PERFIL DOS ÓBITOS POR CAUSAS VIOLENTAS DE JOVENS EM GOIÂNIA DE 2010 A 2013
Por Keliane Campelo da Silva | 22/11/2016 | SociedadeRESUMO
O objetivo do presente estudo é traçar o perfil dos óbitos por causas violentas em jovens de Goiânia entre 2010 e 2013. E, em caráter específico levantar os índices de mortes entre jovens em Goiânia; explorar superficialmente as causas, traçando um perfil dessas mortes; e descrever o perfil de óbitos em jovens de forma violenta na cidade de Goiânia entre 2010 e 2013. A metodologia utilizada foi de método descritivo, exploratório de abordagem quantitativa. A população do estudo foi o município de Goiânia –GO, tendo como amostra jovens que morreram por causas externas de forma violenta de 10 a 19 anos. Na extração dos dados foi utilizados dados de mídias do estado e de segurança pública do Estado, o Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA / DATASUS) dos anos de 2010 a 2013. Os resultados demonstram que a causa maior de morte de jovens de forma violenta refere a maioria por agressões (homicídios), quando comparado as outras variáveis como acidente de trânsito e de lesões autoprovocadas voluntariamente (suicídio), e, sendo a maioria do sexo masculino.
I INTRODUÇÃO
A presente pesquisa visa delimitar o perfil dos óbitos dos jovens que morreram violentamente entre os anos de 2010 a 2013 em Goiânia. Para isso inicialmente pode-se colocar que a violência é um problema que assola todo o Brasil, até mesmo nas cidades interioranas a criminalidade está presente e faz diversas vítimas. Obviamente a violência é uma preocupação mundial, afinal, os problemas são parecidos em todos os lugares, porém, em especial no Brasil é ainda mais preocupante por ser um dos países mais violentos do mundo onde as estatísticas de homicídio têm crescido ano após ano (GONÇALVES, 2013).
É comum assistir aos noticiários e perceber que as pessoas estão se envolvendo cada vez mais cedo com a criminalidade, tanto é que não causa tanto espanto saber que um adolescente de 12 anos esteja envolvido em um assalto, por exemplo. Diante tal problemática o autor Waiselfisz (2015) tem realizado estudo do mapa da violência no Brasil, e, em vários deles é notório aumento da vitimização de jovens, principalmente de forma violenta, sendo esses números maiores em jovens do sexo masculino.
Se de um lado temos os jovens que se envolvem com a criminalidade desde muito cedo e acabam morrendo, do outros temos os jovens que são vítimas sem nunca terem se envolvido com crimes ou drogas. São lados diferentes de uma mesma situação que leva ao mesmo fim: mortes violentas. Com o aumento do número de homicídios a violência é um assunto passível de discussão nos mais variados meios, sendo inclusive um problema de saúde pública, sendo importante tais estudos e com isso compreender o porque de tantos jovens tem se tornado vítimas de violência, e com isso estabelecer ações e estratégias visando resolução dessa problemática (MALVASI, 2012).
A escolha pela cidade de Goiânia, foi decorrente dos índices de mortes entre jovens nos últimos anos e que tem superado o número de homicídios entre adultos. É importante traçar o perfil e delimitar o que esses jovens têm em comum na tentativa de encontrar uma solução para o problema que o mundo inteiro enfrenta (WAISELFISZ, 2015).
As dificuldades de enfrentar os altos índices de violência tem desencadeado debate em torno da insuficiência das práticas tradicionais, reativas e repressivas de combate à violência e à criminalidade, levando à emergência de uma mentalidade preventivista, a qual privilegia a ideia de antecipação aos eventos e intervenção nos mecanismos causais, de eliminação, minimização ou neutralização dos agentes causais. E é em torno dessa ideia que a escolha desse tema aconteceu (SILVEIRA; SILVA, BEATO, 2006).
Compreender e discutir tal cenário são os objetivos deste trabalho. Num esforço de síntese e divulgação da produção nacional na área, parte significativa das questões envolvidas com o tema no país. Referente à relevância do estudo do perfil de óbitos principalmente dentro do aspecto violento é diante de que, mortes violentas impactam diretamente o setor saúde, podendo exemplificar a necessidade de atendimento as vítimas ou com relação o incentivo a criação de políticas e ações de prevenção, para assim promover discussão em torno de tais mortes violentas que correspondem como uma das causas principais de óbitos, sendo mais predominante à faixa etária de 10 a 19 anos. E, isso revela tragédia cotidiana que a população hoje vive (SAÚDE BRASIL, 2013).
Este artigo busca contribuir para aprofundamento sobre os processos sociais envolvidos com relação à violência fatal entre os jovens e com isso buscar reflexão sobre sua prevenção. Adotou-se como amparo teórico fundamental apontamento de vulnerabilidade com intuito de promover compreensão dos processos culturais e sociais que envolvem em situações de violência. Uma aproximação teórica, nesse sentido sobre violência junto a jovens colabora para perspectiva mais ampla e análise de risco, incluindo a área de saúde, direcionada a jovens em relação à violência, e análise da incerteza social juvenil e a situação de liminaridade com relação ao mundo do crime. Com isso, colaborará para o desenvolvimento de ações de prevenção.
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Objetivo Geral
Traçar o perfil dos óbitos por causas violentas em jovens de Goiânia entre 2010 e 2013.
1.1.2 Objetivos Específicos
Levantar os índices de mortes entre jovens em Goiânia;
Explorar superficialmente as causas que fazem com que os jovens sejam mortos de forma de violenta e traçar um perfil dessas mortes;
Descrever o perfil de óbitos em jovens de forma violenta na cidade de Goiânia entre 2010 e 2013, de acordo com dados DATASUS.
