Cléria Alves de Queiroz1, Rony Max Barbosa dos Santos 2 

1 Faculdade São Francisco de Barreiras; Barreiras, BA, Brasil; co-autor; Avenida São Desidério, Nº 2440, Ribeirão, Barreiras-BA, Brasil CEP: 47808180; [email protected]

2 Faculdade São Francisco de Barreiras; Barreiras, BA, Brasil; autor; Avenida São Desidério, Nº 2440, Ribeirão, Barreiras-BA, Brasil CEP: 47808180; [email protected] 

RESUMO 

Esta pesquisa é caracterizada como qualitativa de cunho descritivo e exploratório, trazendo opiniões que foram coletadas por entrevista gravada, utilizando um roteiro de questões sobre a percepção das primigestas acerca do trabalho de parto em um Hospital público, que objetiva: Conhecer a percepção das primigestas frente ao trabalho de parto, verificar o grau de conhecimento das primigestas com relação ao parto. O grupo amostral foi constituído apenas por cinco pacientes, devido à quase interrupção dos serviços médicos no local da pesquisa, sendo estas, por se tratar de primigestas, com idades de 21 a 23 anos, duas casadas, duas com união estável e uma solteira. A análise das falas permitiu o reconhecimento de códigos, para a elaboração das seguintes categorias: Medo da dor; Apoio da mãe; Assistência de enfermagem; Felicidade. Concluindo, que apesar do medo da dor ser bem frequente, o apoio da mãe, as orientações mais os cuidados de enfermagem. 

Palavras - Chaves: Primigesta. Trabalho de Parto. Humanização. 

Key words: primigravid, Labor and delivery, Humanization.  

INTRODUÇÃO

Historicamente, o parto está relacionado ao mito de algo intolerável e muito doloroso fisicamente. Suportá-lo é quase que o sinônimo de “dar à luz”. Para as mulheres isto já é entendido desde muito jovens, às quais esperam que o parto seja permeado pela dor para que, posteriormente, o alívio venha junto ao prazer da chegada do filho (DAVIM et alt., 2008).

No curso de tantos séculos, a consagração da dor como sofrimento, no parto, por meio do mito “Parirás na dor”, tem sido infundida no imaginário feminino popular. Desse modo, constitui em componente cultural determinante de que, do ponto de vista emocional e físico, o parto normal tenha uma conotação e um significado de experiência traumática para a mulher. A dor do parto normal é reconhecida histórica e culturalmente como uma experiência inerente ao processo de parturição, associada à ideia de sofrimento, e um evento esperado pela maioria das mulheres de diferentes culturas (ALMEIDA, et alt, 2012).

A parturiente deve ser considerada como um ser biopsico-sócio-espiritual, para a qual a assistência de enfermagem deve atender as necessidades. Dentre outras, devemos destacar a promoção de sua adaptação ao ambiente institucional e a interação harmônica com o contexto onde recebe o cuidado – Centro de Parto Normal (MACHADO; PRAÇA, 2006).

Devido às experiências vivenciadas na vida profissional e acadêmica, bem como por afinidade com o público em questão, decidimos realizar esta pesquisa, e partindo do pressuposto de que a maioria das primigestas desconhece todos os mecanismos, e implicações do parto, é necessário conhecer as dúvidas mais comuns que prejudicam na escolha do parto e até mesmo no seu bom desenvolvimento.

Partindo disso, surgiu a seguinte pergunta: Qual a percepção das primigestas em relação ao trabalho de parto e parto? Para compreender traçou-se os seguintes objetivos: Verificar o grau de conhecimento das primigestas com relação ao parto; Analisar os fatores que influenciam na determinação da escolha do tipo de parto e conhecer a opinião das primigestas em relação à satisfação com parto.

