COLÉGIO DE APLICAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO – CA DO CE DA UFPE

COMPONENTE CURRICULAR: SOCIOLOGIA III

PROF. Tecg° e Lic. EMANUEL ISAQUE CORDEIRO DA SILVA

 

 

EMANUEL ISAQUE CORDEIRO DA SILVA  – PROFESSOR

DISCENTE: ______________________________   N°:___

 

PODER, POLÍTICA E ESTADO

Introdução

Os conceitos de “poder”, “política” e “Estado” são muito próximos, mas não se confundem. Enquanto o poder consiste na faculdade ou possibilidade de ter realizada uma vontade, a política pode ser concebida como um campo de conhecimento científico e como forma de exercício do poder.

Por sua vez, pode-se descrever o Estado como lugar de exercício e luta  pelo poder. Tais definições são variáveis, conforme a teoria e os objetivos analisados, sendo certo que as definições analisadas adiante estão entre as mais usuais.

Objetivos

 Conhecer a definição conceitual de poder;

 Compreender empírica e teoricamente o que é a política;

 Conhecer algumas definições do que é o Estado.

1. Fundamentos teóricos do poder, da política e do Estado

Dos conceitos analisados, é central a definição de “política”, uma vez que articula, de forma equidistante, às definições de “poder” e de “Estado”.

Sendo assim, mostra-se oportuno compreender que a política existe em um nível prático das relações entre agentes políticos individuais ou grupos em espaços públicos e/ou privados e que, em grande parte, é de difícil captação e explicação pelo profissional da Ciência Política (cientista político).

Noutra perspectiva, a “ciência política” compreende a política como um domínio de conhecimento, que tem por objeto de estudo e análise as relações politicas entre Estado e Estados, Estado e indivíduos, Estados e indivíduos e indivíduos e indivíduos, cujos desdobramentos podem ser tratados como fenômenos e, subsequentemente, compreendidos.

 

EXEMPLO: A política governamental não se confunde com a “ciência política”. Enquanto a primeira é o exercício da política por agentes como grupos sociais, agentes políticos e econômicos, a ciência política delimita tais relações como objeto de estudo e análise e, por meio deste, escolhe o método mais adequado para o conhecimento e a interpretação de tais relações.

SAIBA MAIS! - A ciência política faz uso de inúmeros tipos de metodologia. Suas abordagens incluem filosofia política clássica, o interpretacionismo, o estruturalismo, o behaviorismo, o racionalismo, o pluralismo e o institucionalismo.

1.1 Política e Poder

Maurice Duverger (1976-), entende que é pouco rentável conceituar taxativamente a ciência política. Por isso, procura defini-la situando-a nas ciências sociais e na história, mediante as grandes fases de desenvolvimento do pensamento político.

Apesar das distintas concepções, a maioria das definições da ciência política permeia sobre a noção de poder. Uma das interpretações entende que é uma forma de diferença entre governados e governantes. Nesse sentido, o autor entende a ciência política como a ciência dos governantes, que quer conhecer as prerrogativas, extensão e os fundamentos da obediência. Não obstante, trata-se de uma abordagem que apresenta limitações, dado que nas democracias modernas, são os governados que delegam poder aos governantes, sistema democrático conhecido como democracia representativa, uma vez que um único indivíduo, eleito pelo prelo irá representar determinada comunidade, cidade, região, estado ou país.

Portanto, o poder pode ser:

 Imediato: quando os homens obedecem as regras estabelecidas comunitariamente.

 Institucionalizado: quando o poder pertence à uma instituição, ou seja, à função política exercida.

O poder também pode ser compreendido a partir de algumas perspectivas:

 Fenômeno biológico: É o que se depreende da observação da natureza e dos animais que têm a vida social convergentemente relacionada como um elemento comum das sociedades humanas.

 Fenômeno de força, coação e coerção, que se divide em:

Coação física: é o exercício matéria da força por um grupo ou pela máquina do Estado.

