PEQUENA REFLEXÃO A RESPEITO DO CURRÍCULO NO BRASIL NOS ANOS NOVENTA.

 

Professor Me. Ciro José Toado

 

O presente texto faz parte do Curso de Pós-graduação Lato Sensu em Gestão Escolar, na área de concentração em Educação Básica, promovido pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, UFMS, quando estudávamos a respeito do currículo instaurado no Brasil nos anos noventa, ou seja, quando a Lei de Diretrizes e Bases também era estabelecida no país.

 A proposta do estudo teve como base estudos de um renomado professor que se dedica a questão do Currículo brasileiro por muitos anos, trata-se de Antônio Flávio Barbosa Moreira, professor emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro. A questão maior, segundo este professor é que a educação brasileira acaba repassando o que a sociedade carrega, ou seja, se ainda não somos uma sociedade plenamente focada em princípios democráticos, também a escola terá dificuldade para implantar o currículo em suas unidades que devem ser permeados pelo viés democrático, essa concepção leva a se desmerecer a importância do currículo.

No entendimento deste autor, que tem se debruçado em vasta pesquisa sobre como na atualidade são abordados os enfoques a respeito do currículo, alega que a revisão dos conteúdos e métodos empregados de modo especial no ensino sobre Currículo, de modo especial, nas instituições de Ensino Superior, afirmando que ainda não se apresenta qual deve ser a principal função do currículo, pois, ele se apresenta com pouco significado, principalmente na questão de suas práticas. Dessa forma, entende-se que devem existir mais estudos a respeito do currículo que perderam sua consistência, impedindo o desenvolvimento de projetos mais significativos, na formação de professores e, isto torna uma grande lacuna para a formação do docente.

Quanto às pesquisas e práticas, bem como a teorização do currículo, tanto na instancia do Ensino Superior, bem como na prática das escolas, novamente os estudiosos pesquisados afirmam que existem discussões muito abstratas e que estão sem coerência com a realidade do ensino desenvolvido nas escolas brasileiras. Assim, o currículo fica sem sentido. Na verdade está bem aquém daquilo que se processa nas  salas de aulas, bem como no que diz respeito à formação dos professores e de todos os percalços vivenciados pelas escolas.

O autor mencionado acima, também argumenta que no país, a questão da teorização do estudo sobre o currículo tem demonstrado grande crescimento, uma que que os governos, por meio de seus Conselhos Estaduais de Educação, têm demonstrado interesses em formar políticas públicas; que possam ter mais pesquisas, produção teórica significativa e avaliação com foco na construção do sujeito partindo do cotidiano das experiências do espaço escolar para a organização curricular. Seguindo esse caminho e essa tendência, com certeza haverá maior valorização do currículo.  

Não podemos deixar de enfatizar que há uma influência da literatura estrangeira na construção do currículo brasileiro, entretanto, deve-se ter como apoio, frente a uma postura crítica para utilizá-la junto de nossa realidade. Devemos recriá-los e tornando-os autônomo, com originalidade, sem perder de vista que nossa realidade precisa de novas preocupações e perspectiva, sem deixar de enfocar a questão cultural nas questões de gênero e a raça estão presentes junto das escolas brasileiras.

No Brasil, infelizmente, há muitos estudos quanto ao currículo, tendo por base uma literatura, cuja a influencia é estrangeira que estão aquém das resoluções dos problemas de ordem prática, junto as respostas de perguntas feitas pelos profissionais do magistério que querem saber a respeito das causas do fracasso escolar, renovação da prática, encontrar saídas para os problemas e com o as crianças podem ter um aprendizado mais significativo.

E preciso repensar a forma como os cursos que estão formando os professores brasileiros. Não podem estar vinculados apenas em críticas extremistas, mas há a grande necessidade destes cursos oferecerem visão mais ampla e cultural a respeito do currículo, focados em solução problemas que estão vinculados ao ‘chão da escola’, ou seja, no dia-a-dia do professor. Não se pode existir padronização de um mesmo currículo, pois, desde os Parâmetros Curriculares Nacionais, buscou-se a defesa do contexto da regionalização curricular no Brasil, pois, não se deve esquecer das manifestações das diferentes culturas, bem como das atividades extraclasse, de que não é só ensinar aprender a ler e escrever, isso deve inclui trabalhos com os campos da sociologia, psicologia, antropologia e filosofia. Para que isso se concretize, faz-se necessário o conhecimento dos princípios técnico, político estético e ético educacional.

Encerro afirmando que não se pode ter visão fechada sobre o currículo, como se fosse apenas uma listagem de disciplinas e conteúdos. O currículo vai muito além desta visão, assim é urgente que os professores que atuam nas mais variadas áreas da educação, possam rever a sua visão e entendimento a respeito do currículo como algo que possuiu grande abrangência da educação e, quem sabe a partir dessa compreensão, a ‘revolução na educação do Brasil’, realmente não se torna apenas um imperativo político ou ideológico, mas de fato, realmente possa mudar nosso país.