 

TRABALHO DE PARTO E PARTO

 Sob o ponto de vista do mecanismo do parto, o feto é o móvel ou objeto, que percorre o trajeto (bacia), impulsionado por um motor (contração uterina). Na sua atitude habitual de flexão da cabeça sobre o tronco e de entrecruzamento dos membros, que também se dobram, o móvel semelha um ovoide fetal. Esse, a seu turno, é composto de dois segmentos semidependentes: o ovoide (cabeça) e o córmico (tronco e membros). 

Conquanto seja maior córmico, seus diâmetros são facilmente redutíveis tornado, durante a parturição, mais importante o pólo cefálico. É o estudo da mecânica do parto, na generalidade dos casos, e em essência, o dos movimentos que a cabeça descreve, sob a ação das contrações uterinas, a transitar pelo desfiladeiro pelve genital (REZENDE, 2006).

Segundo Rezende (2006) os tempos de mecanismo do parto são basicamente três: insinuação, descida e desprendimento:

A insinuação ou encaixamento é a passagem da maior circunferência da apresentação, através do anel do estreito superior.  A descida é o processo desde o início do trabalho de parto e só termina com a expulsão total do feto. Já o desprendimento é a passagem da cabeça através do anel vulvar.

 

MEDO DA DOR

 

O simbolismo dessa dor é advindo de um determinado grupo que tem suas experiências, histórias de vida, vivências passadas e atuais específicas. Salientando sua relevância no campo da enfermagem, por representar uma possibilidade de contribuição na assistência à mulher em trabalho de parto, devido os profissionais dessa área, assistir continuamente as parturientes, tornando-se um elo fundamental na equipe responsável por essa mulher (DAVIM,ET alt., 2008).

A representação da dor é uma construção ontológica, epistemológica, psicológica, social, cultural e histórica. Elas são todas essas dimensões, já que do ponto de vista fenomênico são dimensões simultâneas do sistema representacional. Quando as pessoas se engajam em processos de comunicação, elas ao mesmo tempo produzem os meios simbólicos que constroem uma representação particular de um objeto – seja ele concreto físico ou abstrato – que entra na estrutura de outras (DAVIM,TORRES,DANTAS., 2008).

Entende-se que a percepção das primigestas acerca do trabalho de parto é cercada de medos, expectativas, anseios e diversas outras emoções e sentimentos bons e não tão bons. Bem como várias dúvidas sobre o parto, tornando-as mais fragilizada, podendo dificultar no momento do mesmo e trazer consequências desagradáveis. Portanto o enfermeiro, conhecendo essas fragilidades pode prestar cuidados mais específicos, diminuindo a ansiedade dessas mulheres, visando sempre o bom andamento desse processo.

Talvez por ser a dor um acontecimento natural e esperado no processo do trabalho de parto, o profissional ao assistir à parturiente, solicita controle e tranquilidade à mesma, esquecendo-se que cada indivíduo tem seu limiar de tolerância para a dor, o que, por sua vez, pode ser potencializado por questões emocionais, psicológicas, culturais, entre outras. Tendo em vista a complexidade desse processo fisiológico e a maneira de como cada mulher se expressa nesse momento quanto à dor que sente, consideramos que essa mulher estará estruturada nas relações do aqui - agora, emergida no contexto da internação durante o processo da parturição (DAVIM, et al., 2008).

Segundo Brasil (2011), o importante é que as necessidades individuais da mulher sejam reconhecidas por meio de um bom processo de apoio e comunicação, devendo-se estar alerta para as mudanças de comportamento durante o trabalho de parto, notadamente para sinais graves de estresse, o que pode indicar a necessidade de utilização de um método efetivo de alívio da dor.  

 

A IMPORTANCIA DAS ORIENTAÇÕES

 

Para Evans (2010), o objetivo do pré-natal é fornecer tratamento preventivo e intervenção ativa dos problemas clínicos agudos para dois pacientes interdependentes.  A orientação da paciente sobre os problemas da gravidez é tão importante quanto o tratamento clínico durante o pré-natal.

O Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento (PHPN) desenvolveu estratégias para o atendimento humanizado – visando oferecer às gestantes um melhor acesso ao serviço de saúde, com qualidade no acompanhamento durante o pré-natal –, como também para a assistência ao parto, ao puerpério, ao binômio mãe-bebê, ampliando as ações já existentes com base no Ministério da Saúde na área de atenção à gestante (VIEIRA, et al., 2011).

A orientação sobre o parto e o trabalho de parto começa no pré-natal e deve incluir a equipe de suporte para a mãe. As pacientes devem ser fortemente encorajadas a participarem de programas de preparação para o nascimento da criança (EVANS, 2010).

Geralmente, as orientações recebidas pelas parturientes, durante o trabalho de parto e o parto restringem o papel da mulher a fazer força, ficar na posição correta, mantendo sempre a calma, de forma a ajudar os profissionais na realização do parto. Dessa forma, colocam a parturiente em uma posição de passividade e submissão, deixando de lado a questão de tratar o ser biopsicossocial, ou seja, trata-la como um todo (PINHEIRO; BITTAR, 2012).

 

HUMANIZAÇÃO DA ASSISTENCIA DE EMFERMAGEM

 

O Ministério da Saúde, exercendo seu papel normalizador, implantou um conjunto de ações por meio de Portarias Ministeriais com o objetivo de estimular à melhoria da assistência obstétrica e de regulamentar a atuação do enfermeiro obstetra na realização do parto normal sem distorcia, aplicando práticas baseadas em evidências (MACHADO; PRAÇA, 2006).

 O enfermeiro, ao atender a mulher para a confirmação da gestação, tem importante função ao desenvolver ações de saúde no pré-natal, visando à prevenção, proteção e recuperação na busca constante de promoção à saúde (VIEIRA, et al., 2011).

A humanização da assistência reside, também, nas relações interpessoais, em especial entre o profissional, cliente e o acompanhante. O relacionamento entre paciente, profissional e instituição é fundamental para o processo de humanização, sendo este composto por fatores como comunicação, empatia, conhecimentos técnico-científicos e respeito pelos seres humanos (MACHADO; PRAÇA, 2006).

 A presença do acompanhante pode ser um fator que contribuiu para a satisfação com o trabalho de parto e o parto, por se tratar de um apoio emocional significativo (DOMINGUES; SANTOS; LEAL, 2004).

Referente às ideias, aos valores e às práticas, envolvendo as relações entre os profissionais de saúde, os pacientes, os familiares e os acompanhantes, incluindo os procedimentos de rotina do serviço e a distribuição de responsabilidades dentro dessa equipe. No entanto, tais fatores tornam- se fragmentados se a experiência do nascimento não for reconhecida em seus aspectos emocionais (MACHADO; PRAÇA, 2006).

Portanto, torna-se imprescindível, uma assistência humanizada, centrada na gestante como um ser bio-psico-social, tornando a assistência de enfermagem uma garantia de tranquilidade e um melhor desenvolvimento no momento do parto (ALMEIDA; MEDEIROS; SOUZA, 2012).

 

PARTO NORMAL X CESARIO

          

Com o surgimento da obstetrícia como ciência, o parto normal deixou de ser um evento privativo pertencente à esfera familiar e ao acervo de conhecimento das mulheres, para ser um evento institucionalizado, amparado por inovações tecnológicas. 

Em consequência, o parto como um evento contextualizado culturalmente foi perdendo a sua essência diante o controle do processo parturitivo e o gerenciamento do corpo feminino, favorecendo a mudança da posição da mulher, de protagonista para colaboradora. 

Essas mudanças geraram na mulher a crença de que as intervenções tecnológicas beneficiariam totalmente o processo parturitivo, até mesmo abolindo a dor. Desse modo, o desenvolvimento da medicina e da tecnologia definiu também a forma predominante com que a sociedade moderna passou a significar o parto normal (ALMEIDA; MEDEIROS; SOUZA, 2012).

