ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS E ENSINO DE CIÊNCIAS: PLANETA DOS INSETOS

*Adinelma Alexandre da Silva
*Rosiana dos Santos
*Valdirene Rezende De Luca


*Alunas do 6º período do Curso de Pedagogia da Faculdade Amadeus


Resumo

Este artigo teve como objetivo principal a aplicação de estratégias pedagógicas no ensino de ciências em turmas de ensino fundamental. Trabalhamos com alunas da 3ª série (4º Ano) sobre seus conhecimentos prévios relacionados aos insetos, e se estes provêm das representações conhecidas através de desenhos animados ou livros infanto-juvenis. A metodologia empregada baseou-se na observação direta dos alunos e suas representações que foram gravadas e posteriormente transcritas. A partir dos resultados obtidos, buscou-se uma compreensão dos efeitos da aplicação de estratégias pedagógicas diferenciadas, de forma a estabelecer relações sobre os conhecimentos prévios dos alunos com a realidade e representações conhecidas em livros infanto-juvenis ou desenhos animados. Colocar a conclusão


Palavras-chave: Estratégias, Ciências, Conceitos Estruturantes, Aprendizagem, Insetos


Problema

Que estratégias pedagógicas podem ser usadas para contextualização do cotidiano no Ensino de Ciências.


Questões Norteadoras

? A aprendizagem dos alunos sobre os Insetos provém das informações de conceitos expostos em sala de aula ou de representações conhecidas em livros infanto-juvenis ou desenhos animados.

? A contextualização dos conhecimentos sobre Insetos é fundamental para a apreensão de conhecimentos científicos.

? As crianças apresentam representações sobre as características dos insetos.

? Estratégias diferenciadas produzem efeito positivo na aquisição dos conhecimentos sobre os Insetos.


Introdução

Vivemos num momento de revisão da educação e das práticas escolares no ensino de ciências. Juntamente com isso, vem o desafio da construção de um perfil profissional para o professor com base no seu trabalho em sala de aula, de modo que se repense o ensino, fundamentalmente, a partir de pesquisas. Além disso, fica evidente a compreensão da importância do ensino de ciências através da abordagem de conceitos estruturantes, da aplicação dos conhecimentos prévios dos alunos e sua contextualização. A avaliação através da consideração de todos os conteúdos (conceituais, procedimentais, atitudinais) também não deve ser desprezada. Ao mesmo tempo, é necessário proporcionar aos alunos oportunidades através do desenvolvimento de projetos didáticos, de maneira que eles possam entender que a importância da ciência está muito mais ligada a posturas cotidianas, a maneiras de posicionar-se diante do desconhecido, de problematizar situações que não parecem oferecer nenhuma dúvida, de perceber que existem maneiras de entender o mundo.
A escolha pelo tema Insetos se deu, basicamente, pela importância de identificar os seres vivos existentes na natureza e suas interrelações com o homem. As crianças adoram os animais, que estão presentes em seu dia-a-dia, ao vivo ou no imaginário na forma de personagens de histórias ou desenhos animados. Por isso, querem sempre saber mais sobre eles.
Formiga é inseto? De que os cupins se alimentam? Onde moram os besouros? Perguntas como essas, são feitas pelas crianças e nos motivaram a desenvolver o projeto Planeta dos Insetos. Apesar de ser um conteúdo que não é novidade no ensino fundamental, queremos que elas descubram mais do que os hábitos alimentares dos insetos: queremos que elas saibam que relações os insetos têm com o homem. Para muitas crianças, pode parecer que os insetos não servem para nada, além de nos picar e nos transmitir doenças. Mas na realidade não poderíamos viver sem eles! Todos os insetos são úteis e têm sua função no equilíbrio da natureza.
Neste sentido, este artigo se deu numa perspectiva de proporcionar meios para o alcance dos objetivos propostos para uma aprendizagem eficaz das crianças. Através dele, conhecemos as representações dos alunos sobre os insetos; permitimos a utilização de conceitos estruturantes, provocando a transformação conceitual; fizemos com que as crianças percebam-se como seres integrantes do ambiente, identificando seus elementos e as interações entre eles; usamos a curiosidade das crianças pelos insetos e ajudamos a desenvolver uma postura investigativa frente às questões que se colocam; além de levá-las a conhecer o modo de vida e características dos insetos.
Com o resultado desse trabalho, temos a certeza de que os alunos saem ganhando quando aprendem a observar, a pesquisar e a ter uma postura investigativa frente às questões que se colocam.
Terminar a introdução com os objetivos

