Segundo o psicanalista Winnicott, o verdadeiro eu tem origem no relacionamento com a mãe. Quando a criança almeja pegar alguma coisa e olha para ver se a mãe irá aprovar ou não, esse é um momento importante para criança, pois não trata-se apenas da permissão da mãe, mas de algo mais. Na realidade a criança busca a confirmação de que esse desejo é seu e que o gesto de querer pegar é seu.

O olhar receptivo da mãe irá contribuir para que a criança tenha confiança no seu desejo, confirmando a conscientização do eu, fazendo com que vá ao encontro do que deseja. Quando não há harmonia entre o olhar da mãe e do filho, pode leva-lo a se sentir repudiado, negado, mal tratado. Esses sentimentos o levam a proteger o seu verdadeiro eu, desenvolvendo-se então o falso eu.

O falso eu é complacente, funciona do jeito que a pessoa quer que ele seja. Isso contribui para que muitas vezes tenha um funcionamento camaleônico, só que a pessoa não se apercebe assim.

O falso eu acaba por fazer a pessoa desenvolver um sofrimento psíquico e um gasto de energia psíquica grande, porque a pessoa vive uma vida que não é a sua. Percebe-se a dificuldade que as pessoas têm de saberem dizer quem são, porque não param para pensar sobre elas mesmas. Sabem mais da vida do outro do que da sua própria vida. Viver a sua própria vida, conectar com a sua essência pode ser muito sofrido, pois identifica aquela criança insegura que teve o seu desejo reprimido pelo olhar da mãe.

Poder identificar e compreender seus sentimentos, pode contribuir para que a pessoa dê vasão ao seu verdadeiro eu e viva de forma plena, não precisando se preocupar em ser alguém que na realidade idealizaria ser, pois já tem autonomia e não precisa mais do olhar de aprovação do outro. Infelizmente, se vê na nossa sociedade que muitas pessoas estão vivendo em busca da aprovação do outro e não percebem o alto custo que isso tem em suas vidas.