"Bolsonaro é a comemoração da morte da legenda”. Termina assim o livro "A filosofia explica Bolsonaro" do filósofo e educador Paulo Ghiraldelli.

 É impressionante como o atual presidente comunica-se com essa sociedade do espetáculo em que estamos vivendo, onde a bunda da Anitta e de Pablo Vittar são temas de musica cantados pela juventude. O discurso bem construído e crítico por uma sociedade mais justa e igualitária deu lugar a dois dedos em riste como forma de arma, e sim Bolsonaro consegue seu objetivo com este gesto, ele acertou em cheio a massa preguiçosa e anti-cultural que se vale de imagens que nada dizem para expressar o vazio de seus interiores. Pão e circo e nada mais é o clamor da sociedade contemporânea, até porque, pra que pensar em um futuro melhor se o que nos espera é a destruição e a morte. Uma sociedade que é embriagada com uma filosofia anti-utopica, e pessimista de Luiz Felipe Pondé, e que ainda dá créditos aos delírios e surtos psicóticos do terraplanista Olavo de Carvalho. É realmente Bolsonaro, sem sombra de duvidas, foi a melhor opção.

Ainda me utilizando da teoria de Derbod exposta por Griraldelli o escritor francês diz: "Quando o mundo real se transforma em simples imagens, as simples imagens tornam-se seres reais e motivações eficientes de um comportamento hipnótico", ou seja, o melhor é quem não tem conteúdo intelectual, ele é um ser chato e hermético, o melhor é quem é engraçado e crê que em seu ser histriônico ter as resposta para todas as coisas ele é o próprio espetáculo. Segundo a Psiquiatra Katia Mecler o individuo que tem o transtorno de personalidade Histriônico é, sobretudo um caçador, além de ciumento, exibicionista, dramático, sedutor, manipulador, superficial, intempestivo, e altamente sugestionável. Parece até que ela esta descrevendo o presidente dos pais.

Mais de 500 anos da chegada dos portugueses aqui no então monte Pascoal, que depois foi transformada em Ilha de Vera Cruz, nós continuamos sendo inludibriados pela imagem sem de verdade entendermos o seu funcionamento e sua funcionalidade. Elegemos um rosto mimético, sem conteúdo, uma face sem alma, um deputado que por 30 anos sempre foi visto por seus colegas como um político do baixo clero, um jargão cunhado por Ulysses Guimarães para descrever os políticos que simplesmente não alterariam a ordem vigente do pais. E a pergunta fica até quando seremos enganados por imagem sem forma, por sombras sem corpo, por um político sem ideias e ideais, por uma face sem conteúdo, por teorias da conspiração e por pessimismo velado em tom de autoajuda.

Quando desceremos da rede, vestiremos uma roupa e começaremos a produzir conhecimento que altere o caos vigente em que se encontra nossa nação. O missionário Inglês Willian Carey ao chegar ao Brasil fez a seguinte afirmativa "Esse é um gigante adormecido", até quando continuaremos adormecidos, contemplando os vultos na parede?

Assim como Luther King, eu tenho um sonho de viver uma sociedade mais justa, igualitária, democrática onde se valorize o discurso e a legenda em detrimento de uma face mimética.

 Para isso, precisamos começar a praticar um despertar deste estado adormecido, já em outubro com as eleições municipais, analisando plataformas de governo dos candidatos, sem aportes ideológicos ou teorias conspiratórias.

 Para Aristóteles “O homem por natureza é um animal político, tem primeiro na família sua socialização e garantia de manutenção da vida em seus aspectos financeiros e educativos, mas é na polis que se realiza plenamente, encontrando no fiel cumprimento das leis a justiça, dado que só podemos ser feliz no exercício da justiça medida, ou seja, sendo prudentes e encontrando um meio termo em nossas ações”.

 Para chegarmos ao ideal proposto por Aristóteles de prudência e equilíbrio, necessitamos nos politizar, deixar a falácia de que política não se discute, quando aceitamos esse engodo abrimos mão de um direito fundamental do ser humano, quer  é ser pensante, dialogal e político.

 A luta persiste!!!