Teoria

Diante da complexidade de fatores e objetivos a serem alcançados no ensino de ciências é que buscamos desenvolver o artigo através dos resultados obtidos com o projeto didático Planeta dos Insetos, em que foi possível oportunizar ao aluno o desenvolvimento de capacidades que neles despertem a inquietação diante do desconhecido, buscando explicações lógicas e razoáveis, desenvolvendo posturas críticas e ressignificando seus conceitos. O projeto didático é uma alternativa de trabalho em sala de aula que procura superar as práticas habituais, levando em consideração que o aluno deve ser sujeito da própria aprendizagem. Duas características marcantes dos projetos consistem na problematização de um tema e na produção de um objeto ou de uma ação por parte dos alunos. Além disso, deve ter um destino social real que precisa ser conhecido pelos alunos. Através de projetos didáticos, o professor pode dar espaço para que os alunos expressem suas curiosidades, definam o que desejam aprender, escolham temas para uma investigação pessoal inseridos no recorte temático.

Ainda que os alunos devam ser incentivados a participar ativamente no desenvolvimento do projeto, devendo ter assegurado o espaço para seu questionamento individual, para atender seus interesses particulares acerca do assunto a ser estudado, o professor também é fundamental não apenas na condução do processo, mas também na definição do tema ou da questão favorecedora do projeto. (extraído da apostila "o que são projetos e como podem ocorrer nas séries do ensino fundamental - Seminário em Curitiba - out/1999)

Por isso, a escolha pelo tema Insetos se deu pela necessidade de adequá-lo a um dos objetivos previstos pelo currículo do ensino fundamental no ensino de ciências que seria a importância de identificar os seres vivos existentes na natureza e suas interrelações com o homem. Os insetos formam o grupo dominante em nosso Planeta Terra, com mais de setecentas mil espécies catalogadas, mais da metade de todos os grupos animais. Enquanto há menos de cinco mil espécies de mamíferos catalogadas, apenas a ordem dos coleópteros, que inclui as simpáticas joaninhas e todos os tipos de besouros, conta com trezentas e cinqüenta mil espécies.
Os insetos apresentam um sucesso evolucionário sem paralelo, que exibe uma série de recordes: habitam o planeta há milhões de anos, são os únicos invertebrados que possuem asas e podem voar, adaptaram-se a quase todos os ambientes, reproduzem-se maciçamente, possuem grande força e resistência física proporcional e várias espécies desenvolveram e mantém organizações sociais complexas. Além disso, estudos revelam a importância dos insetos para nossa humanidade. "A maioria dos insetos realiza de maneira incansável funções para melhorar o ambiente e nossa vida de forma que só agora os cientistas começaram a compreender", destaca o entomologista da Universidade de Cornell e principal autor da pesquisa, John Losey (ano)
Buscamos no projeto didático descobrir quais as representações que os alunos têm sobre o tema. Sabemos que elas não são gratuitas e respondem aos conhecimentos prévios do aluno, com as quais formam um conjunto coerente. Dessa forma é que foram trabalhados os conceitos estruturantes, ou seja, um conceito cuja construção transforma o sistema cognitivo, permitindo adquirir novos conhecimentos, organizar os dados de outra maneira, transformar, inclusive, os conhecimentos anteriores. Sendo assim, fica claro que o importante no ensino de ciências é a transformação conceitual do aluno e não obriga-lo a decorar uma quantidade de coisas que para ele não tem sentido. Isto coincide com o desenvolvimento de uma atitude científica e acreditar que deve haver mudanças de estratégias utilizadas habitualmente nas aulas de ciências.