Coação econômica: pode privar de bens materiais e, por intermédio dessa privação, obter sua obediência, refletindo a situação das classes sociais em luta. É também uma pressão social difusa, que envolve todos os homens, a quem a vida social impele ao comportamento de subordinação ao poder.

Coação por enquadramento coletivo: verificada nos partidos políticos modernos, e que também pode ser observada na coação psicológica, exercida por meio da propaganda e persuasão. 

O poder, verificável na pressão social difusa, no enquadramento coletivo e na propaganda, está na fronteira de seu exercício material pela crença em sua força, de modo que tende a deixar de ser percebido como a coação quando passa a ser aceitação, dentro de um sistema de crenças.

Nesse sentido, podemos compreender que, a partir de comunidades tradicionais, o poder se apoia primeiramente em sistemas de crenças, fazendo o uso da coação apenas em um segundo momento.

Portanto, o poder só é reconhecido quando encontra legitimidade em sua origem, que poder ser monárquica, democrática ou ditatorial.

Uma importante visão acerca do que é a política, é explanada por Max Weber, para quem política são as relações de poder que se dão no interior do Estado ou por meio da influência que ele exerce.

Uma comunidade humana no interior de um território, concebendo como território os elementos essenciais do Estado, reivindica o monopólio do uso da violência física (coercitiva). Por sua vez, entende-se a política como esforços que tem como finalidade a participação no poder, ou influenciar as decisões de poder entre as relações estatais ou no interior de um Estado.

O poder relaciona-se diretamente com a ideia de dominação, que situa-se ao nível dos governados. Portanto, a dominação pressupõe um desequilíbrio entre fortes que dominam e os fracos que são os dominados. Enquanto o poder está inserido em um sistema de crenças, a dominação é uma relação material e pragmática, pois é a superioridade suportável pelo mais fraco. Enquanto o poder possui caráter estrutural e organizado, o domínio é resultante dos conflitos e lutas no interior de um corpo social e da vida sodalícia.

Em Weber são apontados três tipos clássicos de dominação:

 Dominação racional-legal: é a subordinação das pessoas às regras legais pela crença na legitimidade de sua validade. É exemplo, para Weber, o Estado moderno e as relações de impessoalidade entre Estado e cidadãos ou cidadãos e cidadãos.

 Dominação tradicional: é a dominação com fundamento na ancestralidade e na origem daquele que afirmar deter o poder, que é transmitidos de geração em geração. Como exemplo, Weber cita as relações feudais, o patriarcalismo e, aqui no Brasil, pode-se citar o coronelismo.

 Dominação carismática: é exercida com fundamento no carisma do líder político. Para Weber, essa dominação propicia a transformação social, uma vez que o próprio carisma do líder o leva a tomar decisões para além das normas vigentes. São exemplos, no Brasil, os governos de Vargas, Kubitschek e Lula.

1.2 Ciência Política, Ciência do Estado

Portanto, a ciência política tem como objeto os fenômenos que têm origem no poder, isto é, no comando no interior de uma sociedade; sendo denominada de ciência da autoridade dos governantes e do poder.

Em Duverger, usualmente a política é relacionada com a definição de governo e, subsequentemente, de Estado. Em seu pensamento, a definição tradicional de Estado está intimamente ligada à ideia de soberania, concebendo-a como um exercício do poder acima de todos os demais poderes. Nesse contexto, o Estado está acima dos grupos sociais que compõem o corpo social, reconhecendo a independência dos demais estados no espaço global.

A relação entre a política e o Estado se dá pela elevação para a participação no poder político, ou quando se exerce determinada influência sobre a forma de repartição desse poder dentro de um Estado, ou entre diferentes Estados. Também, no interior de uma nação, por meio da política, desenrolam-se as relações entre os grupos sociais e são construídas suas relações de hierarquia.

CAI NA PROVA! - É de suma importância estar ciente e demonstrar proficiência nas teorias que explicam o surgimento do Estado e as relações de poder, uma vez que é recorrente questões sobre o tema em avaliações. Sendo assim, mostra-se oportuno relacionar as teorias contratualistas com a constituição do Estado, tal como é conceituado nesse trabalho e em livros didáticos de Filosofia e Sociologia.

