A Amazônia brasileira, o mundo inteiro visou
Seria a poluição que ainda não chegou?
Andei pelo mundo inteiro, olhando com atenção
O sofrimento do povo, dentro da poluição.

No nordeste brasileiro, floresta mais nem existe
E água também nem se fala, a situação é triste
Estão devorando a Amazônia, que ainda não acabou
Será que o brasileiro dormiu e não acordou?

Pau Rosa ficou extinto, Peroba se acabou
Jacarandá nem tem mais, que o brasileiro exportou
esses latifundiários, tiram uma de criar boi
Abre o olho Presidente, que o Nordeste já se foi.

Tão cortando o açaí, pra exportar o palmito
E deixando o amazonense matando cachorro a grito
Só cem gramas de palmito tem num pé de açaí
Te acorda Presidente, para de tanto dormir

Negocia a dívida externa e segura nossa madeira
Que os outros países não têm e para de fazer besteira
O Amazonas é tão grande em largura e extensão
E não se vê um peixe-boi dentro da preservação.

O peixe-boi só existe criado nos cativeiros
E onça viva só tem no circo do Beto Carreiro
Olha pros outros países, onde a madeira acabou
Usaram a inteligência, pra fazer computador
E esqueceram da floresta e até hoje ninguém plantou

Tão de olho na Amazônia, que hoje é o coração
Fornece pro mundo inteiro ar puro e respiração
E o Presidente devia fazer dele a exportação

Está exportando é madeira, que a natureza criou
E na História do Brasil Presidente que entrou
Não conheço nem um pau que Presidente plantou

De Presidente até hoje no Brasil, que já entrou
Conheço só um pau brasil, madeira que ele “plantou”
Será que ainda existe, ou também já exportou?

O Pantanal mato-grossense tá em primeiro lugar
Turista do mundo inteiro tá se hospedando lá
Lutando pela Amazônia, nós só temos a ganhar
Um litoral ecológico pra nunca se acabar
Será que não vale à pena o governo preservar?

Tem bacaba e açaí, buriti e patoá
Cupuaçu e castanha tem uxí e piquiá
Pra servir de alimento pros caboclos do Pará

Quem nasce no Amazonas não precisa trabalhar
Embaixo do açaizeiro amarra uma rede pra deitar
A fruta já cai é dentro, precisa só amassar

Faz dele uma gororoba na beira do igarapé
Junta com a farinha de puba, transforma ele em xibé
Com acari e cujuba, trabalha só se quiser.

Não falo nem da pupunha, que dá pra ele escapar
É por isso que o paraense, pro povo do Ceará
É chamado de preguiçoso e não gosta de trabalhar.

A roça do paraense é feita no beiradão
Só são dois pés de pimenta e quatro pés de limão
Ainda planta a mandioca, mas nunca plantou feijão

Tá certo que o cearense é muito trabalhador
Mas será que ele não se lembra da miséria que passou
No sertão do Ceará, Estado que se criou?

Veio embora pro Pará e encontrou facilidade
Começou pela colônia e quando chegou na cidade
Se tornou um empresário dentro da sociedade.

Quando chega um cearense, no estado do Pará
É buchudo e amarelo, sem coragem nem de andar
Com pouco tempo tá rico e tem dinheiro pra gastar

Compra logo um carro novo dizendo: vou passear
e visitar os meus pais, no interior do Ceará
Toma a benção da mãe dele, não quis nem abençoar.

O velho disse: minha velha, tu tá ficando gagá
Abençoa, é nosso filho, que chegou pra nos levar
Pra ficar rico igual ele, no estado do Pará.

Isso é só um exemplo, pro brasileiro entender
E não foi feito por maldade, a intenção foi defender
A reserva florestal, que o Brasil pode perder.

Sou defensor da floresta, eu adoro a natureza
E a Amazônia do Brasil, hoje é a maior riqueza
Turistas do mundo inteiro desfrutando esta beleza

( Manoel de Aguiar Cardoso- 1993)