A idéia central sobre os conceitos estruturantes é que os conhecimentos não são transmitidos, são construídos. Um ponto importante é como favorecer a mudança de atitude do aluno, como fazer para que valorize mais sua própria capacidade, e, ao mesmo tempo, como fazer para que aprenda a aprender. (GAGLIARI, 1985)

Também consideramos dos alunos as relações que fazem sobre o tema, seja sobre um conhecimento cotidiano, seja sobre um conhecimento científico. Sabemos que entre esses dois conhecimentos não se pode dizer que existe contradição, ou mesmo que um seja correto e o outro errado em termos absolutos. Por isso, ao se trabalhar as representações das crianças, não estaremos hostilizando o conhecimento cotidiano que elas podem ter sobre os Insetos, pois sabemos que existe coincidência entre causa e intenção. Como afirma BIZZO (2002) ... "os alunos tem fácil acesso àquilo que denominamos conhecimento cotidiano e não deixarão de tê-lo ao ingressarem na escola".
Tendo em vista essa realidade, o nosso papel é proporcionar acesso a outras formas de conhecimento que, muitas vezes, constituem explicações alternativas ? quando não opostas ? às crenças da coletividade. Ainda que estando basicamente de acordo com a frase: "o fator mais importante que influi na aprendizagem é aquilo que o aluno já sabe". (Ausubel, Novak e Hanesian, 1983), concretizamos que essa afirmação não é tarefa fácil nem simples. Porém, a atualização e a disponibilidade dos conhecimentos prévios dos alunos são uma condição necessária para poderem realizar uma aprendizagem o mais significativa possível.
O professor precisa considerar que os conteúdos devem entrar em contato e atribuir um significado para os alunos, de forma que aquele conteúdo possa ter relação com aquilo que eles já sabem. Daí a importância de determinar os conhecimentos que são pertinentes e necessários para que os alunos possam aprender o conteúdo que pretendemos ensinar-lhes. A forma que devemos observar e intervir na atualização dos conhecimentos prévios do aluno é assim explicado por Coll:

Em primeiro lugar, tendo presentes, ao longo do processo de ensino, os conhecimentos prévios dos alunos que consideramos necessários para atribuir sentido e significado ao novo conteúdo. Com eles em mente, pode ser útil ir fazendo alusão de maneira mais ou menos direta a esses conhecimentos, no momento em que entendemos que deveriam ser atualizados pelos alunos, bem como explicitar as relações que podem ser estabelecidas entre o conhecimento prévio e o novo conteúdo. (COLL, 1999)

Em sala de aula, é necessário a procura por elementos que revelem novos significados e alternativas de conceber o conhecimento ministrado pelo professor, evitando que se ocorra a memorização e repetição por parte dos alunos. Para que eles possam fazer relações entre os conceitos deve-se entender o dia a dia como um convite à pesquisa e reflexão, inclusive coletiva. No que cabe aos professores das séries iniciais, em especial, onde são exigidos o domínio de assuntos tão diversos, eles precisam constantemente se renovar e se aprimorar, através de encontros, grupos de estudo, reuniões, trocas de observações em classe, entre outros. Já no que diz respeito à pesquisa por parte do aluno, o professor deve evitar dar respostas prontas, mesmo que detenha a informação exata e oferecer novas perguntas que levem os alunos a buscar a informação com orientação e acompanhamento. Assim, depende do professor estimular os alunos para a busca de mais dados e informações, onde é possível através do envolvimento com os colegas, da procura em livros, na formulação de novas hipóteses e atitudes, entre outros aspectos.
No que concerne à avaliação, a implementação de formas inovadoras ainda se constitui como um dos aspectos mais difíceis no ensino de ciências. Muitos professores vêem a avaliação como um processo objetivo, valorizando a quantidade de conceitos científicos que são depositados em provas.
O que se espera, na realidade, é que o professor não avalie o aluno apenas pelos conceitos aprendidos, mas também, por procedimentos e atitudes, colhendo informações importantes que possam ser evidenciados no progresso dos alunos ao longo de seus estudos.

A avaliação é sempre uma atividade difícil de se realizar. Toda avaliação supõe um processo de obtenção e utilização de informações que serão analisados diante de critérios estabelecidos segundo juízos de valor. (BIZZO, 2002)

Sendo assim, na forma de avaliação do nosso projeto buscamos diversificar os instrumentos, considerando a postura investigativa do aluno, sua forma de escutar e registrar informações, o desenvolvimento de atitude de respeito aos seres vivos, entre outros aspectos.