As mulheres que preferem o parto normal apontam como motivos a recuperação pós-parto mais rápida, o medo de um parto cirúrgico e suas possíveis sequelas (hemorragia pós-parto, infecção dos pontos etc.). Nota se que as mesmas possuem as noções de risco, à medida que as parturientes expressam suas opiniões sobre os tipos de parto.  Já sobre o parto Cesário evidencia-se a insuficiência de informação sobre o trabalho de parto (contrações, dilatação, indicações de cesárea e outras), outra situação é a possibilidade de cesariana indicada por problemas de saúde, sendo necessária a aceitação. Mas a realização da cesárea por medo da dor do parto ou pelo temor de ficar “rasgada” ou mais larga e, portanto, de tornar-se incapaz para a satisfação sexual do companheiro, não fica muito explícita (HOTIMSKY, et al., 2002).

Diante desse contexto, o Brasil, também passou a ser foco de atenção pelo aumento da morbimortalidade materna e perinatal. Tem-se apontado a relação entre este aumento e o modelo intervencionista hegemônico presente, tanto no sistema público como no privado de saúde, frente a uma prática obstétrica em descompasso com as recomendações internacionais fundamentadas em evidências científicas. (ALMEIDA; MEDEIROS; SOUZA, 2012).

          

METODOLOGIA

 

Trata-se de uma pesquisa qualitativa de cunho descritivo e exploratória.

Esta pesquisa foi realizada em um Hospital do Oeste da Bahia. O Hospital atende as diversas especialidades sendo, clínica Médica, pediatria, Cirurgias, fonoaudiologia, ortopedia e outros. Realiza em média de dez a 13 cesarianas e 20 a 30 partos normais mensalmente.

A população foi constituída por uma média de 70 pacientes atendidas em um hospital no Oeste da Bahia, sendo baseados na quantidade de atendimentos que ocorrem mensalmente. Logo, como esta pesquisa tem o critério de adesão, este número estimado poderá ser alterado.

A amostra da pesquisa foi por adesão e foi interrompida quando obteve saturação dos dados, sendo composta inicialmente por 10 primigestas maiores de dezoito anos de idade. Houve uma redução da amostra, para 05 primigestas, pela quase interrupção da prestação do serviço de assistência ao parto ou realização do procedimento.

O método de abordagem utilizado para a coleta de dados foi entrevista gravada, após a assinatura do termo de consentimento. A entrevista ocorreu entre os meses de agosto e outubro de 2016.  Utilizado como instrumento de coleta de dados um questionário (APÊNDICE I) pertinentes ao tema, apenas para nortear os entrevistadores.

Diante de um amontoado de respostas, onde foram ordenadas e organizadas para que fossem analisadas e interpretadas. Para isso, foram classificadas e codificados.

As entrevistas foram transcritas na integra e posteriormente as respostas foram agrupadas conforme similaridade entre elas. A partir desse agrupamento foram revistas e analisadas e formadas categorias confrontando com a literatura e onde pode-se fazer inferências necessárias para melhor compreensão.

 

ANÁLISES E DISCUSSÃO   

 

Ao analisar as falas dos entrevistados foi possível verificar as seguintes unidades temáticas: medo, dor, orientação, mãe, felicidade.

Através das convergências encontradas nos depoimentos, podem-se obstruir os significados atribuídos pelas primigestas acerca do trabalho de parto e parto, resultando nas categorias:

 

MEDO DA DOR

 

O Medo da dor é um fator dificultador bastante presente no momento do trabalho de parto, por trazer angústias à paciente, pode-se evidenciar essa problemática observando a seguintes fala:

“Sentir medo de não aguentar, kkkk, tava sentindo muita dor, eu tava comendo de não suportar, porque no caso eu fiquei de um dia pro outro sentindo dor. Foi demorado, porque tava demorando dilatar, porque a dilatação tava muito curta. Por isso que eu sentir muita dor mesmo, e fiquei com medo de não aguentar mesmo kkk.” (P04).

