Autores: Amanda Kelly Viana Cezário, Anália de Oliveira Porfírio, Jessica D’Avila Silva Angelim, Samuel Rocha Carneiro.

RESUMO

 O presente trabalho foi desenvolvido a partir de duas disciplinas do curso de Psicologia da Faculdade Luciano Feijão, de Sobral – CE, a temática abordada é: Política Pública de Saúde e Cidadania: modo de vida de mulheres sertanejas em tempos de pandemia, onde houve o interesse em saber mais sobre o assunto citado. Essa pesquisa traz como objetivos compreender como a política pública de saúde reflete no modo de vida das mulheres sertanejas em tempos de pandemia; assim como identificar quais as principais dificuldades enfrentadas por essas mulheres, e os impactos por conta da pandemia relacionada ao Covid-19. Esta pesquisa se trata de uma pesquisa bibliográfica, tendo com isso o intuito de realizar uma investigação detalhada a respeito do tema destacado para o registro e a construção do novo trabalho, a análise é de caráter qualitativo. Embora, muitos tenham sido os aparatos criados e até reinventados acerca da saúde pública dos brasileiros, ainda é incontestável o número de mulheres sertanejas e suas famílias que não tiveram acesso a esse tipo de serviço, diversas são as características que se dão a este fato, como por exemplo, a má distribuição de verba por parte do estado e governo, a má distribuição de profissionais da área da saúde, sem mencionar o fato de que a concentraçãda maioria desses aparatos profissionais estavam sendo destinados para os grandes centros urbanos, com intuito de amenizar o contágio ainda maior do vírus Covid-19 (SILVA, et. al., 2021)Sendo assim inúmeras foram as dificuldades que estas mulheres enfrentaram e ainda enfrentam, pela própria sobrevivência, muitas vezes tendo que assumir o papel de responsável principal pela família, em quesitos financeiros, acabando por levar esta a uma responsabilidade extrema, gerando na mesma, muitas cobranças e assim, sem o auxílio de políticas públicas ou de assistência é quase impossível que estas consigam se manter juntamente com suas famílias. 

Palavras-chave: Mulheres Sertanejas. Pandemia. Políticas Públicas. Saúde.

INTRODUÇÃO 

O presente trabalho foi desenvolvido a partir de duas disciplinas do curso de Psicologia da Faculdade Luciano Feijão, de Sobral – CE, as temáticas abordadas pelas disciplinas no decorrer do semestre trouxeram pautadas como direitos humanos, cidadania, povos tradicionais, dentre outras e com isso foi escolhido o tema: Política Pública de Saúde e Cidadania: modo de vida de mulheres sertanejas em tempos de pandemia, onde houve o interesse em saber mais sobre o assunto citado.

Peters (1986) fala que a política pública é a soma das atividades dos governos, que agem diretamente ou através de delegação, e que influenciam a vida dos cidadãos, pois contribuem ou não para seu modo de estar presente, usufruindo dos seus direitos. No Dicionário de Políticas Públicas, é afirmado que os termos cidadão cidadania geralmente remetem ao indivíduo pertencente a uma comunidade e portador de um conjunto de direitos e deveres” (FERREIRA; FERNANDES, p. 1452013) 

Dessa forma, no início de 2020, diante do rápido aumento do novo coronavírusalgumas medidas protetivas pela Organização Mundial da Saúde (OMS, 2020) passaram a ser adotadas nos estados e municípios brasileiros buscando o controle da pandemia, assim as políticas públicas de saúde e cidadania também foram acionadas a ajudar. Com o objetivo de minimizar os impactos desencadeados pela crise sanitária em todos os setores da vida e evitar o colapso do sistema de saúde, para que houvesse uma diminuição do pico de novos casos de infecção pelo vírus e o número de mortes, foram adotadas medidas como isolamento físico de casos suspeitos, fechamento de escolas e universidades, confinamento de idosos e pessoas com comorbidades, fechamento de lojas e quarentena para toda a população (BROOKS et al., 2020; FERGUSON et al., 2020).

