Planejamento como forma participativa

Marcos Fogaça Vieira1

RESUMO     

Neste artigo iremos abordar o planejamento como forma de participação na tentativa de inserir no plano educacional e escolar maneiras de abordagens entendendo a importância de se planejar para obtenção de resultados satisfatórios. Analisar como se dá esse processo de construção com a participação da comunidade escolar, em suas dimensões de vivencias em seu cotidiano a partir de sua realidade encarando seus desafios e previsões fazendo desse planejamento algo continuo e nunca acabado. Tentando eliminar sua aparente neutralidade, mas que no fundo manifesta ideologias que regulam o sistema educacional vigente. Nosso referencial teórico serão os autores Maximiliano Menegalla e Carlos H. Carrilho Cruz e Ilca Oliveira de Almeida.

PALAVRAS – CHAVES

Planejamento – Participação – Realidade – Escola

______________________________________________________________

1Graduando do curso de Licenciatura Plena em História Pela Universidade Federal do Pará

 

Introdução

 

            Neste presente artigo iremos abordar a importância do planejamento como forma participativa. Acreditamos que todo planejamento ele deve está enquadrado dentro de uma realidade que alcance toda a comunidade escolar que vai desde a sua elaboração até a sua execução. A participação da comunidade demostra o caráter democrático que se deseja em qualquer planejamento, pois um planejamento quando não se abre a discussões e ao debate tende a ser evasivo e sem sentido, levando a não compreender a realidade dos agentes envolvidos, podendo ficar distante de sua realidade e como consequência fadado ao fracasso.

Ninguém melhor pra conhecer sua realidade do que os próprios envolvidos na elaboração do planejamento da comunidade em questão, no entanto, e um trabalho que deve ser orientado em uma perspectiva que requer também métodos científicos, e rigor cientifico que pressupõe confrontamentos de dados, coletas, pesquisas e analise para se ter uma abrangência maior, uma real visão dos problemas e dos riscos e dos desafios que serão apresentados. Portanto, planejar não é um mero pensar e fazer sem critérios, mas é preciso traçar todo um percurso para que os resultados sejam satisfatórios e que obedeçam aos rigores metodológicos científicos, e o principal; que supra a real necessidades daquela comunidade.

 

 

 

 

Planejamento como Participação

Segundo (MENEGALLA, 2010) planejar possui alguns elementos básicos que são fundamentais para qualquer tipo de planejamentos: Prever as necessidades, os recursos humanos e materiais, objetivos e prazos, conhecimento e avaliação cientifica e um planejamento educacional em uma perspectiva humana.

Por que um planejamento tem quer ser democrático? para (MENEGALLA, 2010) o planejamento não é um ditador ele deve ser um processo que evolui, algo dinâmico e não estático que avança e que não se limita a medidas paliativas para resolução dos problemas, mas é algo abertos a novas perspectivas e novos horizontes em que homem possa ser atingido de forma plena. Todo planejamento segundo ele deve se preocupar em desenvolver nosso compromisso com nossos semelhantes, ou seja, o ponto de partida deve ser o homem como realidade primeira e fundamental. Porém, estas discussão tem que ser ampliada para um campo de debate que ajude a entender a importância da educação na formação humana, contextualizar planos em que a comunidade seja ouvida e que as ações sejam elaboradas de acordo com suas necessidades.

Ao se afirmar que a educação é essencial ao homem, não pode pensar em um processo educacional como sendo uma série de ações que pretendam atingir um fim; ou uma quantidade de normas institucionais que não partam da realidade existente; ou; mesmo, num processo que surja do simples bom-senso ou de ideias simplistas. (MENEGALLA, 2010. p.28).

Planejar é de fato, definir o que queremos alcançar, verificando encurtando as distancias, prevendo um futuro desejável, com atitudes de vivencias, pois a medida que o tempo for passando essa distância seja diminuída entre o ideal e o real. (CRUZ,2011), porém muitos estudiosos tem se dedicado à pesquisa e definição de planejamento educacional, considerando cada qual sob um aspecto especifico.

... o planejamento educacional tornou-se uma atividade multidisciplinar, exigindo trabalho conjunto e integrado de administradores, educadores, pedagogos, economistas, sociólogos, estatísticos e outros especialista. Seu êxito, valor e realismo dependem, em grande parte, das equipes que o preparam e que deverão discutir e procurar conciliar seu pontos de vistas, dando a cada aspecto o real valor que possui dentro do contexto e não preferindo uns em detrimento de detrimento de outros. (VIANA, 2000. p.32).

            Isso demostra que é preciso tomar cuidado quando se elabora um planejamento para que as marcas ideológicas não sejam latentes e que por fim seu objetivo seja a apenas uma forma de manipular e alienar. Um bom planejamento deve pelo contrário, devolver nas pessoas, o sentido da vida, o desejo de querer viver e de permitir viver. Que devolva a liberdade e o espirito crítico e o autorrespeito ((MENEGALLA, 2010).