O simbolismo dessa dor é advindo de um determinado grupo que tem suas experiências, histórias de vida, vivências passadas e atuais específicas. Salientando sua relevância no campo da enfermagem, por representar uma possibilidade de contribuição na assistência à mulher em trabalho de parto, devido os profissionais dessa área, assistir continuamente as parturientes, tornando-se um elo fundamental na equipe responsável por essa mulher (DAVIM; TORRES et al., 2008).

A experiência da parturição, para a grande maioria das mulheres configura-se como uma vivência marcada pela dor, pelo medo da dor e pelo sofrimento, havendo grande referência à intensidade da dor, caracterizada como uma dor "insuportável", "inexplicável", "horrível" e "anormal" (PINHEIRO; BITTAR, 2012).

A necessidade de uma mulher em trabalho de parto utilizar algum método de alívio da dor pode ser influenciada por muitos fatores, incluindo suas expectativas, a complexidade do seu trabalho de parto e a intensidade da sua dor. Para muitas, alguma forma de alívio pode ser necessária (BRASIL, 2011).

Pode-se perceber em todas as falas, que o medo da dor constitui-se um dos principais fatores que contribuem para aumentar a ansiedade e insegurança das primigestas, até mesmo fazendo optarem por parto cesariano, como relata (P1), visto que é algo que já vem sendo disseminado antes mesmo dela passar por essa experiência, através de relatos de familiares e conhecidos. 

Isso pode trazer, em alguns casos, certo desconforto para a paciente e para a equipe que a assiste, devido à mesma tornar-se menos participativo-colaborativa no seu trabalho de parto. O que leva à equipe de enfermagem uma maior responsabilidade em acolhê-la e orientá-la, de forma que sendo tranquilizada possa contribuir para o sucesso do seu trabalho de parto e no parto em si.

 

APOIO DA MÃE

 

A figura materna tem um papel primordial para diminuir a ansiedade e os medos da primigesta, por trazer o seu apoio fundamental nesse momento tão peculiar na vida de uma mulher. Isso fica bem claro na seguinte fala:

 “Minha mãe me orientou,me orientou bastante, dizendo que na hora, que eu sentir a dor que eu não gritasse, que eu não... tipo ficasse calma na hora do parto, e que eu botasse força, na hora que a neném tivesse saindo eu só botasse forca.”(P02)

“Senti mais confiança, eu lembrava dos conselhos dela, porque lá na hora você não pode gritar ne, então tem que ficar mais calma e tranquila, no caso se eu puxasse, no caso a criança ia subir pra cima, então no caso eu tinha que respirar e botar força embaixo pra criança sair.”(P03)

Para Domingues, et al., (2004), a presença do acompanhante pode ser um fator que contribuiu para a satisfação com o trabalho de parto e o parto, por se tratar de um apoio emocional significativo.

Em estudo de meta-análise para avaliar os efeitos do apoio contínuo no parto em primíparas, analisando sete ensaios clínicos publicados entre 1965 e 1995, evidenciou-se a redução de 2,8 horas da duração do trabalho de parto (IC 95% de 2,2-3,4) nas mulheres que receberam o suporte. Esse procedimento aumentou a possibilidade do parto vaginal espontâneo (RR 2,01; IC 95% 1,5-2,7), reduziu a frequência de uso de ocitócito, fórcipe e cesariana, além de aumentar a satisfação das mulheres com o processo de parturição (SANTOS, et al., 2011). 

Torna-se imprescindível a presença do acompanhante, principalmente a figura materna, durante o processo de parturição na prática clínica assistencial, em razão das vantagens e dos benefícios relacionados ao conforto físico e apoio emocional, constatados em evidências científicas.

Isso fica bem notável nas falas das pacientes, principalmente no que se refere às orientações que as mesmas receberam da mãe, enfocando sempre a tranquilidade que é bastante necessária nesse momento de extrema importância para a mulher. Tornado a figura materna uma colabora inestimável para a minimização de medos e preocupações exacerbadas dessas primigestas.

