Geralmente ao voltar ao passado nos deparamos com pessoas que adivinharam o futuro, na visão de muitos, essas pessoas até sabiam o que ia acontecer. Nos dias atuais onde às vezes lançamos previsões sobre a economia de um país, nem sempre acertamos, temos que concordar com o fato de que, mesmo aqueles que trabalham a área podem ocorrer em erros, isso porque uma economia gira em torno de vários fatores, os quais precisam caminhar juntos para atingir o resultado esperado. Voltando ao tema lanço a seguinte pergunta: E o que acontecerá com a PETROBRAS após a venda das subsidiárias?

            Ao longo desse artigo tentarei expor minha opinião voltada ao assunto, lembro que não fiz uma pesquisa aprofundada sobre o tema, mas procurarei traçar o futuro da empresa de acordo com alguns acontecimentos que podem ocorrer. Antes de tudo, temos que entender o que é a PETROBRAS para melhor compreender o seu significado para um país como o Brasil.

QUEM É A PETROBRAS?

            PETROBRAS é uma empresa brasileira de economia mista, a qual deixou de ser monopólio em 1997, todavia, é a principal empresa na área petrolífera do Brasil, a 28º quando se fala em capital no mundo. É se não, a principal empresa do ramo quando se fala em tecnologia.

            Essa empresa foi criada após a Segunda Grande Guerra e durante o Governo Militar ganhou força, se tornou robusta com o slogan “O petróleo é nosso”. Os militares não levantaram esse slogan para nosso petróleo a toa, é sabido que o petróleo é de suma importância para a indústria nacional, não só porque produz combustíveis derivados de petróleo, mas porque na produção de outros produtos sempre tem um composto derivado do mesmo, nesse caso, podemos citar milhares de produtos os quais não vem ao caso.

            Com a criação da PETROBRAS ouve também a necessidade de criar subsidiárias, nesse caso, empresas responsáveis pelo refino do produto, transporte do produto e pela venda do produto em si, já que a extração se daria pela empresa mãe, no caso PETROBRAS SA.

EXTRAÇÃO DE PETRÓLEO

            Ao longo de sua vida a PETROBRAS vem batendo recorde de extração de petróleo, em águas profundas ela é especialista, só para se ter uma idéia já se consegue extrair petróleo a mais de 2500 metros de profundidade, isso foi conquistado graças a estudos de engenheiros e cientistas brasileiros, graças a eles, hoje exportamos tecnologia para outras empresas do ramo, o que se torna motivo de orgulho para todo brasileiro conhecedor da história dessa grande empresa.

            A PETROBRAS também extrai petróleo de terra firme, todavia, se especializou em extração na Amazônia Azul, possivelmente pela qualidade do produto e pela sua rentabilidade.

            Vale lembrar que extrair petróleo de uma profundidade tão significativa tem um custo, esse custo se soma ao preço final do produto e dependendo da quantidade da reserva, dependendo da tecnologia empregada e dependendo da logística empregada em todo processo, pode ser rentável extrair o produto daquela reserva ou não.

REFINO DO PETRÓLEO

            O refino do petróleo requer um processo muito rigoroso e técnico, sem falar que o petróleo extraído no Brasil é muito denso, no caso, difícil de ser processado, por esse motivo nosso país, mesmo sendo alto suficiente em petróleo, necessita importar o produto mais fino, o qual tem que ser misturado ao produto mais denso para se obter o produto final.

            Quando se fala que o preço do petróleo no Brasil tem que seguir o preço de fora se deve justamente por esse motivo, para produzir os derivados do petróleo como o diesel e gasolina, por exemplo, se tem que importar o petróleo de fora e exportar o nosso petróleo bruto e denso, o qual tem menor valor quando comparado ao petróleo fino que vem de fora.

TRANSPORTE DO PETRÓLEO

            Uma das subsidiárias da PETROBRAS é a TRANSPETRO, empresa voltada a logística da empresa, a qual conta com mais de 50 navios, quase 15 mil quilômetros de oleodutos e é referência mundial nesse tipo de logística.

