Toda pessoa que milita na política neste país sempre soube que as vultosas doações de empresas privadas para campanhas eleitorais são fruto de 'partilha' ou de suborno.

Todos tínhamos certeza disso, só faltavam as provas...

Com as revelações da Operação Lava-Jato, não há mais dúvida sobre essa questão.

Qual a empresa que doaria R$ 500 mil, R$ 1 milhão, R$ 2 milhões a qualquer candidato sem que tivesse com ele algum pacto 
indecoroso, tácito ou explícito?

Empresas não são instituições de caridade. Empresas trabalham em função de lucros. Se doam algum dinheiro pra algum candidato ou é por partilha de lucro havido ou investimento pra lucro futuro líquido e certo. Empresário não joga dinheiro fora.

Ora, se o financiamento de campanha por parte de empresas privadas é lógica, evidente e comprovadamente fruto ou semente de corrupção, de apropriação indébita do dinheiro público, porque não acabar com isso já?

A Câmara Federal recusou recentemente uma proposta nesse sentido. Os deputados federais, com raras e honrosas exceções beneficiários diretos desse 'mar de cumplicidades', como dizia o velho Brizola, sempre vão legislar em causa própria; jamais vão acabar com essa imoralidade da qual são filhos.

A CNBB, a OAB e outras instituições apresentaram uma projeto de lei de iniciativa popular, colheram mais de um milhão de assinaturas, mas não conseguiram sensibilizá-los.

Só mesmo uma forte mobilização da sociedade, com o povo nas ruas, poderá reverter essa situação.

Mas o que vemos é o povo nas ruas destilando um ódio cego, inoculado por uma oposição manipuladora e sem moral, porque praticante dos mesmos crimes de que acusa o atual governo, pedindo a cabeça da Presidente, como naquela piada em que o marido flagra a mulher com o amante no sofá da sala e pra reparar a traição manda retirar o sofá, como se fosse ele, o pobre sofá, a causa do crime.

Temos que ir às ruas pedir não só a punição exemplar dos culpados pelos crimes de corrupção revelados pela Lava-Jato e por todo e qualquer outro que tenha sido ou venha a ser cometido contra os cofres públicos, mas também o fim dessa promiscuidade político-empresarial decorrente do financiamento privado de campanha, responsável por grande parte da corrupção endêmica e crônica existente neste país.

É triste vermos milhares de pessoas nas ruas gastando sua valiosa energia política para pedir o juridicamente insustentável (pelo menos por enquanto), politicamente incorreto e economicamente desastroso impeachment da Dilma, ao invés de estarem pedindo o fim da prostituição política que representa o financiamento privado de campanha...

Não basta 'tirar o sofá', tem que cortar o mal pela raiz...