A pedagogia histórico-crítica foi ao longo do tempo construída segundo Libâneo (1991):
"Na linha das sugestões das teorias marxistas que não se satisfazendo com as teorias crítico-reprodutivistas postulam a possibilidade de uma teoria critica da educação, que capte criticamente a escola como instrumento coadjuvante no projeto de transformação". (LIBÂNEO, 1991, p.31).


Pois, nas teorias crítico-reprodutivistas, a marginalidade é vista como um fator social e a educação estariam capacitados a intervir na sociedade, transformando-a, corrigindo as injustiças sociais.
Saviani observou a teoria da violência simbólica de Bourdieu; Passeron na teoria dos aparelhos ideológicos do estado; Louis Althusser e na teoria da Escola capitalista de Baudelot e Establet, concepções que não só estimulavam a ação transformadora dos educadores, como, os levaria a sentir-se imponentes diante das condições da escola pública e da sociedade. Para Saviani, estas teorias não contêm uma proposta pedagógica. Elas empenham-se somente em mostrar o mecanismo de funcionamento da escola, tal como esta constituída.
Portanto a base da PHC se insere na tentativa de superar tanto os limites das pedagogias não-críticas como os da pedagogia crítico-reprodutivistas. Pois Saviani afirma que "ela se diferencia da visão crítico-reprodutivista, uma vez que procura articular um tipo de orientação pedagógica que seja crítica sem ser reprodutivista". E o empenho em analisar e compreender a questão educacional a partir do desenvolvimento histórico.
Numa interpretação acerca da Pedagogia Histórico-crítica, Saviani chegou num consenso de que foi evidenciada em uma das fases da Pedagogia Crítico-social dos Conteúdos. Libâneo (1990) caracteriza a Pedagogia crítico-social dos conteúdos como:

"A Pedagogia Progressista Crítico-Social dos Conteúdos tendo sido fortalecida a princípio na Europa e depois no Brasil, a partir da década de 80, foi considerada como sinônimo de pedagogia dialética, no sentido da "dialógica". Firmando-se como teoria que busca captar o movimento objetivo do processo histórico, uma vez que concebe o homem através do materialismo histórico-marxista, trata-se de uma síntese superadora do que há de significado na Pedagogia Tradicional e na Escola Nova, direcionando o ensino para a superação dos problemas cotidianos da prática social e, ao mesmo tempo, buscando a emancipação intelectual do aluno. Aluno este, concreto, inserido num contexto de relações sociais. Da articulação entre a escola e a assimilação dos conteúdos por parte deste aluno concreto é que resulta o saber criticamente elaborado" (LIBANÊO, 1990).


Libâneo caracteriza esta Pedagogia como sendo uma superação as demais, principalmente a Pedagogia Tradicional e da Escola Nova, vista por ele como um aprisionamento tanto do educador como do educando. Para Saviani, apud Gasparin (2005), por estes motivos, e entre outros de ordem política, a Escola Nova seguidora dessas vertentes, acaba por aprimorar o ensino das elites e rebaixando o das classes populares. Mas, mesmo recebendo esse tipo de crítica, podemos considerá-la como o mais forte movimento "renovador" da educação brasileira.
Pimenta (1990) evidencia que a pedagogia crítico social dos conteúdos parte da concepção do homem enquanto síntese de múltiplas determinações, atribuindo assim o sentido histórico às sociedades. Não é a soma do individual e do social, mas, é a síntese orgânica das relações individuo-sociedade. Não é o ser passivo da pedagogia liberal tradicional, mas também não é o centro do universo, a individualidade absoluta pregada pela pedagogia da escola nova.