PEDAGOGIA HISTÓRICO-CRÍTICA LEGADO E PERSPECTIVA.

Como ensinar na Educação Infantil? Reflexões sobre a Didática e o desenvolvimento da Criança. 

 

Gisele Barbosa dos Santos

 

      No livro, A Pedagogia Histórico-Critica: legado e perspectivas, organizado por Juliana Campregher Pasqualine, Lucas André Teixeira e Marcela Moraes Agudo, é dividido em 12 capítulos. As autoras Lazaretti e Mello trazem um artigo intitulado: como ensinar na educação infantil? Reflexões sobre a didática e o desenvolvimento da criança. É uma discussão e reflexão, acerca do “como ensinar” na Educação Infantil e os desafios relacionados à didática nessa modalidade de ensino, sob a perspectiva da Pedagogia Histórico-Crítica de Saviani. De acordo com Lazaretti e Mello (2018), a Educação Infantil para alguns pesquisadores, mostram que nessa etapa da educação se favorece o ato do não-ensinar. Quando se afirma que na Educação Infantil não há um “ensino” deve se pensar e refletir, sobretudo no que prevalece o “como ensinar”: para quê ensinar? Para quem ensinar? Por que ensinar? O que ensinar? A partir dessas reflexões entender que há uma direção que precisa ser seguida para desenvolver, hábitos, valores na sociedade, (Lazaretti, Mello 2018), que começa nas primeiras modalidades de ensino da educação básica.

      A Lei de Diretrizes e Bases (LDB). Em 1996 reconhece a educação infantil como uma modalidade que promove a aprendizagem parte fundamental da educação básica. Diante disso começou-se a elaboração de documentos que reforça ainda mais a educação infantil, em 1998, O Referencial Curricular Nacional Para Educação Infantil (RCNEI), foi criado de maneira a servir como guia de reflexão educacional sobre objetivos, conteúdos e orientações didáticas para os profissionais que atuam com crianças de zero a seis anos, respeitando seus estilos pedagógicos. Já as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil (DCNEI), de 2009, a atenção já estava voltada para a criança, colocam foco nas brincadeiras e interações. O DCNEI serviu como referência para Base Nacional Comum Curricular (BNCC) que utilizamos hoje.

     A BNCC hoje orienta como fator importante na educação infantil, as experiências e as brincadeiras apresentam os campos de experiências, os direitos de aprendizagem, essas experiências estão relacionadas ao convívio, interação, expressão e outros, prevalecem e espera-se a evolução nas condições cognitivas e motoras das crianças através de atividades interativas, como o uso de recursos lúdicos, traz a criança como protagonista da aprendizagem, para que possam estar preparados e familiarizados para o processo de alfabetização, que é um dos pilares nos primeiros anos do Ensino Fundamental a coordenação motora fina, por exemplo, bastante utilizado na educação infantil, estudos apontam ser fundamental para o desenvolvimento da alfabetização e o processo de construção da escrita. O pensamento do não ensino, para Lazaretti e Mello (2018), parte de uma perspectiva política e ideológica com relação ao início do processo de aprendizagem das crianças.

      Na ausência de direção, ou diante de uma direção indefinida, em que vale tudo, recai sobre a educação infantil uma forma de ensinar frágil e suscetível com práticas pedagógicas em que prevalecem ações que oscilam entre higiene, sono–vigília, segurança e alimentação ou da alfabetização, com exercícios prontos e instrucionais. (LAZARETTI e MELLO 2018 apud LAZARETTI, 2013, p.118). Uns dos fatores negativos, é que ainda existem escolas da rede pública da educação infantil que não oferecem professores qualificados, a realidade hoje recai no que se refere à qualidade de ensino, por exemplo, “professores” que só possui o ensino médio, estão ocupando vagas dos profissionais nessa modalidade, pois não possuem o curso de Pedagogia, é a realidade de muitas cidades do interior do Brasil, seguem com modelos prontos, tem dificuldades no processo de criação das atividades pedagógicas, que foquem nas necessidades desses alunos. É necessária atenção do poder público, porque a educação básica começa na Educação Infantil.