Metodologia

A coleta de dados ocorreu nos dias xxxxxxxxxx, tendo a participação de 32 alunas da 3ª série do ensino fundamental no Oratório Festivo Dom Bosco, na cidade de Aracaju. Para tanto, fez-se a pesquisa-ação através de observação, perguntas e aplicação de conceitos que foram gravados com os alunos e posteriormente transcritos. As questões colocadas tinham como objetivo saber os conhecimentos prévios das crianças sobre o tema Insetos e se estas concebiam alguma relação entre os conceitos científicos com os expostos através de livros infanto-juvenis e desenhos animados. As perguntas eram realizadas, antes da exposição dos conceitos e após a apresentação de estratégias pedagógicas para o ensino do tema Insetos. Os dados foram analisados qualitativamente e quantitativamente.
Para a análise dos resultados apresentados pelas alunas sobre o tema Insetos, elegemos três categorias de forma a classificar as concepções das crianças. São estes: 1- Conhecimento prévio - neste as alunas apresentaram as representações que tinham sobre o tema antes de desenvolvermos e aplicarmos conceitos científicos; 2- Contextualização dos conhecimentos ? neste as alunas respondiam sobre os insetos que fazem parte da realidade delas; e 3- Conceitos Reducionistas ? neste as alunas representavam sobre as características expostas em livros infanto-juvenis ou desenhos animados.
A partir da análise das informações obtidas pelas alunas, procurou-se debater as questões colocadas nas três categorias acima, objetivando, assim, a compreensão da aplicação de estratégias pedagógicas como recursos facilitadores da aprendizagem dos alunos no ensino de ciências.


Resultados e Discussão

Este projeto contou com a participação de 32 alunas da 3ª série do ensino fundamental no Oratório Dom Bosco. Quando perguntadas sobre quais tipos de insetos elas conheciam, notou-se que a ampla maioria das crianças, algo em torno de 90%, conhecem algum tipo de inseto, como borboleta, formiga, abelha, gafanhoto.
Outra concepção evidenciada diz respeito às características dos insetos. Quando perguntadas sobre onde nascem os insetos, a maioria respondeu que os insetos nascem de ovos. Uma das alunas evidenciou que nem todos os insetos nascem de ovos porque as borboletas nascem de dentro de um "saquinho", ao qual ela não soube conceituar o nome deste processo do nascimento das borboletas, iniciando-se uma discussão entre elas. Esta evidência levantada pela criança nos faz refletir como a representação dela não é gratuita, que ela construiu o conhecimento dando um significado aquilo que ela viu ou ouviu, e esse significado está determinado pelos conhecimentos anteriores. Ou seja, quando ela diz que a borboleta nasce de um "saquinho", essa representação não é produto da imaginação dela, mas está coerente com algo que todos conhecem: o processo de metamorfose de uma borboleta. O que o professor deve fazer é aplicar o conceito de metamorfose (casulo, pupa), como um conceito estruturante, transformando o sistema cognitivo da criança e permitindo que ela possa adquirir novos conhecimentos, organizando os dados de outra maneira, transformando, inclusive, os conhecimentos anteriores (saquinho). O que importa não é o que se aprende, mas a transformação que determina aquilo que se aprende (GAGLIARI, 1985).


Momento de investigação sobre os conhecimentos prévios das crianças
Quando perguntadas sobre que prejuízos os insetos poderiam causar ao homem, algumas alunas evidenciaram que o mosquito da dengue traz doenças para o homem. A dengue foi um dos assuntos mais discutidos na época da observação, visto o surto de epidemia que tinha acontecido recentemente em muitos estados brasileiros. Isso nos leva a acreditar que a contextualização é um fator que favorece a aprendizagem dos alunos, num processo ativo, acreditando-se que a criança tenha um envolvimento não só intelectual, mas também afetivo diante do tema.
Quando perguntadas sobre as características dos insetos (se tem asas, antenas, alimentação, etc) suas respostas tendiam a não generalizar sobre as questões, visto que grande parte delas respondia com expressões como "nem todos", "alguns", levando-nos a acreditar que muitas delas já reconhecem que cada ser vivo tem suas especificidades.
Um dado importante foi sobre a utilização do desenho animado como uma das estratégias pedagógicas do ensino de Ciências. Após a exibição do filme "Vida de Inseto", as alunas foram convocadas a responderem sobre questões dos filmes. Vimos nesse recurso, uma oportunidade de atrair a atenção das alunas a respeito do tema, já que o desenho animado consegue motivar e despertar o interesse das crianças. No momento da exibição, a criança que afirmou anteriormente sobre o nascimento da borboleta em um "saquinho", percebe esse processo em uma das cenas do desenho e aponta para a imagem, falando para as colegas "olha aí que eu tinha falado!". Neste momento, percebemos que era a oportunidade de introduzirmos o conceito ..... a respeito do processo do nascimento das borboletas.
Ao terminar a exibição de "Vida de Inseto", as alunas responderam às questões relacionadas ao filme. Uma das perguntas referia-se ao conhecimento sobre "predador", e elas ainda não tinham formado esse conceito. Vimos no desenho uma oportunidade de levá-las a aprendizagem sobre o conceito de "predador" sem que fosse necessário a transmissão deste de forma expositiva. Dessa forma, seguimos com os questionamentos do filme:

