RAZÃO PARA A CRIAÇÃO DO MAL

É muito difícil discorrer sobre a razão que, acredito, explica o motivo da criação e existência do Mal, uma vez que tenho certeza que algumas pessoas não conseguirão enxergar o complexo sentido ao qual tentarei fundamentar, da forma mais clara e objetiva possível.

A leitura desse texto, acredito, pode ser muito perigosa, uma vez que conduz a duas interpretações totalmente adversas. Uma, que é a que tentarei expressar em palavras, explica a razão de ser do Mal em nossas vidas, na qual acredito ser mais que necessária a sua existência. A outra interpretação induz a uma certa dúvida quanto ao propósito de Deus em relação a nós, dúvida essa que acredito poder, na pior das hipóteses, levar a uma certa aversão a Deus, motivo pelo qual não incluí este texto no texto original do estudo "Satanás Nunca Foi Lúcifer: A Verdade Sobre a Origem do Mal".
Por diversas vezes me indaguei porque não incluir esse texto nesse estudo. Ora, meu objetivo, ao estudar a bíblia, é unicamente com a Verdade, e essa Verdade só pode ser encontrada em uma única fonte: A Bíblia. Todo o meu estudo foi fundamentado num extenso exame às Sagradas Escrituras; todas as citações conclusivas tiveram na bíblia a única fonte de fundamentação. Não usei como base nenhuma fundamentação de nenhum estudioso, afim de que meu estudo não viesse trazer nenhum teor de subjetivismo interpretativo.

Não existe homem, por mais estudioso que seja, que prove biblicamente a razão que levou Deus a criar o Mal, uma vez que não há nenhum verso que trate sobre esse assunto. Tudo o que falarei nesse texto não passa de uma interpretação individual minha para aquilo que acredito ser a verdade sobre a origem do Mal, mas, com disse, é o que acredito e não a Verdade incontestável, uma vez que não há um verso bíblico que comprove o que vou escrever. Porém, o que vou escrever, de maneira alguma entra em desarmonia com os escritos bíblicos. Portanto, não inclui este texto no estudo "Satanás Nunca Foi Lúcifer: A Verdade Sobre a Origem do Mal", porque ele traz um elevado grau de subjetivismo interpretativo, causado pela ausência de citações bíblicas que o confirme.

O mal, como disse, surgiu com o intuito de caracterizar o bem, ou seja, é por meio do mal que sei que o bem é bom. Não é possível caracterizar algo como bom sem que haja algo mau que o fundamente.
Não há dúvidas de que Deus é o criador do Mal:

"Acaso, não procede do Altíssimo tanto o mal como o bem?" (Lamentações 3:37)

"...eu sou o SENHOR, e não há outro. Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o mal; eu, o SENHOR, faço todas essas coisas." (isaias 45:6-7)

Mas, dúvidas há quando se questiona o motivo da criação do mal. Principalmente em relação às conseqüências que sofremos por causa de sua existência: a dor, a doença, a violência, a morte, etc. Por que Deus nos deu a vida para passarmos por todas essas coisas desagradáveis? Por que é da vontade de Deus que passemos por todas essas tribulações? Qual o intuito de se criar o mal se o próprio Deus dele não se agrada?

No parágrafo anterior foram apresentadas as principais conseqüências que sofremos por causa da existência do mal. Porém, há outras conseqüências, bastante agradáveis, que descobrimos graças à criação do mal: o amor, a saúde, a paz, a vida, etc. É esse outro lado da existência do mal que as pessoas não conseguem enxergar, mas que explicam a razão para Deus o ter criado.

Por que Deus criou o Mal? Ter esse conhecimento é saber que Deus é o responsável, embora que indiretamente, por todas as conseqüências que o mal trouxe. Ora, tudo o que é tido como mal assim o é por causa da existência do Mal. Não existiria a violência, por exemplo, se Deus não tivesse criado o Mal.

