Tempo de revoluções

Desde a Revolução Industrial a Europa esteve envolvida em situações conflitivas.

O ponto de partida foi, evidentemente, as alterações na produção concretizadas pelos processo da Revolução Industrial. Logo em seguida, e no mesmo contexto de revisão das visões de mundo, vem a Revolução Francesa. Essas duas revoluções tiveram como pressuposto as novas perspectivas filosóficas implementadas pelo Iluminismo e os novos ventos do processo de independência dos EUA.

Esse tempo de revoluções marcou o inicio dos tempos atuais, pois trouxe não só novidades para as ideias, mas também para a indústria e o comércio. Ressaltando, apenas que a Revolução Industrial produziu novidades que foram comercializadas ao redor do mundo.

A industrialização expandiu o comércio e provocou um processo de acumulação de capitais. E isso também foi um processo revolucionário, pois fundamentou e expandiu o capitalismo, cujas raízes vinham crescendo desde o século XVI, mas que neste século XVIII ganhou nova configuração. E todas essas transformações e mudanças deram origem a nossa sociedade contemporânea.

Esses avanços financeiros produziram grandes fortunas e empresas que cresceram e se espalharam pelo mundo. Dessa forma empresas sediadas na Europa – e posteriormente também nos Estados Unidos – estenderam suas filiais por vários outros países aumentando ainda mais o acúmulo de capitais: e assim os grandes empresários, já muito ricos ampliaram ainda mais suas fortunas... A capitalismo estava instalado.

Do outro lado da sociedade, principalmente a partir desse tempo das revoluções, aumentou infinitamente o número de pessoas e famílias pobres ou na miséria. A miséria aumentou na mesma proporção que os grades capitalistas ampliaram suas fortunas.

Com base nisso é que se passou a dizer que a voracidade do capitalismo vem cavando, progressivamente, um abismo separando milhões de miseráveis de algumas grandes fortunas. Esse quadro abissal produziu, além das filosofias do iluminismo, dando sustentação ao capitalismo, as correntes de pensamento que levavam em consideração as causas de pobreza, as possibilidades de solução e as alternativas políticas. Esse quadro ampliou uma linha alternativa de análise do mundo: desenvolveram-se as ideias socialistas, que também vinham sendo semeada desdo o século XVI.

Podemos dizer, portanto que da mesma forma que as raízes do capitalismo surgiram no século XVI e se fortaleceram no séc XVIII, os pensadores socialistas também acompanharam essa dinâmica. A diferença é que somente a partir do século XIX que o socialismo ganhou, ao lado da dimensão teórica, anterior, uma dimensão prática e revolucionária com os escritos de Karl Marx.

O tempo das revoluções, portanto, se por um lado ampliou o capitalismo, por outro lado, numa perspectiva dialética, permitiu o desenvolvimento do socialismo. Realmente, esse foi um tempo de grades revoluções.

 

Neri de Paula Carneiro

Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador.

Rolim de Moura - RO