Em virtude da pandemia, um processo que atravessa mundialmente revela e amplifica dinâmicas do capitalismo neoliberal e mostra suas desigualdades, especialmente em países marcados por desigualdades e vulnerabilidades como o Brasil. Considerando esse contexto de pandemia, esse trabalho tem como objetivo compreender como a política pública de saúde interfere no modo de vida das mulheres sertanejas em tempos de pandemia, buscando identificar quais as principais dificuldades enfrentadas 

por essas mulheres.

Durante esse período de isolamento social, as famílias tiveram que se re-iventar em vários aspectos, sendo a questão financeira uma das mais afetadas, manter suas despesas se tornou um papel ainda mais difícil, pois todos os trabalhadores foram suspensos e passaram a ter que trabalhar de sua casa. Mas quanto a mulher sertaneja, que sempre buscou trabalhar próximo a sua casa, já que essa não seria sua única função desempenhada, portanto o trabalho foi possível, na tentativa de vencer mais uma etapa dos desafios de se viver no sertão.

O público alvo escolhido para a realização dessa pesquisa foi prioritariamente as mulheres sertanejas, cuja principal fonte de renda fique por conta de movimentos agrícolas, corrobora Foro (2021) que além de funcionar como sustento familiar, fortalece a preservação cultural do campo, e como são suas precauções frente ao Covid-19. Sabe-se que, no Brasil, segundo dados do Instituo Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), cerca de 15 milhões de mulheres estão vivendo longe dos grandes centros urbanos, na zona rural, dessa forma, essas são consideradas as mulheres do sertão ou mulheres sertanejas

De acordo com Santos, e Chalhub (2012) são caracterizadas também por não participarem das decisões políticas, eram ensinadas a cuidar do lar, fazer bordado, e não era permitido frequentar a escola, tendo sua vida limitada somente ao domicílio, ou seja, sua vida era voltada a sua família e por muitas vezes essas mulheres eram ensinadas a serem submissas a seus maridos, entretanto sempre mostrando uma postura forte e rígida igualmente aos homens

No nordeste brasileiro segundo Schefler (2013): 

 [...] grande   maioria   das   mulheres   que   depende   da   agricultura familiar sobrevive em condições de vulnerabilidade econômica, sendo alvo de severas privações materiais e simbólicas acumuladas ao longo de suas vidas, as quais se reproduzem na forma de discriminações e desigualdades [...] (SCHEFLER, 2013, p.12) 

Há um certo aumento da participação de mulheres em organizações coletivas, principalmente as vinculadas à agricultura de base, com isso a importância do papel da mulher para a sustentabilidade social favorece o protagonismo das mulheres na construção da sua própria categoria política e social, assumindo responsabilidades familiares e coletivas (SILIPRANDI, 2011; HENN, 2013)

Tendo em vista que as mulheres são as responsáveis pelos lares e criação dos 

filhos, ainda na ausência do marido, assumem função de sustento da casa, exigindo algumas das vezes trabalho braçal. Assim, travando uma luta pelo seu reconhecimento, principalmente na área trabalhista, que é um desafio a ser transposto.

É importante ressaltar que as políticas públicas voltadas para as mulheres sertanejas ainda são muito deficitárias, pois as políticas públicas são bem amplas, mas não especificamente para essa demanda. Já que as comunidades rurais passam por situações precárias, como acesso à água, saneamento básico, educação, saúde, assistência social, e outras demandas, ainda dependendo de fatores climáticos para que sua colheita e safra seja realizadas com sucesso. 

Visto que os desafios para as mulheres também são grandes, além da questão da sustentabilidade financeira instável, existe também a desvalorização da mão de obra feminina, considerando o pensamento colonial, onde se é atribuído práticas sociais ás mulheres, somente como a reprodutora, no entanto tem se tornado bastante constante a presença de mulheres no campo, assim como a liderança da dinâmica familiar (ERICE, MARQUES, 2017). 

Alguns percalços, discriminações, acontecem na vida desse público feminino, tendo em vista, as lutas das mulheres de minimizar os efeitos do patriarcado, que se trata de um contexto histórico, que precisa ser repensado, pensamentos pós-coloniais. Deste modo também é preciso repensar suas atividades desenvolvidas no campo, pois podem estar realizando diversos trabalhos, que, inclusive são dispostas a adequar a multiplicidade de viver em comunidade no campo, de acordo com suas condições (MESSIAS, SILVA, 2020).