II MATERIAIS E MÉTODOS
O tipo de pesquisa utilizado na pesquisa em campo refere ao método descritivo, exploratório de abordagem quantitativa. A população do estudo foi do município de Goiânia –GO, tendo como amostra jovens que morreram por causas externas de forma violenta de 10 a 19 anos. Na extração dos dados foram utilizados vários bancos de dados como mapa de violência realizados por Waiselfisz. Dados de mídias do estado e de segurança pública do Estado. E, o principal foi o Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA / DATASUS) dos anos de 2010 a 2013. A escolha pelo instrumento de coleta de dados (DATASUS) decorreu devido este ser um dos principais sistemas de informações de saúde e também de causas de óbito por regiões e municípios separadamente, o que contribuiu para enriquecimento de pesquisa.
Para isso também realizará análise em literaturas, tendo como foco análise de óbitos violentos localizados no município de Goiânia, Capital de Goiás, cuja estimativa da população no ano de 1.430,697 segundo dados do IBGE de 2015. Os dados foram analisados e representados por meio do Software Excel.
III RESULTADOS E DISCUSSÕES
A pesquisa foi realizada tendo como fonte de dados a cidade de Goiânia, capital do estado de Goiás, estando portando localizado na Região Centro-Oeste do Brasil. O foco da pesquisa foi de jovens entre 10 a 19 anos, tendo o intuito de descrever mesmo que superficialmente o perfil de mortes violentas nesse grupo populacional.
Visando análise mais explicativa referente à morte violenta junto a jovens de 10 ate 19 anos, foram analisados os dados fornecidos pelo site DATASUS, onde apresenta índices de mortalidade que ocorreram no Brasil. O sistema DATASUS foi criado em 1975, tendo objetivo epidemiológico em termos das causas de morte, principalmente de causas externas (SAÚDE BRASIL, 2013).
A escolha por essas categorias são devido que:
Lesões e óbitos decorrentes de acidentes relacionados ao trânsito, afogamento, envenenamento, quedas ou queimaduras, assim como as violências incluindo as agressões/ homicídios, suicídios, tentativas de suicídios, abusos físicos, sexuais e psicológicos, são eventos classificados como “causas externas de morbidade e mortalidade”. Estima-se que tais agravos sejam responsáveis por mais de 5 milhões de mortes em todo o mundo a cada ano e que, para cada morte por causas externas, ocorram dezenas de hospitalizações, centenas de atendimentos de emergência e milhares de consultas ambulatoriais em decorrência desses eventos (SAÚDE BRASIL, 2011, p. 301).
Assim, estudos da mortalidade decorrente de tais causas externas devem ser amplamente estudada e monitoradas, para assim buscar mais eficácia em termos de políticas e de ações de saúde. Esse terá abordagem até 2013, visto que, não se tem ainda disponibilidade de dados mais recentes.
Através da coleta de dados observou-se que 2010 o número de óbitos em jovens por causas externas de caráter violento no ano de 2010 foi de 108, em 2011 de 130 jovens, no ano de 2012 155, em 2013 155. Estes números referem a três categorias segundo o grande grupo CID 10 do DATASUS que são: V01 – V99 acidentes de trânsito; X-60 – X84 lesões autoprovocadas voluntariamente (suicídio) e X-85 – Y-09 agressões, onde se encaixa homicídios, sendo que tais dados são demonstrados separadamente na tabela abaixo:
Tabela 1: Óbitos por causas externas violentas em jovens de 10 a 19 anos em Goiânia –GO (2010 - 2013).
Causas óbitos |
2010 |
2011 |
2012 |
2013 |
Acidentes de trânsito |
42 |
33 |
35 |
21 |
Lesões autoprovocadas voluntariamente (Suicídio) |
5 |
3 |
8 |
7 |
Agressões (Homicídios) |
61 |
94 |
112 |
122 |
Total |
108 |
130 |
155 |
150 |
Fonte: DATASUS (2010 - 2013)
Para assimilação dos dados, serão representados abaixo os dados de 2010 a 2013, por sexo, visando análise melhor das taxas de mortalidade em jovens de 10 a 19 anos, segundo os números oferecidos pelo DATASUS.
O cálculo da taxa de mortalidade foi realizado multiplicando o número de óbitos separados por sexo e de cada categoria por 100.000 (mil habitantes) dividido pelo número de jovens residentes total de cada ano, conforme descrito abaixo:
Sendo
N = o número de óbitos (DATASUS)
P = número de jovens em cada ano em Goiânia
Os dados referentes ao número da população jovem de 10 a 19 anos entre os anos de 2010 e 2013 estão descritos na tabela 2 abaixo:
Tabela 2- Jovens sexo e total em Goiânia de 2010 a 2013 entre 10 a 19 anos
Ano |
Masculino |
Feminino |
Goiânia |
|||
|
N |
% |
N |
% |
N |
% |
2010 |
105,190 |
8,07 |
105,882 |
8,13 |
1.302,001 |
100 |
2011 |
109,224 |
8,03 |
108,052 |
7,95 |
1.358,905 |
100 |
2012 |
107,756 |
8,07 |
106,739 |
8,00 |
1.333,707 |
100 |
2013 |
110,454 |
7,93 |
109,104 |
7,82 |
1.393,579 |
100 |
Fonte: DATASUS (2010 – 2013)
N = número da população absoluta / % = Percentual com relação a população total de Goiânia
Conforme observado na Tabela 2, nota-se que o número de mulheres é superior aos homens, em quase todos os anos na faixa etária de 10 a 19 anos, tendo somente amostragem diversa no ano de 2010, conforme demonstrado no gráfico 1 abaixo:
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