Professora: - Por que os insetos construíram????? o pássaro?
Criança: - Porque os gafanhotos têm medo de pássaro.
Professora: - E por que os gafanhotos têm medo de pássaro?
Criança: - Porque os pássaros comem os gafanhotos.
Professora: - AH! Então quem é o predador dos gafanhotos?
Criança: - O pássaro.

A partir desses questionamentos foi possível o entendimento da aluna sobre o conceito de "predador" sem que fosse necessária a introdução desse conhecimento de forma "expositiva" e "descontextualizada". Acreditamos que "os conhecimentos não são transmitidos, são construídos."(GAGLIARI, 1985). Acreditamos que é muito importante valorizar o aluno, mostrar que é capaz de aprender a aprender, e isso coincide, aparentemente, com um dos objetivos do ensino de ciências que é o desenvolvimento de uma atitude científica, através de atividades e recursos que possam facilitar a aprendizagem.
Em seguida levamos as alunas ao preenchimento das fichas didáticas onde cada uma delas representava características de diferentes insetos. Neste momento, uma das alunas questionou porque o "louva-deus" se chama assim. Neste momento, vimos a oportunidade de levá-la à prática da pesquisa, pois, entendemos que o professor deve evitar dar respostas prontas mesmo que detenha a informação. Sendo assim, apresentamos o livro onde constavam diversos insetos, com suas características e muitas curiosidades. Pedimos que buscasse a página do louva-deus e olhasse a posição das patas deste inseto. Após a leitura e identificação da imagem do louva-deus, a própria aluna percebeu que o inseto recebia esse nome porque suas patas dianteiras ficam numa posição muito parecida com os braços de uma pessoa quando está rezando. Dessa forma, vimos que depende do professor estimular os alunos para a busca de mais dados e informações através da procura em livros ou até mesmo com o envolvimento dos colegas.


Momento do preenchimento das fichas sobre insetos


Momento em que a aluna pesquisa sobre o louva-deus

No segundo dia de observação, apresentamos um documentário sobre os Insetos. Após a exibição fizemos uma roda para discutirmos sobre o que assistimos. Aproveitamos esse momento para introduzirmos os conceitos ..... de acordo com o que elas observaram do documentário. Quando perguntamos o que era o néctar, uma das crianças respondeu que o "néctar é o pólen". Já uma outra aluna disse que o néctar era um "liquidozinho" que fica nas flores. Comparamos e diferenciamos esses dois conceitos de forma sempre questionadora e sem buscar dar respostas prontas. Um dado importante é que as crianças associam sempre a abelha com o mel. Quando perguntamos o que a abelha come, muitas delas responderam que é o mel. Ao mesmo tempo, quando perguntamos o que as abelhas carregam para as outras flores, muitas também responderam que é o mel.


Exibição do documentário ? "Mundo dos Insetos" da Record.