Muitas pessoas tiveram que deixar o sertão para ir para a cidade em busca de melhores condições de trabalho, o que muitas vezes não é algo favorável, pois muitos dos sertanejos não têm qualificação profissional que o mercado de trabalho exige e acabam vivendo em condições sobre-humanas, tornando-se um grupo de vulnerabilidade social, eles fogem da seca, e encontram a dura realidade da cidade grande.

Visto que é ressaltado por Feitoza (2020), quanto aos direitos humanos, que devem ser alcançados por todos os cidadãos, independentemente de seu gênero, cor, ou classe social, considerando também que os movimentos sociais trazem como objetivo busca por condições mínimas para sobrevivência em sociedade, o que diz respeito a participação na póllis (sociedade), mas também usufruir de todo espaço ao qual 

pertence.

Trata-se de uma pesquisa bibliográfica. E que tentará responder ao seguinte questionamento: como as mulheres sertanejas estão vivendo em tempos de pandemia?

OBJETIVOS     

Essa pesquisa traz como objetivos compreender como a política públicde saúde reflete no modo de vida das mulheres sertanejas em tempos de pandemia; assim como identificar quais as principais dificuldades enfrentadas por essas mulheres, e os impactos por conta da pandemia relacionada ao Covid-19. 

METODOLOGIA

Esta pesquisa se trata de uma pesquisa bibliográfica, que segundo Severino (2017), a pesquisa bibliográfica de cunho qualitativo consiste em proporcionar ao estudante as informações necessárias para o estudo, sendo baseada em livros, artigos e demais obras cujo a temática do trabalho seja abordada, sendo presente e relevante no estudo em questão. Tendo com isso o intuito de realizar uma investigação detalhada a respeito do tema destacado para o registro e a construção do novo trabalho, a análise é de caráter qualitativo. 

Dessa forma, se realizou uma investigação através de artigos, pesquisas e afins, para que se desse a construção deste trabalho, feitas assim pesquisas através das bases de dados Scientific Electronic Library Online (SciELO) e o Portal de Periódicos CAPES/MEC (CAPES); utilizando os seguintes descritores: “mulheres sertanejas”; “pandemia” e “políticas públicas”. 

  Se tratando dos critérios de inclusão e exclusão, foram utilizados artigos e pesquisas que abordassem a temática, sendo então publicadas entre 2020 2021, já que se trata do contexto pandêmico vivido entre esses anos e escritos em Português. Já os critérios de exclusão, se deram por pesquisas que não abordassem o tema, publicações com ano anterior a 2020 e estivessem em outras línguas, que não o Português. 

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Para Ferreira (2013), as mulheres sertanejas possuem inúmeras funções, dentre os principais serviços das mulheres sertanejas, na prática estão as tarefas domésticas que se perpetua pela criação dos filhos e pelos afazeres em relação as refeições bem como a lavagem das roupas e procriação. Algumas dessas mulheres, em determinadas regiões, assumem também a função que é predestinada, normalmente, aos homens, como buscar água potável, conseguir alimentos, etc.

Principalmente nas regiões do Sudeste do Brasil, onde se encontra o maior número dessas mulheres, os trabalhos são divididos igualmente, onde a mulher e o homem, fazem os mesmos serviços, como o cultivo da agricultura para gerar mais lucros e sustento das famílias. Inclusive nota-se, o  crescimento  da  participação  feminina de forma mais organizada nesse tipo de produção, através de organizações coletivas,  principalmente,  as que são  vinculadas  à  agricultura  de  base  ecológica, visto  que  a  agroecologia  valoriza  atores  sociais  envolvidos  em  suas  práticas  e, também,  aborda a  importância do  papel da  mulher  para  a  sustentabilidade  social,  o  que favorece o protagonismo das mulheres na construção da sua própria identidade, gerando uma categoria política e dando-lhe uma independência nas ações populares (NOTAROBERTO, 2020). 

A mulher pode trabalhar em várias funções, desde que seus limites sejam respeitados, pois o sertão é também local de trabalho árduo e é na terra que muitas sertanejas tiram seu sustento e se orgulham do que fazem. É preciso que haja mais incentivos a essas mulheres para a qualificação profissional a fim de que as mesmas possam trabalhar na terra respeitando seus limites físicos e mentais (BOZIKI; BINKOWSKI; HERNANDEZ, 2019).