Juntamente com a ciência política, a sociologia também oferece um importante instrumento de compreensão do Estado-nação, isto é, os laços sociais mais fortes e a solidariedade mais intensamente sentidos, ou seja, como se constitui uma solidariedade nacional. O Estado possui uma organização política complexa, em que é bem definida a distinção entre governantes e os governados.

DICA: Uma linha de interpretação política que se destaca e se popularizou da segunda metade do século XX pra os dias atuais é a de Michael Foucault, que trabalha com a ideia de micropoder. Ou seja, para ele, o poder não se tem, se exerce. Os micropoderes exercidos como instituições como religião e família auxiliam na adaptação do homem, deixando-o apto ao exercício do poder pelo Estado.

Nesse sentido, são recorrentes três linhas descritivas do Estado, são elas:

 O Estado é uma organização apolítica de maior aperfeiçoamento;

 O Estado apresenta um sistema organizado de sanções, isto é, os mecanismos de aplicação de sanções e penas, e

 O Estado dispõe de maior força para fazer valer suas determinações.

FIQUE ATENTO! - O realismo político é uma conhecida corrente teórica da Ciência Política. Para tal, parte da premissa de que os indivíduos são movidos pelo desejo de poder e segurança, articulando-se em torno de dois conceitos-chave: o poder e o conflito, identificando a natureza humana como egoísta, predatória e inclinada ao desejo de conquista.

Pela linha de raciocínio supra, o Estado pode ser compreendido como a sociedade organizada institucionalmente. Outra abordagem de ordem geopolítica compreende o Estado como composição de três elementos: o povo, o território e o governo. Não obstante, é conhecida a perspectiva sociológica de Max Weber, que compreende o Estado como a instituição que detém o monopólio da violência.

IMPORTANTE! - A partir do pensamento de Weber, ficou conhecida a Teoria da Escolha Racional, segundo a qual parte das ações dos indivíduos na vida em sociedade se dão a partir de cálculos que visam alcançar fins almejados ou respeitar aos valores sociais preestabelecidos.

 

PRATIQUE! - Uma forma de exercitar o raciocínio político é, em um grupo político e social, buscar identificar as motivações que levam os atores políticos a agir.

Conclusão

Mediante as interpretações apresentadas, pode-se definir o poder como potencial uso da força para subordinar a vontade dos outros ou impor a vontade do líder político sobre os governados. A política também pode ser compreendida como uma ciência que pretende conhecer e analisar as relações de poder.

Nesse sentido, uma usual definição reconhece a política como um conjunto de relações de força, que ocorrem no entorno e no interior do Estado.

De acordo com Weber, o Estado pode ser definido como instituição que detém o monopólio do uso da violência.

Já para Foucault, existem relações de poder para além do Estado. Ele utiliza o termo micropoder para apontar que existem relações de poder e de hierarquia em instituições como a família, igreja, trabalho etc.

O poder também pode ser exercido de forma oculta, quando o dominado não se reconhece como tal, mas aceita tranquilamente a posição de subordinado a um líder ou instituição.

Emanuel Isaque Cordeiro da Silva – Contatos: [email protected] e WhatsApp: (82)98143-8399. Recife, 2019.

Referências Bibliográficas

DUVERGER, M. Ciência Política, Teoria e Método. 1ª ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1976.

MACHADO, I. J. de R.; BARROS, C. R. de.; AMORIM, H. Sociologia hoje. 1ª ed. São Paulo: Ática, 2013.

SILVA, A. et. al. Sociologia em movimento. 2ª ed. São Paulo: Moderna, 2016.

WEBER, M. Economia e sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva. 1ª ed. Brasília: Ed. UnB, 1994.