     Para os princípios didáticos que orienta como se dever seguir a Educação Infantil sob os princípios da Pedagogia Histórico-Critica e da Psicologia Histórico Cultural (LAZARETTI, MELLO, 2018). A Pedagogia e a Psicologia conseguem seguir o mesmo caminho com o uso da didática que contribui e promove as aprendizagens das crianças, ou seja, o professor precisa de embasamento teórico, que envolve estudos sobre a educação e psicologia, como: psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem é a utilização da teoria que complementa a prática. A união da Pedagogia e Psicologia que estudam princípios teóricos que explicam as fases de desenvolvimento das crianças e devem ser respeitados e, sobretudo pensar no como ensinar: por que ensinar, para que ensinar. O uso da didática deve ser presente, pois garante ao Professor uma orientação a seguir que podem desenvolver transformações nos processos de aprendizagens, definidas pelos objetivos, conteúdos, metodologias, recursos e materiais, espaço e tempo, que também dialoga com as diferentes técnicas de ensino que estão atribuídas as aulas expositivas e dialogadas, leituras de livros infantis, aulas expositivas e seguidas de atividades, etc.

     As autoras também trazem uma reflexão importante do como ensinar bebês e crianças: a atividade guia como eixo articulador do processo de ensino e de aprendizagem. A Didática faz parte desse processo, primeiro deve partir dos elementos objetivos-conteúdos-metodologias e seguidas de atividades propostas que garanta o desenvolvimento da criança. O bebê precisa da interação com o outro e intervenções que sejam adequadas para explorar, conhecer e descortinar o mundo em sua volta como seres ativos em pleno desenvolvimento. (LAZARETTI, MELLO, 2018). Ou seja, é estimular o bebê através de gestos, do olhar, da fala, entre outras formas de comunicação que propícia o desenvolvimento psíquico do bebê. O professor deve fazer junção da didática e princípios teóricos, organizando em ações didáticas, por um gesto, um olhar, para estimular a fala e as experiências porque essas ações causam reações no bebê como resultado à expressão da comunicação.

     Na educação infantil, de acordo com as autoras muitas escolas hoje veem a educação infantil como um ato somente do brincar, mas, muitos brinquedos velhos, sujos sem uso, brinquedos novos são guardados para que não sejam quebrados, o compromisso das escolas em relação ao brincar também é precário. As ações do ensino devem ser voltadas para as brincadeiras que condicionam a aprendizagem é o que orienta a BNCC. Atividades que possam enriquecer as experiências e vivências com as relações humanas por através de objetivos e metodologias, uma didática que tenha clareza, não perdendo a essência do trabalho educativo na educação infantil. Por tanto, o professor deve assumir uma posição de espectador e parceiro que acompanha as fases de desenvolvimento da criança.

 

 

REFERÊNCIAS:


BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases, Brasília, 1996. 

_____  Base Nacional Comum Curricular, Brasília, 2016 

_____ Documento Curricular Nacional Para Educação Infantil, Brasília, 2009 

_____ Referencial Curricular Nacional Para Educação Infantil, Brasília, 1998. 

LAZARETTI, Lucinéia, MELLO, Maria. Como ensinar na Educação Infantil? Reflexões sobre a Didática e o desenvolvimento da Criança. Pedagogia Histórico-Crítica legado e perspectivas. Uberlândia, MG, v.1, p.123-139, 2018. 

TREVISAN, Rita. O que diferencia a BNCC para Educação Infantil do DCNEI e do RCNEI ?. Nova Escola. Disponível em: https://novaescola.org.br/bncc/conteudo/57/o-que-diferencia-a-bncc-para-a-educacao-infantil-do-dcnei-e-do-rcnei.  Acesso: 12.05.2021.