            A Petrobrás também conta com a BR DISTRIBUIDORA, a qual teve suas ações colocadas no mercado financeiro a serem vendidas e que agora passa a não mais pertencer ao Governo Federal. Vale ressaltar que alguns jornais informam que a BR Distribuidora fechou o ano com lucro de 3,2 bilhões e no mês de julho de 2019 anuncia a venda do controle da mesma empresa por 9,6 bilhões, ou seja, em três anos de lucro se tira o valor pago por essa empresa tão lucrativa.

MINHA OPINIÃO

            Diante de tudo que foi exposto nesse artigo vejo com muita preocupação a venda, nem que seja em partes dessa empresa. Hoje o Governo Federal “tem o controle, ou tinha, de todo processo produtivo e venda de produtos da empresa PETROBRÁS. Ao fazer uma análise, penso que é um ciclo que se fecha, onde uma depende da outra.

            Para quem foi vendida a BR Distribuidora? Suponhamos que foi vendida á Shell, grande empresa do ramo de combustível Norte Americano; suponhamos também que a mesma empresa resolve comprar as refinarias quando as mesmas forem anunciadas no mercado, as quais serão anunciadas e vendidas a preço de banana; suponhamos também que de posse do refino e do serviço de logística no nosso país, o que levará a Shell comprar um produto da PETROBRAS se ela pode trazer direto dos EUA onde talvez se torne até mais barato para ela? Vou além! A Petrobrás pode se tornar um grande elefante branco nas mãos do Governo terá uma grande quantidade de matéria prima a ser explorada, mas pode não ter a quem vender, pode se vir obrigada a montar uma nova logística para ter como produzir e vender seu produto aqui dentro.

            Tudo que se ver no mercado financeiro quando se olha pra o futuro são meras especulações, nesse sentido, eu não me diferencio desse raciocínio, todavia, acho muito estranho um país como os EUA que nos dias atuais querem fechar ao máximo seu mercado para produtos externos e declarar em público que pretende firmar acordo de livre comércio com o Brasil, logo agora que estamos rifando nossas empresas a qualquer preço e que bem sabemos que o nosso Chefe de Estado fará e assinará esse acordo exatamente como os EUA querem.

            Diminuir o tamanho do Estado, essa tem sido a principal justificativa para o desmonte das Estatais brasileiras, todavia, alguns problemas podem existir ao longo do percurso quando esses braços da PETROBRÁS forem vendidos. Alguns anos atrás o Governo Federal para proteger a economia nacional resolveu que deveria segurar o preço do combustível no Brasil, essa medida causou forte dano aos cofres da PETROBRAS, mas se evitou dano maior à economia do país, na época, o barril de petróleo subiu a estratosfera e o preço do combustível afetaria o aumento do preço dos produtos, em conseqüência disso, o custo de vida dos brasileiros. Essa medida só foi possível porque o Governo Federal tinha total controle de todo processo produtivo dos combustíveis bem como sua distribuição.

            Parece algo muito positivo diminuir o tamanho do Estado, todavia, não vejo motivos para esse processo ser feito as presas como se o mundo fosse acabar amanhã. O problema do Brasil nunca foi as Estatais nem tão pouco o tamanho do Estado, o problema do Brasil foi o aparelhamento das Estatais e com isso a corrupção que assola o país a mais de 500 anos. Hoje me parece que querem culpar o morto pelo homicídio e se estiver certo no que penso, daqui a alguns anos iremos ter o reflexo das atitudes tomadas hoje, se forem positivas estaremos bem, caso sejam negativas tenham a certeza que os brasileiros sofrerão as conseqüências, quem tomou as decisões devem continuar suas vidas ao lado de quem comprou a galinha dos ovos de ouro, claro! Que não será no Brasil.

 

Bertoldo Marques de Carvalho Neto
Especialista em Gestão de Pessoas