_________. Ensaios de Sociologia. 1ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1981.

 

COLÉGIO DE APLICAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO – CA DO CE DA UFPE

COMPONENTE CURRICULAR: SOCIOLOGIA III

PROF. Tecg° e Lic. EMANUEL ISAQUE CORDEIRO DA SILVA

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AVALIAÇÃO DE APRENDIZAGEM – SOCIOLOGIA III

Assunto: Poder, política e Estado

 

1. Amparados pelas aulas ministradas, descreva uma definição própria de poder, política e de Estado. Lembre-se, após a definição de ambos os termos, exemplifique cada um deles, ou seja, use exemplos de poderes, de política e de Estados nas sociedades atuais e na sociedade em que vive. (1 ponto)

2. Explique porque os termos de poder e de Estado convergem diretamente com a definição de política. (1 ponto).

3. Como a Ciência Política compreende o poder? Explique as relações de poder entre Estado e Estados, Estado e indivíduos e indivíduos e indivíduos. (1ponto)

4. Como desenrolam-se as relações de poder entre o Estado e a sua família? (1 ponto)

5. Elucide o pensamento de Maurice Duverger acerca do poder. Segundo ele, como o poder se manifesta na sociedade? (1 ponto)

6. Como Weber explica o conceito de poder? (1 ponto)

7. Cite as formas de dominação weberianas e cite exemplos da aplicação prática de ambas na sua vida cotidiana. (1 ponto)

8. Como Michel Foucault concebe o poder? O que é o micropoder? Segundo Foucault, as relações de poder familiar e religiosas, além da hierarquia existente em ambas, tomam o homem apto ao exercício do poder pelo Estado, por quê? (1 ponto)

9. Cite as três correntes descritivas do Estado e explique cada uma delas. (1 ponto)

10. Defina e explique: (1 ponto)

a) Realismo político:

b) Teoria da Escolha Racional:

Questões bônus: (1 ponto)

11. Podemos definir o “poder” como: “direito de deliberar, agir, mandar e, dependendo do contexto, exercer sua autoridade, soberania, a posse de um domínio, da influência ou da força”.

A partir do fragmento do texto, assinale a alternativa que corretamente o conceito de poder adotado:

a) O conceito adotado descreve a palavra “poder” a partir da enunciação de seu significado e uma interpretação semântica.

b) O conceito adotado descreve a palavra “poder” a partir de uma interpretação política.

c) O conceito adotado descreve a palavra “poder” a partir de uma interpretação científica.

d) O conceito adotado descreve a palavra “poder” como potência, a partir de uma interpretação filosófica.

e) O conceito adotado descreve a palavra “poder” como algo inerente à sociedade e que, mediante ele, pode-se explicar a hierarquia social através das relações de domínio e força.

12. Podemos dizer que a política existe como prática e como ciência, uma vez que é uma área de conhecimento e um conjunto de ações estratégicas presentes nas relações humanas. Dentre as alternativas abaixo, assinale a que diferencia corretamente estás duas formas de existência da política.

a) Pode-se compreender a política como conhecimento empírico a partir da realidade social e como filosofia prática que orienta as ações dos sujeitos no mundo.

b) A política pode ser compreendida a partir de seu estudo sistemático e metodológico e como modo de ação dos sujeitos e grupos sociais em suas relações.

c) Pode-se compreender a política como campo de conhecimento científico e como sistemas políticos de governo.

d) A política pode ser compreendida por seu estudo metodológico e como prática de sujeitos e grupos sociais passíveis de observação.

e) A política nada mais é do que a relação entre os indivíduos num corpo social e que mantém relações entre si e com o Estado, além do Estado exercer poder absoluto entre seus governados.

13. O Estado é uma força de organização social descrita de diversos modos. Assinale, entre as alternativas abaixo, como as Ciências Sociais descrevem essa organização.

a) O Estado é o somatório de um território, um povo e um governo.

b) O Estado é a sociedade organizada institucionalmente.

c) O Estado é a instituição que detém o monopólio da violência.

d) O Estado é a instituição que detém o poder soberano.

e) O Estado é a organização que dita as regras de vivência dos indivíduos.