico poderia explicar esse inimaginável "lucro post mortem".

A própria passagem do tempo, célere, num minúsculo planeta – isolado de tudo – num "quintal" do universo, já é, de per si, fator-chave para compreensão da impotência humana. Além da entropia natural do mundo, que leva tudo de volta ao inorgânico, os governos mais ricos já provaram que não há como sair da Terra e conduzir a humanidade para um astro mais seguro, ficando claro que vivemos numa gaiola de ratos.

Seria hora então de perguntar: haveria algum governo no mundo que sabe da existência do outro lado e da "guerra-com-cara-de-paz"? Desta sim; daquele provavelmente não. E, se souber, não está mais em sã consciência para distinguir o bem do mal. Com efeito, os governos das superpotências sabem da guerra invisível e ouviram alguns boatos sérios de que existiria um governo oculto, mas até agora ainda não sabem quem é o governante-mor (na verdade, este é que não tem ainda garantias de que pode contar com a adesão total de todos os governos e qualquer passo duvidoso neste sentido poderá por em risco sua frágil popularidade, conseguida apenas à custa de maquiagens, máscaras e intermediários influentes).

Neste mister e sem querer, descortinamos uma possibilidade de atenuar a culpa dos governos (no Brasil todos os pecados são atribuídos ao governo), já que eles são ou serão vítimas do vampirismo do outro lado. Claro que isto não os exime das culpas pelos pecados de opressão e escravização social que seus métodos de acumulação e enriquecimento ilícitos carregam.

Sim. Os governos são impotentes; e nós, povo, somos exatamente "aquilo" boiando n'água. E esta irritante inutilidade, esta estranha "calmaria", este sinistro mesmismo, este doloroso nada-muda, que foi sempre vantajoso para o oculto, pode estar com seus dias contados. Ironia das ironias: qualquer guerra visível de hoje acabará sendo "um bom sinal": algo está mudando. E os tolos perguntam: "cadê o apocalipse que não vem?". Porém, o que pode ser pior que o "silêncio das ditaduras disfarçadas de democracias"?...

Mas este é o tipo do assunto que só pode ser tratado assim. Qualquer outra forma de denúncia seria barrada pelo governante-mor. Será que os governos fantoches enxergam tal denúncia?

Prof. João Valente de Miranda ([email protected]).