 

  ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

 

Uma boa assistência de enfermagem, pautada principalmente na humanização é essencial para um bom desenvolvimento do trabalho de parto e no parto em si, porque traz uma tranquilidade e uma segurança maior à paciente.

Percebemos isso diante das falas abaixo:

“A enfermeira falava pra mim não gritar, que quando as dores viesse eu colocasse força.”(P02).

“O enfermeiro me orientou sabe? Falando que não era tudo isso que as pessoas falavam que quando viesse a dor eu não gritasse, não chorasse e não fizesse escândalo. Pra me atender melhor eu ficasse mais calma.”(P02).

Segundo Mota, et al, (2011) as gestantes possuem o receio de não reconhecer o trabalho de parto bem como o medo da dor, temendo não suportar, e perder o controle, a mulher torna-se vulnerável a fantasias e mitos, além do medo do ambiente hospitalar que lhe é desconhecido e assustador, sendo necessário um cuidado diferencial, de acolhimento e apoio.

Portanto, torna-se imprescindível, uma assistência humanizada, centrada na gestante como um ser bio-psico-social, tornando a assistência de enfermagem uma garantia de tranquilidade e um melhor desenvolvimento no momento do parto (ALMEIDA; MEDEIROS; SOUZA, 2012). 

Com isso, percebemos a grande relevância de uma assistência de enfermagem humanizada, ou seja, observando essa mulher como um todo, utilizando-se de acolhimento, apoio, orientações necessárias, visando sempre à qualidade dessa assistência, buscando cumprir o grande objetivo de proporcionar um trabalho de parto e um parto tranquilo e seguro, diminuindo assim os traumas decorrentes de uma experiência desagradável.

 

  FELICIDADE

 

O que mais se destacou nesse estudo foi, que apesar de todos os desconfortos, o que sempre sobressai é a felicidade dessas mulheres ao ver o seu primeiro filho, evidenciado nas falas abaixo:

“Só que a felicidade de você saber que seu bebe ta saindo ali, é uma emoção tão grande de se sentir mãe, é você pegar seu bebe no colo, você ver que ta tudo perfeito com a criança, você se senti a mulher mais feliz do mundo.” (P04).

A separação mãe-filho deve ser evitada desde o nascimento até a alta, e quando for inevitável, diante da necessidade de internação do recém-nascido em Unidade Neonatal, seus efeitos devem ser minimizados a partir de uma boa comunicação entre a equipe e a mãe, e da criação de possibilidades para que o encontro seja o mais breve possível. Tanto os fatores científicos que trazem segurança, como os fatores humanos que trazem alegria e felicidade devem ser considerados para assegurar uma experiência bem-sucedida e gratificante para todos os envolvidos (BRASIL, 2011).

Diante da afirmativa, o sentimento de felicidade se apresenta como a emoção em destaque, fazendo com que se dissipem os medos e preocupações anteriores. Tornando o trabalho dos profissionais dessa área recompensador, por compartilhar um momento tão especial na vida dessas mães de primeira viagem, e principalmente por contribuir para o bom desenvolvimento do mesmo.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Na medida em que se buscou conhecer a percepção das primigestas acerca do trabalho de parto e parto, conhecer os fatores que influenciam na determinação da escolha do tipo de parto, esclarecer as principais dúvidas das primigestas sobre o trabalho de parto e traçar um perfil sociodemográfico dessa população, se entendeu que os objetivos propostos para esta pesquisa foram alcançados.

A maioria das primigestas entrevistadas entende o trabalho de parto e o parto em si, como algo que traz ou traria uma dor insuportável, intolerável, ocasionando um medo exacerbado de não aguentarem suportar tal dor. Isso, sendo trazido como mito, através de conversas com conhecidos e/ou familiares, ou como algo enraizado na cultura, ou simplesmente algo imaginado pela paciente. Sendo esse o principal fator para, na maioria das vezes, a preferência pelo parto cesariano. Porém, elas mesmas podem perceber que a intensidade da dor é algo que ocorre de forma individualizada, ou seja, cada pessoa possui suas particularidades que irão influenciar nessa questão.