Houve um grande salto quanto a visibilidade da mulher sertaneja, com o seu trabalho na agroecologia as discussões sobre gênero ganham visibilidade, pois percebe-se que a agroecologia vislumbra a mulher como uma agente de transformação, reconhecendo o saber tradicional, assim como a cultura que esta carrega  e  incentivando  a organização  social das mulheres,  sendo  que  o  associativismo  pode  ser  considerado  uma  estratégia  de empoderamento  das  mulheres, fazendo com que as mesmas sejam valorizadas como elas merecem (NOTAROBERTO, 2020).

Diante de todo contexto mencionado, vale ressaltar que o Governo Federal e o Governo Estadual lidam com o bem-estar dessas mulheres. Um estudo realizado pela Sempre viva Organização Feminista (SOF) mostra que mais da metade das mulheres 

sertanejas não tem acesso a água e todos os produtos de higiene e também não tem acesso as informações básicas de higiene. Esse levantamento se torna alarmante por conta de uma possível nova propagação do Covid-19 frente aos povos rurais uma vez que o acesso a higiene se torna tão difícil para esse público.

Em virtude do contexto de pandemia e a escassez de profissionais no contexto de comunidades, essas mulheres realizam práticas de autocuidado com o cultivo de plantas medicinais, tendo evidentemente difícil acesso a farmácias e a questões relacionadas a saúde, o que diz respeito a um modo de viver com qualidade, independente da classe social a qual pertencem (FLOSS, et al.  2020). Considerando também que não há saneamento básico dentre esses lugares mais afastados, como no sertão, reafirmando que os investimentos para desenvolvimento são quase inexistentes, dessa maneira precisam lutar diariamente, para garantia mínima de qualidade de vida, conseguindo se sobressair mediante situações difíceis.

Diante disso, Lima (2021) afirma que saúde é um conjunto de fatores que implica no viver dos indivíduos, e na forma como exercem do seu poder enquanto cidadão, ainda mais na situação em que nos encontramos devido a pandemia, se tratando de saúde pública, sendo então responsabilidade do estado garantir cuidados protetivos, e suprir os impactos ocasionados.

A gravidade da pandemia está claramente associada à intensificação das desigualdades sociais, já que muitos indivíduos já viviam em situações de precariedade anteriormente, assim posteriormente se transformando em uma luta por sobrevivência. Havendo ainda os cortes no financiamento das políticas públicas, próprias da crise do mundo neoliberal. Alguns autores chegam a defender que a pandemia da Covid-19, apesar de estar sendo devastadora, pode representar uma via pedagógica, trazendo consigo alguns conhecimentos, se for considerado que provoca questionamentos e deixará importantes lições para as sociedades (SILVAet. al., 2021).  

A Covid-19 exigiu que nos readaptássemos a uma nova realidade, sendo ela cheia de mudanças drásticas em nossos cotidianos, fazendo com que se fosse observado o poder que o capitalismo tem em nossas vidas, entretanto nos fazendo enxergar que há alternativas no modo de vida imposto pelo hipercapitalismo (SILVA, et. al., 2021)

Para minimizar os efeitos causados pela pandemia nesse contexto de desigualdades, foi necessário que se buscassem estratégias e medidas de comunicação em saúde, para que assim alcançassem e fossem acessíveis à população vulnerável. 

Buscando assim promover o seguimento das medidas preventivas de higiene, cuidado domiciliar, isolamento e autocuidado (SILVA, et. al., 2021).

As mudanças em decorrência da pandemia de Covid-19 incentivaram os profissionais da saúde a se reinventar, utilizando novas práticas e produzindo formas diversificadas de cuidado, sob o conceito da integralidade, em condições adversas. Nesse desafio, a experiência vivenciada pelos profissionais trouxe como resultados a possibilidade de vislumbrar novos paradigmas na atenção à saúde (FLOSS, et al.  2020). 

