Poder legítimo e formas de dominação weberianas
Publicado em 01 de fevereiro de 2019 por Emanuel Isaque Cordeiro da Silva
The legitimate power and forms of domination
As formas de exercício do poder podem ser legítimas ou não. Segundo Max Weber, elas são legítimas quando a influência exercida é aceita por aqueles que se submetem à vontade do outro, como no caso dos moradores de uma cidade ante as decisões da prefeitura. E não são legítimas quando pressupõem apenas o uso da força para imposição da vontade, como no caso das ditaduras. O exercício legítimo do poder é chamado por Weber de dominação. Quando o poder é exercido exclusivamente com o uso da força, a dominação não é legítima. Para a Sociologia, o que importa é a análise da dominação legítima, aquela em que o dominado aceita as condições em que o exercício do poder acontece.
De acordo com Max Weber, existem três tipos puros de dominação legítima: a tradicional, a carismática e a racional-legal. A tradicional consiste na crença em instituições e regras transmitidas de geração em geração, conduzidas por um indivíduo ou grupo de pessoas, que se baseiam nos costumes para exercer a dominação. São exemplos desse tipo de dominação as relações feudais*1, o patriarcalismo*2 e o coronelismo.
A dominação carismática é estabelecida quando os dominados possuem a crença de que há qualidad es excepcionais em determinado indivíduo, algo que o torna superior aos outros e lhe permite exercer liderança ou controle sobre eles. Pode ser ilustrada por figuras de lideranças religiosas ou políticas com grande poder de influência social. Para Weber, a dominação carismática se contrapõe à dominação tradicional e propicia a transformação social, visto que a crença nas qualidades excepcionais do líder permite a ele estender suas ações para além dos limites das normas vigentes. No Brasil, figuras como Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e Lula são exemplos de lideranças carismáticas.
A dominação racional-legal, fundamentada em normas e regras aprovadas e aceitas por todos, tem como exemplo a burocracia. Na concepção weberiana, esse tipo de dominação caracterizaria o Estado moderno, no qual as relações entre cidadãos e Estado seriam marcadas pela impessoalidade, ou seja, com base em regras e normas convencionadas e seguidas por todos os membros de uma coletividade, sem nenhuma distinção.
No Brasil, como em outras nações, há graves e variados casos de corrupção política, situações nas quais integrantes do Estado, muitas vezes eleitos pela população, fazem uso indevido de verbas públicas, empregando-as para fins privados. Isso indica que mesmo em regimes democráticos, guiados por leis que criminalizam tais práticas, ainda há muito a ser feito para que as condutas de representantes políticos obedeçam ao princípio de impessoalidade determinado pela democracia moderna.
Notas:
*1: As relações que falo são as relações dos grandes latifundiários feudais, ou melhor, dos senhores feudais, sejam nobres ou até mesmo reis com o proletário, vassalos, etc. O regime feudal consistia numa separação social entre o clero, uma vez que na Idade Média a igreja católica era hegemônica tanto em assuntos religiosos quanto sociais, nobreza, com os senhores feudais donos de todas as terras de cada feudo e dos servos, caracterizando o sistemafeudal como um regime de servidão.
*2: Significa o poder e a preponderância do homem na organização social, seja nafamília, sejaem um grupo religioso ou político. As pessoas devem obediência à autoridade masculina, o patriarca, cabendo aele o poder de decisão de modo inquestionável. Na história brasileira, o senhor de terras assume o caráter do patriarca, que domina os meios de produção e em torno do qual se agrupa a população dependente, além de exercer o político na esfera pública.
A cultura política brasileira mistura elementos modernos com permanências de suaformação colonial sustentada na dominação masculina sobre a família patriarcal e na economia escravocrata.
©2019