Percebe-se, também que o apoio da mãe, em todo esse processo constitui-se algo facilitador para a minimização da ansiedade, medo e angústias sentidos por essa mulher, sendo algo imprescindível nesse momento tão difícil e algo que é apoiado pelo Ministério da Saúde, com a criação do Parto Humanizado, enfatizando a importância do acompanhante. Ou até mesmo, quando está apenas lhe orientou e lhe e incentivou para que mantivesse a calma sempre, tornando essa figura, muito importante para o bom desenvolvimento do trabalho de parto e parto, devido aos laços de afeto e pelas suas experiências que possibilita um apoio fundamental, podendo ser incentivado, até mesmo no momento do pré-natal.

Porém, as orientações de enfermagem continuam sendo de grande importância, até mesmo insubstituíveis, por trazerem o conhecimento científico, de todo o embasamento teórico necessário, contribuindo para um trabalho de parto e parto tranquilo, na medida do possível, com a minimização das intercorrências.

Ficando, assim, a assistência de enfermagem, principalmente, com as orientações no pré-natal e no pré - parto, os cuidados de enfermagem diversos, o acolhimento, o apoio e demais atividades de enfermagem, bem notórias pela paciente, o que pode colaborar ou prejudicar no desenvolvimento desse processo tão peculiar na vida de uma mulher.

Na presente pesquisa, as participantes fizeram observações da importância desse profissional, sendo o contato mais direto, através das orientações e apoio recebidos, algo de extrema importância para tranquiliza-las e tornar o processo mais facilitado.

A felicidade de ter o filho vivo e saudável em seus braços foi algo marcante nessa pesquisa, por tornar a percepção dessas mulheres quanto ao trabalho de parto e o parto, a mais positiva possível, principalmente quando relatam sobre o alívio sentido nesse grande momento.

É algo enobrecedor na profissão de enfermagem, por ser o enfermeiro, um colaborador para esse momento e por poder presenciar umas das cenas mais bonitas da vida de uma mulher. 

Portanto, tal pesquisa foi de valiosa importância tanto para a vida acadêmica e profissional, quanto para a vida pessoal, por mostra a importância da humanização em todos os momentos da existência humana, principalmente nessa situação em particular, que é a vida do primeiro filho, sendo repleta de múltiplos sentimentos, cabendo à enfermagem estar apta para ministrar as questões envolvidas, pautada sempre na busca de uma assistência de qualidade.

 

REFERÊNCIAS

 

1ALMEIDA, Nilza Alves Marques; MEDEIROS, Marcelo; SOUZA, Marta Rovery de.Perspectivas de dor do parto normal de primigestas no Período pré-natal. Texto Contexto Enfermagem, Florianópolis.  Out-Dez; v.21, n4 pp. 81927.2012.Disponível em:http://www.scielo.br/pdf/tce/v21n4/12.pdf.  Acesso em:02/09/2015.

 

 

2BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Cadernos Humaniza SUS, v. 04, Humanização do Parto e do Nascimento, 2011. Disponível em:

http://www.redehumanizasus.net/sites/default/files/caderno_humanizasus_v4_human izacao_parto.pdf. Acesso em: 25/09/2016.

3DAVIM, Rejane Marie Barbosa; TORRES, Gilson de Vasconcelos, DANTAS, Janmilli da Costa. Representação de parturientes acerca da dor de parto.Revista Eletrônica de Enfermagem. v.10,n.1:pp.100-109.2008. Disponível em: https://www.fen.ufg.br/fen_revista/v10/n1/v10n1a09.htm Acesso em: 02/09/2015.