Além dos conceitos de néctar e pólen, introduzimos também outros conceitos relacionados ao documentário. Quando perguntamos se as formigas vivem sozinhas, muitas responderam que não. Perguntei como elas viviam então. Elas não souberam responder e fui fazendo questionamentos até chegar ao conceito que queriamos. Perguntamos se as pessoas viviam sozinhas na sociedade. Algumas responderam que vivíamos em "grupo", outras em "equipe". Sendo assim, levamos as crianças a entender que da mesma forma vivem as formigas, mas que o nome não se chama nem grupo, nem equipe, se chama "colônia". E assim, introduzimos outros conceitos, como de camuflagem, predadorismo (que já tinham aprendido), entre outros.
Em seguida, prosseguimos com os preenchimentos das fichas didáticas. Percebemos que muitas características que as crianças respondiam foram associadas através do desenho e do documentário, como, "as antenas das formigas servem para captar os alimentos", "as formigas são chamadas operárias porque trabalham mais que as formigas rainhas", "a utilização do ferrão para atacar outros insetos", entre outros. Dessa forma, entendemos que a estrutura narrativa e o conteúdo mítico e simbólico dos desenhos animados demonstram constituir excelente material de uso pedagógico, uma vez que a exibição dos mesmos revelou a importância que tem no desenvolvimento cognitivo e no imaginário infantil.


As crianças preenchem as fichas sobre insetos


Ficha didática preenchida pela aluna Larissa


Ficha didática preenchida pela aluna Tayná

Porém, é importante atentar-se às representações exibidas em livros infanto-juvenis ou desenhos animados, pois, muitas vezes, estes não refletem à realidade. Isso foi constatado através da leitura de alguns contos sobre insetos como "O Marimbondo Zangado", onde representava alguns insetos com características erradas sobre o corpo (4 patas), ou distorções referentes à habitação, alimentação, entre outros. Por isso, é preciso que o professor escolha antes os tipos que podem ser estudados, evitando os que oferecem informações incorretas. As crianças tendem a reproduzir o que povoa seu imaginário......, representados através dos desenhos ou contos, e o professor deve saber selecionar esse material e intervir na hora certa para que não se confunda o conhecimento e aquisição de conceitos pelas crianças.


Leitura do conto "O Marimbondo Zangado"


As crianças representando a formiga com "4 patas"


Conclusão

Quando se apresentou o desenho animado houve um impacto positivo com relação à expectativa do conteúdo (Insetos). Embora fosse uma história fictícia, foi possível retirar deste enredo os principais conceitos relacionados ao tema, evidenciada através do preenchimento das fichas didáticas produzidas pelas alunas logo em seguida à exibição do desenho e a discussão desencadeada em sala de aula após essa estratégia pedagógica. Verificou-se que muitas das crianças já estavam preenchendo as questões das fichas bem antes de introduzirmos o conceito, apenas com as representações que adquiriram do desenho e do documentário.
Dessa forma, é possível sinalizar que a utilização de desenhos animados serviu como instrumento facilitador de aprendizagem. Entretanto, não se pode perder de vista que a abordagem de conceitos científicos em sala de aula se faz importante, e não pode ser ignorada, pois estas são as diretrizes que norteiam as atividades pedagógicas. O que a escola deve fazer é proporcionar acesso a outras formas de conhecimento que, muitas vezes, constituem explicações alternativas e facilitam a aquisição do conhecimento pelo aluno. Desta forma, a utilização de estratégias pedagógicas diferenciadas no ensino de Ciências contribuiu para formação do aluno crítico, capaz de aprender a aprender, pensar, investigar e pesquisar.
Acreditamos que a definição dos conceitos estruturantes e das estratégias pedagógicas pode ser um dos eixos para desenvolver um novo modelo didático, que se pode ir construindo e ensaiando em sala de aula.


REFERÊNCIAS

AUSUBEL, D.P; NOVAK, J. D.; HANESIAN, H. Psicología Educativa: un punto
de vista cognoscitivo. México: Trillas, 1983.
BIZZO, Nélio. Ciências: fácil ou difícil? São Paulo: Ática, 1999.
COLL, César, et.al. O construtivismo na sala de aula. São Paulo: Ática, 1999.
GAGLIARI, R. Os Conceitos Estruturais na aprendizagem através de pesquisa. 3ªS Jornadas de Estúdio sobre la Investigación en la Escuela. Sevilla, dezembro, 1985.
LOSEY, John. In http://www.portalmundodasflores.com.br/. Acesso em 20 de setembro de 2008.
ESCOLA DA VILA. O que são projetos e como podem ocorrer nas séries de Ensino Fundamental. Seminário em Curitiba, outubro, 1999.