Mas, finalmente, o que é o mal? De forma bastante simples podemos conceituar o mal como o oposto do bem. De forma mais complexa, podemos conceituá-lo como a fonte caracterizadora do bem, ou seja, a razão de ser do bem. Logo, o Mal nasceu do Bem para que esse pudesse ser caracterizado como tal. Sem o mal, o bem não pode ser caracterizado como bom.

No exemplo que explanei no estudo fica clara essa conclusão. A saúde só se caracteriza como algo bom por causa da existência da doença. Ora, se não existisse a doença, a saúde jamais poderia assim ser caracterizada; seria apenas um estado qualquer, sem importância, em nossa vida. Mas, graças à doença, o estado de saúde ganha grande importância no que diz respeito a sua preservação e cuidado, sendo caracterizado como algo bom, desejável.

Porém, a existência da doença depende da prévia existência da saúde. Seria impossível haver a doença sem que houvesse, primeiramente, a saúde. O mal da doença caracteriza a benignidade da saúde, mas a existência daquele depende da existência desta. Logo, a saúde não depende da doença para existir, mas a saúde depende da doença para poder ser considerada algo bom.

A mesma linha de raciocínio deve ser usada para se entender o motivo da criação do Mal. O homem não consegue enxergar nem entender, mas o mal foi uma das maiores criações de Deus, criação essa tão necessária quanto as outras.

"Deus é amor" (1joão 4:8)
"Deus é eterno" (Romanos 16:26)
"Deus é justo" (Salmos 11:7)
"Deus é bom" (Marcos 10:18)

Esses, entre outros, são os principais adjetivos atribuídos a Deus. Mas, só somos capazes de entendê-los porque Deus criou o mal. Como é que poderíamos entender que Deus é bom, se não existisse o mal? Como é que iríamos entender o valor da vida eterna se não existisse a morte? Como poderíamos entender que Deus é amor se não existisse a dor? Como entenderíamos que Deus é Justo se não existisse a injustiça?

É bem verdade que a criação do mal significa a criação da morte, da violência, da dor, etc. Mas, também é verdade, e isso é preciso que se entenda, que a criação do mal nos faz dar valor à vida, à paz, ao amor, etc.

Diz-se que o propósito da Salvação já existia desde a Criação. Isso é verdade porque Deus criou esse propósito como resposta a criação do Mal, ou seja, Deus criou o Mal com o intuito de nos mostrar, de uma forma que pudéssemos entender, todo o Seu poder, amor e justiça. Por meio desse conhecimento, Deus criou a Salvação. Com isso, Ele criou dois caminhos que podem ser seguidos: O caminho da Salvação e vida eterna ou o caminho da perdição e morte eterna. Nasce, assim, como forma de justiça para conosco, o princípio da liberdade de livre escolha do homem, ou seja, o Livre Arbítrio. Uma vez conhecidos os dois caminhos, Deus nos concedeu a liberdade de poder-mos escolher um a ser seguido.

Portanto, sem a existência do mal, Deus não teria criado o propósito da Salvação. Sem a existência do mal, não seríamos capazes de enxergar e entender a benignidade, a justiça e o amor de Deus. Essas coisas não teriam o menor sentido para nós. Enfim, Deus não teria valor para nós.

"Deus é luz" (1João 1:5)

Lembre-se de que os momentos em que mais nos aproximamos de Deus, a maioria das vezes, são nos momentos em que estamos no escuro, ou seja, nos momentos de agonia, tristeza, dor, etc. São nesses momentos que vemos Deus como a Luz que nos faz enxergar o caminho para sair dessas situações.

Entender a importância, em nossas vidas, de Deus ter criado o mal, é entender o propósito da Salvação, é entendê-Lo e conhecê-Lo um pouco mais, é entender a importância de Deus em nossas vidas. Afinal, que importância daríamos à luz se não existisse a escuridão?


Robson Bento Santos ( E-mail: [email protected] )

São Lourenço da Mata, 17 de novembro de 2007.