4DOMINGUES, Rosa Maria Soares Madeira; SANTOS, Elizabeth Moreira dos; LEAL. Maria do Carmo. Aspectos da satisfação das mulheres com a assistência ao parto: contribuição para o debate. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro. 20 Sup 1:S52-S62, 2004. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/%0D/csp/v20s1/06.pdfAcesso em: Acesso em: 15/10/2015.

5EVANS, Arthur T. Manual de Obstetrícia, Rio de Janeiro, 2010.Disponível em: http://biblioteca.esenf.pt/plinkres.asp?Base=ISBD&Form=COMP&StartRec=0&RecP ag=5&NewSearch=1&SearchTxt=%22TI%20Manual%20de%20obstetr%EDcia%22. Acesso em: 10/10/2016.

6GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4. Ed. Cap.04, p.40. São Paulo, Ed. Atlas, 2002. 

7HOTIMSKY, Sonia Nussenzweig; RATTNER, Daphne; VENANCIO, Sonia Isoyama ;BÓGUS, Cláudia Maria ; MIRANDA, Marinês Martins. O parto como eu vejo... ou como eu o desejo?Expectativas de gestantes, usuárias do SUS, acerca do parto e da assistência obstétrica. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro.

v.18,n.5,pp.1303-1311, set-out, 2002. Disponívelem: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2002000500023. Acesso em: 10/10/2015.

8MACHADO, Nilce Xavier de Souza; PRAÇA, Neide de Souza. Centro de parto normal e assistência obstétrica centrada nas necessidades da parturiente Revista Escola de          Enfermagem USP.   v.         40        n.         2          pp.       274-9. 2006.

Disponível:http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v40n2/16.pdf. Acesso em: 10/10/2015.

9MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento: Pesquisa Qualitativa em Saúde. p.12 . 8.ed. São Paulo. Hucitec,2004.

10PICCININI, Cesar Augusto; GOMES, Aline Grill; NARDI, Tatiana De; LOPES, Rita

Sobreira.Gestação e a constituição da maternidade.Psicologia em Estudo, Maringá, v. 13, n. 1, p. 63-72, jan./mar. 2008. Disponível em:http://www.scielo.br/pdf/pe/v13n1/v13n1a07.pdf. Acesso em: 10/09/2016, às 20 horas.

11PINHEIRO, Bruna Cardoso; BITTAR, Cléria Maria Lobo. Percepções, expectativas e conhecimentos sobre o parto normal: relatos de experiência de parturientes e dos profissionais de saúde. Fractal, Rev. Psicol. vol.25 no.3 Rio de Janeiro Sept./Dec. 2013. Disponível:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S19840292201300030001. Acesso em: 10/09/2016. As 21 horas. 

12REZENDE, Jorge de. Obstetrícia Fundamental I. 10. Ed. Rio de Janeiro, 2010.

RAMPAZZO Lino. Metodologia Científica. 2ª Ed. Unidade III. p. 53. Ed. Edições Loiola. São Paulo, 2004.Disponível em:tps://books.google.com.br/books?hl=it&lr=&id= Acesso em:05/08/2015.

13SANTOS, Jaqueline de Oliveira;TAMBELLINI Camila Arruda; OLIVEIRA, Sonia Maria Junqueira Vasconcellos de. Presença do acompanhante durante o processo de parturição:uma reflexão. Revista Mineira de enfermagem,2011. Disponível em: http://www.reme.org.br/artigo/detalhes/58. Acesso em: 30/10/2016, às 10hs.

14VIEIRA, Sônia Maria; BOCK Lisnéia Fabiani; ZOCCHE, Denise Azambuja; PESSOTA, Camila Utz.Percepção das Puérperas sobre a Assistência prestada pela equipe de saúde no Pré-Natal.Red de Revistas Científicas de América Latina y el Caribe, España y Portugal, 2011. Disponível em:http://www.redalyc.org/html/714/71421163032/. Acesso em: 25/09/2015.