A integração de gestores, docentes e discentes nas ações desenvolvidas acabou possibilitando conhecimentos ampliados sobre os novos cenários de saúde. Embora afetados pelo súbito impacto dos riscos e perdas provocados pela pandemia, oportunizou-se o conhecimento sobre a nova realidade vivida, revelando talentos e potencialidades criativas com o desenvolvimento de novas atividades como o uso de tecnologias digitais para a produção de modos de cuidar (FLOSS, et al.  2020).  

 As estratégias desenvolvidas se complementam na busca dos princípios do SUS (Sistema Único de Saúde) a universalidade do acesso, da integralidade, do cuidado e da equidade na atenção à saúde. Evidenciando que as tecnologias possibilitam uma interação dialógica, eliminando barreiras físicas e temporais, potencializando o alcance do acesso às informações, a construção de conhecimentos e a multiplicação das informações para a promoção da saúde. Assim como também, possibilitaram novas formas de se fazer presente, devido ao distanciamento e isolamento, esse foi um fator que assombrou inúmeras pessoas (BOZIKI; BINKOWSKI; HERNANDEZ, 2019).    

Afirma-se que as estratégias desenvolvidas no enfrentamento da Covid-19, em tempos de distanciamento social, traziam consigo a necessidade de inovação, possibilitando o apoio, comunicação, o afeto, produção e disseminação de novos conhecimentos. Nesse sentido, buscou-se agregar elementos de distintas linguagens, também se utilizando de outros sentidos, como tato, olfato, audição, na busca por mobilizar e integrar saberes tecnológicos e da educação popular com fito no alcance de diferentes perfis socioculturais da população (SILVA, et. al., 2021).

Embora, muitos tenham sido os aparatos criados e até reinventados acerca da saúde pública dos brasileiros, ainda é incontestável o número de mulheres sertanejas e suas famílias que não tiveram acesso a esse tipo de serviço, diversas são as características que se dão a este fato, como por exemplo, a má distribuição de verba por parte do estado e governo, a má distribuição de profissionais da área da saúde, sem 

mencionar o fato de que a concentraçãda maioria desses aparatos profissionais estavam sendo destinados para os grandes centros urbanos, com intuito de amenizar o contágio ainda maior do vírus Covid-19 (SILVA, et. al., 2021)

Sendo assim, essa população acaba ficando desprotegida, podendo se observar os aspectos que tornao viver cotidiano das mulheres sertanejas ainda mais dificultoso, onde as políticas públicadeixam de alcança-las e assim, outro ponto a ressaltar são os auxílios financeiros” ou “emergenciais” que o governo passou a fornecer para as famílias vulneráveis, que apresentam dificuldades mais profundas diante de um cenário de colapso econômico e da saúde, entretanto, muitas pessoas acabaram ficando sem essa renda, tendo em vista que se utilizavam de cadastros eletrônicos para que se pudessem receber e alguns ao menos tinham acesso à internet ou tecnologia (BOZIKI; BINKOWSKI; HERNANDEZ, 2019). 

Em tempos de pandemia, estas mulheres veem enfrentando uma fase de grandes desafios e lutas, tiveram que se reinventar da maneira como podia para se manter firmes e garantir a sobrevivência de muitos, sua cultura também passou a ser testada, quando muitas tiveram que sair de suas residências habituais e passaram a residir em hospitais para que sobrevivessem (SILVA, et. al., 2021).  

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se afirmando que é fundamental que as mulheres sempre estejam atentas ao seu valor, que busquem por leis que as amparem, pois elas existem e devem ser seguidas. As políticas públicas precisam ser mais estudadas e voltadas a questão social como um todo, já que a função destas é garantir direitos a todo e qualquer indivíduo. Quando se tratda questão trabalhista, essas mulheres ainda necessitam ser melhor asseguradas, pois a mulher sertaneja, também trabalha diuturnamente para ajudar no aporte financeiro da família, ou sejam, não gerando apenas o seu sustento, mas o de outros também.

Sendo assim inúmeras foram as dificuldades que estas mulheres enfrentaram e ainda enfrentam, pela própria sobrevivência, muitas vezes tendo que assumir o papel de responsável principal pela família, em quesitos financeiros, acabando por levar esta a uma responsabilidade extrema, gerando na mesma, muitas cobranças e assim, sem o auxílio de políticas públicas ou de assistência é quase impossível que estas consigam se 

manter juntamente com suas famílias 


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