O resgate da dignidade humana seria um dos princípios norteadores de toda a discussão para que ser o humano seja visualizado de forma ampla, e que suas necessidades não seja suprimida diante de uma sociedade capitalista e consumista que reduz a pessoa humana a um formação meramente funcional que exige lucros palpáveis e retorno imediato transformando escolas em fábricas de diplomas e de titulações vazias e insuficientes (VIANA, 2000).

A segundo Viana, o Planejamento participativo é uma forma nova de agir no qual a participação da comunidade nas decisões que exigirá uma mudança de mentalidade diante da percepção da realidade em que ele vive, seu mundo, quer procurar formar o aluno a partir de uma ação conjunta, seu engajamento nas decisões, tem que leva-lo a perceber as contradições sociais e como ele poderá agir para ser uma agente transformador de sua realidade.

Genericamente, O planejamento Participativo constitui-se uma estratégia de trabalho, que se caracteriza pela integração de todos os setores da atividade humana social, num processo global, para solução dos problemas comuns.

No entendimento do seu verdadeiro sentido está a sua força ou sua fraqueza. (VIANA, 2000).

            Este planejamento permitirá aos gestores conhecer melhor a realidade de sua comunidade escolar, estes diagnósticos devem ser revelador para se saber de que como as políticas públicas estão operando e se realmente são eficazes para a realidade daquela comunidade. Outra dimensão importante é o diálogo, está relação permitirá que o planejamento seja mais amplo sem que todo o trabalho fique restrito a somente a técnicos e a especialista. Conversar com seus integrantes sobre os problemas locais, a partir dessa conversa tomar consciência de sua realidade, sendo assim, a comunidade adquirirá um senso crítico necessário para ultrapassar sua visão deturpada da realidade. (VIANA, 2000).

Toda a comunidade decidindo, atuando, garantirá, em grande parte, a realização do decidido, inclusive junto aos órgão governamentais, diminuindo os riscos de descontinuidade administrativa decorrente do próprio sistema, podendo inclusive, pressionar os administradores a cumprirem “as promessas públicas”.(VIANA, 2000 p. 49).

            Por isso, um planejamento não deve estar fora dos parâmetros científicos, é preciso todo um esforço de comparar fontes, dados e pesquisas para que não se torne um trabalho evasivo, inconcluso e fora da realidade. Esse caráter cientifico servirá de orientação para ajudar a comunidade a tomar as decisões eficazes para cada situação, segundo Viana, a pesquisa deve ser apenas um instrumento especializado que indique possibilidades e alternativas para resolução de problemas.

Aqueles que tiverem o privilégio de estudar em uma instituição preocupada com a investigação cientifica poderão qualificar-se para a pesquisa participante e especialmente para a pesquisa-ação, vivenciando a formação, estruturação e funcionamento de comitês de pesquisa, as vantagens, preocupações e riscos de uma pesquisa que envolve a participação do pesquisador na vida, na dinâmica do local escolhido como campo de pesquisa, desenvolvendo dessa forma, suas condições para relacionar-se com as pessoas, identificar suas aspirações, necessidades e dificuldades, para trabalhar com o coletivo, do qual aprenderá a respeitar particularidades, entender a evolução político-dialético da comunidade, a especificidade da história de sua gestão, adquirindo dessa forma, maiores possibilidades para efetivação do planejamento participativo que não pode carecer de uma fundamentação teórica substancial que sustente sua pratica cotidiana. (VIANA, 2000 p.57).

            Portanto, o planejamento participativo nos permiti uma ação democrática no campo da educação, em um processo continuo, dinâmico nunca acabado, aberto para o novo e para as mudanças que ocorrem tão rápida em nosso mundo.

Conclusão

            O planejamento Participativo é um dos princípios básico para uma gestão democrática, que implica no compromisso e engajamento de toda a comunidade e não a decisões isolados e restrita a técnicos e especialistas. Seu sentido está justamente na capacidade da articulação dos agentes envolvidos, nas discussões, nos debates e de forma dialógica ser agente ativo nas decisões. É uma tomada de consciência que deve ter como consequência o despertar para a mudança de mentalidade, de atitude e aguçamento de seu senso crítico. O planejamento deve ter como base principal o Homem em sua realização plena, o resgate de sua dignidade, o sentido para a vida.

            Portanto, para isso é preciso todo um envolvimento de cooperação, para que se possa ter realmente uma análise que permita a visualização dos problemas, das dificuldades, dos riscos e dos desafios que demarquem e demandem soluções coerentes e possíveis para a realidade da comunidade.

Referências bibliográficas

CRUZ, Carlos H. Carrilho; Gaudin, Danilo. Planejamento na Sala de aula. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.

MENEGALLA, Maximiliano, Sant’Ana, Ilza Martins. Porque Planejar? Como Planejar? Currículo, área, aula. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010.

VIANNA, Ilca Oliveira de Almeida. Planejamento participativo na escola: um desafio ao educador. São Paulo: EPU, 2000.